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Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Carlos Fuser Olá! Esta é a Unidade Psicologia Aplicada, da disciplina Psicologia do Trabalho. O tema dessa Unidade é o estudo das diferentes aplicações do conhecimento desenvolvido pela Psicologia. A Psicologia, estudando o comportamento e os processos mentais, desenvolveu um amplo, diversificado e detalhado conhecimento. Diferentes pesquisadores trabalharam para aplicar esses conhecimentos na solução de problemas específicos de diferentes áreas da vida humana, como Trabalho, Educação e Saúde, que serão estudadas nessa Unidade. Psicologia Aplicada Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Psicologia Aplicada é o nome que designa os diferentes campos de aplicação dos métodos, fundamentos e conhecimentos da Psicologia. Campos de aplicação da Psicologia são as diferentes áreas da vida humana em que a Psicologia encontra utilidade, contribuindo para a solução de problemas e para o desenvolvimento social. Nesta Unidade estudaremos a Psicologia aplicada à área do Trabalho e da produção empresarial, chamada de Psicologia do Trabalho e Organizacional. Estudaremos também a Psicologia da Educação e a Psicologia aplicada à área da Saúde. Com as contribuições da Psicologia, é a sociedade como um todo que se desenvolve, encontrando caminhos para relações sociais mais saudáveis, para o bem-estar e para um trabalho mais humanizado. Contextualização A Psicologia é, ao mesmo tempo, uma ciência básica e uma ciência aplicada. Mas o que isso quer dizer? Convém que você entenda a diferença entre a ciência básica, ou seja, a ciência pura, sem preocupações relacionadas às aplicações práticas, e a ciência aplicada, ou seja, a aplicação prática dos conhecimentos produzidos pela ciência. É chamada de ciência básica (ou ciência pura, ou ciência fundamental) a pesquisa científica que não tem interesses imediatos. Ela é motivada pela busca da verdade e pelo avanço das fronteiras do conhecimento humano. É chamada de ciência aplicada a aplicação dos conhecimentos científicos na solução de um problema prático ou para um determinado fim utilitário. Não se trata de duas ciências, separadas. Ciência básica ou aplicada são apenas objetivos diferentes da mesma ciência. Os fundamentos, métodos e conceitos são os mesmos. As expressões básica e aplicada especificam o tipo de estudo que está sendo feito: se é voltado para ampliar os horizontes do conhecimento, aprofundando algum aspecto dos fundamentos de determinada ciência é chamado de ciência básica; se é voltado para a aplicação prática dos conhecimentos fundamentais solução de algum problema, é chamado de ciência aplicada. Não existe ciência aplicada sem ciência básica. Por outro lado, a pesquisa aplicada à busca de soluções para questões práticas traz, o tempo todo, novas descobertas, novas idéias, novos problemas e novos dados, contribuindo para o desenvolvimento dos próprios fundamentos da ciência. Embora a ciência básica não traga retornos imediatos, em termos de resultados sociais ou econômicos, é ela que fornece os fundamentos sobre os quais a pesquisa aplicada pode desenvolver sua prática utilitária. Por isso, não há desenvolvimento de aplicações científicas se não existir o domínio dos fundamentos em que uma determinada Ciência se constrói e se desenvolve. “O investigador em ciência pura pode ser comparado ao explorador que descobre novos continentes, ou ilhas, ou algum território até então desconhecido. Ele busca continuamente aumentar as fronteiras do conhecimento. O investigador em pesquisa industrial ... (que é um pesquisador em ciência aplicada) ... pode ser comparado aos pioneiros que reconhecem o território recém-descoberto no empenho de encontrar seus recursos minerais, determinar a extensão de suas florestas e a localização de suas terras aráveis, e que precedem os colonizadores e preparam a ocupação do novo território” (J.J. Carty, http://www.inovacao.unicamp.br/report/inte-diratt.shtml). Material Teórico Pode demorar muitos anos até que seja encontrada, para uma nova descoberta em ciência pura, uma aplicação prática. E pode até ocorrer o caso de que