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DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 1 1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO A CONSTITUIÇÃO • CONCEITO = conjunto sistematizado de normas originárias e estruturantes do Estado que têm por objeto nuclear os direitos fundamentais, a estruturação do Estado e a organização dos poderes. • Cuidado!!! = divisão de “poderes” → funções do Estado • CONSTITUIÇÃO ⇒ Lei suprema do Estado brasileiro ⇒ Fundamento de validade de todas as demais normas jurídicas (razão pela qual estas só serão válidas se estiverem em conformidade com as normas constitucionais). 2 • OBJETO = pode variar conforme a sociedade, o local e a época. • Tendência das normas constitucionais abordarem questões que vão além das normas estruturantes do Estado. • Conteúdos “básicos” da CR de 1988: – direitos e garantias fundamentais; – estrutura e organização do Estado e de seus órgãos; – modo de aquisição e a forma de exercício do poder; – defesa da Constituição, do estado e das instituições democráticas; – fins socioeconômicos do Estado. • NORMAS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS x NORMAS FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS 3 • NORMAS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS – são normas constitucionais que tratam de assuntos verdadeiramente constitucionais (dir. fundamentais, organização do estado e das funções estatais). – ESSÊNCIA CONSTITUCIONAL. • NORMAS FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS – são normas que estão na Constituição, mas não tratam daqueles assuntos anteriormente relatados. – APARÊNCIA CONSTITUCIONAL. O DIREITO CONSTITUCIONAL E OS RAMOS DO DIREITO • O Direito Constitucional faz parte do Direito Público (Estado); • Mas regula também relações de Direito Privado (hierarquia). CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES QUANTO À FORMA: *Escritas; *Não-escritas (costumeiras ou consuetudinárias). QUANTO À SISTEMÁTICA (ou quanto à unidade documental): *Codificadas (orgânicas ou unitextuais); *Não-codificadas (inorgânicas, pluritextuais) QUANTO À ORIGEM: *Outorgadas (ou impostas); *Pactuadas (ou pactuais); *Democráticas (populares, dogmáticas, votadas ou promulgadas). QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: *Dogmáticas; *Históricas. QUANTO À FUNÇÃO (ou estrutura): *Constituição-garantia (ou Constituição-quadro); *Constituição programática (ou dirigente). QUANTO À IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: *Constituição em sentido material; *Constituição em sentido formal. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES QUANTO À EXTENSÃO: *Concisas (breves, sumárias, sucintas, básicas ou clássicas); *Prolixas (analíticas ou regulamentares) QUANTO À ESTABILIDADE (mutabilidade ou plasticidade): *Imutáveis; *Fixas; *Rígidas; *Semi-rígidas *Flexíveis (ou plásticas). QUANTO À DOGMÁTICA: *Ortodoxas; *Ecléticas. Atenção: • Constituição imutável = na qual se proíbe qualquer alteração. • Constituição rígida = apenas alterável mediante processos, solenidades e exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis infraconstitucionais. • Constituição flexível = pode ser livremente modificada pelo legislador ordinário segundo o mesmo processo de elaboração das leis ordinárias. • Constituição semi-rígida = contém uma parte rígida e outra flexível. 6 Classificações da CR Brasileira de 1988 • Quanto a forma ⇒ escrita com elementos costumeiros – Com elementos costumeiros (voto de liderança – costume constitucional) • Quanto à sistemática ⇒ codificada • Quanto à origem ⇒ democrática – elaborada por representantes eleitos pelo povo especificamente para este fim (Assembléia Nacional Constituinte). • Quanto ao modo de elaboração ⇒ dogmática – Surge de uma só vez, seguindo dogma temporal. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 2 7 • Quanto à estabilidade ⇒ rígida – super-rígida: cláusulas pétreas (Alexandre de Moraes) • Quanto ao conteúdo ⇒ constituição em sentido formal – ATENÇÃO!!! Constituição em sentido formal = abrange as matérias típicas das Constituições em sentido material, por isso não é correto afirmar que a CR/88 é tanto Constituição em sentido formal como em sentido material. – Correto afirmar → A CR/88 trata de matérias formalmente constitucionais, bem como de matérias materialmente constitucionais • Quanto à extensão ⇒ prolixa • Quanto à função ou estrutura ⇒ dirigente • Quanto à dogmática ⇒ eclética 8 HIERARQUIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO • Supremacia material da constituição = atributo de toda Constituição • Necessidade da supremacia formal = uma Constituição só possui relevância sociológica, para fins de controle de constitucionalidade. • Existência de supremacia formal ⇒ CR escrita + CR rígida. • SUPER ATENÇÃO ⇒ Não existe hierarquia entre as normas de uma constituição, sejam elas originárias ou derivadas, princípios ou regras, direitos fundamentais ou não, cláusulas pétreas ou demais dispositivos!!! Mas e os princípios??? 9 HIERARQUIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • Regra geral = TRATADO POSSUI HIERARQUIA DE LEI ORDINÁRIA EC/45, art. 5°, § 3° da CR: Ø TIDH aprovados por 3/5 em 2 turnos = Status de EC Ø TIDH não aprovados por 3/5 em 2 turnos = Status supra legal Ø Demais TI = Status de LO • Regra geral = TRATADO POSSUI HIERARQUIA DE LEI ORDINÁRIA Ex: no caso de Depositário infiel, o STF tem concedido o HC. Só tem sido admitida prisão civil por dívida nos casos de não pagamento de pensão alimentícia (Pacto de San José da Costa Rica – ratificado 1992). 10 ATOS NORMATIVOS PRIMÁRIOS: (lei federal, estadual, distrital e municipal; ordinária e complementar) + medida provisória, lei delegada, decreto legislativo e resoluções da Câmara, do Senado e CN + decretos e regulamentos 11 O CONSTITUCIONALISMO • DEFINIÇÃO de Canotilho = teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. • ⇒ técnica específica de limitação do poder estatal com o objetivo de garantir direitos. • DEFINIÇÃO de Kildare = “em termos jurídicos, reporta-se a um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se e n c o n t r a a c i m a d o s d e t e n t o r e s d o p o d e r ; sociologicamente, representa um movimento social que dá sustentação à limitação do poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses e regras na condução do Estado”. 12 • DEFINIÇÃO de André Ramos Tavares = 4 sentidos para o constitucionalismo: 1) Movimento político-social com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial limitar o poder arbitrário; 2) Imposição de que haja cartas constitucionais escritas em cada Estado; 3) Indicação dos propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades; 4) Evolução histórico-constitucional de um determinado Estado. • NECESSIDADE DE EXISTÊNCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO EM CADA ESTADO → TEXTOS CONSTITUCIONAIS LIMITAM O PODER AUTORITÁRIO E BUSCAM A DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM. • Finalidade do Constitucionalismo ⇒ proteger direitos. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 3 13 PODER CONSTITUINTE • CONCEITO⇒ manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. • FINALIDADE⇒ A d o u t r i n a a p o n t a a contemporaneidade da idéia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituições escritas, visando à limitação do poder estatal e àpreservação dos direitos e garantias individuais. • TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE: ⇒ do POVO 14 • Estado decorre da soberania popular → vontade do constituinte → vontade do povo → expressa por seus representantes Celso de Mello • Assembléias Constituintes = não titularizam o poder constituinte. • São apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação popular, o exercício dessa magna prerrogativa. Manoel Gonçalves Ferreira Filho • Povo pode ser reconhecido ⇒ como o titular do Poder Constituinte ⇒ mas não é jamais quem o exerce. • POVO = titular passivo. 