Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2016.1 ADM I Profº. Francisco De Poli de Oliveira UNESA Livro II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 2 I – INTRODUÇÃO 1.1 Elementos Introdutórios 1. Direito Administrativo é um ramo do Direito Público tal como o Constitucional, o Tributário, o Penal, etc. Ele tem por finalidade precípua o estudo dos princípios e das normas reguladoras entre as pessoas e os órgãos do Estado, é recente (final do século XIX) e não foi ainda codificado. O que vigora são leis específicas e legislação esparsa. Mas é importante frisar que essa falta de codificação não o induz à ausência de autonomia. 2. Vejamos, por exemplo, a desapropriação. Para tal temos que acessar o DL nº. 3.365/41, que está em vigor desde a época Vargas! 3. Importante demonstrar, de início, a diferença entre Direito Administrativo e Ciência da Administração. Para tanto iremos nos valer do quadro abaixo1: QUADRO COMPARATIVO ENTRE DIREITO ADMINISTRATIVO E CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO Direito Administrativo Ciência da Administração Ramo jurídico Não é ramo jurídico Estuda princípios e normas de direito Estuda técnicas de gestão pública Ciência deontológica (normativa) Ciência social Fixa limites para a gestão pública Subordina-se às regras do Direito Administrativo A Ciência da Administração consiste no estudo das técnicas e estratégias para melhor planejar, organizar, dirigir e controlar a gestão governamental. O Direito Administrativo define os limites dentro dos quais a gestão pública (Ciência da Administração) pode ser validamente realizada. 1.2 Conceito de Direito Administrativo 4. São vários os conceitos de Direito Administrativo exarados pelos mais competentes doutrinadores publicistas pátrios, a exemplo de Celso Antônio Bandeira de 1 Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 3 Mello, Hely Lopes Meireles, Maria Sylvia Zanella Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho. Cada um desses autores, ao conceituar o Direito Administrativo, destaca algum elemento desse conceito. 5. Importante se faz, portanto, analisar os conceitos desse eminentes publicistas para que se possa “montar” um conceito que venha a atender as exigências dos concursos públicos mais importantes. 6. Vejamos, então, esses conceitos: DOUTRINA CONCEITO DESTAQUE OBSERVAÇÃO Celso Antônio Bandeira de Mello “O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem” “função administrativa” Enfatiza a ideia de “FUNÇÃO ADMINISTRATIVA” Hely Lopes Meirelles “O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” “fins desejados pelo Estado” Destaca o elemento finalístico “FINS DESEJADOS PELO ESTADO” Maria Sylvia Zanella Di Pietro “É o ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública” “órgãos, agentes e as pessoas integrantes da Administração Pública no campo jurídico não contencioso” Põem em evidência como objeto do Direito Administrativo os “ÓRGÃOS, AGENTES E AS PESSOAS INTEGRANTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO CAMPO JURÍDICO NÃO CONTENCIOSO” José dos Santos “O conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações “relações jurídicas” Evidencia as “RELAÇÕES ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 4 Carvalho Filho jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado, e entre estes e as coletividades a que devem servir” JURÍDICO- ADMINISTRA- TIVAS” 7. Como pode ser observado nos conceitos acima, o Direito Administrativo é o ramo que estuda “princípios e normas”. Assim, importante se faz alguns esclarecimentos sobre as expressões utilizadas nesses conceitos, principalmente quando é evidenciado que o Direito Administrativo é “o conjunto de normas e princípios (...)”. 8. Hodiernamente, entende-se a NORMA JURÍDICA como sendo um gênero que se divide em duas espécies: REGRAS e PRINCÍPIOS. Assim: 9. Não obstante, vejamos o seguinte quadro comparativo entre PRINCÍPIOS e NORMAS2: COMPARAÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS E NORMAS Aspectos a serem analisados PRINCÍPIOS NORMAS Força cogente3 Máxima Máxima Abrangência Atingem maior quantidade de casos práticos Disciplinam menos casos 2 Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011 3 Norma cogente é aquela que constrange a quem se aplica, tornando seu cumprimento obrigatório de maneira coercitiva. NORMA JURÍDICA (Gênero) ESPÉCIE REGRA Norma específica disciplinadora de comportamentos específicos ESPÉCIE PRINCÍPIO Regra geral de conteúdo mais abrangente do que a norma ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 5 Abstração do conteúdo Geral Específico Importância sistêmica Enunciam valores fundamentais do sistema Somente disciplinam casos concretos Hierarquia no ordenamento Superior Inferior Técnica para solucionar antinomias Cedência recíproca4 Lógica do tudo ou nada5 Modo de criação Revelados pela doutrina Criadas diretamente pelo legislador Conteúdo prescritivo6 Podem não ter modal deôntico7 Sempre tem no conteúdo um modal deôntico: “permitido”, “proibido” ou “obrigatório” 4 Princípio da harmonização ou concordância prática ou cedência recíproca: como os conflitos entre normas constitucionais são apenas aparentes, cabe ao intérprete harmonizar as normas que sejam aparentemente conflitantes. Isso se faz com base na ponderação de valores, percebendo que, no conflito entre duas normas constitucionais, qualquer delas pode prevalecer, o que só se saberá de acordo com o caso concreto. Apesar disso, deve-se sempre buscar a máxima efetividade dos valores em confronto. Esse princípio possui especial relevância no estudo dos conflitos entre direitos fundamentais. Por exemplo: no conflito entre o direito à vida e a liberdade de religião, tanto a vida pode prevalecer, quanto pode a liberdade de religião "ganhar" esse conflito aparente (cedência recíproca) – isso só se resolverá de acordo com o caso concreto. Mas, em qualquer caso, afirmar que "a vida ganha" não significa retirar a validade da liberdade de religião. 5 Regras e princípios ("conflito" versus "colisão"): o Direito se expressa por meio de normas. As normas se exprimem por meio de regras ou princípios. As regras disciplinam uma determinada situação;quando ocorre essa situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. Para as regras vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior etc.. Princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte dele). Seu espectro de incidência é muito mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver "colisão", não conflito. Quando colidem, não se excluem. Como "mandados de otimização" que são (Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos (às vezes, concomitantemente dois ou mais deles). 6 Indicam normas para orientar o agir humano. Indicam que certos atos se constituem obrigatórios para as pessoas. 7 Modais deônticos básicos das normas jurídicas. Pertencendo ao mundo da ética - daquilo que DEVE SER - a norma jurídica opera com três modais deônticos básicos: proibição (é proibido fumar neste recinto); obrigatoriedade (é obrigatório conceder férias anuais para os empregados); permissão (não obriga, nem proíbe, apenas dá prerrogativa ou faculdade ao destinatário para fazer ou não, como em é permitido casar). Esses modais podem, no ordenamento jurídico, surgir misturados. Ex: o nosso CC, ao disciplinar o casamento, estatui que todos podem se casar (é permitido casar), mas é obrigatório que os nubentes sejam maiores ou, nos limites legais, tenham autorização dos pais ou responsáveis, sendo proibido o casamento entre menores absolutamente incapazes, entre ascendentes e descendentes, entre irmãos, etc. Há normas cuja formulação lógica não se enquadra em qualquer desses três modais deônticos. Ex. art. 579 do CC, que define comodato como empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Essa norma não encerra, em si, nem proibição, nem obrigação, nem permissão. Mas mesmo quando a formulação lógica da norma não expressa um dever ser, sua natureza jurídica é de ordem, de prescrição, sua essência é sempre de dever ser _ deve ser cumprida, sob pena de aplicação de uma sanção. