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Andrologia Veterinária

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FESO
Medicina Veterinária
Andrologia Veterinária e Biotecnologia da Reprodução
Giselle Keller El Kareh de Souza
(2005)
Índice
Anatomia funcional do sistema genital masculino				pág. 03
	Bolsa escrotal, Testículos							pág. 03
	Ductos eferentes, Epidídimos, Canal deferente			pág. 06
	Cordão espermático, Glândulas acessórias				pág. 07
	Pênis										pág. 08
Diferenciação sexual								pág. 12
Semiologia do sistema genital masculino					pág. 20
	Exame andrológico								pág. 20
Patologias do aparelho reprodutor masculino					pág. 26
	Infertilidade, libido								pág. 26
	Patologias do sêmen							pág. 27
	Patologias de bolsa escrotal, de testículos				pág. 33
	Epididimite									pág. 38
	Espermatocistite, prostatite, hiperplasia prostática			pág. 39
	Pênis e prepúcio								pág. 40
Inseminação artificial								pág. 41
Tecnologia do sêmen – preservação do sêmen				pág. 47
Biotecnologia da transferência de embrião					pág. 51
Reprodução em pequenos animais						pág. 57
Anatomia Funcional do Sistema Genital Masculino
O aparelho genital masculino é composto por testículos, bolsa escrotal, epidídimo, ducto deferente, uretra pélvica, glândulas sexuais acessórias e pênis.
Bolsa Escrotal
Sua forma e posição variam com a espécie: no bovino, a posição da bolsa escrotal é ingnal, no eqüino e no cão é intermediária e no suíno e gato é perineal. É composta por:
Pele: fina, sem gordura subcutânea e geralmente sem pêlos (exceto nos bovinos europeus). Rica em glândulas sudoríparas, principalmente o garanhão (cavalo).
Túnica dartos: tecido muscular liso, colágeno e conjuntivo. É um prolongamento do peritônio. Divide o testículo em duas lojas (partes), formando um sulco externamente na pele.
Túnica vaginal: tem papel importante na termorregulação.
Músculo cremaster: apenas na parte dorsal da bolsa, também tem papel importante na termorregulação, aproximando ou afastando os testículos do corpo. Parte dele se insere na túnica dartos e na vaginal.
A temperatura testicular deve estar 4 ou 5ºC abaixo da corpórea, para que ocorra a espermatogênese e a maturação dos espermatozóides.
Os tecidos da bolsa escrotal devem ser muito elásticos, para suportarem a distensão e aproximação do corpo pelo cremaster. Algumas patologias comprometem essa elasticidade, levando o animal a esterilidade.
Testículos
São as gônadas masculinas, onde se formam os espermatozóides. É o órgão primário da reprodução. Suas funções são a produção de gametas masculinos e produção de hormônios. É composto por:
Túnica albugínea: tecido fibro-muscular (conjuntivo e colágeno) muito vascularizado. Reveste os testículos. Nos pólos a túnica albugínea se condensa (sendo composta apenas de tecido conjuntivo) e penetra no testículo, servindo de sustentação para os túbulos seminíferos, formando no centro o mediastino testicular (exceto no cavalo, onde não é tão aparente), dividindo o testículo ao meio. Do mediastino saem trabéculas que dividem o testículo em lobos.
Parênquima testicular: túbulos seminíferos e tecido intersticial. Os túbulos seminíferos são constituídos por tecido conjuntivo.
Células de Leydig: localizadas no tecido intersticial. São produtoras de testosterona.
Células de Sertoli: As células de Sertoli são grandes e possuem invaginações em sua parede. As células da linhagem espermiogênica e os espermatozóides ficam inseridos nestas invaginações. Encaixam-se (as células de Sertoli) umas nas outras por ligações juncionais. Fazem uma barreira hematotesticular, para proteger os espermatozóides contra bactérias que podem chegar através do sangue, que passa logo abaixo, pelo tecido conjuntivo.
Suas funções são:
Sustentação e proteção das células da linhagem espermática;
Nutrição dos gametas;
Formação de barreira testicular;
Fagocitose de gametas danificados e restos celulares;
Secreção da proteína de ligação com androgênio (PLA ou ABP);
Secreção de estrogênio;
Secreção de inibina.
Secreção de MIF no desenvolvimento embrionário.
Produz PLA (ou ABP em inglês), que consiste em uma proteína que faz ligação com o androgênio (testosterona).
O acúmulo de espermatozóides no epidídimo envia um impulso para o hipotálamo, que por sua vez envia impulso para a célula de Sertoli produzir inibina. A inibina cai na corrente sangüínea, chega ao hipotálamo que envia impulsos para a hipófise parar de produzir FSH e LH.
O FSH age dentro dos túbulos seminíferos, estimulando a célula de Sertoli a produzir ABP e a espermatogênese - a fase de espermatocitogênese, que vai de espermatogônia a espermátide, já a fase de espermiogênese (de espermátide a espermatozóide) é estimulada pelo ICSH (hormônio estimulante das células intersticiais – é o LH, mas recebe este nome nos machos) e pela testosterona.
O LH (ICSH) estimula as células intersticiais (de Leydig) a produzirem testosterona. Essas células se localizam fora do túbulo seminífero, no interstício.
A testosterona tem peso molecular baixo e não consegue passar sozinha para dentro do túbulo seminífero. A ABP passa do túbulo para o interstício, se liga a testosterona, aumentando seu peso molecular e passam para dentro do túbulo. A espermatogênese só ocorre em presença da testosterona.
A testosterona se auto-regula. Quando está em grande quantidade promove feedback negativo com o hipotálamo e a hipófise, para liberar menos ICSH. Quando está em pouca quantidade, estimula a liberar mais.
A prolactina também estimula as células de Leydig.
Células da linhagem espermática: espermatogônia, espermatócito I e II, espermátide e espermatozóide.
Espermatogônias – têm origem fetal, mas só se desenvolvem (amadurecem) na puberdade. Se dividem mitoticamente originando novas espermatogônias. Parte dessas novas espermatogônias param de sofrer mitose e se diferenciam, originando os espermatócitos I. A outra parte continua originando (sendo fonte) novas espermatogônias (que são 2n).
Espermatócitos I ou Cito I – sofrem meiose, originando as cito II. Essa meiose é reducional, passam de 2n para n (metade dos cromossomos). A cito I ainda é 2n, as cito II é que serão n.
Espermatócitos II ou Cito II – são n. Sofrem nova meiose, mas dessa vez não é reducional e sim equacional, originando as espermátides (n).
Espermátides – sofrem citomorfose e originam os espermatozóides.
O processo todo se chama Espermatogênese. O processo final (a citomorfose) é chamado de Espermiogênese.
Obs: tempo de formação dos espermatozóides: de espermatogônia até espermatozóide: aproximadamente 60 a 70 dias. Se o animal sofrer algum tipo de traumatismo nos testículos (ex: coice que leva a orquite) poderá ficar infértil por algum período. Tratar o animal e depois de recuperado aguardar por 70 dias para fazer novo exame de fertilidade. Caso de inflamação de bolsa escrotal (e não de orquite, que é inflamação do testículo) trata-se com antiinflamatório e a produção do sêmen pode até ficar diminuída, mas o animal não fica infértil. Pode-se tratar com cartilagem de peixe (ômega 3), pois os AGV’s participam da formação da membrana plasmática dos espermatozóides.
Obs: Hidrocele (acúmulo de plasma entre as túnicas vaginal e parietal da albugínea) nos bovinos leva a infertilidade, mas no eqüino não (só em casos muito graves).
A origem fetal dos testículos é igual a dos ovários: caudal ao rim, na cavidade abdominal. Os testículos migram até a bolsa escrotal com o auxílio de um tecido gelatinoso, que só existe no feto, chamado Gubernáculo. Os testículos ficam na borda do anel inguinal profundo e, por uma diferença de pressão (grande na cavidade abdominal e pequena na bolsa escrotal) causada por exercício físico do animal, saem caindo na bolsa escrotal. O gubernáculo regride e fica ligado a cauda do epidídimo formando o ligamento da cauda do epidídimo.
As estruturas que nutrem e inervam o testículo descem junto com ele, formando o Cordão ou Funículo Espermático. Estas estruturassão: Artéria Testicular e Veia Testicular (que se enovelam formando o Plexo Pampiniforme), Plexo Nervoso Testicular, Linfático Testicular, Ducto Deferente, Túnica Vaginal Visceral, Músculo Cremaster.