15 ESPÉCIES TRADICIONAIS DE P.CONSTITUINTE 16 P.CONSTITUINTE ORIGINÁRIO • É aquele que vai fazer uma nova Constituição dentro de um Estado. • Redundância do nome = constituinte + originário 2 espécies de P. Constituinte Originário: • Poder Constituinte Originário Histórico: – É o que faz a 1ª Constituição dentro de um Estado; – É a Constituição que vai dar origem ao Estado. – Brasil = a 1ª Constituição foi a Constituição Imperial de 1824. • Poder Constituinte Originário Revolucionário: – Ele também cria uma nova Constituição, mas não a primeira e sim uma nova, que substituirá a anterior. 17 – Brasil = todas as demais Constituições (depois da de 1824) foram obras desse poder: 1891, 1934, 1937, 1946, 1967/69, 1988. – OBS: Revolução = é toda ruptura com o ordenamento jurídico anterior. • Poder Constituinte Originário Material: – É o que escolhe o conteúdo que será consagrado pela Constituição. • Poder Constituinte Originário Formal: – Poder Constituinte Originário Formal: é o que formal iza o conteúdo, através de normas constitucionais; ou seja, coloca em normas constitucionais o conteúdo escolhido. 18 Aspectos Gerais do Poder Constituinte • Natureza (essência) do P. Constituinte: – É um poder de fato, ou poder político, não é um poder jurídico ou de direito, já que não retira sua força do Direito e sim da energia social. • Titular do P. Constituinte: – Titularidade é diferente de exercício e nem sempre o exercício vai corresponder à titularidade. – A doutrina entende que o titular do Poder Constituinte é sempre um só: DO POVO – Algumas teorias confundem a titularidade com o exercício. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 4 19 • Exercício do P. Constituinte: – Maioria das vezes = é exercido por uma minoria, que, em alguns casos, pode usurpar do povo a titularidade do poder. – A análise desse poder é feito no âmbito da legitimidade, ou seja, analisa-se se o poder é legítimo ou não. – Um dos aspectos para se saber se é legítimo ou não é justamente saber se há uma correspondência entre a titularidade e o exercício do poder, se esta correspondência existir o poder será legítimo. ⇒ aspecto subjetivo (diz respeito ao sujeito do poder constituinte). Celso de Mello – Legitimidade no sentido objetivo = pelo qual o poder constituinte (do ponto de vista objetivo), para ser considerado legítimo, tem que fazer normas cujo conteúdo seja considerado justo pela sociedade. 20 Características do Poder Constituinte • É um poder inicial: – Está acima de todo ordenamento jurídico; – É ele que dá início ao ordenamento jurídico, através da Constituição; – Não existe nenhum outro poder antes ou acima dele. • É um poder autônomo: – Tem autonomia para escolher qual é a idéia de direito que irá prevalecer dentro do Estado (ele escolhe o conteúdo da Constituição); – Esta escolha é uma escolha na qual ele não está subordinado a nenhum direito preexistente; 21 • É um poder incondicionado: – Não está submetido a qualquer tipo de condição, a nenhum pré-requisito jurídico. – Obs: se é um poder autônomo e incondicionado, pode-se dizer que é um poder também: ilimitado juridicamente, independente e soberano. Divergência doutrinária: • “Princípio da Vedação do Retrocesso” – Esse princípio é, na verdade, mais utilizado em relação à vedação do retrocesso social. – direitos fundamentais conquistados por uma determinada sociedade = não poderiam ser violados nem mesmo por uma nova Constituição 22 P. CONSTITUINTE DECORRENTE • É aquele responsável por elaborar as Constituições Estaduais (dos estados da federação). • CR/88 ⇒ não consagrou especificamente um poder para elaborar as Constituições Estaduais. • Art. 11 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS: Art. 11. ADCT - Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. 23 • P. Constituinte Decorrente → limitado pela CR/88. • “Princípio da Simetria Constitucional” = a CE tem que ser simétrica à CR. Não há necessidade de que a CE seja uma cópia da CR, mas o modelo federal e os paradigmas da CR têm que ser observados pela CE. P. CONSTITUINTE DERIVADO • É aquele responsável por fazer a chamada Reforma Constitucional, cujo procedimento está previsto no art. 60, CR. Art. 25. CR - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 24 • Características: – é um poder jurídico (e não de fato), ou seja, decorre da lei e não da força; – não é inicial, é conseqüente; – não é autônomo; – titularidade: é do povo; – exercício: é pelo CN; – é condicionado; – é limitado. • Trata-se de um poder previsto na CR e, portanto, de um poder que se sujeita às limitações impostas pela própria CR. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 5 25 → Limitações impostas ao Poder Reformador: Limitações Temporais: • São as que se referem a um determinado período de tempo durante o qual a CR não pode ser reformada • CR/88 ⇒ não há nenhuma limitação temporal. • A Constituição de 1824 foi a única constituição brasileira na qual existia uma limitação temporal → ela tinha um dispositivo que dizia que durante um período de 4 anos (de 1824 a 1828) não poderia haver nenhuma modificação na Constituição. Limitações Circunstanciais: • Impedem a alteração da Constituição em momentos de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do poder reformador possa estar ameaçada. 26 • 3 circunstancias excepcionais nas quais a CR não pode ser emendada são: – em caso de INTERVENÇÃO FEDERAL, em qualquer estado da Federação (art. 34); – se for decretado o ESTADO DE DEFESA (art. 136), – e se for decretado o ESTADO DE SÍTIO (art. 137), que é hipótese ainda mais grave do que o estado de defesa. • Essas limitações circunstanciais estão dispostas no art. 60, §1º, CR. Limitações Formais: • São limitações processuais ou procedimentais, também chamadas de implícitas. 27 • Estão relacionadas ao procedimento de alteração (reforma) da CR. • Essas limitações podem ser de duas espécies: LIMITAÇÕES SUBJETIVAS • Limitações relacionadas ao sujeito competente para propor à EC. • Constituição ⇒ rígida → o processo de elaboração de EC é mais dificultoso do que o processo para a propositura de leis. • Legitimado para propor leis e para propor EC no Brasil ⇒ Presidente da República (PR). • O PR só pode participar do processo de elaboração de EC através da INICIATIVA. 28 • Podem também propor EC: – 1/3 dos membros da CD ou do SF – mais de 50% das AL das unidades da Federação, pela maioria relativa (+ de 50% dos presentes) de seus membros – e este processo é o processo para que o projeto possa ser encaminhado ao CN e este então possa aprovar oprojeto. (NUNCA ACONTECEU!) • Atenção: não há previsão expressa de iniciativa popular de EC! Mas existe a possibilidade de haver iniciativa popular para a propositura de EC? Há divergência doutrinária: • José Afonso da Silva ⇒ apesar de não existir previsão expressa, há que se fazer uma interpretação sistemática da CR. 29 • Analogia → procedimento previsto no art. 61, §2º (o procedimento de iniciativa popular no caso de leis. • Entendimento majoritário ⇒ o art. 61 é a regra geral de iniciativa, sendo o art. 60 (incisos I, II e III) uma exceção à regra geral, e as normas excepcionais devem ser interpretadas restritivamente, assim, não é possível que houvesse iniciativa popular para a propositura de EC. LIMITAÇÕES OBJETIVAS • Se relacionam ao procedimento de elaboração de EC, após a iniciativa. • Feita a iniciativa, a PEC será discutida em cada casa do CN. • O quorum de aprovação da PEC é 3/5 em 2 turnos de votação (art. 60, §2º). 