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Direito administrativo 1 Estácio

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Curso de Direito
AV1 – DIREITO ADMINISTRATIVO I 
A prova objetiva avaliar, de forma cumulativa, as habilidades indicadas pelo MEC e os conhecimentos adquiridos na matéria. As questões contemplam aspectos relevantes do programa e não serão anuladas sem o prévio conhecimento da Coordenação do Curso de Direito. Serão considerados na avaliação o repertório vocabular e a observância da modalidade culta da língua. Ao responder às questões, siga as seguintes orientações:
	utilize somente caneta com tinta preta ou azul;
	a prova deverá ser feita com consulta apenas à Legislação não comentada.
PROVA “A”
1ª PARTE — Assinale a alternativa correta, valendo cada uma 1,0 ponto.
Questão 01
(OAB) Após tomar ciência de irregularidades praticadas pela Assembléia Legislativa de seu Estado, o cidadão José da Silva diligenciou junto ao referido órgão, oportunidade em que lhe foi negado o direito de obter certidões que esclarecessem tal fato. Com essa recusa foi desrespeitado o princípio da:
a) eficiência;
b) impessoalidade;
c) autotutela;
d) publicidade.
Gabarito: D - Em regra, todos os atos administrativos são publicados, porque pública é a Administração que os realiza, exceto em razão de segurança nacional, investigação criminal ou interesse público.
Questão 02
(OAB) Durante fiscalização em determinado estabelecimento comercial foi constatada a realização de atividade de venda de remédios manipulados no local, sem autorização dos órgãos estaduais competentes para tanto. Neste caso, os fiscais estaduais, dentre outras medidas eventualmente cabíveis em face da natureza da infração, devem:
a)autuar ocomerciante, facultada aconcessão de prazo para apresentação de defesa, bem como recolher amostra do medicamento para análise de sua lesividade;
b) autuar o comerciante e comunicar as autoridades superiores para requerimento de ordem judicial para apreensão das mercadorias;
c) apreender as mercadorias e notificar o comerciante para apresentação de defesa, no prazo legal, apenas após o que poderá ser lavrado, se for o caso, o auto de infração das mercadorias;
d) apreender as mercadorias irregulares encontradas no local, lavrando auto de apreensão, bem como autuar o comerciante pelas infrações cometidas, concedendo-lhe prazo para apresentação de defesa.
Gabarito – D - Temos, aí, a prerrogativa da auto-executoriedade, que é a possibilidade de a Administração decidir e fazer atuar as suas decisões por seus próprios meios, independentemente de título judicial, assegurados o contraditório e a ampla defesa, nos casos de urgência e flagrância, utilizando-se, se necessário, de uso de força.
2ª PARTE — Responda às questões propostas, justificando-as objetivamente:
Questão 03 (2,0 pontos)
O proprietário de um prédio residencial unifamiliar atingido por um incêndio que o destruiu, com perda da totalidade de seus elementos estruturais, requer alvará de licença para a sua reconstrução. O Município do Rio de Janeiro negou-lhe o alvará requerido, alegando que o lote onde se situava a edificação está sujeito a afastamento conforme a legislação edilícia atualmente vigente, e que a reconstrução pretendida se fará parcialmente sobre a área de recuo. O proprietário recorre da decisão, sustentando que a negação fere seu direito de propriedade, impedindo a recomposição de seu patrimônio, e que o prédio, se reconstruído, ocupará exatamente a área anteriormente ocupada. Ameaça o Município com a responsabilização por perdas e danos, caso persista sua negativa.
A autoridade a que é dirigido o recurso solicita a audiência da Procuradoria. Geral. Qual a orientação a ser dada? Fundamente a resposta.
Gabarito - Entendem os legisladores da matéria que o loteamento, o desmembramento, o remembramento, a construção, a reforma e a demolição de iniciativa privada, pelo grande dispêndio de recursos e pelo tempo que demandam, não devem ficar sob controle a posteriori. Assim, a licença será expedida após a verificação em abstrato do atendimento às prescrições edilícias. No caso, a licença fica subordinada a observância das normas edilícias.