alguma descoberta científica jamais apresentar um desdobramento utilitário. Mas, a ampliação dos horizontes do conhecimento proporcionado por uma nova descoberta poderá trazer, de modo totalmente imprevisto, desdobramentos práticos e utilitários. É impossível prever qual descoberta, em pesquisa científica básica, poderá trazer ou não aplicações práticas. Mas, se a pesquisa científica fosse, a cada momento, se perguntar pelas possíveis aplicações práticas de suas investigações, ela jamais poderia avançar!! Por isso, os pesquisadores em ciência básica devem estar voltados para a ampliação dos horizontes do conhecimento, de modo desinteressado. Mas, sem eles, sem a pesquisa em ciência básica, não será possível o desenvolvimento da ciência aplicada, com seus resultados utilitários, sociais ou econômicos. A ciência aplicada, em muitos casos, pode se desenvolver nos departamentos de Pesquisa & Desenvolvimento das grandes empresas, especialmente quando suas pesquisas têm aplicação direta no desenvolvimento de novas tecnologias e novos produtos. A ciência básica, no entanto, deve ser desenvolvida nas Universidades e precisa de financiamento governamental, já que ela é interesse de toda a sociedade, mas, sem gerar retorno imediato, não pode sustentar seus custos. A pesquisa em ciência básica é indispensável, mas não pode ser medida em termos de resultados financeiros! No caso da Psicologia, especialmente de suas aplicações nas áreas Social, da Saúde e da Educação, também a pesquisa em Psicologia aplicada precisa receber financiamento governamental, pois seus resultados não geram produtos para o comércio, mas, sim, benefícios de ampla utilização pública e social. Por isso, existem programas de financiamento, com verbas públicas, para as pesquisas empreendidas nas universidades. A Psicologia é uma ciência básica, mas também é uma ciência aplicada. A aplicação dos métodos e conhecimentos da ciência básica Psicologia na solução dos diversos problemas do cotidiano, seja na esfera individual, no campo social como no mundo dos negócios, é chamada de Psicologia Aplicada. Hoje em dia, em praticamente todas as atividades profissionais utiliza-se conhecimentos da Psicologia Aplicada. Na realidade, a todo o momento estamos utilizando conceitos da Psicologia Aplicada. O objetivo da Psicologia Aplicada é contribuir para suprir as necessidades dos diferentes aspectos da vida social. A Psicologia Aplicada tem várias especialidades, campos de pesquisa, conforme ao setor ou área da vida em Psicologia será utilizada como fonte de soluções e propostas. Essas áreas são, de um modo geral: Trabalho (Psicologia do Trabalho, Psicologia Organizacional e Industrial, Psicologia Ocupacional da Saúde), Educação (Psicologia da Educação e Psicologia Escolar), Saúde (Psicologia Clínica, Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde), Social (Psicologia Comunitária, Psicologia Social, Psicologia de Aconselhamento). Além disso, há áreas de aplicação bem específicas, como PsicologiaJurídica, Psicologia do Tráfego e Psicologia dos Desportos, além de aplicações que se desenvolveram há pouco tempo, como a Psicologia Ambiental. As áreas da Psicologia Aplicada que iremos estudar são exatamente as três primeiras: Trabalho, Educação e Saúde!. A importância dessas três áreas de aplicação da Psicologia se dá principalmente pela influência que exerce em nosso cotidiano. Psicologia do Trabalho e Organizacional A Psicologia do Trabalho e Organizacional estuda o comportamento dos indivíduos e dos grupos no ambiente de trabalho. É uma aplicação bastante diversificada e tem por objetivos obter melhores resultados dos funcionários e orientar as organizações na prevenção de problemas de saúde. Os conhecimentos em Psicologia do Trabalho e Organizacional são importantes para os profissionais de todas as áreas. Dentre as áreas abordadas pela Psicologia do Trabalho, algumas são: saúde do trabalhador e gestão de recursos humanos. Bem-estar e Saúde do Trabalhador A Psicologia do Trabalho e Organizacional lida, entre outros temas, com a prevenção e a promoção de saúde do profissional em seu ambiente de trabalho, considerando a subjetividade dos indivíduos, mas