30 • Os 2 turnos acontecem simultaneamente (não são alternados), primeiro em uma casa e depois na segunda casa. • Discutido e aprovado, a PEC vai para a promulgação, que será feita pelas mesas da CD e do SF – as duas em conjunto, não pode ser pela mesa do CN! • A última limitação formal objetiva está prevista no art. 60, §5º, segundo o qual se a matéria for rejeitada (ou havida por prejudicada) numa sessão legislativa, não poderá ser reapresentada novamente na mesma sessão legislativa. • Existe um outro ato legislativo que tem essa mesma limitação formal: a Medida Provisória (art. 62, §10). DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 6 31 LIMITAÇÕES MATERIAIS OU SUBSTANCIAIS • Limites impostos pela soberania popular. São as chamadas cláusulas pétreas. Finalidades das cláusulas pétreas: – Assegurar metas a longo prazo; – Preservar a identidade material da Constituição; – Assegurar o procedimento democrático. • Estabelece limitações à vontade da maioria ⇒ a Constituição rígida ⇒ acaba funcionando como mecanismo para assegurar a própria democracia. • A finalidade da cláusula pétrea é proteger a própria sociedade de suas “miopias”. Se elas não existissem, a maioria sempre iria querer maximizar os seus interesses. 32 Há 2 tipos de cláusulas pétreas = expressas e implícitas: São 4 cláusulas pétreas expressas: Cláusulas Pétreas Implícitas: • Aquelas que não estão elencadas diretamente no art. 60, §4º, CR. Art. 60. § 4º, CR - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 33 • O sistema presidencialista e a forma republicana de governo não são CP expressas na CR. Mas seriam eles CP implícitas? • Há divergência na doutrina: – parte da doutrina (Ivo Dantas) entende que como o sistema presidencialista e a forma republicana foram submetidos a um plebiscito (art. 2º, ADCT), após este plebiscito eles teriam se tornado CP, pois foi o entendimento dado pela soberania popular; uma outra parte da doutrina justamente que se esses assuntos foram objeto de plebiscito, é porque não se desejou que eles fossem petrificados. – Entendimento majoritário ⇒ pode haver alteração, desde que ocorra uma nova consulta popular (não são, pois, CP). 34 REFORMA x REVISÃO CONSTITUCIONAL • Reforma ⇒ via ordinária, comum e permanente de alteração da Constituição (art. 60, CR). • Revisão ⇒ via extraordinária, excepcional e transitória de alteração da Constituição. A atuação do poder derivado revisor está disciplinada no ADCT, art. 3º. • A Revisão ocorreu no Brasil em 93 e 94. • O dispositivo já teve sua eficácia exaurida, de forma que não pode mais haver outra revisão no Brasil. • A limitação imposta no art. 3º, ADCT é uma limitação temporal (5 anos). • Trata-se de modalidade de alteração da CR com menor rigor do que a EC. 35 Art. 3º, ADCT – A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. EC de Revisão EC (simples) Quorum: Maioria absoluta 3/5 Sistema de votação: Sessão unicameral Sessão bicameral (Câmara + Senado) Limites materiais, circunstanciais, procedimentais e implícitos: Sim* Sim* Limite temporal: Sim (5 anos)** Não. 36 EVOLUÇÃO DO CONSTITUCIONALISMO • PRINCIPAL PAPEL DO CONSTITUCIONALISMO = proteger direitos individuais • Relação de hipossuficiência→ Indivíduo X Estado Constitucionalismo Primitivo: • Chefes familiares ou líderes tribais = definiam as normas supremas que deveriam nortear a vida em comunidade, estabelecendo a estrutura-mestra da ordenação jurídica dos primeiros agrupamentos humanos. • Religião = determinante das normas • Costumes = fundamentais para a organização social DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 7 37 • Nascimento do Constitucionalismo⇒ POVO HEBREU – Estado teocrático hebreu → estabelecimento de limites ao poder político → imposição de uma chamada “Lei do Senhor” → profetas fiscalizavam e puniam os atos dos governantes que ultrapassassem os limites do Direito divino-transcendental, conhecido e difundido através das tradições (Karl Loewenstein). Constitucionalismo Antigo: • GRÉCIA (Atenas) ⇒ democracia constitucional – Plena identidade entre governantes e governados; – Poder político igualmente distribuído entre todos os cidadãos ativos; – valorização antropocêntrica do ser humano como centro da sociedade política (Sócrates); – Primado da legalidade como garantia dos governados (Platão); 38 – separação dos poderes; – utilização do bem comum para a definição das formas de governo (Aristóteles) • ROMA ANTIGA ⇒ República romana → sementes de constitucionalismo → interditos, → procuravam proteger os direitos individuais contra o arbítrio e a opressão do Estado. • PROBLEMAS DO PERÍODO: – inexistência de constituições escritas – supremacia do parlamento – ausência de controle de constitucionalidade – irresponsabilidade governamental dos detentores de poder 39 Constitucionalismo Medieval: • Sociedade extremamente fragmentada. • Relação: Rei X Senhor Feudal X Servo • Base do constitucionalismo = limitação do poder real em função de transferência desse poder aos senhores feudais. • John Locke = propugna a limitação do poder dos governantes, através do reconhecimento da fidúcia entre governantes-governados e a afirmação dos direitos naturais dos cidadãos. • Textos do período que limitaram a atuação do monarca e concederam direitos individuais: – Magna Charta Libertatum (1215); – Petition of Right (1628); 40 – Habeas Corpus Act (1679); – Bill of Rights (1689); – Act of Settlement (1701) • Direitos conquistados através dessas normas: – igualdade dos cidadãos perante o Estado, – direito de petição, – liberdade religiosa, – instituição do júri, – habeas corpus, – livre acesso à justiça, – devido processo legal. 41 Constitucionalismo Moderno: • Século XVIII = Revoluções Liberais Burguesas • Burguesia – desejo de obtenção do poder político • Início do Constitucionalismo Moderno: – 1787: Constituição Norte Americana – 1791: Constituição da França (Rev. Francesa) • EUA: – Embrião do constitucionalismo norte americano ⇒ Compact of Mayflower (1620) e as Fundamental Orders of Connecticut (1639). – contratos de colonização → base na igualdade de todos os indivíduos → estabeleceram o modo de organizaçãojurídico-política nas colônias na América do Norte. 42 • Carta Americana de 1787: • Constitucionalismo se firmou na América do Norte – Modelo para os futuros Estados independentes – 7 artigos + 26 emendas – forma de Estado = federalismo – sistema de governo = presidencialismo – rígida separação dos poderes • (Poder Executivo composto através da eleição indireta Presidente e Vice-Presidente; Poder Legislativo bicameral composto por uma Câmara dos Deputados e por um Senado; e Poder Judiciário – tendo a Suprema Corte como órgão de cúpula - incumbido de zelar pela supremacia da Carta Magna através do controle de constitucionalidade das leis) ⇒ caso Marbury vs. Madison (1803) DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 8 43 • Constituição francesa de 1791: • Primeira constituição escrita da França e de toda a Europa. – Influência ⇒ contratualismo democrático (Rousseau) – separação dos poderes como técnica jurídico-política de contenção do arbítrio (Montesquieu) – monarquia constitucional – limitação dos poderes reais (separação) – grande valorização do Poder Legislativo – enfraquecimento da idéia de contro le de constitucionalidade das leis. 44 ESTADO CONSTITUCIONAL MODERNO • Constituições Escritas ⇒ reflexo dos postulados do positivismo legalista, que optava pelo direito escrito (jus scriptum) por força do racionalismo iluminista e das exigências de segurança e previsibilidade do sistema capitalista de produção. • Estado de Direito ⇒ conseqüente submissão dos governantes à legalidade constitucional e infraconstitucional. • Princípio da Supremacia Constitucional ⇒ mecanismos de controle de constitucionalidade das leis e atos normativos. 