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 6 1.3 Taxionomia8 do Direito Administrativo 10. Indiscutível que o Direito Administrativo é ramo do DIREITO PÚBLICO, já que os seus princípios e regras regulam o exercício de atividades estatais, em especial a FUNÇÃO ADMINISTRATIVA. 1.3.1 Função Administrativa 11. Mas, o que é função administrativa? Função administrativa pode ser conceituada como sendo: 12. E é desse conceito que devemos extrair os elementos que são de vital importância tanto para a sua compreensão, quanto para os diversos quesitos que são cobrados em concursos públicos. Vejamos cada um deles: 13. 1º elemento: “exercida preponderantemente pelo Poder Executivo”. Para descortinarmos esse elemento, necessário se faz relembrar o conceito de FUNÇÕES TÍPICAS e FUNÇÕES ATÍPICAS, o que faremos através de um esquema elucidativo. 14. Antes, porém, necessário se faz algumas definições: 15. FUNÇÃO TÍPICA: é a tarefa precípua, fundamental, de cada Poder. 16. FUNÇÃO ATÍPICA: é aquela própria de outro Poder. 17. Essas funções (típicas e atípicas) estão relacionadas com o art. 2º. da CRFB9. Ou seja: estão intimamente ligadas com a INDEPENDÊNCIA e HARMONIA entre os Poderes. 8 TAXIONOMIA é a natureza jurídica de determinado instituto do Direito. 9 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. “AQUELA EXERCIDA PREPONDERANTEMENTE PELO PODER EXECUTIVO, COM CARÁTER INFRALEGAL E MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE PRERROGATIVAS INSTRUMENTAIS” ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 7 18. Podemos, então, assim representar graficamente essa questão: 19. Então: As FUNÇÕES TÍPICAS são o mais importante instrumento garantidor da INDEPENDÊNCIA (valor fundamental) entre os Poderes. 20. As FUNÇÕES ATÍPICAS constituem ferramenta indispensável para viabilizar a HARMONIA (valor fundamental) entre os Poderes. 21. Continuando com as definições: 22. FUNÇÃO PRIMÁRIA10: é a norma, considerada a inovação originária na ordem jurídica. Assim, somente o Poder Legislativo exerce uma função primária, uma vez que a sua tarefa típica é a única que estabelece normas novas, ao passo que o Judiciário e o Executivo aplicam a norma que o parlamento criou (art. 1º, parágrafo único, CRFB11 – considera-se que as leis constituem direta manifestação da vontade popular). Esse 10 Esse caráter primário da atuação legislativa é coerente com a origem do estado de Direito. O sentido maior da Revolução francesa e dos movimentos constitucionalistas foi a ampliação das competências do parlamento em relação aos outros Poderes. 11 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 2º da CRFB A relação entre os Poderes é qualificada por dois valores fundamentais: INDEPENDÊNCIA e HARMONIA INDEPENDÊNCIA Significa uma atuação sem interferência, sem submissão. Instrumento garantidor FUNÇÕES TÍPICAS HARMONIA Indica uma atuação cooperativa, sem choques. Instrumento garantidor FUNÇÕES ATÍPICAS ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 8 caráter primário da atuação legislativa está relacionado com a origem do Estado de Direito12. 23. Esquema elucidativo das FUNÇÕES TÍPICAS: 24. Esquema elucidativo das FUNÇÕES ATÍPICAS: 12 Historicamente, os parlamentares surgiram como legítimos representantes do povo, enquanto o Poder Executivo, herdeiro da função antes exercida pelos monarcas, representava diretamente os interesses do Estado. O sentido maior da Revolução francesa e dos movimentos constitucionalistas foi a ampliação das competências do parlamento em relação aos outros Poderes. Assim, atualmente, considera-se que as leis constituem direta manifestação da vontade popular (art. 1º, parágrafo único, da CRFB), e a primariedade da função legislativa reforça que o Executivo e o Judiciário são meros aplicadores da vontade do povo. PODERES EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO Função Típica Elemento Nuclear Função Administrativa = aplicar a lei de ofício (consistente na defesa concreta do interesse público) Mérito dos atos discricionários Função Típica Criação da norma = inovação originária na ordem jurídica. Trata-se de FUNÇÃO PRIMÁRIA Elemento Nuclear Decisão sobre a edição de uma nova lei Função Típica Solucionar, definitivamente, conflitos de interesse, mediante a provocação do interessado Elemento Nuclear Definitividade da decisão ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. FranciscoDe Poli de Oliveira 9 25. 2º elemento: “a função administrativa é exercida em caráter infralegal.” Significa dizer que a característica fundamental da função administrativa é a sua absoluta submissão à lei. Esta característica está ligada ao Princípio da Legalidade que consagra a subordinação da atividade administrativa aos ditames legais. É, por assim dizer, uma importante GARANTIA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, ou seja: a Administração Pública só pode fazer o que o povo autoriza, por meio de leis promulgadas por seus representantes eleitos. Este, portanto, é o caráter infralegal da função administrativa. 26. Para uma melhor compreensão desse elemento, vamos nos valer da Pirâmide Kelsiana. Assim: EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO Função Atípica CPI, Medidas Provisórias, Decretos Regulamentares, etc.. Função Atípica Função Administrativa (licitação, férias de servidor, etc.) Função Atípica Função Administrativa (concurso público, processo de aposentadoria, etc.) PODERES CRFB LEIS ATOS ADM ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 10 27. Como se pode ver, a Constituição ocupa o ápice da pirâmide. Num patamar intermediário estão as leis e, no patamar mais baixo, os atos administrativos. Então, qual é a conclusão que podemos extrair dessa hierarquização? Concluímos que os ATOS ADMINISTRATIVOS ESTÃO HIERARQUICAMENTE SUBMETIDOS AOS DISPOSITIVOS LEGAIS. E é por essa razão que sempre que um ato administrativo violar norma legal será inválido. 28. Lembrem-se: 29. 3º elemento: “a função administrativa é exercida mediante a utilização de prerrogativas instrumentais.” Prerrogativas especiais (ou privilégios) são os poderes especiais que a lei confere aos agentes públicos para que esses possam defender os interesses da coletividade. Esses poderes, contudo, estão vinculados á DEFESA DO INTERESSE PÚBLICO, desse não podendo se afastar um milímetro que seja! 30. Importante frisar que em sede de Direito Administrativo, PRIVILÉGIO é sinônimo de PRERROGATIVA, de PODER. Afastado, portanto, está a conotação pejorativa (popular) desse termo. 31. Por derradeiro, importa salientar que esses poderes não são personalíssimos, ou seja, não pertencem aos agentes em particular. São, sim, INSTRUMENTOS A SERVIÇO DA FUNÇÃO PÚBLICA13. 1.4 Sistemas Administrativos 1.4.1 Sistema do Contencioso Administrativo (Sistema francês) 32. Também conhecido modelo francês, é adotado especialmente na França e na Grécia. Ele foi criado na França, e caracteriza-se pela repartição da função jurisdicional 13 Prova disso pode ser observada quando o agente público está afastado das suas funções, situação na qual tais poderes são inaplicáveis. JAMAIS, HAVENDO COLISÃO ENTRE O ATO ADMINISTRATIVO E A LEI, AQUELE PREVALECERÁ SOBRE ESSA! ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 11 entre o Poder judiciário e tribunais administrativos. Significa dizer que as causas de interesse da Administração Pública são julgadas pela própria Administração Pública e não podem ser submetidas a apreciação do Poder judiciário. Possuem, portanto, os seus julgados, solução de definitividade. 33. Sistema da estrutura jurisdicional francesa14: 34. Os fundamentos históricos para este sistema estão intimamente ligados com a Revolução Francesa (1789). Antes dela, a França era uma monarquia absolutista que possuía os poderes estatais centralizados na figura do rei. Assim, os órgãos judiciais eram todos nomeados pelo monarca, motivo pelo qual dificilmente julgavam contrariamente aos interesses da coroa. Com a Revolução Francesa, contudo, foi aprovada em 1790 uma lei que proibia os magistrados de decidir causas de interesse da Administração Pública. O contencioso administrativo surgiu, portanto, como consequência de séculos de domínio monárquico que a revolução pretendia enterrar para sempre. 