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CRIMES CONTRA A VIDA
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL: art.5º, caput, CRFB/88. Direito supraestatal. Direito à vida: direito fundamental em duplo sentido: formal e material. Direito relativo (pode sofrer limitação. 
ESPÉCIES DE CRIMES CONTRA A VIDA:
Homicídio (art. 121, CP)
Participação em suicídio (art. 122, CP)
Infanticídio (art. 123, CP)
Aborto (art. 124, CP)
Crimes de ação penal pública incondicionada (a vida é um bem indisponível)
Competência: salvo o homicídio culposo (CP, art. 121, § 3.º), cuja ação penal tramita perante o juízo singular (justamente pelo fato de ser culposo), todos os demais crimes são julgados pelo Tribunal do Júri, em atendimento à regra prevista no art. 5.º, inciso XXXVIII, alínea “d”, da Constituição Federal.
	
HOMICÍDIO (ART. 121, CP)
 Homicídio simples
        Art. 121. Matar alguém:
        Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
        
Caso de diminuição de pena
        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
        
Homicídio qualificado
        § 2° Se o homicídio é cometido:
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
        II - por motivo fútil;
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
Feminicídio       (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
 VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino
 VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      
I - violência doméstica e familiar;      
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.       
        
Homicídio culposo
        § 3º Se o homicídio é culposo: 
        Pena - detenção, de um a três anos.
        
Aumento de pena
        § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.  
        § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
         § 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.        
 § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.      
 
DEFINIÇÃO: o homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. 
OBJETIVIDADE JURÍDICA: O bem jurídico protegido é a vida humana exterior ao útero materno, assegurado pelo art. 5.º, caput, da Constituição Federal. Em face da importância desse bem, o homicídio é um dos crimes mais graves que se pode cometer, com pena máxima de 30 anos, quando presente alguma qualificadora. A vida extrauterina inicia-se com o processo respiratório autônomo do organismo da pessoa que está nascendo, que a partir de então não depende mais da mãe para viver. Esse acontecimento pode ser demonstrado por prova pericial, por meio das docimasias respiratórias.
OBJETO MATERIAL: É o ser humano que suporta a conduta criminosa. Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, matando-o. A objetividade jurídica é a vida humana sacrificada com a conduta homicida, ao passo que “B” é o objeto material.
NÚCLEO DO TIPO: O núcleo do tipo é o verbo “matar”. Trata-se de crime de forma livre. Admite qualquer meio de execução e pode ser praticado por ação ou por omissão, desde que presente o dever de agir.
SUJEITO ATIVO: O homicídio é crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, isoladamente ou em concurso com outro indivíduo. Comporta coautoria e participação.
SUJEITO PASSIVO: Pode ser qualquer pessoa humana, após o nascimento e desde que esteja viva.
ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo, denominado de animus necandi ou animus occidendi. Não se reclama nenhuma finalidade específica. Admite-se o dolo eventual, quando o agente não quer o resultado morte, mas assume o risco de produzi-lo. É o que se dá no “racha” entre veículos automotores praticado em via pública.
CONSUMAÇÃO: Dá-se com a morte (crime material), a qual se verifica com a cessação da atividade encefálica, como determina o art. 3.º, caput, da Lei 9.434/1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. A prova da materialidade realiza-se pelo exame necroscópico, que, além de atestar a morte, indica também suas causas. Cuida-se de crime instantâneo, pois se consuma em um momento determinado, sem continuidade no tempo.
TENTATIVA: É possível a tentativa (conatus) de homicídio. Na tentativa branca ou incruenta a vítima não é atingida, enquanto na tentativa vermelha ou cruenta a vítima é alcançada pela conduta criminosa e sofre ferimentos.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (Art. 121, §1º, CP)
Natureza jurídica: A denominação “homicídio privilegiado” é fruto de criação doutrinária e jurisprudencial. Na verdade, não se trata de privilégio, mas de causa de diminuição da pena.
Incomunicabilidade do privilégio (art. 30, CP): As hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo. Relacionam-se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato.
Diminuição da pena: é obrigatória. A discricionariedade do juiz (“pode”) limita-se ao quantum da diminuição, que deve ser suficientemente motivado.
	