45 • Reconhecimento expresso de direitos e garantias individuais em Declarações internacionais e no corpo das próprias Constituições ⇒ decorrência do jusnaturalismo como doutrina dos direitos naturais do ser humano. • Soberania popular ⇒ democracias representativas + participação popular nos processos decisórios fundamentais. • Separação de “Poderes” ⇒ técnica de limitação do poder e de salvaguarda dos direitos e garantias individuais. 46 EVOLUÇÃO DO CONSTITUCIONALISMO • PRINCIPAL PAPEL DO CONSTITUCIONALISMO = proteger direitos individuais • Relação de hipossuficiência→ Indivíduo X Estado Constitucionalismo Primitivo: • Chefes familiares ou líderes tribais = definiam as normas supremas que deveriam nortear a vida em comunidade, estabelecendo a estrutura-mestra da ordenação jurídica dos primeiros agrupamentos humanos. • Religião = determinante das normas • Costumes = fundamentais para a organização social 47 • Nascimento do Constitucionalismo⇒ POVO HEBREU – Estado teocrático hebreu → estabelecimento de limites ao poder político → imposição de uma chamada “Lei do Senhor” → profetas fiscalizavam e puniam os atos dos governantes que ultrapassassem os limites do Direito divino-transcendental, conhecido e difundido através das tradições (Karl Loewenstein). Constitucionalismo Antigo: • GRÉCIA (Atenas) ⇒ democracia constitucional – Plena identidade entre governantes e governados; – Poder político igualmente distribuído entre todos os cidadãos ativos; – valorização antropocêntrica do ser humano como centro da sociedade política (Sócrates); – Primado da legalidade como garantia dos governados (Platão); 48 – separação dos poderes; – utilização do bem comum para a definição das formas de governo (Aristóteles) • ROMA ANTIGA ⇒ República romana → sementes de constitucionalismo → interditos, → procuravam proteger os direitos individuais contra o arbítrio e a opressão do Estado. • PROBLEMAS DO PERÍODO: – inexistência de constituições escritas – supremacia do parlamento – ausência de controle de constitucionalidade – irresponsabilidade governamental dos detentores de poder DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 9 49 Constitucionalismo Medieval: • Sociedade extremamente fragmentada. • Relação: Rei X Senhor Feudal X Servo • Base do constitucionalismo = limitação do poder real em função de transferência desse poder aos senhores feudais. • John Locke = propugna a limitação do poder dos governantes, através do reconhecimento da fidúcia entre governantes-governados e a afirmação dos direitos naturais dos cidadãos. • Textos do período que limitaram a atuação do monarca e concederam direitos individuais: – Magna Charta Libertatum (1215); – Petition of Right (1628); 50 – Habeas Corpus Act (1679); – Bill of Rights (1689); – Act of Settlement (1701) • Direitos conquistados através dessas normas: – igualdade dos cidadãos perante o Estado, – direito de petição, – liberdade religiosa, – instituição do júri, – habeas corpus, – livre acesso à justiça, – devido processo legal. 51 Constitucionalismo Moderno: • Século XVIII = Revoluções Liberais Burguesas • Burguesia – desejo de obtenção do poder político • Início do Constitucionalismo Moderno: – 1787: Constituição Norte Americana – 1791: Constituição da França (Rev. Francesa) • EUA: – Embrião do constitucionalismo norte americano ⇒ Compact of Mayflower (1620) e as Fundamental Orders of Connecticut (1639). – contratos de colonização → base na igualdade de todos os indivíduos → estabeleceram o modo de organização jurídico-política nas colônias na América do Norte. 52 • Carta Americana de 1787: • Constitucionalismo se firmou na América do Norte – Modelo para os futuros Estados independentes – 7 artigos + 26 emendas – forma de Estado = federalismo – sistema de governo = presidencialismo – rígida separação dos poderes • (Poder Executivo composto através da eleição indireta Presidente e Vice-Presidente; Poder Legislativo bicameral composto por uma Câmara dos Deputados e por um Senado; e Poder Judiciário – tendo a Suprema Corte como órgão de cúpula - incumbido de zelar pela supremacia da Carta Magna através do controle de constitucionalidade das leis) ⇒ caso Marbury vs. Madison (1803) 53 • Constituição francesa de 1791: • Primeira constituição escrita da França e de toda a Europa. – Influência ⇒ contratualismo democrático (Rousseau) – separação dos poderes como técnica jurídico-política de contenção do arbítrio (Montesquieu) – monarquia constitucional – limitação dos poderes reais (separação) – grande valorização do Poder Legislativo – enfraquecimento da idéia de contro le de constitucionalidade das leis. 54 ESTADO CONSTITUCIONAL MODERNO • Constituições Escritas ⇒ reflexo dos postulados do positivismo legalista, que optava pelo direito escrito (jus scriptum) por força do racionalismo iluminista e das exigências de segurança e previsibilidade do sistema capitalista de produção. • Estado de Direito ⇒ conseqüente submissão dos governantes à legalidade constitucional e infraconstitucional. • Princípio da Supremacia Constitucional ⇒ mecanismos de controle de constitucionalidade das leis e atos normativos. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 10 55 • Reconhecimento expresso de direitos e garantias individuais em Declarações internacionais e no corpo das próprias Constituições ⇒ decorrência do jusnaturalismo como doutrina dos direitos naturais do ser humano. • Soberania popular ⇒ democracias representativas + participação popular nos processos decisórios fundamentais. • Separação de “Poderes” ⇒ técnica de limitação do poder e de salvaguarda dos direitos e garantias individuais. 56 NEOCONSTITUCIONALISMO • DIREITO NATURALx DIREITO POSITIVO • Nascimento = NEOCONSTITUCIONALISMO – Modelo ainda incipiente no Direito, mas que ganha espaço no Direito Constitucional. Características do Neoconstitucionalismo: Início após a 2ª Guerra Mundial. • Constelação plural de valores – às vezes tendencialmente contraditórios, no lugar de uma homogeneidade de princípios, como havia nas constituições anteriores. 57 – Ex: direito à propriedade X dever de conferir à propriedade a função social. – Ex: direito à livre iniciativa X monopólio de determinadas atividades pelo Estado. • Mais princípios do que regras; mais ponderação que subsunção: – Quando se tem uma regra específica regulamentando o caso, é esta que deve ser aplicada, e não o princípio. – Este (o princípio) é uma válvula de escape para quando não há regra ou para quando esta é inconstitucional. – Temos que: a norma jurídica é o gênero do qual são espécies os princípios e as regras. – Ponderação ⇒ forma de aplicação dos princípios – Subsunção ⇒ forma de aplicação das regras (o fato se enquadra na norma) 58 – Ex: Regra = ocorre a estabilidade do servidor público após 3 anos de efetivo exercício → não há ponderação na aplicação, apenas a análise de cumprimento de requisitos. – Ex: Princípios = direito de privacidade → há ponderação na aplicação → se aplica pela ponderação com outros princípios, e não de forma automática e definitiva (os princípios são mandamentos “prima facie”). – dever prima facie ⇒ é obrigatório, salvo quando for sobrepujado por outras obrigações morais simultâneas. • Onipotência judicial em lugar da autonomia do legislador ordinário: – Garantia de obediência constitucional – dada pelo Judiciário • Onipresença da Constituição em todas as áreas jurídicas – Constitucionalização do Direito 59 • Consagração de normas de outros ramos na Constituição • Garantia de obediência constitucional – dada pelo Judiciário • Toda interpretação jurídica → é também uma interpretação constitucional • “Filtragem Constitucional”⇒ interpretação da lei à luz, sob a ótica da Constituição. • Reaproximação entre direito e moral • O conteúdo do direito tem que ser um conteúdo moralmente admissível. • Interesse da sociedade = defesa de direitos humanos • Constituição → proteção de direitos humanos → direitos fundamentais 60 CONSTITUCIONALISMO e SOBERANIA POPULAR • ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO – Todo Estado deve possuir uma Constituição – A Constituição deve conter limitações ao poder autoritário estatal e regras de prevalência dos direitos fundamentais. • SOBERANIA POPULAR Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 60 DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 11 61 • Titular do poder ⇒ POVO • Responsáveis pelo exercício do poder ⇒ Representantes do povo • A CR/88 consagra a idéia de democracia semidireta ou participativa, verdadeiro sistema híbrido, conforme o quadro a seguir: 61 Democracia Representativa Democracia Direta Democracia Semidireta Ou Participativa “Sistema Híbrido” ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 1) PREÂMBULO 2) PARTE PERMANENTE (ART. 1 a 250) 3)ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS PREÂMBULO CONSTITUCIONAL • Pequeno parágrafo no qual o constituinte nos diz os objetivos da constituição de 1988. • TODA CONSTITUIÇÃO TEM QUE TER PREÂMBULO? PREÂMBULO CONSTITUCIONAL Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. PREÂMBULO CONSTITUCIONAL QUAL É A NATUREZA DO PREÂMBULO? STF – O PREÂMBULO NÃO É NORMA J U R Í D I C A , M A S T E M U M A IMPORTÂNCIA INTERPRETATIVA DA CONSTITUIÇÃO. PREÂMBULO CONSTITUCIONAL CONSEQUÊNCIAS • N Ã O É P A R Â M E T R O D E C O N T R O L E D E CONSTITUCIONALIDADE. • NÃO É NORMA DE REPETIÇÃO OBRIGATÓRIA PELOS ESTADOS MEMBROS. (DEUS) DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 12 PARTE PERMANENTE • PARTE MAIS IMPORTANTE • ART. 1 a 250 • ELEMENTOS ORGÂNICOS • ELEMENTOS LIMITATIVOS • E L E M E N T O S S Ó C I O - IDEOLÓGICOS • ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL CLÁUSULAS PÉTREAS • As cláusulas pétreas são limitações mater iais ao poder der ivado reformador e têm por finalidade básica preservar a identidade material da Constituição, proteger institutos e valores essenciais e permitir a continuidade do processo democrático. CLÁUSULAS PÉTREAS • ART. 60. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: • I - a forma federativa de Estado; • II - o voto direto, secreto, universal e periódico; • III - a separação dos Poderes; • IV - os direitos e garantias individuais. ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS • São normas constitucionais temporárias. • Se é norma constitucional, pode ser objeto de emenda constitucional. 71 Constitucionalismo clássico, social e democrático CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO • Constitucionalismo ⇒ LIBERAL • Marco histórico → revoluções liberais → final séc. XVIII • Valor do liberalismo = LIBERDADE • Necessidade de limitação do poder do Estado • final séc. XVIII → surgimento das primeira constituições escritas – 1776 – Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia (1ª Comst. Escrita) • Principais valores: Individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção ao indivíduo. 72 • Conseqüências: – Concentração de renda – Exclusão social • O Estado deve se preocupar com: – Preservação da Justiça – Defesa Nacional – Complementação da Iniciativa Privada • Principais Características: – Mercado Livre: o Estado não intervém de forma alguma, nem tabelando preços ou criando barreiras alfandegárias. – Livre Concorrência: Os preços se formam em função do mercado. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 13 73 – Iniciativa Individual: qualquer indivíduo pode exercer a função que quiser. – Desregulamentação: O Estado deve remover todos os obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica. – Divisão Internacional de Produção: Os países devem produzir somente o que for economicamente mais conveniente e, por meio do comércio internacional trocarão seus excedentes. Com isso haverá uma diminuição de custos e um maior bem estar social. • O Liberalismo só poderá existir nas Democracias, já que só nesse regime há uma AMPLA LIBERDADE INDIVIDUAL. • Liberalismo = Doutrina do Laissez-faire CONSTITUCIONALISMO SOCIAL • Reação ao Liberalismo ⇒ PENSAMENTO SOCIALISTA • Intervenção Estatal → concessão de direitos sociais • Lucro controlado • Liberalismo→ direito á propriedade • Estado Social → função social da propriedade • 1917 – Carta Política do México – primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais Art. 6°. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição 75 • 1919 – Constituição de Weimar – República de Weimar (Alemanha) 1919-1939 – Auge da crise do Estado Liberal (fim 1ªGM) – Movimento constitucionalista que consagrou direitos sociais. – Reorganizou o Estado em função da Sociedade e não mais do indivíduo. • Controle das relações de consumo: – Protecionismo econômico (medidas protecionistas) – Proteção à produção nacional dos Estados – Valorização do trabalhador – Regulação da relação de emprego – Interesse social > interesse individual 76 CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO • Baseado nos ideais de: – Liberdade individual, – Direitos da comunidade – Poder limitado do governo - cria um quadro para governar numa democracia. • Governo democrático responsável ⇒ deve ser acompanhado de limites constitucionais ⇒ ao exercício do poder pelo Estado. • Propósitos da Constituição democrática ⇒ aspirações de uma sociedade. • Subordinação legal à → Constituição → estrutura do Estado • Constituição → assegura direitos fundamentais do homem 78 DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 14 80 Concepções Constitucionais CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÕES • Diferentes formas de se compreender o Direito ⇒ produzem diferentes concepções de Constituição, conforme o prisma de análise. • As questões acerca das concepções passam pelo fundamento, pela forma como a Constituição encontra o seu fundamento na visão de cada autor. CONSTITUIÇÃO SOCIOLÓGICA • PRINCIPAL EXPOENTE ⇒ Ferdinand Lassale • 1862 – Conferência realizada por Lassale Constituição Real X Constituição Escrita • C. Real = soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação. • Detentores do poder de fato na sociedade = criam a C. real. • C. Escrita = só tem valor se corresponder à real. • C. Real > C. Escrita C. Escrita ≠ C. Real = folha de papel 82 CONSTITUIÇÃO POLÍTICA • PRINCIPAL EXPOENTE ⇒ Carl Schmitt (1929) • Constituição = é apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental • Fundamento constitucional → decisão política que a antecede • “matérias constitucionais” ⇒ que Carl Schmitt chama de Constituição • Restante → não seria Constituição propriamente dita, mas apenas leis constitucionais. • Concepção de Constituição política ⇒ decisão política fundamental, decisão concreta em conjunto sobre o modo e forma de existência da unidade política, distinguindo Constituição de leis constitucionais. Divisão do texto constitucional de acordo com a matéria abordada • Normas materialmente constitucionais = Constituição • Normas formalmente constitucionais = leis constitucionais 84 CONSTITUIÇÃO JURÍDICA • PRINCIPAIS EXPOENTES ⇒ o austríaco Hans Kelsen e o alemão Konrad Hesse • Surgiu após 2ªGM → mais presente a “normatividade da Constituição” • Caráter normativo e vinculante da Constituição. • Toda a Constituição, com exceção do Preâmbulo, é vinculante e obrigatória. • Concepção que hoje prevalece!!!!!!!!! • Concepções distintas de um autor para o outro, mas que vai de encontro com a concepção jurídica. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 15 HANS KELSEN • Constituição = conjunto de normas como as demais leis, ou seja, ela encontra o seu fundamento no próprio direito. • Constituição ⇒ é norma pura, é puro dever-ser!!! • Não pertence ao mundo do ser como quer o Ferd inand Lassale. • Constituição em sentido lógico- jurídico = norma hipotética fundamental. • Constituição em sentido jurídico- posit ivo = é o documento constitucional escrito. KONRAD HESSE (1959) • Concepção de ⇒ “força normativa” da Constituição. • Constituição = Apesar de muitas vezes sucumbir à realidade, possui uma força normativa capaz de conformar es ta mesma rea l i dade , modificando-a. • vontade de Constituição > vontade do poder = mudança • D. Constitucional = deve dizer aquilo que deve ser 87 CONSTITUIÇÃO CULTURALISTA • Constituição total ⇒ aquela que não se contenta apenas em estabelecer as relações de poder, mas que trata de todos os aspectos, todos os setores da vida social. • Reúne todas as concepções • Constituição = fundamento sociológico + aspecto político + caráter jurídico • Canotillho = a Constituição é um estatuto jurídico e um fenômeno político • Constituição = é condicionada por uma determinada cultura e, ao mesmo tempo, é um elemento conformador, condicionante desta mesma cultura. 88 ⇒ DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS • Funções dos direitos do cidadão: – Normas de competência negativa para os entes públicos – Exercício desses direitos fundamentais pelo cidadão Direitos Humanos X Direitos Fundamentais • A CR se refere aos dois termos. Mas qual é a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais? • Direitos humanos = direitos ligados à liberdade, igualdade e dignidade, consagrados no plano internacional. 89 • Direitos fundamentais = direitos humanos consagrados no plano interno. • FINALIDADE COMUM ⇒ proteger a pessoa humana, tendo como conteúdos a liberdade e a igualdade. • O Título II da CR/88 fala em direitos e garantias fundamentais (gênero) do qual são espécies: – direitos individuais; direitos coletivos; direitos sociais; direitos à nacionalidade; direitos políticos. Direitos Fundamentais X Garantias Fundamentais • Direitos fundamentais ⇒ são bens e vantagens prescritos na norma constitucional • Garantias fundamentais ⇒ instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos direitos fundamentais, caso sejam violados. • Remédios Constitucionais ⇒ Espécies de garantias fundamentais que estão consagrados na CR 90 Classificação dos Direitos Fundamentais CLASSIFICAÇÃO CONSTITUCIONAL • A CR divide em seu título II os direitos e garantias fundamentais em: – Direitos Individuais – Direitos Coletivos – Direitos Sociais – Direito à Nacionalidade – Direitos Políticos CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA GERACIONAL (DIMENSÕES) • A doutrina classifica os direitos fundamentais em gerações, que são determinadas de acordo com o momento histórico em que cada direito passou a ser constitucionalmente defendido. • Melhor nomenclatura ⇒ dimensões!!!!!! DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 16 91 1ª DIMENSÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: (liberdade) • Surgem com o principal objetivo ⇒ proteger a pessoa das arbitrariedades praticadas pelo Estado. • Direitos Individuais, são caracterizados por uma obrigação de não fazer por parte do Estado. – Vida – Existência, Integridade física – Liberdade – Individual, Iniciativa e concorrência, Pensamento, Consciência, Filosófica, Política, Religiosa, Expressão, Associação, Locomoção – Igualdade Formal – Propriedade Privada - Caráter absoluto, Função central de garantia da liberdade – Vida privada - intimidade Inviolabilidade de domicílio, Sigilo de correspondência, Sigilo bancário 92 2ª DIMENSÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: (Igualdade) Surgem como uma crítica ao Estado Liberal e uma necessidade do Estado se responsabilizar para a concessão de direitos sociais. • Direitos Sociais - correspondem aosdireitos econômicos, sociais e culturais. • Obriga ao Estado a fazer em benefício da pessoa que necessite desses direitos. • As ações do Estado devem estar motivadas e orientadas para atender a justiça social. – Trabalho – Saúde – Educação – Previdência – Moradia – Transporte 93 • A 2ª Dimensão dos Direitos Fundamentais faz também uma releitura dos direitos de 1ª Dimensão: – Liberdade Individual , Igualdade Material , Função Social da Propriedade 3ª DIMENSÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: (fraternidade) Direitos Coletivos: Direitos de Solidariedade ou Fraternidade • O Estado tem obrigação de proteger a coletividade de pessoas, não o ser humano de forma isolada. – Meio Ambiente – Qualidade de Vida – Defesa do Consumidor – Defesa da Criança – Defesa do Idoso – Paz – Autodeterminação dos Povos 94 4ª DIMENSÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: • Advém da globalização política, ela foi a responsável por introduzir estes direitos no ordenamento jurídico. • Direito das Minorias: são novos direitos sociais decorrentes da evolução da sociedade e da globalização. – Democracia: Ao lado da vontade da maioria, entende-se que democracia é a proteção de direitos fundamentais, inclusive das minorias (P. Judiciário). – Informação – Pluralismo: pluralismo religioso, um pluralismo cultural, um pluralismo ideológico, artístico, econômico, de orientações sexuais (preservação e conservação das identidades). – Evolução científica e tecnológica / Informática / Biociência, bioética, segurança genética 95 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA • A Constituição consagra a inviolabilidade da dignidade da pessoa humana. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana • Ela está prevista no art. 1º, III, CR/88, sendo considerada como um fundamento. • Não é considerada apenas como um fundamento e sim como um valor constitucional supremo, tendo peso maior na ponderação com os demais valores. • A dignidade não é considerada como um direito fundamental, e nem mesmo como um direito. 96 • Função dos direitos fundamentais ⇒ proteger a dignidade da pessoa humana! • A dignidade é o que diferencia o ser humano de todas as demais coisas – coisas → tem preço $ – ser humano → tem dignidade ☻ O DIREITO À VIDA • A Constituição consagra a inviolabilidade do direito à vida. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 17 97 • Todo ser dotado de vida é INDIVÍDUO = não pode se dividir. • É o mais fundamental de todos os direitos, já que constitui-se em pré-requisito a existência e exercício de todos os demais direitos. Dupla dimensão do direito à vida: direito a permanecer vivo direito a uma vida digna Direito irrenunciável = O direito a vida, como DF é pressuposto dos demais direitos, também não pode ser renunciado. Mas atenção: a irrenunciabilidade não se confunde com o não exercício do direito. Este pode ocorrer. A renúncia é definitiva, o não exercício é temporário (no caso do direito à vida, por óbvio, não há que se falar em não exercício). VIDA x EUTANÁSIA VIDA x ORTOTANÁSIA VIDA x Autonomia da vontade e liberdade religiosa (testemunhas de Jeová 98 • DIREITO DE EXISTÊNCIA: direito de não ter interrompido o processo vital senão pela morte espontânea e inevitável. • Legislação penal = pune todas as formas de interrupção violenta da vida • Exceções: – LEGÍTIMA DEFESA – ESTADO DE NECESSIDADE – ABORTO TERAPÊUTICO – ABORTO SENTIMENTAL A pessoa pode defender sua vida, violando o direito de outrem. Art. 128 Código Penal - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 99 • DIREITO DE INTEGRIDADE FÍSICA: Agredir o corpo humano é uma forma de agressão ao direito à vida. • DIREITO À INTEGRIDADE MORAL: direito de respeito à moral individual. • Moral = valor ético-social da pessoa e da família que se impõe ao respeito dos meios de comunicação social. • Sem a moral o homem se reduziria á condição de animal. – HONRA • O Direito Penal tutela a honra contra a Calúnia, Difamação e Injúria. • Arts. 138, 139 e 140 do Código Penal. – BOM NOME – BOA FAMA – REPUTAÇÃO PENA DE MORTE: O direito à vida contrapõe-se à pena de morte. 