O plexo pampiniforme tem a função de resfriar o sangue que sai do corpo para o testículo, e de reaquecer o sangue que está voltando para o corpo (já que ele sofre um resfriamento em torno de 4(C por estar fora da cavidade abdominal). Conforme o sangue arterial vai chegando ao testículo, vai sendo resfriado pelo sangue venoso, que está voltando. Da mesma forma, quando o sangue venoso vai chegando ao corpo sofre reaquecimento pelo arterial.
Pode acontecer de os testículos não descerem, quando isso acontece o animal é chamado de criptorquida, ou roncolho.
Obs: Uma ultra-sonografia testicular normal produz imagem monótona (toda por igual). Se houver alguma diferenciação é porque está alterado.
Pode-se fazer punção aspirativa no lobo testicular, coletando túbulos seminíferos para biópsia (faz-se um esfregaço).
Os testículos se posicionam de acordo com a bolsa escrotal:
Vertical e entre as coxas: poligástricos.
Horizontal e entre as coxas: eqüídeos.
Oblíquo e perineal: suínos.
O peso também varia de acordo com a espécie:
Touro: 200 a 500g.
Garanhão: 200 a 300g.
Carneiro: 200 a 400g.
Varrão: 250 a 300g.
Cão: 7 a 15g.
Ductos eferentes
São os responsáveis pela conexão dos testículos (rede testis) com os epidídimos.
Os túbulos seminíferos desembocam nos túbulos retos, que formam a rede testicular (rede testis), desembocando nos túbulos eferentes, que se unem formando um único tubo todo enovelado, que é o epidídimo.
Epidídimos
São formados pela túnica albugínea, tecido conjuntivo e ducto epididimário. Dividem-se em cabeça, corpo e cauda. É possível palpá-lo diferenciando-se as partes, menos a cabeça que é mais difícil. Na cauda se consegue palpar o gubernáculo (resquício embrionário). Se houver rotação de testículo pode-se perceber na palpação pela localização da cauda. Dependendo da gravidade pode-se retornar o testículo à posição normal com a palpação.
Suas funções são:
Transporte espermático dentro dos testículos: na cabeça a impulsão é feita pela pressão líquida e pela contração da musculatura lisa da túnica albugínea. Pelo corpo e até a cauda é feita pela contração da musculatura da túnica albugínea e por movimentos ciliares.
Concentração: ocorre absorção de líquidos, aumentando a concentração dos espermatozóides.
Maturação: ocorre retirada da gota protoplasmática proximal (resquício do citoplasma da espermatogônia) ao longo do trajeto, sofrendo movimentação pelo espermatozóide, indo da cabeça (proximal) à cauda (distal) e desaparecendo. O não desaparecimento desta gota leva a má formação de espermatozóides.
Secreção: anti-aglutininas (para evitar que os espermatozóides se aglutinem, o que dificultaria seu transporte e locomoção) e gliceril-fosforil-colina (fonte de energia).
Armazenamento de espermatozóides: ocorre na cauda do epidídimo.
Absorção seletiva: ação de espermiófagos, que fazem fagocitose de espermatozóides defeituosos.
Canal deferente
É um prolongamento do epidídimo, tendo a mesma estrutura. Em algumas espécies o canal deferente sofre uma dilatação em sua porção final formando a Ampola. Cães e gatos não possuem essa ampola.
Sua função é transportar os espermatozóides da cauda do epidídimo até a uretra pélvica, onde se abre em um orifício (óstio ejaculador), localizado no culiculus seminalis.
Cordão espermático
Localiza-se dentro da bolsa escrotal, mas é externo ao testículo. Composto por várias estruturas:
Músculo cremaster;
Vasos (artéria e veia espermática ou testicular, linfáticos);
Nervos;
Canal deferente;
Tecido conjuntivo;
Túnica vaginal.
Como já dito anteriormente, o enovelamento da artéria e da veia espermática forma o plexo pampiniforme.
Suas funções são:
Termo-regulação testicular (cremáster e plexo-pampiniforme).
Nutrição do testículo e epidídimo (vasos sangüíneos).
Sustentação do testículo e epidídimo na bolsa escrotal.
Escoamento dos espermatozóides através do canal deferente.
Glândulas Acessórias
Glândulas Vesiculares ou Vesículas Seminais – o cão e o gato não possuem. É um órgão duplo, cilíndrico, lobulado (no eqüino tem forma de saco) e de cada lóbulo sai um ducto que deságua no ducto excretor principal, o qual penetra na musculatura da uretra pélvica e funde-se com a ampola no óstio ejaculador. Em processos inflamatórios (vesiculite) pode-se perder essa lobulação. É responsável pelo aumento de 50% do volume do sêmen, pelo fornecimento de nutrientes para o metabolismo espermático e por um sistema tampão para os espermatozóides. Quando normal é quase impossível de palpar, apenas quando há anormalidades se consegue com mais facilidade. Para diagnóstico preciso só com ultra-sonografia.
Próstata – órgão único, presente em todas as espécies domésticas. Divide-se em corpo e disseminada (envolvendo a uretra). O cão só tem o corpo da próstata, que exerce a função de todas as glândulas. O corpo da próstata é lobulado e se encontra sobre a uretra pélvica, enquanto a próstata disseminada fica inserida na musculatura da uretra pélvica, envolvendo-a, na qual se abre através de vários orifícios (sendo dois no cão e no gato). Sua função é de adicionar volume ao sêmen e neutralizar o pH ácido da uretra (bicarbonatos e citratos), fazendo uma limpeza prévia para a passagem dos espermatozóides. Possui importância clínica maior no cão. É avaliada por ultra-sonografia.
Bulbo Uretral – é um órgão duplo, de forma ovóide (exceto no suíno, onde é cilíndrico). No ruminante encontra-se sob o músculo ísquio-cavernoso. O cão não tem. Sua função é semelhante à da próstata, liberando um primeiro líquido (geralmente sem espermatozóides), fazendo uma limpeza do canal uretral. Difícil de sensibilizar na palpação.
Obs: Transporte de espermatozóides no trato genital masculino: túbulos seminíferos – túbulos retos – rede testis – canais eferentes – ducto epididimário – cauda do epidídimo – canal deferente – pênis.
Pênis
Divide-se em corpo e glande. Composto por:
Túnica albugínea.
Corpo cavernoso do pênis (trabéculas de tecido conjuntivo e colágeno, com sistema intenso de vasos).
Corpo cavernoso da uretra.
Possui dois tipos:
Fibro-elástico – pequena capacidade de distensão (ruminantes e suínos).
Rico em tecido erétil – aumenta muito de tamanho (eqüideos).
Podem ter duas formas:
Em “S” – ruminantes.
Retilíneo – demais espécies.
Suas funções são:
Cópula.
Eliminação do sêmen.
Eliminação da urina.
Ao ejacular, a função do pênis é depositar o sêmen no canal vaginal, de preferência dentro do útero ou o mais próximo possível dele. Para isso ele precisa estar ereto. Esta intumescência ocorre graças a um mecanismo dos vasos sangüíneos que irrigam o pênis: o fluxo sangüíneo vindo da artéria aumenta e o que sai pela veia diminui, aumentando o volume sangüíneo nos corpos cavernosos, o que causa a intumescência do pênis. No processo contrário (detumescência) diminui o fluxo vindo da artéria e aumenta o das veias.
Os corpos cavernosos podem ser musculares ou fibroelásticos. Os musculares (musculocavernosos) aumentam mais de volume do que os fibroelásticos, pois possuem mais espaço. São encontrados em eqüinos, cães e gatos. O fibroelástico ocorre em ruminantes e suínos.
O corpo cavernoso se origina de dois pilares que saem do osso coxal. Na união dos dois pilares (que se unem para formar o corpo cavernoso) há a formação de um septo, que se desfaz ao longo do corpo cavernoso. A uretra passa abaixo do corpo cavernoso e é envolta por um tecido esponjoso, também erétil, chamado de corpo esponjoso da uretra. Se origina entre os dois pilares no osso coxal. Em sua origem (porção caudal), possui uma dilatação chamada de Bulbo do Pênis. Possui outra dilatação, cranial, que forma a glande do pênis.
Possui dois músculos importantes: Músculo Ísquio Cavernoso (sai doísquio do coxal e cobre os pilares) e o Músculo Bulbo Esponjoso. Ambos, quando contraem, aumentam o volume sangüíneo na região cranial do pênis, aumentando a rigidez nessa região, o que facilita e auxilia a penetração do pênis na vagina. Outro músculo, o Músculo Retrator do Pênis, que sai da região caudal (vértebras caudais), faz a retração do pênis pós-coito para dentro do prepúcio. O que faz ele sair do prepúcio é o aumento de volume.