sem perder o foco dos objetivos organizacionais. Nesse aspecto, os conhecimentos em Psicologia Organizacional, ajudam a identificar situações, presentes ou potenciais, de estresse, desgaste físico ou emocional, desânimo e falta de motivação e clima psicossocial desfavorável à saúde ou à produtividade, orientando as decisões dos administradores na adoção de medidas corretivas ou preventivas. Muitas horas de trabalho contínuo podem trazer estresse, fadiga, mau humor, além de comprometer a qualidade do trabalho. Diante dessas situações, a Psicologia do Trabalha recomenda a introdução de atividades de lazer ou relaxamento, antes e em intervalos da jornada de trabalho. Uma das medidas que mais têm se multiplicado é a adoção de programas de qualidade de vida no trabalho, que têm por objetivo reter talentos e aumentar a produtividade dos funcionários. Gestão de Recursos Humanos Na Gestão de Recursos Humanos, a Psicologia auxilia tanto no recrutamento e seleção de pessoal, quanto no acompanhamento do trabalhador durante o período de experiência. Cuida, também, do apoio e gerenciamento ao desenvolvimento desse profissional dentro da organização.. Nos processos de recrutamento e seleção de pessoal a Psicologia pode auxiliar na escolha do profissional mais adequado para o desempenho das funções na empresa. Para isso, utiliza técnicas específicas, tais como: entrevista pessoal, dinâmicas de grupo, testes psicológicos e inventário de interesses;. O acompanhamento do funcionário no período de experiência, também pode ser auxiliado pela Psicologia do Trabalho, que pode desempenhar o papel de responsável por integrar o novo colaborador na organização. Esse trabalho de integração do novo funcionário inclui orientações quanto a missão, a visão e a cultura da organização em que ele está ingressando. E também busca adaptá-lo ao seu setor e aos seus colegas de trabalho. Treinamento comportamental O desenvolvimento de pessoal também pode ser auxiliado pela Psicologia do Trabalho, que assume a responsabilidade de agenciar a formação, especialmente no treinamento comportamental. O treinamento comportamental é uma atividade importante dentro das modernas organizações, e visa orientar os funcionários no sentido de apresentarem, no dia-a-dia de seu trabalho, uma postura, atitude e comportamento adequados aos objetivos da organização. Visa, também, prevenir ou superar problemas de relacionamento interpessoal entre funcionários. Desenvolvimento gerencial Além disso, existe todo uma ampla especialidade do treinamento voltada aos executivos e gerentes. Administrar uma empresa, ou algum setor empresarial, é atividade cada vez mais complexa. As funções básicas de gerência - como planejar, organizar, dirigir e controlar - são intensamente afetadas pelas mudanças na mentalidade e no comportamento das pessoas, exigindo dos administradores muito mais do que autoridade e conhecimento do negócio. Flexibilidade, liderança e sensibilidade são cada vez mais necessários para motivar, integrar e dinamizar uma equipe de funcionários. Somam-se a isso, a complexidade dos sistemas produtivos e administrativos, a dinâmica do relacionamento com os clientes, as ameaças advindas da concorrência e a variabilidade do contexto socioeconômico. Desse modo, hoje, cada vez mais, torna-se necessário para executivos e gerentes, compreensão do comportamento individual e dos grupos em situação de trabalho, compreensão das variáveis que afetam os indivíduos em situação de trabalho, habilidades de relacionamento humano em alto grau de refinamento, além de capacidade de estimular o desenvolvimento dos funcionários. Liderar equipes exige compreender o comportamento das pessoas e as interações de grupos, administrar conflitos, lidar adequadamente com suas emoções e com as dos outros, conduzir reuniões de trabalho produtivas, além e orientar o comportamento dos integrantes da equipe no sentido dos resultados desejados. No entanto, sabemos que há gerentes que não tem essas habilidades e, gerando situações de estresse e conflito desnecessários, acabam por prejudicar a produtividade da equipe. Cursos específicos para gerentes empresariais utilizam conhecimentos da