100 • A CR Brasileira como assegura o direito à vida e portanto não admite a aplicação da pena de morte no Brasil. • EXCEÇÃO = no caso de guerra externa declarada Art. 5°, XLVII - Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; • Tortura: – Crime contra o direito à vida – Crueldade que atinge a pessoa em todas as suas dimensões – Crime contra a humanidade 101 Art. 5º, inciso, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; - inciso XLIII DIREITO À PRIVACIDADE • A Constituição consagra o direito à privacidade: Art. 5º, inciso X, da CR – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; • Proteção Constitucional – PESSOAS FÍSICAS – PESSOAS JURÍDICAS • Abrange = proteção à própria imagem frente aos meios de comunicação em massa 102 • Privacidade ⇒ envolve todos os relacionamentos humanos • Intimidade ⇒ relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa, suas relações familiares, de amizade e amorozas. DIREITO À IGUALDADE Igualdade Formal X Igualdade Material • IGUALDADE FORMAL ⇒ é conhecida também como igualdade civil ou jurídica ou perante a lei. – É um tratamento isonômico a todos os seres de uma mesma categoria essencial. É tratar pessoas que se encontram em uma mesma situação de uma forma igual. • IGUALDADE MATERIAL ⇒ igualdade real ou fática ou perante os bens da vida. – Idéia de REDUÇÃO DE DESIGUALDADES. – Não é tratar pessoas diferentes de forma diferente. É reduzir as desigualdades existentes. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 18 DIREITO À LIBERDADE Conceito: liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. • 3 esferas para a defesa da Liberdade: – Liberdade Subjetiva ⇒ manifestação de vontade no mundo interior do homem – livre arbítrio. – Liberdade Objetiva ⇒ expressão externa do querer individual. • O direito positivo cuida apenas da liberdade objetiva – falamos de Liberdades no plural → formas de liberdade 104 DIREITOS LIGADOS À LIBERDADE LIBERDADE PARA AGIR E LEGALIDADE • Liberdade-matriz = liberdade de atuar • Todos tem a liberdade de fazer e de não fazer o que quiserem, salvo quando a lei determine ao contrário. • Legalidade ⇒ deve ser legítima para poder restringir a ação do indivíduo. • Regra = liberdade • Exceção = restrição legal Art. 5°, CR – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidadedo direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguinte II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 105 LIBERDADE DA PESSOA FÍSICA • Liberdade Individual = primeira forma de liberdade alcançada pelo homem • Se opõe à: ♦Escravidão ♦Prisão • Conceito: possibilidade jurídica de todos os indivíduos de locomoverem-se dentro do território nacional de acordo com a própria vontade. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO Art. 5°, XV, CR – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 106 • 2 Liberdades: – Liberdade de locomoção no território nacional. – Liberdade de entrar no território nacional, nele permanecer e sair com os seus bens (nos termos da lei) • Garantia específica = habeas corpus LIBERDADE DE CIRCULAÇÃO • Direito de ir, vir, ficar, parar, estacionar. • Faculdade de deslocar-se de um ponto a outro através de uma via pública ou afetada para o uso público. • Direito de segurança pessoal = garantia constitucional para a proteção do indivíduo Art. 5°, LXVIII, CR – conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 107 LIBERDADE DE PENSAMENTO • Direito de exprimir , por qualquer forma, o que se pensa. • Não existem direitos absolutos. Se a pessoa agiu de forma abusiva, e violou direitos de terceiros, ela pode ser responsabilizada LIBERDADE DE OPINIÃO • Liberdade de pensamento primária – liberdade do indivíduo de adotar a atitude intelectual de sua escolha. • Liberdade de pensar e dizer o que acredita ser verdadeiro. – O TJ/RS condenou a Furacão 2000 a pagar uma indenização de 500.000 reais à associação de mulheres em razão da música “um tapinha não dói”. 108 LIBERDADE RELIGIOSA • Envolve a liberdade de consciência, de crença, de culto e de organização religiosa. • CR 1988 – Estado laico = liberdade de escolha religiosa. • O Estado deve manter-se neutro. • A neutralidade do Estado tem 2 funções: – Garantir a simetria da liberdade religiosa, o equilíbrio das religiões; e, ainda – Assegurar a pluralidade religiosa (um dos fundamentos da República Federativa do Brasil). • Estado ⇒ não pode beneficiar ou prejudicar uma determinada religião. Art. 5°, VI, CR – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 19 109 É relevante estabelecermos uma distinção entre 3 aspectos: • Laicidade (neutralidade religiosa): o exercício do poder deve ser neutro, não podendo prejudicar nem beneficiar religiões; • Laicismo: é uma espécie de anti-religião, não é o caso do Estado brasileiro; • Ateísmo: o Estado brasileiro não é um Estado ateu, tanto que no preâmbulo há menção a palavra “Deus”. O ateísmo não deixa de ser uma concepção contrária à religião. Art. 19, CR – É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 110 ESCUSA DE CONSCIÊNCIA • É a possibilidade que a pessoa tem de alegar uma escusa para se eximir de determinada obrigação. Essa escusa abrange aspectos filosóficos, políticos e religiosos. LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO • Conjunto de direitos, formas, processos e veículos que possibilitam a expressão e difusão do pensamento e da informação. Art. 5°, VIII, CR – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar- se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 111 Princípios básicos do direito à liberdade de comunicação: 1) As formas de comunicação não sofrerão restrição; 2) Nenhuma lei conterá dispositivo que restrinja a liberdade de informação jornalística; 3) Vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e/ou artística; Art. 5°, CR XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 112 Princípios básicos do direito à liberdade de comunicação: 4) A publicação de veículo impresso de comunicação não depende de autorização de autoridade; 5) Os meios de comunicação não podem ser objeto de monopólio; 6) Os serviços de rádio e tv dependem de autorização, concessão ou permissão do P. Executivo federal sob controle do Congresso Nacional. LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO • Aspectos externos da liberdade de opinião. Art. 5°, IV, CR – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Art. 220, § 2º, CR – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. 113 • Liberdade de manifestação do pensamento ⇒ implica também na possibilidade de mantê-lo em segredo. • Ônus do exercício desse direito = responder por eventuais danos a terceiros. Liberdade de Informação X Direito de Informação • Liberdade de Informação = liberdade de informar e de ser informado. • Direito de Informação = direito coletivo. Art. 5°, LXIII, CR – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES • Remédios Constitucionais ⇒ Garantias Constitucionais Individuais que são instrumentos destinados a assegurar o gozo de: – Direito fundamental violado; – Direito fundamental em vias de ser violado; – Direito fundamental não atendido. • Conceito: Meios postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 20 HABEAS CORPUS 115 • CONCEITO: garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar. • Remédio destinado a tutelar o direito de liberdade de locomoção, liberdade de ir, vir, parar e ficar. • Liberdade de locomoção = garantida pela CR em tempo de paz. • Natureza jurídica ⇒ Ação Constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas. • Características: ⇒ Ação de caráter penal ⇒ Procedimento Especial ⇒ Isenta de custas ⇒ Objetivo: cessar ou evitar violação de liberdade de locomoção ⇒ Ilegalidade ou abuso de poder Art. 5°, LXVIII , CR – conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 117 • Legitimidade ativa ⇒ Atributo de personalidade, não é exigida a capacidade para estar emjuízo, nem a capacidade postulatória⇒ Ação Penal Popular • Não há a necessidade da presença de advogado • Exercício do direito de autodefesa. • Pessoa jurídica = não terá direito a habeas corpus, por inexistência de possibilidade de ameaça ao direito de locomoção. • Habeas Corpus impetrado por pessoa jurídica em favor de pessoa física (divergências doutrinárias) = SIM • Promotor de justiça = na qualidade de órgão do MP poderá impetrar habeas corpus. • Juiz = poderá conceder o habeas corpus de ofício (nunca impetrar) 118 Art. 654, CPP – O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. §1° A petição de habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. §2° Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. 