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Penas Alternativas

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A Pena nada mais é do que o exercício do Jus Puniendi por parte do Estado. Quando o agente pratica algum ato tipificado em nossa legislação na época da prática, começa o direito de punir do Estado. A pena tem por finalidade evitar que tais atos aconteçam, seja pela intimidação de aplicação da sanção penal, seja pela reeducação do agente para não voltar a praticar ilícitos. 
Atualmente podemos encontrar na sociedade, a aplicação da pena como forma de vingança pelo ato realizado pelo agente, e com isso verificamos que o conceito de justiça acabou se tornando entre a população, sinônimo de penas grandes e severas, não mais a justa aplicação daquela pena, que tem como objetivo, reeducar o agente para que tal ato não se repita. Nas palavras de Cesare Beccaria: 
“Um dos maiores travões aos delitos não é a crueldade das penas, mas a sua infalibilidade (...) A certeza de um castigo, mesmo moderado, causará sempre impressão mais intensa que o temor de outro mais severo, aliado à esperança de impunidade.” 
 Ao analisar a atual situação vemos que o sistema carcerário Brasileiro, não tem cumprido sua finalidade, sendo que no lugar de preparar o condenado para o convívio em sociedade, acaba criando uma resistência até então inexistente ou inexpressiva. O objetivo da implementação da pena privativa de liberdade, tem uma intenção muito nobre, porém, da forma que é conduzido os estabelecimentos penais Brasileiros, atingi-los torna-se uma utopia.
O problema que é de notório saber de qualquer Brasileiro no sistema carcerário, além de criar resistência no condenado, é que acaba com a possibilidade de recuperação do mesmo. Encontramos casos, em que após o cumprimento da pena, o indivíduo que cometeu pequenos delitos, se torna um grande criminoso devido ao convívio sub-humano, proporcionado aos condenados, que muitas vezes são simplesmente jogados em um espaço, sem o cuidado de ao menos serem separados por tipo de crime, ou grau de periculosidade.
 Também devemos lembrar a completa falta de assistência ao condenado após o cumprimento de sua pena, que deveria ser reintegrado a sociedade, porém acaba sendo descriminado, sem receber nenhum amparo do Estado para tentar modificar tal situação e criar oportunidades para a pessoa provar a todos a sua real recuperação.
	O verdadeiro problema da aplicação da pena privativa de liberdade, está na total ineficácia de seu sistema, devido a problemas enraizados na sociedade Brasileira, como por exemplo, a corrupção, a má distribuição de renda, a situação precária do sistema prisional, a superlotação do judiciário, dentre outros diversos que nos deparamos diariamente na televisão e nos jornais, e os quais já estamos “acostumados”. 
Todos sabem que o sistema carcerário é completamente ineficaz devido à falta de interesse das autoridades competentes, e como meio de lidar com esse problema temos a opção das penas alternativas. 
Encontramos as medidas alternativas na legislação brasileira há muito tempo, para ser mais preciso desde 1984 com a lei 7.910, porém sua aplicação só foi viabilizada após discussão a respeito do tema pelas Nações Unidas em 1990 e posteriormente com a criação da lei 9.099/95, a qual foi muito importante para a real implementação das medidas alternativas na realidade brasileira. Futuramente sua aplicação começa a ser apoiada por órgãos governamentais, tal como o Ministério da Justiça, que lançou em 2000 o Programa Nacional de Apoio as Penas Alternativas, executado pela Central Nacional de Apoio e Acompanhamento as Penas e Medidas Alternativas – CENAPA.
Conforme entendimento do doutrinador Damásio de Jesus, a pena alternativa é: 
“Penas alternativas são alternativas penais à pena privativa de liberdade, portanto, qualquer opção sancionatória que não leve à privação da liberdade é chamada de pena alternativa. Existem duas espécies de penas alternativas: penas alternativas restritivas de direitos e multa.”