Nos animais com corpo cavernoso fibroelástico, onde não há muito aumento de volume, o pênis é dobrado. Quando enrijece ele estica, se desdobrando, e sai do prepúcio. Essa dobra é em forma de S (possuindo na verdade duas dobras) e é chamada de “S” peniano ou Flexura Sigmóide. O músculo retrator, neste caso, se fixa na segunda dobra, a mais cranial.
A glande é variável de acordo com a espécie:
O touro possui uma pequena cicatriz na glande, pois quando jovem possui o pênis “soldado” ao prepúcio (por um ligamento), se descolando ao tornar-se adulto.
Bode e carneiro possuem um prolongamento (2 a 3cm) da uretra (apêndice vermiforme), que sofre várias torções no momento da ejaculação, lançando sêmen por toda a cérvix.
O eqüino possui uma discreta projeção da uretra formando o Processo Uretral e uma pequena depressão denominada de fossa uretral. O processo uretral facilita a ejaculação intra-uterina, pois se “encaixa” na cérvix.
O cão apresenta duas regiões: “pars bulbalis” e “pars distalis”. Na ejaculação (lenta) e com a ereção, a “pars bulbalis” aumenta de tamanho e volume. Seu corpo cavernoso é ossificado formando o Osso Peniano (mas não se ossifica na raiz), localizado no corpo e no ápice do pênis. A glande recobre o corpo do pênis e forma um bulbo (que só termina de intumescer dentro da vagina). É a glande que aumenta de volume, pois o corpo cavernoso já está duro, pois é ossificado. Como o bulbo só termina de aumentar de volume dentro da vagina, após a cópula o pênis fica “preso” na vagina, até que o sangue no bulbo seja drenado e ele retorne a seu volume original.
O gato urina para trás, pela posição de seu pênis. Ele possui mais corpo cavernoso caudalmente, o que faz com que, ao intumescer, ele se projete para frente. Seu pênis possui espículos (60 espinhos de cada lado), que servem para estimular a vagina da gata para que ela ovule. Esses espículos chegam a machucá-la e até a fazem sangrar, mas a gata só ovula por estimulação. O sangue liberado na vagina da gata melhora o pH local, aumentando a viabilidade dos espermatozóides.
Os ovinos e caprinos possuem um processo filiforme, que é um prolongamento da uretra.
O pênis do suíno (cachaço) é em espiral, no mesmo formato da cérvix da fêmea.
Prepúcio
Dupla invaginação da pele, com estrutura simples: apresenta um orifício distal (óstio prepucial). O prepúcio forma duas dobras, onde podem se acumular restos de urina, muco e sujeira. Deve ser limpo com água para evitar doenças, mas sem exagero (não usar sabão nem antibacterianos), pois desenvolve uma flora normal que acaba por proteger o local de outros microrganismos patogênicos. No suíno, além das dobras, ainda existe um divertículo prepucial, sem função conhecida.
O Bos taurus possui prepúcio curto, enquanto o Bos indicus possui prepúcio longo e pedunculoso. Essa característica desvalorizou essas raças no Brasil, e os que continuaram a utilizá-las procuraram selecionar os animais visando não valorizar essa característica, pois levava à muitas lesões no prepúcio (arrastava no chão, em cercas e arames), gerando balanopostite, postite, etc.
Bezerros urinam com o pênis dentro do prepúcio, pois estão aderidos por um ligamento. Após a puberdade se descolam deste ligamento e passam a expor o pênis (daí a cicatriz).
Obs: Com a cópula ocorre estímulo da glande e do pênis, que levam ao estímulo do hipotálamo e neuro-hipófise, liberando ocitocina. A ocitocina provoca a contração da musculatura lisa da cauda do epidídimo e o peristaltismo do canal deferente, levando os espermatozóides para o culliculis seminalis (onde se encontram as glândulas vesiculares). As glândulas acessórias se contraem e lançam o plasma (secreções) no culliculis. O sêmen (plasma + espermatozóides) sai pela uretra peniana em jato, sendo depositado na vagina ou no útero da fêmea.
Caso Clínico:
Um eqüino sofreu um coice no testículo e lesou os vasos seminíferos, caindo espermatozóides na corrente sangüínea. Com isso o organismo desenvolveu anticorpos contra os espermatozóides, tornando o cavalo infértil. Para resolver o problema, em época de cobrição, medicavam o animal com doses maciças de corticóides para deprimir seu sistema imune e conseguir coletar esperma. Neste caso, isolava-se o animal para evitar que contraísse doenças.
Diferenciação Sexual
Embriologia do sistema genital
A diferenciação sexual embrionária passa por três fases. A primeira onde se desenvolvem os órgão sexuais primários; a segunda onde forma-se o sistema genital tubular; e a terceira, onde origina-se a genitália externa.
Órgãos sexuais primários: ovários e testículos (ambos derivam da crista genital).
Sistema genital tubular: tubas uterinas, útero e vagina anterior (fêmeas); ductos eferentes e deferentes e túbulos seminíferos (machos). Derivam dos ductos mesonéfricos (ducto de Wolf – machos) e paramesonéfricos (ducto de Müller – fêmeas) embrionários.
Genitália externa: vulva, vestíbulo, vagina posterior e clitóris (fêmeas); pênis e bolsa escrotal (machos). Derivados do seio urogenital, pregas urogenitais e tubérculo (ou botão) genital. O tubérculo genital pode ser visto no ultra-som – possui o formato de dois riscos e é hiperecóico ao cordão umbilical. Para fazer a sexagem fetal identificar a posição do tubérculo:
Macho: próximo ao cordão umbilical.
Fêmea: próximo aos membros pélvicos (região ingnal).
O macho só será verdadeiramente macho se passar pelas três fases de diferenciação sexual sem problemas. Caso contrário poderá nascer hermafrodita ou pseudo-hermafrodita. Isso ocorre porque normalmente o desenvolvimento do embrião seguiria para a formação de uma fêmea. Para formar um macho, é necessário que várias etapas da formação embrionária sofram estímulo ou inibição, de acordo com hormônios e substâncias que são secretados pelo cromossoma Y e posteriormente pelo testículo. Erros nestas etapas farão com que o embrião sofra má-formação em suas características sexuais, como veremos mais detalhadamente a seguir.
Obs: 	Hermafrodita verdadeiro: apresenta uma ou ambas as gônadas com tecido ovariano.
	Pseudo-hermafrodita: apresenta gônada de um só sexo e genitália do sexo oposto ou de ambos.
Sexo genético
É formado no momento da fecundação. Todo óvulo é X. Os espermatozóides podem ser X ou Y. Ao fecundar o óvulo, o macho define o sexo do feto, de acordo com o espermatozóide que fecundar esse óvulo (se X ou Y). O pH da vagina pode estimular o espermatozóide X ou o Y, dependendo da ambientação de cada um à este pH.
O espermatozóide (sptz) Y é mais leve e veloz que o sptz X, que por ser maior é mais lento. Em compensação, o sptz X é mais resistente e dura mais que o Y. Dependendo do momento da cópula (se antes ou após a ovulação) favorece-se mais a formação de machos ou de fêmeas: como o Y chega primeiro ao local da fecundação, se a cópula ocorrer no momento ou após a ovulação, favorecerá a formação de um macho; mas como o X é mais resistente, se a cópula ocorrer antes da ovulação, favorecerá a formação de uma fêmea, pois provavelmente os sptzs Y já terão morrido quando ocorrer a ovulação.
Obs: Pode-se centrifugar o sêmem e selecionar os mais pesados (ou os mais leves) de acordo com a preferência por macho ou fêmea – os sptzs X se depositarão no fundo. Existe uma máquina (Sephandex) que separa os sptzs por peso molecular, tendo apenas 1% de erro.
Complemento cromossômico masculino: 44 autossomos e 2 cromossomos sexuais (X e Y), ativos nas células germinativas.
Complemento cromossômico feminino: 44 autossomos e 2 cromossomos sexuais (Xe X) ativos nas células germinativas.
XO: fenótipo feminino com gônadas defeituosas. A diferenciação dos ductos genitais e da genitália externa do padrão feminino requer apenas um cromossomo X, já que o natural é o desenvolvimento de fêmea. Além disso, o segundo X é inativado cedo em todos os tecidos extragonádicos.