Válida a argumentação do Município ao negar o alvará de licença para reconstrução do prédio, uma vez que o projeto, atualmente, não preenche os requisitos impostos pela lei vigente. No tocante a essa questão, o prédio foi destruído e, sendo assim, não há que se falar em definitividade do alvará de licença anterior.
Referência - AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 2006.002.18085 – TJERJ – 14ª CAMARA CIVEL
Questão 04 (2,0 pontos)
LUIZ, policial militar de um determinado Estado, ajuizou ação ordinária em face ao Estado visando o retorno imediato ao serviço público. Alega que o Chefe do Poder Executivo praticara ato administrativo eivado de abuso de poder, em razão de haver sido colocado em disponibilidade por estar respondendo a inquérito administrativo, o que configura desvio de finalidade e verdadeira punição antecipada, em detrimento da presunção constitucional de inocência, violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da estabilidade. Em contestação, o Estado sustenta a legalidade do ato impugnado com base nos princípios da discricionariedade, razoabilidade e isonomia, uma vez que foram escolhidos aqueles que tinham contra si fortes indícios de crimes graves, o que legitima o fator de diferenciação no momento da escolha "- se é necessário prescindir de um determinado número de servidores públicos, que se prescinda daqueles cujo comportamento, ao menos em tese, revela-se incompatível com a função que exercem...". Insiste na tese de que a disponibilidade é ato discricionário que foge ao controle do Poder Judiciário. O Ministério Público opina no sentido da improcedência do pedido. Decida a questão, indicando os fundamentos de fato e de direito aplicáveis à espécie.
Gabarito –
A segurança há de ser concedida. Não se contesta o poder discricionário da Administração para declarar a desnecessidade de cargos públicos com a conseqüente colocação de seu ocupante em disponibilidade. Só a ele cabe o juízo de oportunidade e conveniência sobre tal questão em função de suas necessidades, por exemplo, o serviço público foi privatizado, não mais sendo necessários servidores que o executavam. Com efeito, permite a Constituição (art. 41, §3º) extinguir cargos ou declarar sua desnecessidade, colocando a Administração os servidores estáveis em disponibilidade remunerada, até que sejam aproveitados em outros cargos. Não pode essa norma, entretanto, ser utilizada para declarar desnecessário este ou aquele servidor estável, para o fim de fazê-lo da função enquanto responde processo judicial ou administrativo. Isso caracteriza abuso de poder por desvio de finalidade. Tenha-se ainda em conta que a disponibilidade é uma garantia do servidor estável, não podendo ser desvirtuada em instrumento de punição.
Referência Jurisprudencial que suporta a conclusão:
SERVIDOR PÚBLICO. DISPONIBILIDADE. MEIO UTILIZADO. PARA DECLARAR A DESNECESSIDADE DO SERVIDOR E NÃO DO CARGO. ABUSO DE PODER POR DESVIO DE FINALIDADE. A DISPONIBILIDADE, CUJA FINALIDADE É REDUZIR O QUADRO FUNCIONAL EM RAZÃO DA DESNECESSIDADE DOS CARGOS, DEVE TER CARÁTER GENÉRICO, NÃO PODENDO SER VOLTADA A DETERMINADOS SERVIDORES COMO MEIO DE AFATÁ-LOS DA FUNÇÃO ENQUANTO RESPONDEM PROCESSO JUDICIAL OU ADMINISTRATIVO.
(Órgão Especial do TJ/RJ, Mandado de Segurança nº 7.110/2009.TJ/RJ, Rel. Des. Sérgio Cavalieri Filho).