14 Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011. TRIBUNAL DE CONFLITOS Localizado acima das duas justiças, decide conflitos de competência entre o Judiciário e o Contencioso Administrativo PODER JUDICIÁRIO Julga causas comuns CONSELHO DE ESTADO (Órgão máximo do contencioso administrativo) Julga causas de interesse da Administração Pública ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 12 35. Ressalta-se que a França é o berço da Teoria da Tripartição dos Poderes (Montesquieu), que foi radicalizada a tal ponto de considerar-se uma interferência indevida na independência da Administração Pública o julgamento de suas demandas pelo Poder judiciário. 36. Criou-se, portanto, um conjunto de órgãos decisórios apartados que formaram uma justiça especial para decidir as causas de interesse da Administração pública. Até 1789 1789 1790 A partir de 1790 ARTIGO 13 DA LEI DE 16-24 DE AGOSTO DE 179015 15 Art. 13. As funções judiciárias são distintas e permanecerão sempre separadas das funções administrativas. Não poderão os juízes, sob pena de prevaricação, perturbar de qualquer modo as operações dos corpos administrativos, nem citar diante de si os administradores por motivo das funções que estes exercem. Monarquia absolutista. Poderes estatais centralizados pelo Rei. Os órgãos judiciais, nomeados pelo monarca, defendiam os interesses da coroa. Revolução Francesa. Queda da monarquia e ascensão da burguesia. Editada lei que proibia os magistrados de decidir causas que eram de interesse da Administração Pública em função da desconfiança reinante em relação ao Poder Judiciário, herdada da experiência do antigo regime. Criação do CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO (órgãos apartados que formaram uma justiça especial para decidir as causas de interesse da Administração Pública). ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 13 37. O contencioso administrativo foi sofrendo evoluções com o passar do tempo. A sua 1ª fase foi a do administrador-juiz, quando a própria Administração decidia os seus conflitos com os particulares, já que o Judiciário não podia fazê-lo. Era a Administração, ao mesmo tempo, juiz e parte. 38. Pode-se dizer que em termos processuais assim era a 1ª fase: JUIZ (ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA) AUTOR RÉU (ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA) 39. Mais adiante, no ano VIII, começa a se desenvolver uma verdadeira jurisdição administrativa, com a criação do Conselho de Estado, que só passa a exercer função verdadeiramente jurisdicional a partir de 1872 (2ª fase), quando se tornou independente e suas decisões deixaram de submeter-se ao chefe de Estado. É a partir daqui que se desenvolveram inúmeros princípios informativosdo Direito Administrativo que foram incorporados ao regime jurídico de inúmeros outros países. 40. Já a autonomia do Direito Administrativo (3ª fase), ou seja, a sua posição como ciência dotada de objeto, método, institutos, princípios e regime jurídico próprios, começou a conquistar-se após o caso Blanco (1873). Esse famoso caso envolveu uma menina (Agnès Blanco) que, ao atravessar uma rua da cidade francesa de Bordeaux, foi colhida por uma vagonete da Companhia de Manufatura de Fumo, que transportava matéria-prima de um para outro edifício. Naquela oportunidade, o Conselheiro Davi, do tribunal de Conflitos, proferiu o seu voto, colocando de lado o Código Napoleônico e afirmando, pela primeira vez, o equacionamento e a solução da responsabilidade civil do estado em termos publicísticos. Relembre-se de que, nessa ocasião, ocorreu choque de competência entre o Conselho de Estado e a Corte de Cassação. O conflito era de atribuição negativo; suscitado perante o Tribunal de Conflitos – a quem cabia dirimir os ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 14 conflitos dessa natureza entre a jurisdição comum e a administrativa -, o Conselheiro Daví, entusiasmado com o caso, não só concluiu que o Conselho de Estado era competente para decidir a controvérsia, como também devia fazê-lo em termos publicísticos, já que o Estado era parte na relação jurídica. Acentua-se aqui a saída do instituto da responsabilidade do campo do Direito Civil, como então era tratado, para mergulhar no campo do Direito Administrativo, onde a relação entre o preposto e preponente é diversa dessa mesma relação no campo do Direito Civil. 41. Embora a decisão apenas confirmasse, quanto à competência da jurisdição administrativa, jurisprudência anterior do Conselho de estado, adotada nos casos Rotschild (1855) e Dekeister (1862), ela inovava em dois pontos: quando definia a competência da jurisdição administrativa pelo critério do serviço público (responsabilidade por danos decorrentes do serviço público) e quando resolvia a questão com base em princípios autônomos, distintos daqueles adotados pelo Código Civil para as relações entre particulares. 42. Vejamos (documento histórico): LE CONSEIL D'ÉTAT ET LA JURIDICTION ADMINISTRATIVE ECOUTER Tribunal des conflits - février 1873 - Blanco Compétence du juge administratif pour connaître de la responsabilité à raison des dommages causés par des services publics Analyse Par l’arrêt Blanco , le Tribunal des conflits consacre à la fois la responsabilité de l’État à raison des dommages causés par des services publics et la compétence de la juridiction administrative pour en connaître. Une enfant avait été renversée et blessée par un wagonnet d’une manufacture de tabac, exploitée en régie par l’État. Le père avait saisi les tribunaux judiciaires pour faire déclarer l’État civilement responsable du dommage, sur le fondement des articles 1382 à 1384 du code civil. Le conflit fut élevé et le Tribunal des conflits attribua la compétence pour connaître du litige à la juridiction administrative. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 15 L’arrêt Blanco consacre ainsi la responsabilité de l’État, mettant fin à une longue tradition d’irresponsabilité, qui ne trouvait d’exceptions qu’en cas de responsabilité contractuelle ou d’intervention législative, telle la loi du 28 pluviôse an VIII pour les dommages de travaux publics. Il soumet toutefois cette responsabilité à un régime spécifique, en considérant que la responsabilité qui peut incomber à l’État du fait du service public ne peut être régie par les principes qui sont établis dans le code civil pour les rapports de particulier à particulier. La nécessité d’appliquer un régime spécial, justifié par les besoins du service public, est ainsi affirmée. Le corollaire de l’existence de règles spéciales réside dans la compétence de la juridiction administrative pour connaître de cette responsabilité, en application de la loi des 16 et 24 août 1790, qui interdit aux tribunaux judiciaires de “troubler, de quelque manière que ce soit, les opérations des corps administratifs”. Au-delà même de la responsabilité, l’arrêt reconnaît le service public comme le critère de la compétence de la juridiction administrative, affirme la spécificité des règles applicables aux services publics et établit un lien entre le fond du droit applicable et la compétence de la juridiction administrative. Si l’arrêt Blanco est à bien des égards fondateur du droit administratif, l’évolution ultérieure de la jurisprudence doit conduire à nuancer les règles qu’il dégage en matière de répartition des compétences. Le service public n’est plus un critère absolu de la compétence du juge administratif : en particulier, les litiges relatifs à des services publics industriels et commerciaux relèvent en principe de la juridiction judiciaire (voir T.C. 22 janvier 1921, Société commerciale de l’Ouest africain , p. 91). Or la transformation du service des tabacs et des allumettes en entreprise publique en a fait un service public à caractère industriel et commercial, de telle sorte qu’une solution différente serait aujourd’hui appliquée à l’espèce. Pour ce qui est des services publics gérés par des personnes privées, il est nécessaire que le dommage résulte à la fois de l’accomplissement d’un service public et de l’exercice d’une prérogative de puissance publique (par ex. : 23 mars 1983, S.A. Bureau Véritas et autres, p. 133). Enfin, la loi modifie parfois dans certains domaines la répartition des compétences entre les deux ordres de juridiction, telle la loi du 31 décembre 1957 transférant aux tribunaux judiciaires le contentieux des dommages de toute nature causés par des véhicules, au nombre desquels devrait être compté le wagonnet de l’affaire Blanco . ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 16 Le droit de la responsabilité administrative, depuis l’arrêt Blanco , s’est construit sur un fondement essentiellement jurisprudentiel, de façon autonome par rapport au droit civil. Il ne s’ensuit toutefois pas que les solutions dégagées par le juge administratif soient radicalement différentes de celles dégagées par le juge judiciaire, ni que le code civil ou les principes dont il s’inspire ne s’appliquent jamais à la responsabilité administrative, comme le montre la responsabilité décennale des constructeurs. Et si la principale spécificité du droit administratif résidait au départ dans l’absence de caractère général et absolu de la responsabilité de l’État, celle-ci a été reconnue de plus en plus largement, y compris en l’absence de faute, que ce soit sur le terrain du risque ou sur celui de la rupture d’égalité devant les charges publiques. Il en résulte un régime dans certains cas plus favorable aux victimes que le droit civil, par exemple en matière de responsabilité médicale (Ass. 9 avril 1993, B…, n°69336 p. 127). Tribunal des conflits - 8 février 1873 - Blanco - 1er supplt - Rec. Lebon p. 61 43. A partir de então, inegável foi a contribuição do Conselho de Estado francês para a elaboração de princípios informativos do Direito Administrativo. “Em 1945, o Conselho de Estado francês invocou, pela primeira vez de modo expresso, os princípios de direito aplicáveis, mesmo na ausência de textos legais, às relações entre Administração- indivíduo, Administração-funcionário ou entre órgãos administrativos. E a partir de então se expediu naqueletribunal essa diretriz, atribuindo-se aos princípios força de lei quanto aos atos administrativos gerais e especiais. Em virtude do surgimento de regulamentos autônomos previstos na Constituição francesa de 1958 e dotados da mesma força de lei, o Conselho de estado passou a conferir aos princípios gerais, valor constitucional, com base no preâmbulo da referida Constituição”. 44. O Direito Administrativo francês é, em grande parte, não legislativo, porque formulado pelo juiz. E isso se deve ao repúdio pelo Código Civil e ao direito privado. A imensidão de lacunas legislativas levou o juiz a fazer verdadeiramente o direito. A função do juiz administrativo não era só a de interpretar o direito positivo, como fazia o juiz comum, mas também preencher, por suas decisões, as lacunas da lei. Daí a contribuição do Conselho de Estado para a elaboração de princípios informativos do Direito Administrativo, ainda hoje vigentes em vários sistemas: o da responsabilidade civil da Administração, o da alteração unilateral dos contratos administrativos, os concernentes ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 17 ao regime jurídico especial dos bens do domínio público, e a teoria da nulidade dos atos administrativos. 45. São quatro os princípios essenciais do Direito Administrativo francês: 1) Separação das autoridades administrativa e judiciária (determina as matérias para as quais os tribunais judiciais são incompetentes) 2) Decisões executórias (reconhecem à Administração a prerrogativa de emitir unilateralmente atos jurídicos que criam obrigações para o particular, independentemente de sua concordância); 3) Legalidade (obriga a Administração a respeitar a lei); e 4) Responsabilidade do poder público (as pessoas públicas devem reparar os danos causados aos particulares). 46. Finalizando, afirma Vedel (1964:48): “o que permanece verdadeiro da tese clássica é que, ao contrário do juiz judiciário, o juiz administrativo é senhor de decidir se os Códigos e as leis de direito privado se aplicam a tal ou tal matéria dependente de sua competência. Conforme os casos, ele próprio forjará as regras aplicáveis ou considerará inútil a derrogação das regras do direito privado”. 1.4.2 Sistema da Jurisdição Una (modelo inglês) 47. Neste sistema todas as causas, incluindo aquelas que envolvem interesse da Administração Pública, são julgadas pelo Poder Judiciário. É a forma de controle existente no Brasil. 48. As suas bases no nosso ordenamento jurídico se encontram no art. 5º, XXXV, da CRFB16. Esse preceito atribui ao Poder Judiciário o monopólio da função jurisdicional, não importando se a demanda envolve ou não interesse da Administração Pública. 49. Sendo a separação de Poderes cláusula pétrea (art. 60, § 4º, III, da CRFB), pode-se entender que o citado art. 5º, XXXV, da CRFB proíbe taxativamente a adoção do contencioso administrativo no Brasil, já que esse sistema representa uma diminuição das 16 “A lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a direito”. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 18 competências jurisdicionais do Poder Judiciário, de modo que a emenda constitucional que estabelecesse o contencioso administrativo entre nós tenderia a abolir a Tripartição de Poderes. II - DESENVOLVIMENTO 2.1 Estado, Governo, Poder Executivo, Poder Público e Administração Pública. 2.1.1 Administração Pública e Governo 50. No início do nosso estudo de Direito Administrativo, é importante que se explique a diferença entre Administração Pública e Governo. Governo é uma opção política e dotada de discricionariedade, enquanto a Administração Pública é um conjunto de órgãos, entidades e agentes que tem por finalidade precípua materializar as políticas do governo. 51. Governo não tem nada a ver com Administração Pública. Não são sinônimos. Ocorre que andam lado a lado, de mãos dadas. A Administração Pública é quem materializa, operacionaliza a opção política do Governo através de seus órgãos. 52. O Estado não existe sozinho, já que não é algo vazio. Ele aí está para promover o bem-estar da sociedade através da pedra angular do Direito Administrativo: a prestação do serviço público. Para cumprir com as suas finalidades, o Estado vai precisar de um instrumento, de um aparelho. Esse instrumento é o que chamamos de Administração GOVERNO Objeto do Direito Constitucional ADM PÚB Objeto do Direito Administrativo ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 19 Pública. É a Administração Pública, portanto, um conjunto de Órgãos, entidades e agentes (servidores). 2.1.2 Estado 53. Estado nada mais é que o POVO17 situado em determinado TERRITÓRIO. Três são os elementos definidores desse conceito. São eles: 2.1.3 Poder Executivo 54. Poder Executivo é o complexo de órgãos estatais verticalmente estruturados sob a chefia do Chefe do Executivo. Junto com o Legislativo e o Judiciário, compõe a tripartição dos Poderes do Estado. 2.1.4 Poder Público 55. É o complexo de órgãos e funções, caracterizado pela coerção, destinado a assegurar uma ordem jurídica, em certa organização política considerada18. 2.2 Função Administrativa X Função de Governo 56. Para uma melhor e rápida compreensão dessa diferença, iremos nos valer de um quadro comparativo: 17 Povo não se confunde com população, conceito demográfico que significa contingente de pessoas que, em determinado momento, estão no território do Estado. É diferente também de nação, conceito que pressupõe uma ligação cultural entre os indivíduos. 18 Conceito de Diogo de Figueiredo Moreira Neto 1º) POVO É a dimensão pessoal do Estado, o conjunto de indivíduos unidos para a formação da vontade geral do Estado. 