Fatores formadores de testículo
Sem o cromossoma Y o embrião não desenvolve testículo nem padrão genital masculino. Naturalmente, o embrião desenvolveria ovários, mas na presença de um cromossomo Y este processo natural é interrompido e forma-se testículos.
Fator determinante de testículo (TDF): localizado na porção distal do cromossoma Y (braço curto). Este fator codifica uma proteína que se fixa às moléculas de DNA. É o responsável pela expressão do gene Y que formará o testículo.
HY (antígeno de histocompatibilidade): presente na superfície de todas as células masculinas, exceto nas células germinativas diplóides. Impede transplante de tecido de machos para fêmeas.
Obs: experimentos com camundongos comprovaram que introduzindo o antígeno HY na gônada indiferenciada ela evoluía para testículo.
O DNA do cromossoma Y não é suficiente para completar a masculinidade do embrião. Sem o TDF e o HY as transformações embrionárias necessárias para que o embrião se desenvolva por completo em macho não ocorrem.
A virilização dos ductos genitais e da genitália externa depende de receptores para andrógenos (testosterona).
Desenvolvimento gonadal (sexo gonadal)
Controle genético (XX ou XY).
Células germinativas primordiais se diferenciam no blastocisto de cinco dias de idade.
As gônadas originam-se de um espessamento da região média do mesonéfron, chamada de crista genital (próximo ao rim).
Durante as 5 primeiras semanas de gestação as gônadas se desenvolvem em padrões sexualmente indistinguíveis – ainda não sofrem diferenciação. Após as 5 semanas as células germinativas da gônada migram ou para a região cortical (fêmea) ou para a região medular (macho).
A fase gonadal só se confirma (se macho ou fêmea) após 70 a 90 dias de formação. A partir de então começa a haver produção hormonal (testosterona) – até então não foi necessário para formar as estruturas (diferenciação sexual fenotípica).
Desenvolvimento do ovário – início com 9 semanas
Aos 22 à 24 dias – células germinativas presentes dentro do endoderma do saco vitelínico. Ainda é gônada indiferenciada.
Migração de células germinativas primordiais do endoderma do saco vitelínico para a crista genital:
Células germinativas primordiais (ainda indiferenciadas). Irão originar:
Ovogônias – ovócitos;
Espermatogônias – espermatozóides.
Gônada indiferenciada (cortical e medular) – composta por: epitélio celômico; células do estroma mesenquimal; células germinativas.
As células germinativas primordiais povoam os cordões sexuais que se formam na região cortical das gônadas embrionárias. A partir de então já é uma gônada diferenciada, ou seja, feminina. Há predomínio do córtex no ovário, enquanto a medular regride. No ovário diferenciado há produção de estrogênio.
Os cordões sexuais se formam a partir da proliferação de células do epitélio celômico da crista germinal (também chamado epitélio germinal).
Na fêmea não são formadas conecções entre os oócitos (óvulos) e os túbulos – que se transformarão em ovidutos (derivados dos Ductos de Müller).
Os oócitos liberados através da ovulação são captados pelas fímbrias para dentro do oviduto.
	Cordões sexuais
	Células foliculares (da granulosa) – envolvem o oócito
	Mesênquima da crista genital
	Células da Teca
	Folículo
	Oócito, células da granulosa e da Teca
Desenvolvimento do testículo – também na nona semana.
Até a quinta semana, o desenvolvimento se dá da mesma forma que na fêmea, pois até então as gônadas são indiferenciadas.
A partir da quinta semana: células germinativas primordiais migram para a crista genital e povoam os cordões sexuais que se formam de uma invaginação da superfície epitelial (celômico) – se invaginam para dentro da região medular.
Com 6 a 7 semanas após, os cordões sexuais originam as células de Sertoli.
As células de Leydig se originam do mesênquima da crista genital, com 8 a 9 semanas.
Os túbulos seminíferos começam a se formar quando as células de Sertoli cercam as células germinativas.
Reconhecimento do testículo diferenciado: secreção de testosterona.
A medular do testículo é anatomicamente dominante, enquanto a córtex regride.
A invaginação dos cordões sexuais continua para dentro da região medular da gônada embrionária, onde se conecta com cordões medulares dos mesonefros (rins primitivos).
O ducto dos mesonefros (Ducto de Wolff) transforma-se em epidídimo, vasos deferentes e uretra. O que permite que os gametas masculinos sejam deslocados através de um sistema tubular fechado.
Sexo genital (fenotípico)
Até este momento do desenvolvimento fetal, a diferenciação sexual não requer ação hormonal. Ou seja, para diferenciação da gônada, não é necessário a ação de nenhum hormônio. Mas para diferenciação dos demais órgãos sexuais (ductos genitais e genitália externa masculina) a influência hormonal é fundamental. Na ausência desta ação hormonal (testosterona) de origem gonadal, o formato destes órgãos será o feminino.
Ainda no estágio indiferenciado (entre a terceira e a sétima semanas) há o desenvolvimento de dois ductos genitais em cada lado: Ductos de Müller e de Wolff.
No macho, a partir da nona semana, há o crescimento dos ductos de Wolff, através do estímulo da testosterona, e a regressão dos de Müller, pela ação do MIF.
Com o surgimento das células de Sertoli se inicia a produção de MIF (fator de inibição Mülleriano) ou AMH. A regressão dos ductos de Müller (que formaria os órgãos sexuais femininos) ocorre com 7 a 8 semanas. Também é responsável pela organização dos túbulos seminíferos nos testículos e pela descida destes pelo canal inguinal.
Se um macho nascer com órgãos femininos, significa que houve deficiência na produção de MIF pelas células de Sertoli.
O ducto de Wolff forma: Epidídimo, Canal Deferente, Vesículas Seminais e Canal Ejaculador.
Em fêmeas, pela ausência de produção de testosterona, ocorre a regressão dos ductos de Wolff e o desenvolvimento dos ductos de Müller. O desenvolvimento se inicia entre 10 a 11 semanas, e não requer nenhum hormônio ovariano.
Os ductos de Müller originam as Trompas de Falópio (tubas uterinas), Útero, Cérvix e Vagina Posterior. O desenvolvimento está completo com 18 a 20 semanas.
Funções dos hormônios esteróides: (andrógenos) diferenciação sexual, estímulo dos caracteres secundários, espermiogênese, são responsáveis pela descida dos testículos, libido, ereção e ejaculação, função anabolizante e funcionamento do epidídimo.
Obs: o mecanismo de ação dos hormônios protéicos é através de receptores de membrana específicos no órgão alvo. O mecanismo de ação dos hormônios esteróides se dá no citoplasma da célula, com a união hormônio x receptor.
Genitália externa – se inicia com 9 a 10 semanas.
No macho, a testosterona deve ser secretada para a circulação do feto e convertida a Diidrotestosterona, auxiliada pela enzima 5α-redutase. A diidrotestosterona é responsável pelo desenvolvimento da genitália externa masculina. Na ausência dela, não se desenvolve o pênis, nem a bolsa escrotal.
Esquema de diferenciação sexual
	Remanescentes embrionários
	♂
	♀
	Tubérculo genital
	Glande
	Clitóris
	Proeminência genital
	Bolsa escrotal
	Grandes lábios
	Pregas uretrais
	Uretra peniana
	Pequenos lábios
	Seio urogenital
	Próstata
	Vagina inferior
Anormalidades da diferenciação sexual
Por algum problema durante a formação embrionária, seja por deficiência hormonal, cromossomial, etc., podem surgir alterações na diferenciação sexual. As mais comuns são:
Síndrome de Turner (humanos) – também pode ocorrer em animais.
	Estado genético
	XO
	Gônada
	Estria fibrosa, combaixa produção de estrogênio
(não tem característica de ovário normal)
	Ducto Mülleriano
	Desenvolvido
	Ducto Wolffiano
	Regredido (normal em fêmeas)
	Genitália externa
	Feminina
(estatura baixa, mamas ausentes ou rudimentares)
Síntese de testosterona deficiente
	Estado genético
	XY
	Gônada
	Testículo
	Ducto Mülleriano
	Regredido (normal em machos)
	Ducto Wolffiano
	Parcialmente regredido
	Genitália externa
	Feminina e masculina
5α-redutase deficiente
	Estado genético
	XY
	Gônada
	Testículo
	Ducto Mülleriano
	Regredido
	Ducto Wolffiano
	Desenvolvido
	Genitália externa
	Feminina e masculina
(falta da diidrotestosterona)
Síndrome de Klinefelter (humanos) – nos animais também existe, mas com outras denominações.