OBS! O motivo de relevante valor social ou moral já foi previsto no art. 65, inciso III, alínea “a”, do Código Penal como circunstância que sempre atenua a pena, no tocante aos crimes em geral. No homicídio, contudo, eleva-se à categoria de causa de diminuição da pena, tornando-o privilegiado, nos termos do art. 121, § 1.º. Mas há uma importante diferença entre a atenuante genérica e a causa de diminuição
da pena: naquela (atenuante) é suficiente seja o crime cometido por motivo de relevante valor social ou moral, isto é, há influência do motivo, em menor grau. Nesse (privilégio), por sua vez, o agente atua impelido por motivo de relevante valor social ou moral, isto é, por ele é impulsionado em elevado grau.
HOMICÍDIO QUALIFICADO (Art. 121, §2º, CP)
O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. É o que consta do art. 1.º, inciso I, in fine, da Lei 8.072/1990.
Qualificadoras e concurso de pessoas: 
As qualificadoras previstas nos incisos I, II e V são de índole subjetiva. Pertencem à esfera interna do agente, e não ao fato. Em casode concurso de pessoas, não se comunicam aos demais coautores ou partícipes, em face da regra delineada pelo art. 30 do Código Penal. 
As qualificadoras descritas pelos incisos III e IV (meios e modos de execução) são de natureza objetiva, por serem atinentes ao fato praticado, e não ao aspecto pessoal do agente. Destarte, comunicam-se no concurso de pessoas, desde que tenham ingressado na esfera de conhecimento de todos os envolvidos.
OBS! Tortura x homicídio qualificado (Lei nº. 9455/97 ou CP?)
O homicídio qualificado pela tortura (CP, art. 121, § 2.º, inc. III) caracteriza-se pela morte dolosa. O agente utiliza a tortura (meio cruel) para provocar a morte da vítima, causando-lhe intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental. Depende de dolo (direto ou eventual) no tocante ao resultado morte. Esse crime é de competência do Tribunal do Júri, e apenado com 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão.
Já a tortura com resultado morte (Lei 9.455/1997, art. 1.º, § 3.º) é crime essencialmente preterdoloso. O sujeito tem o dolo de torturar a vítima, e da tortura resulta culposamente sua morte. Há dolo na conduta antecedente e culpa em relação ao resultado agravador. Essa conclusão decorre da pena cominada ao crime: 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos de reclusão. Com efeito, não seria adequada uma morte dolosa, advinda do emprego de tortura, com pena máxima inferior ao homicídio simples. Além disso, esse crime é da competência do juízo singular.
A diferença está no elemento subjetivo.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO (HOMICÍDIO HÍBRIDO)
Discussões doutrinárias: 1ª posição não aceita. 2ª posição admite a compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva.
O privilégio é incompatível com as qualificadoras subjetivas (incisos I, II e V), mas compatível com as qualificadoras objetivas (incisos III e IV).
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO DOLOSO
O art. 121, § 4.º, 2.ª parte, do Código Penal prevê duas causas de aumento de pena aplicáveis exclusivamente ao homicídio doloso, em qualquer de suas modalidades: simples, privilegiado ou qualificado, consumado ou tentado. São circunstâncias legais, especiais, de natureza objetiva e de aplicação obrigatória. Ensejam o surgimento do denominado homicídio doloso circunstanciado. 
Dizem respeito à idade da vítima ao tempo do crime: menor de 14 ou maior de 60 anos de idade. Esse raciocínio decorre da adoção da teoria da atividade pelo art. 4.º do Código Penal.
Art. 121, § 6.º: milícia privada e grupo de extermínio. Cuida-se de causa especial de aumento da pena, incidente na terceira e última fase da dosimetria da pena privativa de liberdade, aplicável exclusivamente ao homicídio doloso, simples ou qualificado, de competência do Tribunal do Júri. Milícia privada é o agrupamento armado e estruturado de civis – inclusive com a participação de militares fora das suas funções – com a pretensa finalidade de restaurar a segurança em locais controlados pela criminalidade, em face da inoperância e desídia do Poder Público. Grupo de extermínio é a associação de matadores, composta de particulares e muitas vezes também por policiais autointitulados de “justiceiros”, que buscam eliminar pessoas deliberadamente rotuladas como perigosas ou inconvenientes aos anseios da coletividade.
HOMICÍDIO CULPOSO: ART. 121, § 3.º
Ocorre quando o sujeito realiza uma conduta voluntária, com violação do dever objetivo de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligência ou imperícia, e assim produz um resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem querido, mas objetivamente previsível, que podia com a devida atenção ter evitado.
Causas de aumento de pena: inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (≠ imperícia), se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima (crimes de trânsito), não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Perdão judicial: art. 121, § 5.º Apenas é admitido nos crimes culposos. Causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP). 
O homicídio culposo é crime que se processa mediante ação penal pública incondicionada. Submete-se ao rito sumário, como determina o art. 394, § 1.º, inciso II, do Código de Processo Penal.
	