119 • Legitimidade passiva ⇒ o habeas corpus será impetrado contra o ato do coator que poderá ser: – Autoridade (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, tribunal, etc). (ABUSO DE PODER) – Particular (ILEGALIDADE) • Ex: internação em clínica psiquiátrica ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS • HABEAS CORPUS PREVENTIVO (salvo-conduto) • Ataca = ameaça de coação à liberdade de locomoção • Pretende evitar o desrespeito à liberdade de locomoção, que ainda não foi violado. • Salvo conduto: documento emitido por autoridades de um Estado que permite a seu portador transitar por um determinado território. 120 • HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO OU REPRESSIVO • Impetrado quando alguém já sofreu lesão ao direito de liberdade de locomoção por ILEGALIDADE ou ABUSO DE PODER. • Objetivo = fazer cessar o desrespeito á liberdade de locomoção • LIMINAR EM HABEAS CORPUS • Poderá ser concedida tanto no caso de Habeas Corpus Preventivo como no Liberatório. • Concessão do direito de liberdade sem oitiva do coator. • Impossibilidade de Supressão da CR = Cláusula Pétrea DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 21 HABEAS DATA 121 • Remédio constitucional que tem como objetivo proteger a esfera íntima dos indivíduos contra: – a) usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; – b) introdução nesses registros de dados sensíveis e – c) conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei. • Direito de impetrar o habeas data é = personalíssimo do titular dos dados. • Cabimento = necessidade de negativa de prestação da informação por via administrativa, para que seja cabível a solução do judiciário através do habeas data. • Características: – Ação constitucional de caráter civil – Conteúdo e rito sumário – Proteção do direito líquido e certo do impetrante de conhecer todas as informações e registros relativos à sua pessoa e constantes na repartições públicas ou particulares acessíveis ao público – Eventual retificação. Art. 5°, LXXII, CR – conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 123 • Legitimidade ativa ⇒ pessoa física ou jurídica cujo pedido de informação sobre os próprios dados foi negado (d. personalíssimo). • Só informações do próprio impetrante poderão ser solicitadas. • Legitimidade passiva ⇒ poderão ser sujeitos passivos do habeas data: – Entidades governamentais de administração direta ou indireta – Instituições, entidades e pessoas jurídicas que prestem serviço para o público ou de interesse público (desde que detenham dados referentes a pessoas físicas e jurídicas). • Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto em relação ao habeas corpus e o mandado de segurança. MANDADO DE SEGURANÇA 124 • REQUISITOS DO MANDADO DE SEGURANÇA: – Direito líquido certo violado → d. verificável de plano – Violação por ato de autoridade • Espécies ⇒ REPRESSIVO x PREVENTIVO • Cabimento = atos comissivos ou omissivos de autoridades. Art. 5°, LXIX, CR – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. • Características: – Ação constitucional de caráter civil – Conteúdo e rito sumário – Proteção do direito líquido e certo lesão ou ameaçado de lesão – Ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. – Ilegalidade ou abuso de poder. • Incidência residual do mandado de segurança. 126 • Legitimidade ativa ⇒ titular do direito líquido e certo, não amparado pelo habeas corpus ou habeas data. • Pessoa = física, jurídica, nacional ou estrangeira! • Exigência: que o impetrante tenha o direito invocado. • Legitimidade passiva ⇒ autoridade coatora que vai contra o direito líquido e certo. • PRAZO PARA IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA → 120 DIAS A CONTAR DA DATA DA CIÊNCIA DO ATO IMPUGNADO. • Liminar em mandado de segurança = possível DIREITO CONSTITUCIONAL I Professora Renata Furtado de Barros 22 MANDADO DE INJUNÇÃO 127 • Remédio ou ação constitucional posto à disposição de quem se considerar titular de qualquer daqueles direitos, liberdades ou prerrogativas, inviáveis por falta de norma regulamentadora exigida ou suposta pela Constituição. • Finalidade = conferir imediata aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude de ausência de regulamentação. Art. 5°, LXXI, CR – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 128 • Requisitos: – Falta de norma regulamentadora de previsão constitucional – Inviabilidade do exercício dos direitos fundamentais • Legitimidade ativa ⇒ qualquer pessoa que esteja sofrendo com a impossibilidade de exercício de um direito fundamental pela falta de regulamentação legal. • Legitimidade passiva ⇒ autoridade pública responsável pela criação da norma regulamentadora que ainda não a criou. • STF = impossibilidade de concessão de liminar!! • Os processos de mandado de injunção terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto em relação ao habeas corpus, mandado de segurança e habeas data. 129 Efeitos do Mandado de Injunção: • Posicionamento Não-concretista: Posição adotada pela maioria do STF → entende que o mandado de injunção não tem a capacidade de exigir do poder legislativo ou do poder executivo a regulamentação da norma constitucional, o mandado de injunção teria a única finalidade de comunicar ao órgão competente que este está omisso e deve sanar esta omissão. DIREITO DE PETIÇÃO • CONCEITO: direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos PoderesPúblicos sobre uma questão ou uma situação, seja para denunciar uma lesão concreta e pedir a reorientação da situação, seja para solicitar uma modificação do direito em vigor no sentido mais favorável à liberdade. J.A.S. • Legitimidade ativa e passiva ⇒ qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira possui o direito de apresentar reclamações aos poderes públicos (PE, PL, PJ e ao MP contra abuso de poder). • Finalidade ⇒ Informar o poder público de fato ilegal ou abusivo para que as medidas adequadas sejam tomadas. • Não é exigido endereçamento ao órgão competente → quem recebe tem a obrigação de encaminhar a petição à autoridade competente. • Exigência ⇒ comprovação da existência de lesão a interesses do peticionário. Art. 5°, XXXIV, CR – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; DIREITO DE CERTIDÕES 131 • CONCEITO: direito líquido e certo de qualquer pessoa de obter certidão para a defesa de um direito. • Obrigatoriedade do Estado de fornecer as informações solicitadas sob pena de responsabilização política, civil e criminal. • Exceções ⇒ Hipóteses constitucionais de sigilo • Essa é uma garantia que não raro acaba por realizar por via de outro remédio→ o mandado de segurança, quando o pedido é negado ou simplesmente não é decidido. • Pressupostos necessários para utilização do d. de certidão: ⇒ Legítimo interesse ⇒ Ausência de sigilo ⇒ Indicação da finalidade do pedido • Direito garantido independente do pagamento de taxas. • A garantia constitucional que assegura a todos a obtenção de certidões em repartições públicas é de natureza individual, sendo obrigatória a sua expedição quando se destina à defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal do requerente. Art. 5°, XXXIV, CR – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
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