Questão 5 (3,0 pontos)
MURILO, carcereiro policial, e MARCÍLIO, auxiliar de necropsia, ambos afastados de suas funções por razões disciplinares, com armas e carteiras apreendidas, abordaram em rua do centro da cidade, por volta das 23 horas, um cidadão angolano, que estaria em “atitude suspeita” junto a uma agência bancária. Conforme relataram os servidores, houve reação à abordagem, gerando luta corporal e disparo de tiros (as armas não eram registradas e suas numerações estavam raspadas) por parte de MURILO e MARCÍLIO, o que culminou com a morte do estrangeiro. A autoridade administrativa instaurou sindicância para apuração dos fatos, a qual
foi seguida pelo devido inquérito administrativo. A ampla defesa foi assegurada. Embora o relatório final opinasse pela suspensão, a Secretaria de Segurança Pública determinou a demissão (penalidade legal máxima), e fora sufragada pelo Governador, dada a gravidade dos fatos. Inconformados, ingressam os servidores demitidos no Judiciário. Argüindo vícios no processo administrativo disciplinar, requereram a anulação da demissão, a reintegração nos cargos, bem como verbas patrimoniais e morais. Aduzem que a ação penal relativa àquele fato sequer havia chegado a termo e que poderia ocorrer a absolvição naquela sede, sendo prematura a decisão administrativa. Pergunta-se:
a) Pode o Judiciário sindicar a decisão administrativa?
b) Caso ocorra a absolvição em sede penal, a sentença surtirá efeitos sobre a decisão administrativa?
c) O que se entende por “resíduo administrativo”?
d) Se a legislação que dispõe sobre as sanções aplicáveis for modificada no futuro, de forma a não mais apontar a demissão como sanção aplicável, poderá a decisão anterior ser revista?
Gabarito -
a) Tal juízo é do mérito administrativo, vedado que o Judiciário substitua a autoridade administrativa para dizer se os indiciados deveriam ser suspensos ou demitidos.
b) Ainda que a ação penal não haja chegado a termo ou que, chegando, venha a produzir a absolvição dos réus, a responsabilização funcional pode decorrer de resíduo administrativo inconfundível com a matéria penal. Isto significa que as jurisdições criminal e administrativa, embora autônomas, intercomunicam-se. A primeira repercutirá de modo absoluto na segunda quando a absolvição proclamar a inexistência da autoria ou a inexistência do fato. Diferente, porém, quando fundar-se em falta ou insuficiência de prova, cabendo à Administração, sem censura, analisar eventual resíduo administrativo. Ou seja, se a decisão penal absolver os servidores por insuficiência de provas quanto à autoria ou porque a prova não foi suficiente para a condenação. Isto não influirá na decisão administrativa.
c) Se a absolvição se deu por insuficiência de provas não vai anular o ato demissório se tivesse ficado provado, na ação penal, a inexistência do fato, ou que o acusado não fora o autor. Isso denomina-se de resíduo administrativo.
d) Caso a legislação que dispõe sobre as sanções aplicáveis for modificada no futuro, e não mais apontar a demissão de servidor como sanção, a decisão anterior não poderá ser revista, posto que isto importaria em conceder “anistia administrativa” por lei de iniciativa do Legislativo.
PROVA “B”
1ª PARTE — Assinale a alternativa correta, valendo cada uma 1,0 ponto.
Questão 01
(OAB 2009.1) O diretor-geral de determinado órgão público federal exarou despacho concessivo de aposentadoria a um servidor em cuja contagem do tempo de serviço fora utilizada certidão de tempo de contribuição do INSS, falsificada pelo próprio beneficiário. Descoberta a fraude alguns meses mais tarde, a referida autoridade tornou sem efeito o ato de aposentadoria. Na situação hipotética considerada, o princípio administrativo aplicável ao ato que tornou sem efeito o ato de aposentadoria praticado é o da:
a) autotutela;
b) indisponibilidade dos bens públicos;
c) continuidade do serviço público;
d) razoabilidade das decisões administrativas.
Gabarito – A - A Administração Pública tem o dever, de ofício, de controlar a legalidade dos atos que praticou e, continuamente, rever, reexaminar esta legalidade; a partir daí, tem o dever de anular os seus próprios atos, havendo uma súmula importantíssima do STF nesse sentido, que é a de n. 473.
Questão 02
(OAB) Aulus, ex-servidor público civil, foi absolvido, no juízo criminal, por insuficiência de provas, da imprecação de prática de crime contra a Administração Pública. Esclareça-se que Aulus, após processo administrativo disciplinar (inquérito administrativo), fora demitido do serviço público precisamente pela acusação da aludida prática criminosa:
a) Em conseqüência, deve ser reintegrado.
b) Em conseqüência, deve ser readmitido.
c) Em conseqüência, deve reverter ao serviço.
d) absolvição em tela não altera sua demissão.