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (ART. 122, CP)
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
        Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
        Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
        
Parágrafo único - A pena é duplicada:
        Aumento de pena
        I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
        II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
DEFINIÇÃO: Suicídio é a destruição deliberada da própria vida. É também chamado de autocídio ou autoquíria. A destruição da vida humana por seu titular deve ser voluntária. Logo, se alguém elimina sua própria vida inconscientemente, por ter sido manipulado por outra pessoa (fraude), ou em decorrência de violência ou grave ameaça, estará tipificado o crime de homicídio. É crime, no Brasil, o induzimento, a instigação ou auxílio a suicídio, ou, como prefere a doutrina, a participação em suicídio. Vedou-se a conduta de concorrer para que outrem destrua voluntariamente sua própria vida. O consentimento da vítima é irrelevante, em face da indisponibilidade do bem jurídico penalmente tutelado.
OBJETIVIDADE JURÍDICA: O bem jurídico protegido é a vida humana.
OBJETO MATERIAL: É o ser humano que suporta a conduta criminosa, aquele contra quem se dirige o induzimento, a instigação ou o auxílio ao suicídio.
NÚCLEO DO TIPO: A participação em suicídio pode ser moral, nos núcleos “induzir” e “instigar” alguém ao suicídio, ou material, na conduta de “auxiliar” outrem a suicidar-se. Não se admite a provocação indireta ao suicídio. Trata-se de tipo misto alternativo, também chamado de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, pois o agente pode praticar o delito contra uma mesma vítima mediante duas ou mais condutas, e em qualquer hipótese haverá crime único. A realização de duas ou mais condutas produzirá reflexos na dosimetria da pena-base.
SUJEITO ATIVO: A participação em suicídio é crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa que possua um mínimo de capacidade de resistência e de discernimento quanto à conduta criminosa, pois, se a vítima apresentar resistência nula, o crime será de homicídio.
ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo, direto ou eventual. Não há modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO: A consumação do crime de participação em suicídio reclama a morte da vítima (pena: reclusão de dois a seis anos) ou no mínimo a produção de lesão corporal de natureza grave (pena: reclusão de um a três anos). A expressão “lesão corporal de natureza grave” abrange a grave propriamente dita e também a gravíssima (CP, art. 129, §§ 1.º e 2.º). Não há crime quando, embora tenha o induzimento, a instigação ou o auxílio por parte do agente, a vítima não tenta suicidar-se, ou, mesmo o fazendo, suporta somente lesão corporal de natureza leve, pois para essas hipóteses não se previu a imposição de pena. É irrelevante o intervalo temporal entre a conduta criminosa e o suicídio da vítima.
TENATIVA: Não é possível a tentativa da participação em suicídio, pois a lei só pune o crime se o suicídio se consuma, ou se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave (crime condicionado).
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PACTO DE MORTE
No pacto de morte, também conhecido como ambicídio ou suicídio a dois, isto é, o acordo celebrado entre duas pessoas que desejam se matar, as hipóteses em que há sobrevivência de uma delas ou de ambas resolvem-se da seguinte maneira:
a) se o sobrevivente praticouatos de execução da morte do outro (exemplo: ministrar veneno), a ele será imputado o crime de homicídio;
b) se o sobrevivente somente auxiliou o outro a suicidar-se, responderá pelo crime de participação em suicídio;
c) se ambos praticaram atos de execução, um contra o outro, e ambos sobreviveram, responderão os dois por tentativa de homicídio;
d) se ambos se auxiliaram mutuamente e ambos sobreviveram, a eles será atribuído o crime de participação em suicídio, desde que resultem lesões corporais de natureza grave;
e) se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos sobreviveram, aquele responderá por tentativa de homicídio, e este por participação em suicídio, desde que o executor, em razão da tentativa, sofra lesão corporal de natureza grave.
	
ROLETA-RUSSA E DUELO AMERICANO
Se várias pessoas fazem, simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos sobreviventes será imputado o crime de participação em suicídio. Na roleta-russa, a arma de fogo é municiada com um único projétil, e deve ser acionado o gatilho pelos participantes cada um em sua vez, rolando o tambor que estava vazio. No duelo americano, por sua vez, existem duas armas de fogo, uma municiada e outra desmuniciada, e os participantes devem escolher uma delas para posteriormente apertarem o gatilho contra eles mesmos. Se no contexto da roleta-russa ou do duelo americano, porém, um dos envolvidos, que não sabia se a arma de fogo estava ou não apta a efetuar o disparo, aciona seu gatilho, apontando-a a direção de outrem, e assim agindo provoca sua morte, o crime será de homicídio, com dolo eventual. 
	