	Estado genético
	XXY
	Gônada
	Testículo
	Ducto Mülleriano
	Regredido
	Ducto Wolffiano
	Desenvolvido
	Genitália externa
	Masculina
O aparelho reprodutor é pequeno, tem alta estatura, apresenta magreza, não tem libido e é sub-fértil ou infértil.
Estudo dirigido / Casos clínicos:
Um médico veterinário foi chamado a uma fazenda para examinar alguns animais. Dentre estes animais foi observada uma fêmea com agenesia ovariana bilateral e outra com hipoplasia ovariana, um macho com agenesia de epidídimo e outro com presença de pênis e clitóris. Pergunta-se:
Qual a deficiência / problema com estes animais, respectivamente?
R: Na primeira fêmea (agenesia ovariana), pode ser um caso de fêmea com genótipo XY, que na formação embrionária teve deficiência de TDF e/ou HY. A segunda fêmea (hipoplasia ovariana) pode ser uma fêmea com genótipo XO, que por conseqüência teve má formação ovariana.
O macho com agenesia de epidídimo provavelmente teve deficiência na produção de testosterona pelas células de Leydig, pois a testosterona é quem estimula a diferenciação dos ductos de Wolff, formando entre outras estruturas o epidídimo.
O macho com pênis e clitóris deve ter tido deficiência de MIF, pelas células de Sertoli, não inibindo o ducto de Müller que acaba se desenvolvendo também.
Um garanhão foi examinado pelo veterinário e observou-se ausência de ambos os testículos na bolsa escrotal. Pergunta-se:
O que provavelmente ocorreu com este animal?
R: Provavelmente é um criptorquida bilateral, pois se fosse agenesia dos testículos ou deficiência de 5α-redutase não haveria produção de testosterona nem de diidrotestosterona, portanto não haveria formação normal do pênis.
Ao coletar sêmen do animal, espera-se encontrar espermatozóides?
R: Provavelmente não, pois a espermatogênese depende de temperatura mais baixa que a corpórea (4 a 5ºC) para ocorrer.
Em relação à libido, o que se espera observar (normal ou alterada)?
R: Normal, pois a produção de testosterona é normal.
Semiologia do Sistema Genital Masculino
Indicações
Seleção e comercialização de reprodutores: verifica-se características morfológicas e qualidade de sêmen. Essa seleção também é voltada para exposições, melhoramento genético (avalia-se a eficiência reprodutiva).
Avaliação do potencial reprodutivo: a avaliação deve ser feita antes, durante e após a estação de monta.
Diagnóstico de sub ou infertilidade: se as fêmeas não estão prenhando, verificar se o problema é com o macho.
Diagnóstico de ocorrência de puberdade: se o macho já está apto a cobrir.
Preservação de sêmen “in vitro”: resfriado ou congelado (biotecnologia da reprodução).
Exame andrológico
O exame andrológico irá avaliar a capacidade reprodutiva do animal e fornecer um laudo. Deve-se ter muito cuidado com armações sobre a propriedade do animal, pois pode-se usar o laudo fornecido pelo médico veterinário para obter algum tipo de vantagem (fraude). Para evitar esse tipo de problema, deve-se preencher o documento com todas as informações de identificação possíveis.
Quando o animal demonstrar estar inapto para reprodução no momento do exame, no laudo deve-se colocar a validade do exame para 60 dias, pois se o quadro for reversível este será o tempo médio que levará para já estar novamente apto (dependendo do problema).
Identificação:
Proprietário e propriedade: todas as referências – nome e endereço do proprietário e da propriedade, e-mail, telefones, fax.
Animal: nome, raça, idade, pelagem, número de registro (se registrado em alguma associação – se possível anexar cópia do registro), peso (se não houver balança, o peso aproximado), resenha (descritiva e gráfica), filiação, marcas (de registro, da associação, da propriedade), foto.
Exame clínico:
Anamnese: coletar informações sobre alimentação, manejo, vermifugação, como é seu comportamento com as fêmeas, libido, qual foi o resultado de cobrições anteriores, etc.
Exame clínico geral: em estação e locomoção. Se for eqüino de sela vê-lo montado (é uma boa forma de verificar sua índole). Examinar mucosas, auscultação, flexão de locomotores (sistema músculo-esquelético), cascos, etc.
Exame do sistema genital: cuidado com a aproximação (deve-se conter o animal), principalmente com os de raças mais sangüíneas. A aproximação deve ser feita pelo lado esquerdo (pois é o lado onde é feita a doma e a monta, portanto o animal está mais acostumado). Neste exame examina-se:
Escroto: existência de lesões, mobilidade (deve ter mobilidade), sensibilidade (não deve apresentar), espessura, temperatura (mais baixa que a da mão, em torno de 34ºC) e presença de aderências (se existirem significa que já houve lesão anterior).
Testículos: se ambos estão na bolsa escrotal, forma, presença de papilomas, simetria, consistência, mobilidade, sensibilidade, temperatura, posição (varia de acordo com a espécie), tamanho (também é variável com a espécie) e biometria testicular (muito usada em touros - mensuração de tamanho, largura, peso, etc.). Assimetria testicular pode ser indicativa de degeneração anterior ou atual. Ver histórico do animal.
Epidídimos: são palpáveis. Verificar corpo, cabeça e cauda, tensão, forma, simetria, tamanho, etc.
Cordões espermáticos: têm em torno de 3mm de espessura (mensurar com ultra-som). Se estiver muito grosso ou com algumas estriações (varizes) pode ser derrame causado por alguma lesão. Deve apresentar mobilidade.
Prepúcio: verificar presença de parasitos, lesões.
Pênis: estimular o animal com a presença de uma fêmea, ou com acepram, para que ele exponha o pênis. Só se deve fazer palpação de pênis em caso de necessidade (após o membro estar relaxado, se possível após a monta). Uma indicação para a palpação é a presença de sangue no esperma.
Genitália interna: examinada com o auxílio do ultra-som, mas também deve-se fazer palpação.
Obs: cães têm muito problema de próstata, portanto deve-se examiná-la com o ultra-som.
Comportamento sexual e índole:
Comportamento sexual: diante de uma fêmea em cio o animal deve demonstrar:
Libido: sinais de interesse, excitação pela fêmea (resultando na cópula). Mensurar no laudo o grau de libido de acordo com as reações do animal diante da fêmea.
Fases da cópula: excitação (sinal de Fleming – levantar o beiço para sentir os feromônios, tentando manter o cheiro por mais tempo na narina), aproximação, corte, ereção, monta (verificar se ele já monta com o pênis em ereção: não deve ficar subindo e descendo várias vezes na égua, no máximo duas vezes – o desperdício de energia pode levar a perda do interesse), intromissão, movimentos copulatórios, ejaculação, desmonta e epílogo.
Índole: temperamento na presença de animais e/ou do homem. Pode ser linfático, dócil ou violento. O macho não deve ser agressivo nem conosco nem com a fêmea (principalmente).
Tabela: a tabela abaixo pode ser usada como parâmetro para classificar o comportamento sexual do macho:
	Pontuação
	Atitude
	0
	Sem interesse sexual
	1
	Identificação da fêmea em cio
	2
	Olfação e perseguição insistente
	3
	Tentativa de monta sem salto, com mugido/relincho, deslocamento e masturbação
	4
	Tentativade monta sem salto, com pênis exposto
	5
	Tentativa de monta com salto, sem pênis exposto
	6
	Duas ou mais tentativas de monta, com salto, sem pênis exposto
	7
	Tentativa de monta com salto, pênis exposto, mas sem introdução
	8
	Duas ou mais tentativas de monta com salto e pênis exposto sem introdução
	9
	Monta com serviço completo
	10
	Duas ou mais montas com serviço completo
De 0 a 3: questionável; de 4 a 6: bom; de 7 a 8: muito bom; de 9 a 10: excelente.
O coito em bovinos é muito rápido, em eqüinos um pouco mais demorado. Em eqüinos pode-se sentir a ejaculação palpando a base do pênis durante a cópula. Em bovinos não, pois é muito rápido.
Espermograma: o ideal é fazê-lo em época de monta, quando o animal está sendo usado, pois animais que estão muito tempo sem cobrir ficam com esperma acumulado. Se for fazer o exame fora de época de cobertura, tentar fazê-lo dar ao menos duas montas antes do dia do exame, para que seja feita a coleta da produção normal do animal.