Gabarito – D – A responsabilidade do servidor seráafastado no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou de sua autoria (art. 126, Lei 8.112/90)
2ª PARTE — Responda às questões propostas, justificando-as objetivamente:
Questão 03 (2,0 pontos)
(OAB/FGV) O Sr. Joaquim Nabuco, dono de um prédio antigo, decide consultá-lo como advogado. Joaquim relata que o seu prédio está sob ameaça de ruir e que o poder público já iniciou os trabalhos para realizar sua demolição. Joaquim está inconformado com a ação do poder público, justamente por saber que não existe ordem judicial determinando tal demolição. Diante do caso concreto em tela, discorra fundamentadamente sobre a correção ou ilegalidade da medida.
Gabarito - O aluno deve sustentar a correção da medida tomada pelo poder público com base no poder de polícia da administração pública, uma vez que, por meio desse poder, a administração está concretizando um de seus deveres: garantir a segurança da coletividade.
Também deve ser abordada a viabilidade da execução da medida diretamente pela administração pública, sem necessidade de ordem judicial, em função do atributo da autoexecutoriedade do poder de polícia, que é aplicável em casos urgentes, conforme relatado no caso em análise, não precisando buscar, previamente, as vias judiciais.
Questão 04 (2,0 pontos)
(OAB – CESPE) Um empresário requer a renovação da licença de funcionamento de sua empresa. Passados seis meses da protocolização desse requerimento, nada foi decidido pela autoridade administrativa competente. Que medidas e argumentos jurídicos poderiam ser deduzidos em favor da empresa?
Gabarito – Cabe ação judicial, especialmente mandado de segurança, para compelir a autoridade competente a se pronunciar. O Judiciário não pode se substituir à Administração para deferir a licença, mas pode ordenar que ela aprecie o pedido, deferindo-o o indeferindo-o. Todo pedido administrativo deve ser respondido (dever de decidir) por força do direito constitucional de petição (art. 5º, XXXIV, a, CF). A decisão deve ser proferida dentro do prazo fixado pela legislação. Inexistindo lei específica, a resposta deve ser dada em prazo razoável.
Questão 5 (3,0 pontos)
(OAB) Anfrísio, servidor público acusado de corrupção ativa, foi submetido a inquérito administrativo regular, sendo afinal demitido a bem do serviço público. Sucessivamente, encaminhados os autos à autoridade policial, esta os converteu em inquérito policial, complementando-o com atos formais e encaminhou-o ao Judiciário. Com vista ao Ministério Público, em longo parecer, requereu este seu arquivamento, sustentando a carência de pressupostos suficientes que tipificassem o delito imputado ao indiciado para efeito de armar seu requisitório. O Juiz em simples despacho acolheu a promoção do Ministério Público e determinou o arquivamento. Anfrísio impetrou mandado de segurança, sustentando ocorrência de coisa julgada formal e material dessa decisão judicial, e, em conseqüência, requereu a anulação de sua demissão e reintegração no cargo, com pagamento de todos os atrasados, desde o respectivo ato de destituição do serviço público e mais verba advocatícia. Como opinaria nessa relação mandamental? Fundamente.
Gabarito - O mandado de segurança é incabível, pois a questão envolve matéria de fato, por isso que a medida mais adequada, querendo, seria uma ação ordinária objetivando a declaração de nulidade do ato que desligou Anfrísio do serviço público. Embora possa ser postulada, em função do acesso à Justiça, a aludida ação estará fadada ao insucesso. As decisões criminais somente repercutirão na esfera administrativa, quando a absolvição proclamar inexistência de autoria ou de crime, o que não é o caso do problema enfocado. Com o arquivamento, o réu não será beneficiado com a reintegração. Ademais, o mesmo poderá ser reaberto, a qualquer momento mediante
provas novas. O ato praticado pelo agente público que vai de encontro com a ética funcional da Administração Pública, mesmo com o arquivamento, poderá acarretar em responsabilidade e demissão administrativa.
Centro de Ciências Jurídicas – 2011.2

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