As Penas Restritivas de Direitos são conhecidas como Penas e Medidas Alternativas, sendo uma sanção penal de curta duração, para crimes praticados sem violência e grave ameaça, por exemplo: acidentes de trânsito, violência doméstica, difamação, abuso de autoridade, lesão corporal leve, furto simples, injúria, entre outros previstos na legislação atual. Tais penas são aplicadas pelo mesmo montante que foi sentenciada em privativa de liberdade, mas será substituída pela restritiva de direito. A aplicação de tais penas é destinada a aquelas pessoas que não produzem risco a sociedade, que cometeram crimes de pequeno potencial ofensivo, que normalmente ocorreu devido a erros acidentais, o que não justificaria punir tal sujeito com a mesma resposta estatal que um infrator de uma norma mais complexa. Tal sanção também pode ser vista como a prática do Princípio da proporcionalidade da pena.
Vemos nítida evolução do instituto penal, e sobre isso nos ensina o doutrinador Guilherme de Souza Nucci “Apesar do mencionado caráter substitutivo da pena restritiva de direitos, atualmente já se pode encontrar exemplos de penas restritivas, com montantes próprios, aplicáveis independentemente das penas privativas de liberdade”. Sobre tal afirmação, podemos usar como exemplo o Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 292.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
As penas alternativas têm como principal objetivo, reeducar o sujeito para que não haja reincidência, porém a sua aplicação deve ser feita com certa cautela. Sua aplicação demasiada pode transformá-la na principal forma de injustiça ou impunidade. Como nos ensina o escritor italiano Baldassare Castiglione, "Perdoando demasiadamente aos que cometem faltas, fazemos uma injustiça contra os que não as cometem”. Além da correta aplicação feita pelos magistrados, também deve haver um completo acompanhamento por parte das autoridades, como por exemplo, psicólogos que acompanhem o sujeito durante todo o cumprimento, médicos para cuidar de sua saúde, profissionais que possam supervisionar o trabalho, entre outros profissionais que garantirão que a pena realmente será cumprida, e que com isso o objetivo seja alcançado plenamente.
Nelas encontramos diversos pontos benéficos ao infrator e a sociedade. Começamos destacando a economia que tais penas geram, sendo que o custo de um preso é de aproximadamente R$ 1,5 mil de acordo com um levantamento feito pela Câmara dos Deputados em 2008 na CPI Carcerária. Ainda nesse ponto, também devemos levar em conta que o preço para a montagem da infraestrutura de um cárcere, é muito superior do que a infraestrutura de uma escola, por exemplo. Levando isso a números, vemos que cada vaga em uma prisão custa aproximadamente R$ 25 mil, enquanto o custo de uma vaga para um escola é de apenas R$ 4 mil, de acordo com o mesmo levantamento feito pelo então diretor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), em audiência a CPI Carcerária. Outro ponto positivo que encontramos nas penas alternativas, é o impedimento de que aquele agente que cometeu o ilícito de menor grau ofensivo conviva com aqueles agentes de alta periculosidade a sociedade. Como encontramos na história do filme “Assassinato de primeiro grau”, aquele agente de pequenos ilícitos pode se tornar verdadeiro criminoso completo. 
Além da economia e da prevenção da convivência de agentes de pequenos crimes, com grandes criminosos, também é resultado das penas alternativas o descongestionamento do judiciário com pequenos delitos, podendo aplicar maior parte do seu tempo a análise de situações bem mais críticas e complexas. Devemos considerar também, que com a hipótese de prestação de serviços a comunidade, encontrada no artigo 43, I do Código Penal acaba-se fazendo com que aquela pessoa que prejudicou a sociedade com seu ilícito, faça algo para melhorá-la de alguma forma. E como já dizia Cesare Beccaria “Quanto mais a pena for rápida e próxima do delito, tanto mais justae útil ela será”.