Psicologia para desenvolver as habilidades necessárias na liderança e gerenciamento de grupos. Além disso, a Psicologia Organizacional desenvolveu conhecimentos específicos sobre essas questões, que se constituem em importantes ferramentas de apoio à liderança, gerenciamento e administração de equipes. Um conclusão fundamental da Psicologia, com aplicação direta na administração, é que a qualidade das nossas relações com as pessoas e a eficácia do nosso trabalho depende, em grande parte, da nossa capacidade de perceber e compreender adequadamente, no dia-a-dia, o comportamento dos outros. E mais ainda nos dias de hoje, em que as interações sociais e interpessoais tornam-se mais complexas. Preparar gerentes, executivos, coordenadores, supervisores e líderes de equipe para essa realidade é o papel do Desenvolvimento Gerencial, área que utiliza, e muito, conhecimentos da Psicologia. Psicologia e Marketing Há, também, no âmbito da aplicação dos conhecimentos da Psicologia nas organizações empresariais, um conjunto de conhecimentos chamados de Psicologia do Marketing ou Psicologia do Consumidor. Na Psicologia aplicada aos negócios e ao comércio, o comportamento e os processos psíquicos são estudados considerando o indivíduo como consumidor de produtos e serviços. Nesse âmbito, a Psicologia contribui estudando hábitos, preferências, desejos, expectativas, modos de pensar, crenças e atitudes envolvidos na aquisição de bens ou contratação de serviços no mercado. Com esses conhecimentos, a psicologia aplicada ao Marketing tem importância nas áreas de Desenvolvimento de Produtos, Planejamento de Vendas e Atendimento ao Consumidor. Escolha de nichos de mercado, supervisão de vendas e criação publicitária também são atividades em que conhecimentos da Psicologia se fazem úteis. Psicologia e Educação As pesquisas em Psicologia da Educação fundamentam-se na certeza de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos. A Psicologia aplicada à Educação se preocupa em utilizaros princípios e informações que essa ciência oferece a respeito do comportamento humano e dos processos mentais, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, estuda o modo pelo qual os alunos aprendem e se desenvolvem. Busca compreender o aluno, suas necessidades e características individuais, considerando aspectos emocionais, intelectuais, físicos e sociais. Desse modo, contribui para que o professor compreenda o processo de ensino- aprendizagem, os fatores que facilitam ou prejudicam esse processo, além das várias formas pelas quais o aluno pode aprender. Além disso, as relações entre aluno e professor e também entre os alunos também são objeto de estudo da Psicologia da Educação. Alguns componentes da Psicologia Aplicada à Educação são: Compreensão do processo de ensino-aprendizagem; Cognição; Características da aprendizagem; Etapas do processo de aprendizagem; Tipos de aprendizagem; Teorias da aprendizagem; Aprendizagem criativa; Fatores que prejudicam a aprendizagem; e Avaliação da aprendizagem. A Psicologia aplicada à Educação busca contribuir para que os educadores tenham maior compreensão de suas dificuldades e mais instrumentos para superá-las. A Psicologia da Educação apresenta três áreas de pesquisa: Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia da Aprendizagem e Psicologia Escolar. Psicologia do Desenvolvimento Estuda o desenvolvimento dos processos ou funções psicológicas humanas. A Psicologia do Desenvolvimento estuda, principalmente, o modo como se desenvolvem a cognição (os processos mentais ligados ao conhecimento, á memória e ao raciocínio), a motricidade (movimentos), a afetividade (sentimentos e emoções), a sociabilidade (os processos psicológicos envolvidos no relacionamento social, os modos de se relacionar com o outro e com o mundo social) e a percepção (os modos de perceber o mundo pelos sentidos, como a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar). O estudo do desenvolvimento desses processos psicológicos é considerado muito importante para a Educação, porque nós não nascemos com um tipo de comportamento já definido, nem com as características psicológicas já estabelecidas. O desenvolvimento