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Embargos de Declaração (art. 535 a 538) Os E.D. não tem o objetivo de cassar ou modificar a decisão embargada, mas sim, o objetivo de aperfeiçoamento da decisão, sendo um recurso anômalo com o intuito de integração do ato decisório, prestando esclarecimento ou complementação da decisão. Cabimento: Cabe contra todas as decisões judiciais, mesmo aquelas não previstas no art. 535, que forem obscuras, contraditórias ou omissas. Legitimidade: pode ser interposto por qualquer das partes. Não se aplica a legitimidade geral prevista no art. 499 do CPC. Competência: Cabe o julgamento ao próprio prolator da decisão embargada. Não comporta, de regra, contraditório, e a decisão terá sempre a mesma natureza da embargada. Efeitos: efeito suspensivo pleno e efeito devolutivo específico da matéria questionada. Efeito modificativo é excepcional, como mostrado adiante. Contradição: A decisão será contraditória quando há trechos que colidem entre si (e não com o que está fora da decisão). Omissão: Também serão utilizados quando houver problema de abrangência na decisão, ou seja, a decisão não tratou expressamente de algum ponto suscitado por qualquer uma das parte, sendo assim, omissa (julgamento citra petita). Obscuridade: "Já a obscuridade é o vício do ato judicial que macula a sua compreensão, opondo-se ao requisito de clareza que deve revestir todo ato judicial. O ato judicial deve ser claro, sem a existência de trechos ou ideias nebulosas." (Darlan Barroso) Peça: A peça dos E.D. é diferente de todos os outros recursos. Não possui razões de inconformismo, mas deverá demonstrar o trecho contraditório da decisão, ou demonstrará o pedido que deveria, mas não foi analisado. O requerimento da parte deverá ser apenas a complementação da decisão ou o esclarecimento do ponto contraditório. Natureza da decisão: a decisão proferida nos E.D. terá a mesma natureza da decisão embargada. Prazo: 5 dias. A interposição dos E.D. interrompem o prazo recursal, salvo quando se tratar do JEC, onde a sua interposição suspenderá o prazo recursal. Custas: Não tem. Utilização de má-fé: Quando os embargos de declaração são utilizados unicamente para fins protelatórios, haverá uma sanção a ser aplicada. Tal sanção é uma multa por litigância de má-fé de até 1% sobre o valor da causa. Caso seja reiterada a sanção, o valor da multa subirá para até 10% a ser depositado imediatamente em favor do embargado, e ficará condicionado o direito a recorrer ao respectivo depósito (art. 538, § único). Somente se admitirá o efeito modificativo dos E.D. quando interpostos a fim de esclarecer uma contradição. Nesse caso, por cautela, para observar o princípio do contraditório, os Tribunais costumam abrir prazo para a parte contrária manifestar-se (hipótese mais utilizada apenas nos Tribunais). Opostos os embargos para complementar pontos omissos da decisão, com o intuito de assegurar o prequestionamento, e ainda assim, não houver a complementação, é garantido o prequestionamento do objeto. Efeito modificativo dos E.D.: Atualmente, têm se aplicado os embargos de declaração com efeito modificativo, assim como previsto na CLT. Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. "Não há necessidade de intimação prévia das partes, pois não há contraditório, nem resposta. Contudo, nas hipóteses que levarem a modificação da decisão originária, o STF admite que o julgador cientifique as partes para apresentar o contraditório. Isto ocorre para que a parte não seja surpreendida pela nova decisão." (Resumo Christina Bacon) "A tais embargos, convencionou-se chamar de embargos de declaração com efeitos modificativos, porque o seu objetivo não é, simplesmente o de integrar o acórdão, mas de reformá-lo, total ou parcialmente, substituindo uma conclusão por outra. Estes embargos são verdadeiro e próprio recurso, funcionando como uma espécie de segunda apelação, única forma de corrigir um equívoco, que deveria ser normalmente corrigido pelo tribunal superior" (J. E. Alvin - Embargos de Declaração e Princípio do contraditório) Citação utilizada no momento em que o autor se referia a um simples erro material da sentença/acordão. Anexos: "Muita discussão se estabeleceu na doutrina acerca da natureza jurídica dos embargos de declaração, já que, na prática, é um instituto processual que muito diverge da natureza recursal, pelos seguintes aspectos: a) os embargos de declaração são julgados pelo próprio magistrado que proferiu a decisão embargada e, ao contrário, todos os demais recursos têm o mérito julgado por órgão hierarquicamente superior; b) como regra, não há contraditório nos embargos de declaração, ou seja, a parte "embargada" não é intimada para a apresentação de contrarrazões ou resposta ao recurso; c) os embargos não tem a finalidade de gerar a reforma ou anulação da decisão, mas somente de complementar ou clarear a decisão embargada. De fato, suas características práticas induzem à conclusão de que os embargos de declaração não tem natureza recursal. No entanto, não é essa a orientação positivada no Código de Processo Civil. O art. 496 deste Código, de forma expressa, incluiu os embargos de declaração no rol das espécies de recursos; portanto, sem dúvida, é assim que devemos classificá-los, apesar de sua natureza. Além disso, os embargos são atos voluntário das partes para impugnar pronunciamento judicial, no que se assemelham aos demais recursos." Manual de Direito Processual Civil - Volume 2 (Darlan Barroso) pág. 86) Código de Processo Civil - DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. Art. 536. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo. Art. 537. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto. Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo. Súmulas: STF Súmula nº 356 Ponto Omisso da Decisão - Embargos Declaratórios - Objeto de Recurso Extraordinário - Requisito do Prequestionamento O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento. STJ Súmula nº 98 Embargos de Declaração - Propósito de Prequestionamento - Caráter Protelatório Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. STJ Súmula nº 211 Recurso Especial - Questão Não Apreciada pelo Tribunal A Quo - Admissibilidade Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal "a quo".
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