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A Reprodutibilidade Técnica na era da Internet e as possibilidades da música independente.

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A Reprodutibilidade Técnica na era da Internet e as possibilidades da música independente. 
Proponho com o seguinte texto uma reflexão a cerca da Reprodutibilidade Técnica, tendo em vista os diversos meios de reprodução disponíveis na internet, bem como, a facilidade de cópia fiel para armazenamento e uso pessoal. No que se refere à arte, neste caso, estará somente relacionada com a música oriunda de gravações independentes e resultantes em arquivo digital, sendo assim descarto a produção que se destina a popularização midiática e comercial, também denominada: Mainstream.
Walter Benjamim (1892 a 1940) criou o conceito de Reprodutibilidade Técnica no seu texto À obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica de 1936, sua produção abrange mais profundamente o desenvolvimento da reprodução técnica em relação ao cinema, indústria e os desdobramentos que causam impacto na arte. A leitura de Benjamim em relação à arte no seu tempo possibilitou um trabalho teórico que também pode ser usado nos dias atuais, tendo em vista os adventos tecnológicos do período contemporâneo e a internet, bem como as ferramentas virtuais que possibilitam a reprodução em massa dos arquivos de mídia musical de uma maneira jamais vista na história. 
A internet atualmente configura um meio fácil e acessível para a disponibilidade de arquivos em rede e também concede espaço as mais diversas ferramentas para a armazenagem e disponibilidade de músicas. Para os artistas independentes, ou seja, que produzem suas músicas com recursos próprios fora do eixo compreendido por grandes gravadoras e grandes mídias é concedido de forma versátil, uma maneira de reproduzir suas obras ao ouvinte, e ao mesmo tempo, não dá o retorno financeiro da composição para o artista, a disponibilidade, normalmente gratuita para quem disponibiliza como para quem recebe, contribui para propagação e também desvincula o arquivo musical de comercialização. 
Benjamim descreve de maneira perspicaz como o processo industrial afetou a esfera artística ao longo de processos industriais, levando também em consideração os aspectos subjetivos dos artistas encontrados nas obras. A reprodução da arte não foi uma novidade para Benjamim, afinal, “obra de arte sempre foi reprodutível” (BENJAMIN, 1955). Mas a Reprodutibilidade Técnica, por sua vez, configura um novo cenário e gera uma transformação nas possibilidades de desenvolvimento da Arte, pois agora: “A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida” (BENJAMIN, 1955). Sendo assim, a Reprodutibilidade concede a própria arte nova perspectivas. 
Com softwares de fácil acesso disponíveis para a produção musical, bem como a Internet para reprodução e disponibilidade, a música percorre o caminho da reprodutibilidade técnica atual, é registrada com os processos técnicos básicos necessários: gravação e mixagem, desta forma, a música se torna um arquivo virtual para ser disponibilizado em rede, acessível ao público como cópia idêntica do arquivo original. Esse processo nada mais é do que fruto de um desenvolvimento que Benjamim já indicara:
				
A reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo, que se vem desenvolvendo na história intermitentemente, através de saltos separados por longos intervalos, mas com intensidade crescente. (BENJAMIN, 1955, P.1).
	
Sendo assim, a Reprodutibilidade Técnica na era da internet diante da esfera musical independente é uma das principais responsáveis por manter a cultura desse cenário, uma vez que a Reprodutibilidade no meio virtual se desprende do processo industrial que ocupava a leitura sócio cultural de Benjamim, pois agora além de não se ter o material físico, também não se tem o lucro pela obra (considerando, nesse aspecto somente as músicas disponíveis gratuitamente na internet e de músicos independentes).
As possibilidades dessa nova forma de reprodução vão de encontro a outro conceito criado por Benjamim, a Aura, dizia ele:
É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ela deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. (BENJAMIN, 1955, P.3).
Em linhas gerais o show de um músico independente pode ser entendido como uma aparição única, mas sua música, assim como a reprodução digital, recai sobre os aspectos de declínio da Aura. Por sua vez é justamente o processo de Reprodutibilidade Técnica na Internet que pode gerar o interesse por parte do público de interagir com o artista independente em uma apresentação. É a relevância democrática da Reprodutibilidade técnica na Internet que confere a música e suas variadas manifestações na rede, um espaço que até então era de acesso muito restrito, possibilitando inúmeras variáveis em relação à música independente.
A música independente circula na internet na maioria das vezes sem ser um produto comercial, podendo ser adquirida de maneira simples e gratuita e facilmente reproduzida nas mais diversas ferramentas do universo online, é possível relacionar vários elementos presentes na reprodutibilidade técnica com esse processo, e ainda, refletir a reprodutibilidade e muitos outros conceitos da obra de Walter Benjamim no universo cibernético.
Essa música digitalizada não se constitui material, ela é um elemento virtual que flui em meio à rede não sendo orientada ao mercado. Logo, se a arte do músico independente não constitui valor capital em rede, ela reinventa o sentido de valor, e coloca a produção artística em seu devido lugar. A música se torna uma manifestação intrínseca do indivíduo que tem o intuito de alcançar a sensibilidade do ouvinte e não seu bolso.

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