Coleta de sêmen: antes de proceder a coleta (e após) deve-se fazer a higiene do pênis com água morna. Caso haja muita sujidade pode-se usar um sabão neutro. Jamais use anti-sépticos, pois eliminam a flora local e pode abrir um foco de infecção. A coleta pode ser feita através de:
Vagina artificial: é o método mais utilizado e mais fidedigno, usado para garanhão, touro, bode, carneiro. Obtém o volume normal com características de sêmen normais. Deve ser aquecida a ± 42ºC (a água que fica internamente) para simular o ambiente vaginal da fêmea.
Eletro-ejaculador: estimula as glândulas anexas, sendo mais usado em touros com dificuldade em montar (ex: problemas locomotores, idade avançada).
Mão enluvada: estimulação manual. Mais usada em cães e suínos. Usa-se com copo coletor.
Camisa de Vênus: usada em garanhões que não aceitam a vagina artificial. Não é muito utilizada, pois é um método que tem muita sujidade.
Massagem da ampola: também é um método manual. Não é muito utilizado, pois o resultado é ruim.
Estimulação farmacológica: cloridrato de imipramizina; 2mg/kg/PV estimula glândulas anexas e expõe o pênis (ejaculação rápida). Coletar em um copo coletor. 10 minutos depois, aplicar xilazina para relaxar o animal. A quantidade não é ideal, mas em alguns casos é o único método a ser usado. É mais usada em garanhões muito nervosos que não aceitam toque do técnico, nem vagina artificial.
Características de cópula e ejaculação:
Touro, carneiro, bode: coito rápido e ejaculação intra-vaginal.
Garanhão, varrão, cão: coito lento e ejaculação intra-uterina em 3 frações:
No garanhão a 1ª fração é aquosa, a 2ª é o sêmen e a 3ª é um gel (produzido pelas glândulas vesiculares). Na tecnologia do sêmen (coleta) separa-se essas frações para análise individual.
No varrão a 1ª fração é aquosa, a 2ª leitosa e a 3ª viscosa (produzida pelas glândulas bulbo-uretrais).
No cão a 1ª e a 3ª frações são aquosas e a 2ª leitosa (o cão só tem a próstata).
Características físicas do ejaculado: o espermograma consiste em exames imediatos e mediatos:
Imediatos: exames macro e microscópicos, feitos no ato da coleta, pois dependem dos espermatozóides estarem vivos.
Macroscópicos:
Volume em ml (copo coletor com marcação). No garanhão mensurar o volume sem o gel (na vagina artificial se usa um filtro que retém esse gel).
Cor: acinzentado, esbranquiçado (cão), marfim ou amarelado.
Aparência: aquosa ou leitosa – relacionada à densidade e concentração.
pH (papel indicador): deve tender a neutro (não é um exame importante – pouco usado).
Odor: Sui generis. Pode ser alterado pela urina ou presença de sangue.
Microscópico: coloca-se uma gota de sêmen entre lâmina e lamínula aquecidas (por placa aquecedora), evitando alteração no exame. No microscópio observar:
Turbilhonamento: movimento de massa dos espermatozóides em forma de ondas (usado em ruminantes). Classifica-se de 0 a 5.
Motilidade: porcentagem de espermatozóides com movimento progressivo (para frente). É uma avaliação subjetiva, classificando de 0 a 100%. Ideal acima de 70%.
Vigor: intensidade (força e velocidade) com que os espermatozóides atravessam o campo visual. Classifica-se de 0 a 5. Deve ser maior ou igual a 3.
Porcentagem de vivos: conta-se 100 células no esfregaço de sêmen recém corado com eosina citrato ou eosina nigrosina (objetiva de 40x), no qual apenas as células mortas ou parcialmente mortas ficam coradas.
Mediato: exame microscópico feito posteriormente a coleta, pois não depende dos espermatozóides estarem vivos.
Concentração: número de espermatozóides por unidade de volume (mm³ ou cm³). Coloca-se uma gota de sêmen diluída em 19 gotas de água destilada aquecida e homogeneíza-se. Usa-se a câmara de Neubauer. Conta-se os espermatozóides do retículo central da câmara, contando 5 quadrados (os em diagonal). Escolha um “L” do quadrado e conte apenas os espermatozóides que estiverem no centro do quadrado mais os que estiverem com a cabeça neste L.
Patologias do sêmen: verificação e classificação de anormalidades nos espermatozóides.
Características morfológicas dos espermatozóides:
Preparação úmida: quando o sêmen está muito concentrado, o ideal é diluí-lo (com diluente próprio 1:1) para fazer o exame microscópico. Deve-se deixar o sêmen com aspecto leitoso, túrbido e homogeneizar a diluição.
Esfregaços corados: o esfregaço é feito de forma diferente do esfregaço sangüíneo – neste puxa-se a lâmina com a gota, espalhando-a sobre a lâmina, ao invés de empurrar, como no sangüíneo. Os métodos de coloração usados são: Karras (é o mais usado) – amarelo metacromo e azul vitória; e Karras modificado (por Papas – 98) – rosa bengala 1 min, tanino (fixador) 1 min, azul vitória 30 min. Após a coloração visualizar em objetiva de 100 x em imersão (com óleo de cedro).
Teste de estresse à pressão osmótica: verifica a integridade da membrana dos espermatozóides. Os espermatozóides que apresentarem cauda reta são inviáveis, pois a água entrou pela membrana e saiu. Os de cauda dobrada (em vírgula) estão normais, pois tencionam sobre a pressão osmótica, resistindo a ela.
Patologias do Aparelho Reprodutor Masculino
Introdução
O animal fértil é aquele que, solto a campo, ao cobrir um número X de fêmeas (eqüinos 20 e bovinos 25) deve prenhar mais de 80% delas.
O animal com problemas de fertilidade pode ser classificado como:
Sub-fértil: está com seu potencial de fertilização baixo (prenhou menos de 80% das fêmeas), ou seu espermograma detectou mais de 30% de espermatozóides defeituosos. Pode ser uma fase momentânea, mas que com tratamento adequado retorne a normalidade. Por isso é importante que se faça novo exame andrológico após um certo tempo.
Infértil: no atual momento se encontra incapaz de fecundar a fêmea.
Estéril: totalmente infértil (para sempre), incapaz de produzir espermatozóides viáveis. Pode ser de nascença ou adquirido.
A infertilidade pode ser classificada como:
Impotentia Coeundi: Incapacidade de copular. O animal não consegue montar. O problema é no aparelho genital, podendo ter sido causado por trauma (coices), infecção, dor, etc.
Impotentia Generandi: Incapacidade de fecundar. O problema é com os espermatozóides, por patologia espermática, que pode ser causada por stress, alta temperatura, viagens, competições, etc.
Condições que diminuem a libido
Maturidade, idade, experiência: com o passar dos anos o animal pode perder a libido. Algumas raças podem ser mais tardias do que outras, em mostrar interesse pela monta. 
Manejo: se o tratador costuma bater no animal para levá-lo para a cópula, ele irá associar a dor à cópula e perderá a libido. Trabalho sexual exagerado, mudança de ambiente, dor, desconforto, cansaço, presença de pessoas ou de touros dominantes. Até mesmo o parasitismo e superalimentação ou dieta pobre em energia e proteína podem retardar a manifestação da libido em touros jovens. O calor pode interagir na capacidade demonta. A pneumovagina também pode provocar a ausência de ejaculação, pela falta de contato entre a glande e a mucosa vaginal. 
Dor: disfunção dos membros locomotores, égua que escoiceia, qualquer associação da monta com dor irá alterar a libido.
Falha em copular
Falha de ereção.
Drenagem venosa anormal do corpo cavernoso do pênis.
Oclusão dos canais longitudinais do pênis.
Ruptura do corpo cavernoso.
Lesões no prepúcio, fimose, parafimose, necrose do pênis, balanopostite, neoplasias: dependendo do problema leva a amputação parcial ou total do pênis.
Condições que causam falha na ejaculação
Dor localizada: peritonite localizada, lesão nos membros posteriores, artrite, dor peniana, prostatite, inflamação das vesículas seminais.
Reflexo da ejaculação diminuído: lesão nervosa. Lesão neural entre a glande do pênis e a coluna vertebral (estrangulamento do pênis com lesão do nervo sensorial dorsal do pênis, compressão do nervo espinhal por exostose – aumento do espaçamento entre dois ossos, neste caso duas vértebras).
Condições que causam falha na fertilização
Normalmente é caracterizada por anomalias no testículo, epidídimo e glândulas acessórias. Ocorrem antes da ejaculação, prejudicando a chegada dos espermatozóides e a própria ejaculação.