A importância das penas alternativas tem se elevado tanto, que já existem estudos sendo efetuados pelo Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo de ter estatísticas de reincidência no crime de ex-presidiários, já que não encontramos informações confiáveis a respeito do tema. Também nos mostra a importância das medidas alternativas, o fato dos legisladores trabalharem para aumentar o número de opções a serem aplicadas como medidas alternativas, e como exemplo, temos o projeto de lei nº 44/2007, proposto pelo Senador Valter Pereira, que inclui na lei nº 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais), em seu artigo 8º, o inciso VI, com a seguinte redação:
“VI - obrigatoriedade de frequência a curso presencial de educação ambiental, com carga horária mínima de nove horas-aula e duração não inferior a uma semana."
Em sua exposição de motivos, encontramos a seguinte afirmação:
“A nova modalidade de pena restritiva de direitos vem somar-se às já previstas, como uma forma ainda mais direta de promover a conscientização do infrator a respeito da necessidade de se proteger a natureza. Com a participação do condenado em curso de educação ambiental, a prevenção da reincidência na conduta criminosa, além de baseada no temor da sanção, passa a fundamentar-se, também, numa efetiva percepção da importância da atuação individual na construção e manutenção de um meio ambiente sadio e equilibrado.”
	De acordo com afirmação de Luciano Losekam, juiz auxiliar da Presidência do CNJ, “se o índice [de reincidência] for elevado, significa que a pena de prisão é inútil”, logo a política de encarceramento deverá ser repensada pelo órgão. Já encontramos estudos realizados pela Universidade de Brasília, onde os números estatísticos garantem que o índice de reincidência entre os réus condenados a penas alternativas é aproximadamente metade do que aqueles que cumprem pena privativa de liberdade.“
Levando em conta os aspectos e números citados anteriormente, podemos entender que a aplicação de penas alternativas são benéficas a todos, tanto ao Estado quando ao infrator. Além dos pontos benéficos já citados, também encontramos diversos estudos a respeito do tema por parte das autoridades, para verificar qual é a realidade atual em relação a aplicação e execução das penas, para podermos ter uma base concreta a respeito de qual é o método mais eficaz para poder reeducar o condenado. 
Podemos concluir que, sendo devidamente aplicadas, as penas alternativas tem grandes chances de iniciar uma mudança muito maior, que deverá ser feita pelas autoridades quando o assunto é reeducação de condenados. Através de estudos acadêmicos e pesquisas que se iniciaram com essa discussão, podemos encontrar números mais precisos a respeito da aplicação e do resultado que as penas alternativas estão fazendo na sociedade. 
Após analise feita, encontramos muito mais benefícios do que prejuízos a sociedade, quando falamos da aplicação das medidas alternativas, frisando novamente, que sejam feitas com muita cautela, para não ultrapassar a linha da reeducação e se tornar impunidade. Portanto, entendemos que a aplicação do direito penal mínimo, a curto prazo, pode ser a hipótese que apresente melhores resultados.
ASSASSINATO em Primeiro Grau. Direção: Mark Rocco. Roteiro: Dan Gordon. Warner Bros., 1995, 120 min, son., color. 
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. Milão: Editora Martins Fontes, 1764.
BRASIL, Agencia. “Estudo mostra que condenados a penas alternativas têm baixa reincidência“. Disponível em : < http://ultimainstancia.uol.com.br> Acesso em 26 de Março de 2011
BRASIL, Agencia. “CNJ realiza pesquisa para verificar grau de reincidência criminal“. Disponível em : < http://ultimainstancia.uol.com.br> Acesso em 26 de Março de 2011
COSTA, Tailson Pires. Penas Alternativas: Reeducação adequada ou estímulo a impunidade? 3ª Edição. São Paulo: Max Limonad, 2003.
Execução Penal. Penas Alternativas. Evolução. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/>. Acesso em 28 de Março de 2011.
JESUS, Damásio de. Apostila Completa de Direito Penal. São Paulo.
NUCCI, Guilheme de Souza. Manual de Direito Penal. Edição 4. São Paulo: Editora RT, 2008.

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