2º) TERRITÓRIO É a base geográfica do Estado, sua dimensão espacial. 3º) GOVERNO É a cúpula diretiva do Estado. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 20 FUNÇÃO DE GOVERNO X FUNÇÃO ADMINISTRATIVA FUNÇÃO DE GOVERNO FUNÇÃO ADMINISTRATIVA SUJEITO (aquele que exerce) Poder Executivo Poder Executivo (regra geral) FUNDAMENTO (berço) Constitucional Legal MARGEM DE LIBERDADE (discricionariedade) Ampla discricionariedade Discricionariedade comum EXEMPLOS (atos) Declaração de guerra, intervenção federal, etc. Regulamentos, decretos, portarias, Licenças, etc. 2.2.1 Interesse Público (primário X secundário) 57. Como estudaremos exaustivamente mais tarde, o INTERESSE PÚBLICO tem supremacia sobre o INTERESSE PRIVADO. Ocorre que somente o INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO tem supremacia sobre o INTERESSE PARTICULAR. O INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO não tem supremacia sobre o interesse particular. 58. Vejamos o seguinte quadro comparativo entre o interesse público primário e o interesse público secundário. INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO X INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO Persegue o legítimo interesse da O Estado, como PJ, tem mero interesseADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 21 coletividade patrimonial É obrigação precípua do agente defender O secundário somente poderá ser defendido se coincidir com o primário Tem supremacia sobre o interesse particular Não tem supremacia sobre o interesse particular Exemplo: não postergar o pagamento de uma indenização Exemplo: recursos protelatórios; aumento excessivo de tributos; demora no pagamento de precatório Jurisprudência: 1. (Resp 1074750/RO). Considerando que a AGU é incumbida da defesa do interesse público patrimonial secundário; 2. (Resp 1046519/AM) O interesse estatal de não realizar o pagamento de indenização à qual foi condenado constitui interesse público secundário; 2.3 As Tarefas Precípuas da Administração Pública 59. Atualmente, três são as tarefas precípuas da Administração Pública Moderna. São elas: 1ª TAREFA: O EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA Consiste na limitação e no condicionamento, pelo Estado, da liberdade e propriedade privados em favor do INTERESSE PÚBLICO. 2ª TAREFA: A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS Trata-se de uma função positiva (o poder de polícia é uma função negativa), consistente na realização de atividades voltadas às necessidades da coletividade (serviços públicos). São exemplos o transporte coletivo, a água canalizada, a energia elétrica, etc. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 22 2.4 Pressupostos para a Interpretação do Direito Administrativo 60. Três são os pressupostos que devem ser observados na interpretação de normas, atos e contratos de Direito Administrativo, especialmente quando utilizados princípios hermenêuticos privados para compreensão de institutos administrativos. São eles: 3ª TAREFA: A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES DE FOMENTO É o incentivo dado pela Administração Pública a setores sociais específicos, estimulando com isso o desenvolvimento da ordem social e econômica. Essa tarefa foi implementada já a partir da 2ª metade do século XX. 1ª PRESSUPOSTO: A DESIGUALDADE JURÍDICA ENTRE A ADMINISTRAÇÃO E OS ADMINISTRADOS Ao contrário do que ocorre no Direito Privado, a relação jurídica básica no Direito Administrativo é marcada pelo desequilíbrio entre as partes ou verticalidade da relação. 2º PRESSUPOSTO: A PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Trata-se de um atributo que tem o poder de inverter o ônus da prova sobre a validade do ato administrativo, transferindo ao particular o encargo de demonstrar eventual defeito do ato administrativo. 3º PRESSUPOSTO: A NECESSIDADE DE PODERES DISCRICIONÁRIOS PARA O ATENDIMENTO DO INTERESSE PÚBLICO A lei confere ao agente público, na competência discricionária, uma margem de liberdade para que decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de defender o interesse público. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 23 2.4.1 Legalidade X Legitimidade 61. Importante se faz diferenciar, conceitualmente, legalidade de legitimidade. Assim, para o Direito Administrativo, podemos dizer que: 2.5 Organização Administrativa Brasileira (OAB) 2.5.1 Conceitos Iniciais 62. OAB = Organização Administrativa Brasileira. 63. A OAB se divide em Administração Pública propriamente dito e em Entidades Paraestatais. Assim, pode-se dizer que a OAB é gênero que comporta essas duas espécies. 64. A Administração Pública (AP), por sua vez, divide-se em Administração Pública Direta (APD) e Administração Pública Indireta (API). 65. Erro muito comum: A AP e as Entidades Paraestatais são espécies da OAB, ao passo que a APD e API são divisões da AP! 66. Assim, temos o seguinte esquema para uma melhor compreensão: LEGALIDADE SIGNIFICA QUE O ATO ADMINISTRATIVO EXECUTADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FOI FORMADO DE ACORDO COM A LEI (Princípio da Legalidade) LEGITIMIDADE SIGNIFICA QUE O ATO ADMINISTRATIVO EXECUTADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ATINGIU O INTERESSE PÚBLICO (Princípio da Impessoalidade) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 24 2.5.2. Órgãos Públicos 67. O exercício direto da atividade administrativa ocorre quando o Estado exerce diretamente essa atividade através de seus ÓRGÃOS PÚBLICOS. Assim, eles (os Órgãos Públicos) correspondem a UNIDADES DE ATUAÇÃO, destituídos de personalidade jurídica própria. São, por excelência, os Ministérios (União) e as Secretarias (Estados, DF e Municípios). 68. Assim: OAB ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA INDIRETA ENTIDADES PARAESTATAIS (3º SETOR) PARAESTATAIS PARA = AO LADO (Atuam ao lado do Estado) por isso são proibidas as atividades PARAMILITARES (ao lado das Forças Militares). Atuam no interesse da coletividade. Possuem natureza jurídica de Direito Privado. NÃO SE CONFUNDEM COM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 25 69. Assim, por exemplo, o Estado “X” irá desenvolver as suas atividades de saúde pública através da SECRETARIA DE SAÚDE (Órgão Público). 70. É por essa razão que os Órgãos Públicos não possuem patrimônio próprio, servidores próprios e responsabilidade própria. 71. Tudo aquilo que o Órgão realiza, portanto, é imputado à Pessoa Jurídica (PJ) à qual está vinculado. 72. Essa imputação é que dá origem à TEORIA DO ÓRGÃO (TEORIA DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA). E o que é a Teoria do Órgão? 73. Para uma melhor compreensão da TEORIA DO ÓRGÃO, vamos imaginar a seguinte situação que, aliás, não é incomum: você está parado no semáforo e uma ambulância colide na traseira do seu veículo. Contra quem será proposta a ação? UNIÃO ESTADOS DF MUNICÍPIOS Ministérios Secretarias Secretarias Secretarias ENTES FEDERATIVOS (PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO) ÓRGÃOS PÚBLICOS (NÃO POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 26 74. Ora, a manifestação (ação) do órgão é imputada como sendo a vontade da Pessoa Jurídica a qual esse órgão está subordinado (Ente Federativo). Assim, a TEORIA DO ÓRGÃO nada mais é que essa imputação ao Ente Federativo das manifestações (ações) dos seus órgãos (iremos completar essa ideia no tópico específico mais adiante). 75. E em face de quem, portanto, será movida a Ação? Em face do Estado “X”, pois Órgãos não possuem responsabilidade. É o Estado “X” quem estará no polo passivo, em função da TEORIA DO ÓRGÃO. 76. Então, para nunca esquecer: NÃO SE MOVE AÇÃO CONTRA ÓRGÃOS PÚBLICOS, POIS ELES NÃO POSSUEM RESPONSABILIDADE! 