se inicia com base em processos de origem orgânica, corporal, chamados reflexos, que são semelhantes em todos os indivíduos saudáveis. Mas as características psicológicas do sujeito se constituem em um complexo processo de interações com os outros, com a cultura e com as situações que se apresentam em sua vida. Nessas interações, o sujeito age sobre o mundo conforme suas intenções e sua compreensão, ao mesmo tempo em que as situações do ambiente exercem influência sobre o sujeito, impondo sempre seu posicionamento diante delas. São considerados os principais teóricos da Psicologia do Desenvolvimento: Piaget, Skinner, Vygotski e Wallon. Psicologia da Aprendizagem Estuda como o sujeito se apropria do conhecimento existente no ambiente social em que vive. O conhecimento existe no mundo social, na cultura de uma sociedade. Este conhecimento, embora seja transformado a cada momento, tem também um aspecto de continuidade. Os integrantes das novas gerações, as crianças e os jovens, precisam se apropriar do conhecimento já existente, para que possam fazer parte da sociedade e nela ter participação plena. Isso inclui a compreensão dos significados dos objetos, hábitos, comportamentos, instituições, tradições e relações existentes na sociedade. A apropriação desse conhecimento social pelas crianças e jovens, e também pelos adultos, é chamada de aprendizagem. O ato de aprender não é reprodução ou cópia mental. Apropriar-se do conhecimento envolve complexos processos mentais de compreensão dos significados. E envolve, também, atribuição de sentidos, ou seja, constituição de relações subjetivas, pessoais, com o que está sendo aprendido: atribuição de valor, importância, gosto, utilidade, expectativas. Por isso, temas como interesse, atenção, raciocínio, memorização, afetividade, motivação, conhecimentos anteriores, experiência pessoal, expectativas e interação entre os alunos também são estudados pela Psicologia da Aprendizagem. Além de Piaget, Skinner, Vygotski e Wallon, já citados anteriormente e cujas pesquisas também têm importante repercussão nos estudos da aprendizagem, são importantes autores da Psicologia da Aprendizagem: Jerome Bruner, Ausubel, Carl Rogers, Maslow, Gardner, Leontiev, Alexander Luria, Emilia Ferreiro. Psicologia Escolar A Psicologia Escolar estuda as relações entre os diferentes sujeitos na instituição escolar, como a relação professor-aluno, as relações entre os próprios alunos e as relações de alunos, professores e funcionários entre si. Estuda o comportamento e a subjetividade de todos os envolvidos na instituição escolar, como alunos, professores, diretor, coordenador pedagógico, funcionários da escola e familiares dos alunos. Estuda, também, as relações entre a escola e a sociedade, incluindo valores, objetivos e expectativas sociais em relação à escola e a sua influência junto aos integrantes da comunidade escolar. Questões como fracasso escolar, violência, indisciplina, preconceitos e discriminação na escola são alguns dos temas de estudo da Psicologia Escolar. Além desses temas, de discussão bastante ampla na sociedade, questões de menor repercussão, mas de grande importância, também são estudadas: violência física e moral contra os alunos e relacionamento entre escola e família, são alguns exemplos das questões complexas e polêmicas estudadas pela Psicologia Escolar. Alguns autores importantes para a Psicologia Escolar são Georges Snyders, Pierre Bourdieu, Jean-Claude Passeron, Makarenko, Justa Ezpeleta, Elsie Rockwell, Ana Maria Poppovic, Barbara Freitag e Maria Helena Souza Patto. Psicologia e Saúde São muitas definições de saúde. A OMS (Organização Mundial de Saúde), entidade ligada à ONU (Organização das Nações Unidas) define saúde como “um estado de perfeito bem-estar físico, mental e social”. Essa definição é criticada por alguns pesquisadores. Segre & Ferraz, da Faculdade de Medicina da USP, afirmam tratar-se de uma definição irreal, pois a idéia de “perfeito bem- estar”, além de ser impossível de definir, entra em contradição com a própria vida, cheia de conflitos, desafios e dificuldades que, não apenas não podem ser evitados, mas, muitas vezes, ajudam a dar sentido à