Testículo e epidídimo: criptorquidismo, degeneração testicular, orquite, epididimite, hipoplasia testicular, neoplasias, aplasias dos ductos mesonéfricos (Wolff – comprometem a formação das estruturas tubulares do aparelho masculino).
Glândulas acessórias: infecção da glândula vesicular, hiperplasia prostática, prostatite, tumor prostático, atrofia prostática.
O diagnóstico envolve informações sobre manejo reprodutivo utilizado, época do ano (fotoperíodo), exame da genitália externa (e exame clínico completo – verificar presença de dor em algum órgão ou membro), avaliação do sêmen (volume e qualidade) e avaliação das éguas (se estiver tudo bem com o macho). Este critério deve ser seguido para que se determine a origem do problema (se é do macho ou das fêmeas).
Patologias do sêmen (segundo Blom, 1983)
Os espermatozóides podem apresentar defeitos mais importantes (maiores) e menos importantes (menores). Até 10% de espermatozóides com defeitos maiores e até 20% de defeitos menores são aceitáveis no espermograma, totalizando 30% de defeitos. Acima disso o animal é considerado sub fértil.
O espermatozóide se divide em cabeça, colo e cauda. A cabeça, que constitui o maior volume do espermatozóide, consiste no núcleo, onde o material genético está concentrado. Os dois terços anteriores do núcleo estão cobertos pelo acrossoma, que é limitado por uma membrana contendo enzimas com a função de facilitar a penetração do espermatozóide no óvulo. A cauda é responsável pela motilidade do espermatozóide e na área intermediária da cauda encontramos os produtores de energia celular (mitocôndrias). Eles vivem em média 24 horas no trato genital feminino, porém alguns espermatozóides são capazes de fecundar o óvulo após três dias.
Existem dois tipos de espermatozóides normais. Um deles contém o cromossomo X (responsável pela formação de um ser do sexo feminino) e o outro contém o cromossomo Y (responsável pela formação de um ser do sexo masculino). Existem os anormais com problemas cromossômicos e os com problemas morfológicos.
Durante a meiose das células, alguns erros podem acontecer gerando uma anomalia cromossômica. Se este espermatozóide fecundar o oócito, irá formar um embrião com defeitos genéticos.
Os espermatozóides necessitam sofrer modificações funcionais e estruturais para serem capazes de fertilizar os oócitos. O conjunto destas transformações é definido como “capacitação espermática”. Durante essa capacitação podem ocorrer problemas, gerando espermatozóides com defeitos morfológicos. Os raios X, reações alérgicas intensas e certos agentes antiespermatogênicos são os principais responsáveis por alterações morfológicas patogênicas, e os espermatozóides com anormalidades morfológicas geralmente são incapazes de fecundar o óvulo.
Defeitos de acrossoma impedem a fecundação e geralmente são de origem genética (a má formação destes é causada por informação genética e é transmitida de pai para filho). Para visualizar as patologias de acrossoma deve-se usar coloração. Defeitos de cauda geralmente ocorrem pós-formação do espermatozóide, podendo ocorrer por hidrocele, orquite, etc., ou seja, não são genéticos.
Defeitos maiores: a maioria dos defeitos de cabeça e acrossoma.
Defeitos menores: a maioria dos defeitos de cauda.
(Ver exemplos de ambos nas figuras abaixo e ficha de espermograma à seguir)
 
 
 
 
 
 
 
 
Espermograma
Animal:
Raça:				Idade:			Pelagem:
Proprietário:
Método de coleta:						Libido: (+; ++; +++)
Características Físico-químicas
	Volume: (ml)
	Vigor: (0 - 5)
	Motilidade (>70): (%)
	Material estranho: (+; ++)
	Concentração (>200): (milhões/ml)
	pH (6,5 a 7,0):
Características Morfológicas
% de vivos após coloração:
Técnica utilizada:
	Defeitos Maiores
	Defeitos Menores
	Acrossoma:
	Cabeça isolada normal:
	Gota citoplasmática proximal:
	Cab. gigante, curta, larga e peq. normal:
	Formas teratológicas:
	Cabeça delgada:
	Cabeça estreita na base:
	Acrossoma desprendido:
	Cabeça piriforme:
	Gota citoplasmática distal:
	Cabeça com contorno anormal:
	Abaxial, retroaxial, obliqua:
	Cabeça pequena anormal:
	Cauda dobrada:
	Cabeça isolada patológica:
	Cauda enrolada:
	Cabeça com “pouch formation”:
	Outros:
	Subdesenvolvidos:
	
	Peça intermediária:
	
	Cauda fortemente dobrada/enrolada:
	Defeitos maiores:
	Cauda enrolada na cabeça:
	Defeitos menores:
	Pseudogota:
	Total:
Outros Elementos
	Medusa:
	Células primordiais:
	Células epiteliais:
	Células gigantes:
	Hemácias:
	Leucócitos:
Local / data:				Veterinário responsável:
Obs: As 6 causas de infertilidade em fêmeas causadas por machos são as descritas anteriormente:
Problemas de infertilidade, sub-fertilidade ou esterilidade.
Diminuição da libido.
Falha em copular.
Falha na ejaculação.
Falha na fertilização.
Patologias do sêmen.
As demais causas de infertilidade em fêmeas ocorrem por fatores ligados a elas, como estresse, má nutrição, cistos uterinos, doenças, etc. A morte embrionária pode ocorrer por abortamento (após 40 dias de vida embrionária) ou absorção (antes de completar 40 dias da fecundação – pois ainda não se completou a fixação do feto), que ocorre por inviabilidade de vida embrionária, devido a alguns dos fatores citados.
Patologias de bolsa escrotal
A bolsa escrotal se divide em pele e túnicas.
Pele: camada mais externa. As patologias mais comuns são:
Dermatite escrotal: ectoparasitas, substâncias químicas (plantas tóxicas e outras substâncias).
Varicose: ou varicocele. Dilatação das veias que irrigam a pele.
Tumores: mastocitoma, melanoma, carcinoma.
Túnica vaginal: possui duas camadas (parietal e visceral):
Hidrocele: acúmulo de plasma entre os folhetos parietal e visceral. Comum em cavalos da raça Mangalarga Marchador. Em eqüinos não determina infertilidade (apenas em casos mais graves), mas em bovinos sim.
Quilocele: acúmulo de linfa na túnica vaginal.
Hematocele: acúmulo de sangue na túnica vaginal.
Vaginalite: inflamação da túnica vaginal. Pode ocorrer por trauma, mas geralmente ocorre por migração de larva de Strongylus.
Patologias em testículos: são as patologias mais comuns.
Os testículos (gônadas ainda indiferenciadas) são formados próximos aos rins e quando diferenciados migram para a bolsa escrotal estimulados pelo TDF e MIF. Migram pela cavidade abdominal, entram pelo anel ingnal interno, passam pelo canal ingnal e através do anel ingnal externo chegam a bolsa escrotal. Ao contrário do que se pensa, bovinos e eqüinosjá nascem com os testículos na bolsa escrotal. O que ocorre é que o anel ingnal externo é grande e ainda não se fechou (o anel ingnal interno se fecha antes do nascimento e o externo após a puberdade), permitindo que o testículo fique se recolhendo para o canal ingnal. Após a puberdade esse recolhimento fica impedido pelo fechamento do anel ingnal externo e os testículos ficam permanentemente na bolsa escrotal.
Criptorquidismo: falha na migração de um ou ambos os testículos para dentro da bolsa escrotal. É diferente de monorquida, onde o animal tem apenas um testículo, que pode estar na bolsa escrotal ou na cavidade abdominal. O outro não foi formado (agenesia unilateral de testículo).
Uni ou bilateral: unilateral é quando um dos testículos desce para a bolsa escrotal, mas o outro fica retido na cavidade abdominal ou no canal ingnal
Retenção no abdome ou no canal ingnal: quando fica retido no abdome, é porque na migração ele não passou pelo anel ingnal interno. Neste caso só será removido com cirurgia. Se estiver no canal ingnal, pode-se estimular sua “descida” com aplicação de hormônios, antes que atinja a puberdade (antes que se feche o anel ingnal). De qualquer forma, esse animal não deve ser usado na reprodução, pois o criptorquidismo é transmissível geneticamente.
Características: debilidade (oligospermia) ou ausência (azospermia) de espermatogênese no testículo retido. A secreção de testosterona é normal, levando a uma libido normal. As células de Sertoli são muito mais frágeis que as de Leydig, sendo as primeiras a sofrerem com algum tipo de lesão ou alteração (neste caso a temperatura corpórea). Já as de Leydig, por serem mais resistentes, permanecem produzindo testosterona normalmente, enquanto a espermatogênese fica comprometida.