77. Artigos de capital importância para o tema em estudo: LEI/CRFB ARTIGOOBSERVAÇÕES CRFB Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda As alíneas “a” e “b” correspondem à PREVISÃO DE DECRETO AUTÔNOMO; A alínea “b” vincula a extinção de órgãos ao fato de estarem, ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 27 Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) obrigatoriamente, vagos. Lei nº. 9.784/99 Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. (...) § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; (...) O § 2º “Para os fins desta Lei, consideram-se” deve ser interpretado da seguinte forma: os conceitos NÃO SÃO APENAS PARA ESTA LEI, ou seja, esse parágrafo deve ser lido da seguinte forma: “OS CONCEITOS IMPORTANTES PARA ESTA LEI SÃO OS SEGUINTES” Esta Lei traz o conceito de órgão público. Lei nº. 9.503/97 Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código. Observa-se que o Código Brasileiro de Trânsito está ABSOLUTAMENTE EQUIVOCADO no seu parágrafo 3º ao afirmar ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 28 § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro. que os órgãos RESPONDEM OBJETIVAMENTE (...). Como já foi dito, Órgão não possui personalidade jurídica, sendo, portanto, isento de responsabilidade! (Ver art. 37, § 6º, CRFB) 78. CRIAÇÃO DE ÓRGÃO E DE PESSOA JURÍDICA NOVA depende de Lei! E em nome do Princípio da Paridade, também a extinção se dá mediante Lei. 79. Vamos trabalhar agora com alguns exemplos extraídos das provas de 2ª fase do Exame da Ordem para uma melhor fixação do tema em estudo. 80. Vejamos a seguinte Peça Profissional: Tainá, servidora pública, realizava tratamento ambulatorial regular no Hospital Marcílio Dias, situado no Município do Rio de Janeiro, subordinado à Marinha do Brasil. Eis que, dentro das dependências da unidade hospitalar, sob o efeito de sedativos, ela teve seus pertences furtados; o que somente constatou após cessarem os efeitos da medicação. A direção confirmou que o fato efetivamente ocorreu dentro das dependências do Hospital e que o dano material apurado foi no montante de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Contudo, até a presente data, não foi a paciente ressarcida do dano que sofreu. Inconformada, Tainá procura um advogado para que seja proposta uma ação judicial. Elabore a peça. 81. Pergunta-se: quem é o RÉU? É o Hospital Marcílio Dias? NÃO! O Hospital Marcílio Dias é público, subordinado à MARINHA BRASILEIRA! ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 29 82. Atenção, pessoal: NUNCA em prova da OAB ou na futura vida profissional MOVA AÇÃO CONTRA ÓRGÃO PÚBLICO. Os órgãos não têm responsabilidade, por serem destituídos de personalidade jurídica própria. A ação deve ser movida CONTRA A PESSOA JURÍDICA (PJ) a qual esse órgão está vinculado, pois é essa PJ quem tem personalidade jurídica. 83. Vamos trabalhar com mais um exemplo de Peça Profissional: João Augusto estava participando de uma partida de futebol quando fraturou uma costela, vindo a necessitar de intervenção cirúrgica, realizada em hospital público federal localizado no Estado X. Dois anos e meio após a realização da cirurgia, João Augusto ainda sofria com muitas dores no local, o que o impossibilitava de exercer sua profissão como taxista. Descobre, então, que a equipe médica havia esquecido um pequeno bisturi dentro do seu corpo. Realizada nova cirurgia no mesmo hospital público, o problema foi resolvido. No dia seguinte, ao sair do hospital, João Augusto procura você, na qualidade de advogado(a), para identificar e minutar a medida judicial que pode ser adotada para tutelar seus direitos. É o Município do RJ? NÃO! O Município do Rio de Janeiro apenas abriga, em seu território, o Hospital Marcílio Dias! Também não! A MARINHA BRASILEIRA é um ÓRGÃO subordinado ao Ministério da Defesa! É a MARINHA BRASILEIRA? NÃO! Quem é o Réu então? A UNIÃO! ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 30 Redija a peça judicial cabível, que deve conter argumentação jurídica apropriada e desenvolvimento dos fundamentos legais da matéria versada no problema, abordando, necessariamente: (i) competência do órgão julgador; (ii) a natureza da pretensão deduzida por João Augusto; e (iii) os fundamentos jurídicos aplicáveis ao caso. (Valor: 5,0 - Foram disponibilizadas 150 linhas para resposta) 84. Pergunta-se: quem é o RÉU? 2.5.3 Capacidade Processual Ativa Conferida a Órgãos Públicos - Exceções 85. Não obstante os órgãos públicos serem destituídos de personalidade jurídica própria, a eles pode ser conferida a CAPACIDADE PROCESSUAL (ou PERSONALIDADE JUDICIÁRIA). Através dessa capacidade processual os órgãos públicos independentes/autônomos PODEM FIGURAR NO POLO ATIVO das ações judiciais visando a DEFESA DE PRERROGATIVAS PRÓPRIAS. 86. São exemplos: É o Hospital Público Federal? NÃO! O hospital é público, subordinado à União! É o Estado “X”? NÃO! O Estado “X” apenas abriga, em seu território, o Hospital Público Federal! Quem é o Réu então? A UNIÃO! ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 31 O CONDOMÍNIO (atípico): trata-se de um “ente” despersonalizado, ou seja, não é PJ. Mas pode propor uma ação contra um condômino que está inadimplente. Assim, ele tem capacidade processual (personalidade judiciária) na defesa de suas prerrogativas. A MASSA FALIDA (atípico): a massa falida, da mesma forma (também é um “ente” despersonalizado), pode propor uma ação judicial. A CÂMARA DE VEREADORES: trata-se de um órgão que pode mover uma ação (MS, por exemplo) contra a própria PJ (município – ato do prefeito) para garantir o recebimento dos duodécimos (art. 168, CRFB19). Esses duodécimos têm que ser repassados, obrigatoriamente, pelo Chefe do poder Executivo para o Poder Judiciário, Poder Legislativo e Ministério Público. 19 Art. 168.Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 32 O ESPÓLIO (atípico): da mesma forma (é um “ente” despersonalizado), pode o espólio propor ação judicial. O MINISTÉRIO PÚBLICO: pode propor ações judiciais na defesa dos interesses difusos e coletivos, a exemplo de: ACP (Ação Civil Pública), AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral), etc. 2.5.4 Administração Pública Indireta 87. Sempre que o Estado percebe que o exercício direto através de seus próprios órgãos é insuficiente ao INTERESSE PÚBLICO, ele CRIA uma OUTRA PJ para exercer em seu lugar a função de cunho administrativo, efetivando assim o EXERCÍCIO INDIRETO da atividade administrativa. É INDIRETO porque CRIA uma NOVA PJ! ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 33 88. O Estado poderia exercer essas atividades diretamente, mas não consegue, em função das especificidades dessas atividades, em função das imposições, por exemplo, do mercado, do interesse coletivo, de ordem prática, etc. 89. Vejamos esse exemplo: UNIÃO 90. Esse, então, é o motivo pelo qual, no exercício indireto das atividades administrativas, haverá sempre a CRIAÇÃO DE UMA PJ NOVA! 91. São 04 (quatro) os tipos de pessoas jurídicas novas: Para o exercício de atividades econômicas, criou PJ novas (BB e a CEF) Para o exercício de atividades previdenciárias, criou PJ nova (INSS) Para o exercício de atividades de ensino, criou PJ novas (universidades) PJ NOVAS AUTARQUIAS (INSS, INCRA, IBAMA, IPHAN, etc.) FUNDAÇÕES (FUNAI, IBGE, etc.) EMPRESAS PÚBLICAS (EBCT, INFRAERO, CEF, etc.) SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA (BB, PETROBRÁS, etc.) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 34 92. Essas PJ, diferentemente dos órgãos, são dotadas de PJ própria e, por conseguinte, gozam de autonomia administrativa, financeira e orçamentária, além de deterem patrimônio próprio, servidores e empregados próprios, e responsabilidade própria. 93. Então, para não esquecer: 94. Vejamos esse exemplo (caminhão do INCRA colide com veículo particular): quem será o Réu? 95. Nesse caso, o réu será o INCRA, e não a UNIÃO, pois o INCRA possui responsabilidade própria. A UNIÃO SOMENTE RESPONDE DE FORMA SUBSIDIÁRIA, ou seja, só irá responder se o INCRA for EXTINTO! PJ NOVAS São dotadas de PJ própria Gozam de autonomia administrativa Gozam de autonomia financeira Gozam de autonomia orçamentária Detêm patrimônio próprio Possuem servidores e empregados próprios Possuem responsabilidade própria INCRA ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 35 2.5.5 Pessoas Descentralizadas – Centralização, Descentralização e Desconcentração 2.5.5.1 Centralização 96. Falar em Administração Pública Direta é se referir aos Entes Federativos (União, Estados, Distrito Federal e Territórios). Diz-se que ocorre a CENTRALIZAÇÃO quando o serviço público é executado diretamente pelos entes federativos, por sua própria conta e risco (ver itens 50 e 51). 