existência. Boorse (EUA) definiu saúde como ausência de doença: “a saúde de um organismo consiste no desempenho da função natural de cada parte” (ALMEIDA Filho & JUCÁ). Esse conceito, por sua vez, não é aceito por muitos pesquisadores da área da Saúde, seja por não considerar a totalidade integrada do organismo, seja por desconsiderar as relações sociais, a cultura, a linguagem e a subjetividade, que dão sentido às práticas humanas. Atualmente, devemos considerar que falar em promoção da saúde implica em pensar o homem como totalidade, isto é, como um ser que é, ao mesmo tempo, biológico (corpo), psicológico (mente, comportamento, intencionalidade, bem- estar), cultural (valores e expectativas próprios da cultura em que vive) e social (condições do meio ambiente e da situação). Há uma permanente interação entre o sujeito e o ambiente social em que ele vive. Por isso, a promoção da Saúde deve considerar, em interação com as condições físicas e biológicas do corpo, a atuação de diferentes fatores, como: as expectativas sociais em relação à Saúde (fatoresculturais); a intencionalidade, os processos mentais e o comportamento do sujeito (fatores subjetivos ou psicológicos); e, a influência do meio ambiente, conforme a situação social (fatores sociais e situacionais). Nessa perspectiva, o conceito de saúde deve ser pensado no contexto do mundo social e da cultura, além de considerar o sujeito como totalidade, isto é, sem separar o aspecto biológico dos fatores sociais e psicológicos. Lennart Nordenfelt, professor de Filosofia da Medicina na Suécia, definiu saúde como um “estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias”. A expressão “dadas as circunstâncias” fornece a devida relativização, para que predomine uma noção utópica de saúde condicionada a uma impossível realização de todos os desejos. De modo semelhante, para o Escritório Regional Europeu da OMS saúde é a capacidade do indivíduo ou grupo realizar aspirações, satisfazer necessidades e lidar com o meio ambiente. Esse é um conceito bastante abrangente e completo, que considera que a realização das aspirações e a satisfação das necessidades devem ser consideradas mas não são absolutas, pois estão ligadas ao meio ambiente e ao modo como o sujeito ou o grupo social lida com o meio ambiente em que vive. De acordo com essas definições, a Psicologia tem importância ainda maior para a saúde, por considerar o sujeito (seus processos mentais e seu comportamento) nas relações com o meio ambiente. A Psicologia Aplicada à Saúde está presente em todos os âmbitos da vida moderna. Quando falamos de estresse, fadiga ou mesmo mau humor, podemos inserir na conversa também aspectos da Psicologia voltados à busca da preservação ou recuperação da saúde. E saúde envolve alimentação, lazer e prática de exercícios, entre outros aspectos, mas também saúde mental, prazer de viver e de estar com os outros. Há, também uma relação entre saúde mental e produtividade, quer no trabalho, quer no desenvolvimento acadêmico. Portanto, o acompanhamento da Psicologia da Saúde, procurando reduzir situações de ansiedade, pressões e conflitos é importante para a obtenção dos objetivos das organizações empresariais e das instituições de ensino. Alguns temas ligados à aplicação da Psicologia na área da Saúde: Sofrimento psíquico; Caracterização do normal e do patológico; Somatização; Psiquiatria social; e Promoção da saúde mental. Na abordagem desses diversos temas, a Psicologia aplicada à área da Saúde tem se desdobrado em diversos campos de aplicação ou de pesquisa. Destacamos aqui a Psicologia Clínica, a Psicologia Hospitalar e a Psicologia da Saúde. Psicologia Clínica A Psicologia Clínica envolve o estudo e o atendimento do indivíduo em seus diferentes problemas psíquicos e comportamentais, como ansiedade, depressão, estresse, fobias (medos) e todas as situações que envolvem sofrimento psíquico (como, por exemplo, vergonha, timidez, crise conjugal etc.). Os psicólogos clínicos efetuam o diagnóstico de problemas emocionais, distúrbios do comportamento, perturbações da personalidade e psicopatologias, atuando no tratamento e acompanhamento dessas situações. Atuam também no