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AUMENTO DE PENA
O art. 122, parágrafo único, do Código Penal dispõe que a pena é duplicada: I – se o crime é praticado por motivo egoístico; e II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. São causas de aumento da pena e incidem na terceira fase da aplicação da pena privativa de liberdade.
Da análise do art. 122, parágrafo único, do Código Penal, resulta:
1) vítima maior de 18 anos de idade, com plena capacidade de resistência: participação em suicídio simples (art. 122, caput);
2) vítima maior de 18 anos, com reduzida capacidade de resistência: participação em suicídio agravada ou circunstanciada (art. 122, p. único, inc. II, 2.ª parte);
3) vítima com idade igual ou superior a 14 anos, mas menor de 18 anos de idade: participação em suicídio agravada ou circunstanciada (art. 122, p. único, inc. II, 1.ª parte);
4) vítima menor de 14 anos de idade ou sem capacidade de resistência, qualquer que seja sua idade: homicídio (art. 121).
OBS! Testemunhas de Jeová
Ex: Um adepto da seita das Testemunhas de Jeová, após se ferir gravemente em um acidente de trânsito, necessitando uma transfusão de sangue, recusa a fazê-lo sob o argumento de que prefere morrer a ser contaminado com sangue de outra pessoa. Nesse caso:
1) Sendo imprescindível a transfusão, mesmo sendo a vítima maior e capaz, tal comportamento deve ser encarado como tentativa de suicídio, devendo o médico intervir, pois está na posição de garantidor;
2) os pais, subtraindo o filho menor da necessária intervenção cirúrgica, responderão por homicídio, pois naturais garantidores do filho, sendo inaceitável a tese da inexigibilidade de conduta diversa. 
	
INFANTICÍDIO (ART. 123, CP)
         Infanticídio
        Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
DEFINIÇÃO: O infanticídio é a morte de um infante (forma privilegiada de homicídio). É o homicídio praticado pela genitora contra o próprio filho, influenciada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto. 
OBJETIVIDADE JURÍDICA: O bem jurídico protegido é a vida humana.
OBJETO MATERIAL: É a criança, nascente ou recém-nascida, contra quem se dirige a conduta criminosa.
SUJEITO ATIVO: Cuida-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado pela mãe (parturiente), sob a influência do estado puerperal. Admite, todavia, coautoria e participação. Como a mãe é detentora do dever legal de agir (CP, art. 13, § 2.º, a), é possível que cometa o crime por omissão. Exemplo: deixar de amamentar o recém-nascido para que morra desnutrido.
OBS! Sobre o concurso de agentes no infanticídio, tem-se que:
1) a mãe e o médico executam o núcleo matar o neonato: ambos cometem infanticídio;
2) a mãe, auxiliada pelo médico, sozinha, executa o verbo matar: a mãe pratica infanticídio, e o médico, partícipe do crime;
3) o médico, induzido pela mãe, isolado, executa a ação matar: os dois responderão pelo infanticídio. 
SUJEITO PASSIVO: É o nascente ou recém-nascido (neonato), dependendo do tempo da prática do fato criminoso, ou seja, durante o parto ou logo após.
ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo, direto ou eventual. Não há modalidade culposa.
CONDUTA: O infanticídio deve ser praticado durante o parto ou logo após. Essa última expressão (“logo após”) precisa ser interpretada no caso concreto. Enquanto subsistirem os sinais indicativos do estado puerperal, bem como sua influência no tocante ao modo de agir da mulher, será possível a concretização do crime de infanticídio. Crime que pode ser praticado de forma livre (por ação, omissão, meios diretos, indiretos). 
OBS! Estado puerperal
Estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto, tais como convulsões e emoções provocadas pelo choque corporal, as quais afetam sua saúde mental. Prevalece o entendimento no sentido de ser desnecessária perícia para constatação do estado puerperal, por se tratar de efeito normal e inerente a todo e qualquer parto. Não basta, porém, seja o crime cometido durante o período do estado puerperal. Exige-se relação de causalidade subjetiva entre a morte do nascente ou recém-nascido e o estado puerperal, pois a conduta deve ser criminosa sob sua influência. É o que se extrai da leitura do art. 123 do Código Penal. Ausente essa elementar (“influência do estado puerperal), o crime será de homicídio.
CONSUMAÇÃO: A consumação do crime ocorre com a morte do nascente ou recém-nascido.
TENTATIVA: é admissível (crime plurissubsistente).
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL III 
PROFª.: ANA KARMEN FONTENELE DE CARVALHO
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