2.5.5.2 Descentralização 97. Todas as vezes que ocorrer a CRIAÇÃO de uma nova PJ, estaremos diante da DESCENTRALIZAÇÃO. 98. Assim: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (Entes Federativos) CRIA PESSOA JURÍDICA NOVA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES EMP. PÚB. SEM FENÔMENO DA DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA UNIÃO MUNICÍPIOS DF ESTADOS ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 36 99. Para não esquecer: 2.5.5.3 Desconcentração 100. Ocorre a desconcentração quando a Administração Pública Direta CRIA os ÓRGÃOS PÚBLICOS, sem que com isso seja gerada uma nova pessoa jurídica. Órgão público não é uma nova pessoa jurídica. Órgão é uma subdivisão de uma pessoa jurídica já existente (os entes da federação são pessoas jurídicas de direito público). Os órgãos podem ser encontrados tanto na Administração Pública Direta quanto na Indireta. Exemplos de órgãos da Administração Pública Direta são os Ministérios (UNIÃO). Na desconcentração, temos subordinação e hierarquia, diferentemente do que ocorre na Administração Pública Indireta (vinculação) 101. Assim é que em face do governo (Administração Pública Direta – entes federativos e seus órgãos) não há que se falar em responsabilidade civil, pois tudo o que por eles é executado decorre de opção política. Como exemplo, citamos os prejuízos que os diversos planos econômicos causaram tanto na economia quanto no nosso bolso, e mesmo assim não há nada que possamos fazer. Diferentemente, contudo, ocorre com a Administração Pública Indireta, pois essa é passível de responsabilidade civil. DESCENTRALIZAÇÃO CRIA ENTIDADE ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 37 102. Então: 103. Órgão NÃO POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA, ao passo que os ENTES (abreviatura de entidade) POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA. 104. Vejamos esquematicamente a CRIAÇÃO DOS ÓRGÃOS: ÓRGÃO ≠ ENTE DESCONCENTRAÇÃO CRIA ÓRGÃO ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 38 105. São os órgãos públicos, portanto, entes despersonificados (não possuem personalidade jurídica), o que implica em dizer que os órgãos não assumem obrigações. 106. Vejamos a seguinte situação: Como justificar a Procuradoria atuar em Juízo se não tem personalidade Jurídica? Como se justifica o MP promover a Ação Civil Pública, se é órgão e, portanto, não possui capacidade processual? Como pode a Defensoria Pública defender os interesses dos menos favorecidos se não é pessoa jurídica? 107. A justificativa é a seguinte: para atuar em juízo não é preciso ser pessoa jurídica. Precisa ter apenas capacidade processual (personalidade judiciária20). E quem confere a competência postulatória ao órgão público? Em especial, é a Constituição ou a lei (art. 129 da CRFB). 108. Vejamos outros exemplos: a ALERJ21 é órgão público, não tem personalidade jurídica. Logo, quem responde pelos seus atos é o Estado do Rio de Janeiro, que tem personalidade jurídica de direito público. Mas acontece que a ConstituiçãoEstadual 20 Terminologia criada pelo STF. 21 Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA UNIÃO MUNICÍPIOS DF ESTADOS MINISTÉRIOS ÓRGÃO PÚBLICO (FEDERAL) – Fenômeno da DESCONCENTRAÇÃO ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 39 confere personalidade judiciária para atuar em Juízo para a defesa de suas prerrogativas, quando violadas por outro Poder (por exemplo, quando o Chefe do Executivo se nega terminantemente em repassar uma verba que a Câmara faz jus a receber). 109. Agora, muito cuidado: os órgãos públicos não podem ser acionados como RÉUS! Se não possuem personalidade jurídica então não podem assumir direitos e obrigações. 110. O PROCON22, por sua vez, é um órgão que atua em todo Brasil em defesa do consumidor, orientando-os sobre os seus direitos. Assim, sendo órgão, não possui personalidade judiciária. Logo, não tem competência jurisdicional23, sendo apenas um órgão de atuação administrativa. Ele pode aplicar multas contra os infratores nas relações de consumo, mas as suas decisões não são auto-executáveis, mas servem como títulos executivos perante os Juizados Especiais Cíveis. 111. Salienta-se, a exemplo do PROCOM, que os órgãos autônomos não possuem personalidade judiciária. 112. Em resumo, os órgãos da Administração Pública apresentam 03 (três) traços marcantes: a) Ausência de personalidade jurídica; b) Ausência de patrimônio próprio. Se não tem personalidade jurídica, não pode gerir patrimônio. Os seus bens são os do ente da federação vinculante, diferentemente das estatais, que por possuírem independência dão destino ao seu patrimônio, sem passar pelo crivo do legislativo e de acordo com seus estatutos. c) Ausência de capacidade processual. 22 Órgão autônomo. 23 Personalidade judiciária; capacidade processual. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 40 2.5.6 Teoria do Órgão Público 113. A doutrina administrativista sempre procurou explicar como a atuação do agente público é atribuída ao Estado. Dentre as teorias formuladas, destaca-se aquela aceita pela unanimidade dos doutrinadores modernos: a Teoria da Imputação Volitiva. 114. Esta teoria defende que o agente público atua em nome do Estado, titularizando um órgão público, de modo que a atuação do agente é atribuída ao Estado. 115. O idealizador desta teoria foi o alemão Otto Friedrich Von Gierke (1841-1921). Gierke comparou o Estado ao corpo humano. Cada repartição estatal funciona como uma parte do corpo, como um dos órgãos humanos, daí a origem do nome “órgão público”. A personalidade, no corpo, assim como no Estado, é um atributo do todo, não das partes. Por isso os órgãos públicos não são pessoas, mas partes integrantes da pessoa estatal. E mais: assim como no corpo humano há uma especialização de funções capaz de harmonizar a atuação conjunta das diferentes partes, com órgãos superiores responsáveis por comandar, e outros, periféricos, encarregados de executar as ordens centrais. O Estado também possui órgãos dispostos de modo hierarquizado, razão pela qual alguns exercem funções superiores de direção enquanto outros atuam simplesmente executando os comandos que lhe são determinados. 116. As outras três teorias são as seguintes: a) Teoria da identidade: reza que o órgão público é o próprio agente. O equívoco está no fato que, se o agente morre, também morre o órgão; b) Teoria da representação: defende que o Estado é como um incapaz (influência do Direito Civil), não podendo defender pessoalmente seus interesses. Assim, o agente público atuaria exercendo uma espécie de curatela dos interesses governamentais suprindo a incapacidade. A falha está na tentativa de explicar o problema, na medida em que, sendo incapaz, o Estado não poderia nomear seu representante, como ocorre com os agentes públicos; c) Teoria do mandato: sustenta que entre o Estado e o agente público haveria uma espécie de contrato de representação, de modo que o agente receberia uma ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 41 delegação para atuar em nome do Estado. O seu erro está em não conseguir apontar em qual momento e quem realizaria a outorga do mandato. 2.5.7 Espécies de Órgãos Públicos24 117. É a seguinte a classificação dos órgãos públicos: a) Quanto à posição estatal: 1) Independentes ou primários: são aqueles originários da Constituição Federal e representativos da cúpula dos Poderes Estatais, não sujeitos a qualquer subordinação hierárquica ou funcional. São exemplos: Casas Legislativas, Chefias do Executivo, Tribunais do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas. 2) Autônomos: estão situados imediatamente abaixo dos órgãos independentes, gozando de ampla autonomia administrativa, financeira e técnica e dotados de competência de planejamento, supervisão e controle sobre outros órgãos. São exemplos os Ministérios, as Secretarias e a Advocacia-Geral da União. 