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Questionário sobre Nietszche

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CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOLOGIA E COGNIÇÃO
PROF. CLEBER GIBBON RATTO
Aluna: Vanessa Branco Cardoso
De onde Nietzsche acredita que venha a decadência cultural de seu tempo?
Primeiramente, ele diz que não se pensa educação e cultura separadamente, elas estão sempre ligadas. A crítica de Nietzsche está centrada na ideia que a educação é o instrumento estatal da disseminação da cultura hegemônica. Nesse sentido, o empobrecimento da cultura deve-se principalmente a ênfase cientificista da educação. 
A formação é focada para produzir cidadãos úteis e rentáveis, domesticados, prontos para o mercado de trabalho, para fazer girar a roda do capitalismo. Sob esta ótica, Nietzsche afirma que a escola não é lugar de cultura, mas sim de adestramento coletivo.
Nessa perspectiva, educar é utilizar-se de métodos anti-naturais para ampliar o máximo possível os conhecimentos do individuo (“saber tudo”) ou reduzir ao máximo o seu campo de estudo (especialização). Esses discursos produzem indivíduos que não tem visão do mundo que estão inseridos e não pensam por si só. Desvinculam vida e educação. 
Quanto à educação universitária, Nietszche dizia que se resumia em “uma boca que fala, muitos ouvidos que ouvem e menos da metade das mãos que escrevem”. Aulas expositivas com o intuito de submissão dos sujeitos aos aspectos culturais dominantes, principalmente no que diz respeito a linguagem e a técnica. Podemos citar o exemplo da Psicologia, que durante muito tempo serviu aos interesses do Estado produzindo léxicos e técnicas próprias para a domesticação que sujeitos. Não se estimula o pensamento livre que problematize as questões atuais e criam-se repetidores de conceitos. 
O respeito as diferentes manifestações culturais é repelida na educação, em que aprendemos pelo “mais comum” e ignoramos as peculiaridades que dão origem a subjetividade dos sujeitos que encontramos no nosso cotidiano. Na vida real, a educação serve para muito pouco já que é desligada da vida.
 Quais antídotos Nietzsche aponta para uma revalorização da cultura humana?
Nietzsche aponta a arte e a filosofia como manifestações mais límpidas da cultura. Elas preparam o aluno para a vida real, trazem a ilusão necessária. Ninguém suporta estar o tempo todo na prisão da ciência, aquela que tudo sabe, que para tudo tem uma resposta, um método, universal, objetivo e verdadeiro. Arte e filosofia criam um contraponto à compulsão do saber e a libertam o pensamento, modificam o olhar, a experiência. São refúgios do cientificismo, que permitem ver uma vida mais bela e mais suportável.
A partir da arte e da filosofia conhecemos culturas minoritárias, outros mundos, outras formas de ser, que ocorrem em paralelo a ciência. Intocadas pelo saber totalizante, um espaço para a vida como ele é realmente, sem a formulas que foram inventadas para deixá-la objetiva. 
Quais os maiores desafios segundo Nietzsche na formação dos jovens?
O maior desafio é capacitar sujeitos de cultura para contestar a ciência, que se coloca como o máximo do saber, que se propõe a hierarquizar os conhecimentos. Segundo Nietzsche, a educação deveria servir para potencializar o espírito, para aprimorar as formas de vida, não para dar seguimento ao sistema de produção existente. Porém, desde cedo desencorajam-se opiniões próprias. 
O objetivo do estudo é a prova, não a cultura. Não importa a interpretação que não siga a cópia do pensamento universal, abstrato e neutro. Não se considera as individualidades na avaliação. Por este motivo, o autor afirma que não existem instituições de ensino voltadas pra cultura e as escolas servem apenas para educar corpo e abafar o nascimento de futuros gênios. Enquanto não aparecem aqueles que pensam por si só, o Estado não tem o que temer. 
Qual a relação que você estabelece entre as críticas feitas por Nietzsche no final do século XIX e a cultura atual?
As afirmações de Nietzsche são muito atuais, principalmente ao que diz respeito ao ensino de filosofia na universidade, presa as formas de pensamento adotadas por este ou aquele autor clássico, ou seja, estamos gastando energia em cima de pensamento morto. Não se contesta um autor, se não com outro autor, que igualmente já não mais produz, pois deixou de existir. O novo é desestimulado. O novo não está suficientemente impraticável para servir aos interesses do Estado. 
Precisamos lembrar que os filósofos universitários são servidores do Estado e, não raras vezes, seus instrumentos na disseminação da cultura. São anti-sábios que ao sinal do menor pensamento filosófico reprimem o sujeito produtor de cultura, questionando-lhe: “qual a fonte científica da sua afirmação?”. Na academia só se discute o que é ciência. Por isso se ensina história da filosofia e não novos modos de pensar. Não se produz cultura, apenas se disciplina sujeitos para obedecer as normas da cultura vigente. 
No vídeo “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas” podemos ver sobre experiências de algumas escolas que começam a romper com o paradigma da centralização no mestre e no plano de ensino, produzindo e disseminando outras formas de cultura. Entretanto, essas formas começam a surgir e ainda são raras. 
Qual a relação entre o texto e as discussões da disciplina sobre cognição a partir da filosofia e da arte, ultrapassando as visões cientificistas? 
Um distinção bem clara é quando contrapomos a disciplina de Processos Psicológicos Básicos com a disciplina de Psicologia e Cognição. Na primeira, aprendemos sobre o que é o saber científico da cognição: teoria, método, pesquisa, teoria, com o respaldo das organizações acadêmicas mais respeitadas na área. Autores são mencionados e suas ideias são seguidas: para a avaliação, se repetir, decorar ou parafrasear esses saberes, mas nunca contestá-los. Não há espaço para discussão de outras abordagens e formas de pensar a vida. Na última, até o formato da aula diferente, somos provocados a reflexão, a novas (ou verdadeiras) experiências. Nossos trabalhos foram sobre o que sentimos, o que nos tocou em uma crônica, um trecho de um livro, poesia, documentário – a linguagem da arte e da filosofia. 
As produções são diversas e refletem as peculiaridades de cada um. Como no dia em que a aula se transformou em um “sarau”. Mesmo o professor ficou surpreso com o resultado de tantas manifestações. Eu pensei: “Como nos falta espaço para isso... por isso tantos necessitam falar sobre o que pensam.” O texto sobre Nietzsche e educação agora me reiterou a ideia: não queremos ser só “ouvidos autônomos”. A universidade precisa estar aberta a arte e a filosofia, para que assim possa se produzir cultura e dar espaço para outras formas de pensar. Especialmente, para a Psicologia (mas não só) que tanto precisaremos “desencracar” as técnicas que serviram para “engaiolar” sujeitos e junto com eles construirmos “asas” para que alcem seus próprios vôos.

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