aconselhamento psicológico, na atenção, cuidado e ajuda em situações de sofrimento emocional, dificuldades de relacionamento ou problemas comportamentais. Dificuldades de aprendizagem, crises familiares e traumas psicológicos são também situações que recebem estudos e práticas terapêuticas da Psicologia Clínica. Psicologia Hospitalar A Psicologia Hospitalar é um campo de conhecimento e tratamento dos aspectos psicológicos ligados ao adoecimento (como crenças, conflitos, medos, pensamentos); envolve o estudo e tratamento interdisciplinar da somatização (sintomas físicos ligados à sofrimento psíquico); e, também, questões ligadas ao relacionamento do paciente e seus familiares com a equipe médica e com o ambiente hospitalar. Psicologia da Saúde A Psicologia da Saúde, busca a prevenção de doenças mentais; atua na busca do bem- estar social. A Psicologia da Saúde relaciona-se com a Psicologia Social, Comunitária, do Trabalho, Organizacional e Hospitalar; buscando construir estratégias sociais, institucionais, organizacionais e de política pública de Saúde que evitem e amenizem as consequências de doenças mentais. Exemplos de atividades que podem envolver a Psicologia da Saúde são os grupos de prevenção a comportamentos de risco (orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis, prevenção e combate ao alcoolismo e ao tabagismo, entre outros), reabilitação de pacientes com deficiências físicas e orientação a idosos (envelhecimento saudável, prevenção a doenças da velhice, sexo na terceira idade etc.). Conclusão Não é difícil perceber que as diferentes áreas de aplicação da Psicologia não se constituem em campos totalmente separados. Ao contrário, as diferentes aplicações, muitas vezes, se misturam e se sobrepõem. Por exemplo, a atuação de psicólogos no sentido de promover boas relações humanas no ambiente de trabalho pode ser feita tanto pela Psicologia Organizacional como pela Psicologia da Saúde. O que pode mudar são os objetivos e as referências teóricas. A Psicologia pode ser aplicada a diversas áreas de nossas vidas. O profissional que lida diretamente com pessoas, independente de sua área de atuação ou de seu nível hierárquico, deve estar atento as implicações da Psicologia em sua área de trabalho. Assim, poderá para utilizar conhecimentos da Psicologia científica para ampliar sua compreensão dos problemas que se apresentem em sua vida profissional. E, também, poderá saber o momento em que se faz necessária a presença de um Psicólogo que atue em uma das áreas da Psicologia aplicada. Mais informações acerca do tema “Psicologia Aplicada” podem ser encontradas nos links e textos relacionados abaixo. http://nti.facape.br/ruth/adm-comport_organ/index.php http://brnt1sp201.digiweb.com.br/nemeton/artigos/Psicologia-da-Sa%C3%BAde-no- Brasil.doc FIORELLI, Jose Osmir. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006. LIMONGI-FRANCA, Ana Cristina e RODRIGUES, Avelino Luiz Como gerenciar sua saúde no trabalho: um manual sobre o stresse e as queixas. São Paulo: STS, 1994 SPINK, Mary Jane P. Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. Petrópolis: Vozes, 2004 PATTO, M.H.S. Introdução à Psicologia escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. Material Complementar BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; e TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2005. FIORELLI, J. O. Psicologia para Administradores: integrando teoria e prática. 4º Ed. São Paulo: Atlas, 2004. HUFFMAN, K., VERNOY, M. e VERNOY, J. Psicologia. São Paulo: Atlas, 2003. PATTO, M.H.S. A Produção do Fracasso Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1990. SEGRE, Marco e FERRAZ, Flávio Carvalho. O Conceito de Saúde. Revista de Saúde Pública, vol 31, no. 5, São Paulo, outubro de 1997. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89101997000600016&script=sci_arttext, acessado em 31/07/2009. ALMEIDA Filho, Naomar de, JUCÁ, Vládia. Saúde como ausência de doença: crítica à teoria funcionalista de Christopher Boorse. 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Referências _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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