3) Superiores: possuem competências diretivas e decisórias, mas se encontram subordinados a uma chefia superior. Não têm autonomia administrativa ou financeira. São exemplos os Gabinetes, as Secretarias-Gerais, Procuradorias Administrativas e Coordenadorias. 4) Subalternos: são os órgãos comuns dotados de atribuições predominantemente executórias, a exemplo das repartições comuns. b) Quanto à estrutura: 1) Simples ou unitários: constituídos somente por um centro de competências, a exemplo da Presidência da República. 2) Compostos: constituídos por diversos órgãos menores, a exemplo das Secretarias. c) Quanto à atuação funcional: 1) Singulares ou unipessoais: são compostos por um único agente. Exemplo: Prefeitura Municipal. 24 Classificação de Hely Lopes Meirelles. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 42 2) Colegiados ou pluripessoais: constituídos por vários membros: Exemplo: Tribunal Administrativo. 2.5.8 Administração Pública Direta (ou centralizada) X Administração Pública Indireta (ou descentralizada) 118. Vejamos a representação gráfica abaixo: 119. Ambas (direta e indireta) podem ser DESCONCENTRADAS. Como exemplo, citamos o INSS (autarquia federal) que possui órgãos espalhados pelo país. 120. Artigos de capital importância para o tema em estudo: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA (ou centralizada) O exercício das atividades é feito pelos próprios órgãos INDIRETA (ou descentralizada) O exercício das atividades é feito através de uma nova PJ (autarquais, fundações, EP, SEM) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 43 LEI/CRFB ARTIGO OBSERVAÇÕES Lei nº. 9.784/99 Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. (...) § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; II – entidade – a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica (...) O § 2º “Para os fins desta Lei, consideram-se” deve ser interpretado da seguinte forma: os conceitos NÃO SÃO APENAS PARA ESTA LEI, ou seja, esse parágrafo deve ser lido da seguinte forma: “OS CONCEITOS IMPORTANTES PARA ESTA LEI SÃO OS SEGUINTES” Esta Lei traz o conceito de órgão público. Entidade: é a que possui PJ. DL nº. 200/67 Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) Parágrafo único. As entidades compreendidas na ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 44 Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. (Renumerado pela Lei nº 7.596, de 1987) 2.5.9 Princípios Inerentes à Descentralização Administrativa 121. São três os princípios: T UTELA E SPECIALIDADE L EGALIDADE 122. Princípio da TUTELA: corresponde ao controle que a APD realiza sobre as pessoas da API. 123. A TUTELA não se realiza com vínculo de SUBORDINAÇÃO HIERÁRQUICA, por envolver DIFERENTES PESSOAS JURÍDICAS. Assim: a UNIÃO realiza TUTELA sobre o INSS, o INCRA, a PETROBRÁS, etc. 124. E nas Universidades Federais, os reitores são subordinados ao Ministro da educação? 125. Não! O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO representa a UNIÃO que é uma PJ, e a UNIVERSIDADE FEDERAL também é uma PJ, e NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE DIFERENTES PJ! O que há é o denominado CONTROLE FINALÍSTICO. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 45 126. Então: 127. No plano Federal, a TUTELA é denominada de SUPERVISÃO MINISTERIAL (art. 19, DL. Nº. 200/6725). 128. Assim, por exemplo: O MEC supervisiona as universidades; O Ministério da Previdência supervisiona o INSS; O Ministério das Minas e Energia supervisiona a PETROBRÁS; Etc.. 129. A TUTELA não se confunde com AUTOTUTELA. Essa é o controle que a Administração Pública faz SOBRE SEUS PRÓPRIOS ATOS – Princípio da Autotutela (S. 473/STF26). 25 Art . 19. Todo e qualquer órgão da Administração Federal, direta ou indireta, está sujeito à supervisão do Ministro de Estado competente, excetuados unicamente os órgãos mencionados no art. 32, que estão submetidos à supervisão direta do Presidente da República. 26 "A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em qualquer caso, a apreciação judicial". ENTE FEDERATIVO (É PJ) CONTROLE HIERÁRQUICO SEUS ÓRGÃOS (Não é PJ) ENTE FEDERATIVO (É PJ) CONTROLE FINALÍSTICO (TUTELA) API (É PJ) ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 46 130. Princípio da ESPECIALIDADE: A ESPECIALIDADE justifica a PRÓPRIA DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. Isso por que a criação das pessoas descentralizadas se faz com o objetivo de alcançar um alto grau de especialização e, com ele, o atendimento pleno do interesse público. 131. Significa dizer, por exemplo, que com base nesse princípio, o INSS somente trabalha com o tema previdenciário; a PETROBRÁS com petróleo, etc.. 132. Princípio da LEGALIDADE: A criação de qualquer PJ da API depende sempre de autorização legislativa (LEI). Trata-se do Princípio da Reserva Legal. 133. Recentemente na história do nosso país, o então Presidente Lula, ao se referir às descobertas das reservas do Pré-Sal pronunciou o seguinte absurdo: “Eu vou criar uma EP para explorar”. 134. Ora, o Presidente tem apenas a competência de INICIATIVA LEGISLATIVA (Projeto de lei). Jamais a de criar uma EP. 135. Essa Lei Autorizativa a que nos referimos, trata-se de LEI ESPECÍFICA (lei ordinária que trata exclusivamente de um assunto – TEMA). 136. Então: a Lei CRIA diretamente as autarquias e AUTORIZA a CRIAÇÃO das demais PJ. 137. Vejamos, esquematicamente: ENTIDADE DA API TIPO DE LEI QUANDO “NASCEM” OBSERVAÇÕES AUTARQUIAS CRIADORA JUNTO COM A LEI Nascem diretamente da Lei. A Lei é como se fosse a concepção e o parto. ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 47 FUNDAÇÕES PÚBLICAS SÃO CRIADAS POR DECRETO MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EM LEI ESPECÍFICA (a sua área de atuação é definida em LEI COMPLEMENTAR) NO ATO DA EXPEDIÇÃO DO DECRETO A sua criação dá-se em 03 (três) atos: 1º ato (concepção): Lei Ordinária Autorizativa; 2º ato (parto): Decreto; 3º ato (definição da área de atuação): Lei Complementar. EMPRESAS PÚBLICAS AUTORIZATIVA Nascem quando os seus atos constitutivos são arquivados nos Cartórios ou Juntas Comerciais. A Lei é a concepção. O parto vem depois. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA AUTORIZATIVA Nascem quando os seus atos constitutivos são arquivados nos Cartórios ou Juntas Comerciais. A Lei é a concepção. O parto vem depois 138. Também depende de Lei a criação de SUBSIDIÁRIAS e a PARTICIPAÇÃO DO ESTADO em PJDPriv (Pessoa Jurídica de Direito Privado). Assim, por exemplo, temos a TRANSPETRO que é uma subsidiária da PETROBRAS, e a LIQUEGÁS, que é uma PJDPriv. 139. Pelo Princípio da Paridade de Formas, a extinção, da mesma forma que a criação, também se dá via Lei. III - CONCLUSÃO - A Estrutura da Administração Pública (esquema) 140. A estrutura da administração pública brasileira é criada por dois grandes processos: o de descentralização e o de desconcentração. Vamos visualizá-la esquematicamente: ADM I – AULA INAUGURAL – LIVRO II – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS – 2016.1 Profº. Francisco De Poli de Oliveira 48 PROCESSO DE CRIAÇÃO DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO Cria uma nova pessoa jurídica ADM PUB DIRETA ENTES FEDERATIVOS Chefe do Executivo e seus Ministérios CRIA OS SEUS ÓRGÃOS PÚBLICOS Total subordinação hierárquica ao ente federativo a que está vinculado AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA e JUDICIÁRIA TEORIA DA IMPUTAÇÃO O órgão é despersonificado. Está “dentro” do Ente Federativo. Esse é quem possui personalidade jurídica. ADM PUB IND AUTARQUIAS FUNDAÇÕES ESTATAIS S.E.M. E.P. Independência Administrativa dos Gestores. Não há subordinação hierárquica. O controle é finalístico (SUPERVISÃO
Compartilhar