Diagnóstico: palpação, dosagem hormonal, ultra-sonografia. Para detectar se o animal é criptorquida ou tem agenesia, faz-se a ultra-sonografia, mas esta pode não ser conclusiva (casos de animais obesos, por exemplo). Se não for possível, fazer a dosagem hormonal:
Coleta de sangue.
Aplicação hormonal: 3.000 UI de HCG (gonadotrofina coriônica humana – retirada de mulheres gestantes) EV.
Nova coleta de sangue após 40 minutos: se o animal não possuir testículo, a dosagem será a mesma que a encontrada na primeira coleta. Se tiver os testículos retidos, haverá aumento na dosagem da segunda coleta.
Indicação: castração removendo ambos os testículos, pois o que estiver na cavidade abdominal poderá originar uma neoplasia, principalmente em eqüinos e em cães. A tendência do testículo retido é atrofiar e fibrosar. Caso esteja aumentando de tamanho provavelmente é uma neoplasia, quase sempre maligna (mais comum o sertolioma).
Degeneração testicular: Degeneração dos túbulos seminíferos (células de Sertoli e linhagem espermática). Pode ser reversível ou irreversível, uni ou bilateral, dependendo da causa e do tempo que o processo degenerativo está instalado.
As causas podem ser:
Alterações de temperatura: criptorquidismo (a primeira coisa que ocorre é a degeneração testicular e depois começa a fibrosar), hérnia inguino-escrotal, dermatite escrotal, edema, larvas de parasitas, torção do cordão, viroses (brucelose - é a mais comum, herpes vírus).
Tóxicas: plantas tóxicas, substâncias químicas, metais pesados, radiação.
Distúrbios endócrinos: anabolizantes, tumores de adeno-hipófise e adrenal, tumor de células de Sertoli. Desestabilizam o sistema endócrino.
Infecções bacterianas e virais: arterite viral eqüina, IBR (infecção bovina respiratória – patologia viral).
Os sinais são:
Alteração da consistência testicular.
Infertilidade e oligospermia: 4 a 8 semanas após a causa.
Volume do ejaculado: normal, mas pode ter alteração (praticamente imperceptível).
Motilidade e concentração: diminuem.
Patologias de sêmen: aumentam – má formações de cabeça (cabeça destacada, etc.).
Casos severos: aspermia, permanente perda de túbulos seminíferos, fibrose e calcificação. O líquido prostático se mostra normal, pois as glândulas acessórias estão normais. Se chegar a esta fase não há mais recuperação, sendo indicada a castração.
Métodos de diagnóstico:
Histórico.
Inspeção.
Exame de sêmen.
Ultra-sonografia: a imagem de um testículo normal é hipoecóica (cinza). No início da degeneração, a imagem se mostra mais anecóica (enegrecida), mas com a evolução da fibrose, em casos de degeneração mais avançados, a imagem fica hiperecóica (esbranquiçada).
Biópsia testicular: observar: lesão na membrana basal dos túbulos seminíferos, lesão das espermatogônias, mineralização, fibrose, hiperplasia das células de Leydig.
Obs: CAAF – Citologia Aspirativa por Agulha Fina (30 x 7). Consiste em aspiração/punção de testículo para biópsia. Introduz-se a agulha de forma perpendicular, aspirando células do parênquima testicular (Sertoli e linhagem espermática - nos túbulos seminíferos). Geralmente se usa esta técnica quando há suspeita de degeneração testicular. O conteúdo fica na agulha e é depositado na lâmina.
A degeneração testicular é adquirida e não hereditária, portanto não transmite o problema para a prole. A hipoplasia é genética, sendo transmissível aos descendentes. É raro, mas pode ocorrer degeneração testicular intra-uterina. Para diferenciar uma da outra, só com biópsia testicular.
O tratamento da degeneração consiste em tratar sua causa.
Hipoplasia testicular: é sempre bilateral (diferente de degeneração, que pode ser unilateral).
A hipoplasia testicular é o incompleto desenvolvimento do epitélio germinativo dos túbulos seminíferos, devido ao inadequado número ou ausência de células germinativas (gametas) – levando a deficiência na formação dos gametas.
A hipoplasia varia de gravidade de acordo com o grau de lesão do epitélio, podendo ser parcial ou total. Mas com o tempo, o grau de lesão do epitélio da hipoplasia parcial aumenta, se tornando total, e o animal pára de produzir espermatozóides por completo.
Etiologia: ocorre durante a vida fetal e leva a alteração do cariótipo. Ocorre por infecções transplacentárias, intoxicação da égua durante o período de gestação, deficiências hormonais, interrupção da migração testicular, anormalidades de cariótipo, nutrição pobre, deficiência de zinco, afecções vasculares do testículo, antiinflamatórios hormonais.
Característica: é hereditário, causada por um gene autossômico recessivo de penetrância incompleta. É a teoria mais aceita atualmente (genético + hereditário).
Libido: normal, pois não afeta as células de Leydig.
Testículo diminuído de tamanho: flácido.
Sêmen: o volume pode estar normal ou diminuído. Há diminuição na motilidade e concentração dos espermatozóides, no turbilhonamento (movimento em massa), aumentam as patologias de sêmen (principalmente defeitos de cabeça, cabeça de medusa, acrossoma, GCP – gota citoplasmática proximal). Se for parcial, inicia com oligospermia. Quando atinge a totalidade, aspermia.
Diagnóstico:
Histórico (anamnese): saber se é recente ou não (ajuda a diferenciar de degeneração), se é sub-fertil ou infértil, se pai ou mãe eram sub-férteis.
Inspeção: tamanho do testículo diminuído devido a ausência de desenvolvimento (atrofia – após o desenvolvimento, devido a diversos fatores, entra em regressão, diminuição do número e/ou tamanho de células).
Palpação: se tem consistência semelhante ao testículo normal (firme). Se estiver flácido está degenerando, depois vai ficando endurecido (fibrose).
Exame de sêmen: aspermia ou oligospermia (dependendo do grau da hipoplasia).
Histologia: biópsia aspirativa (com seringa: causa menos lesão por ser menos invasiva e agressiva que a incisão – que pode levar a contaminação). Observa-se redução da linhagem seminal, epitélio germinativo com mitoses e meioses escassas ou ausentes, túbulos hipoplásicos, membrana basal espessada cercada por depósitos de colágeno, presença de células multinucleadas, picnose (células anucleadas – o núcleo se solta do interior da célula).
As vezes há diferença de tamanho entreos dois testículos, mas ambos são hipoplásicos. O maior irá diminuir de tamanho com o tempo. As células germinativas não irão se desenvolver em nenhum dos dois testículos.
O macho transmite a hipoplasia tanto para filhos machos quanto para fêmeas. O macho hipoplásico sempre será infértil ou sub-fértil nos primeiros anos de vida reprodutiva e ficam estéreis logo depois.
As vezes aparentemente os testículos têm tamanho normal e o proprietário não faz exame andrológico e espermograma, não diagnosticando a hipoplasia. Este animal cobre fêmeas nos 2 ou 3 primeiros anos de vida reprodutiva, prenha algumas, mas provavelmente metade ou menos que a metade, com este índice diminuindo a cada ano. No 4º ano não prenha mais nenhuma. Com isso o proprietário jogou fora anos de produção, pois os animais produzidos por estas cruzas serão hipoplásicos.
Tratamento: orquiectomia bilateral. Não tem tratamento.
Orquite: Inflamação do testículo (um ou ambos)
Pode ser uni ou bilateral. A inflamação leva ao aumento de temperatura local, podendo acometer o testículo vizinho (e interferir na espermatogênese).
As causas podem ser:
Traumáticas: coices, cercas.
Bacterianas, virais, parasitárias: Brucella sp., Mycobacterium tuberculosis, Actinomyces pyogenes, ciclo errático do Strongylus. Podem levar a degeneração testicular posterior.
Auto-imune.
Via de infecção: hematógena, podendo também ocorrer a infecção por via urinária ascendente. Geralmente associada a epididimite (são muito próximos). Dificilmente tem-se uma orquite sem epididimite.
Características: Fase aguda: inflamação, hiperemia, edema, calor, aumento de tamanho, dor e febre. Fase crônica: diminuição do tamanho (pela fibrose), fibrose, aderência da túnica e escroto. Pode ocorrer formação de abscesso.
Pode causar degeneração testicular do testículo não afetado (por causa do calor – deve-se colocar gelo).
Sêmen: diminui motilidade e concentração, aumento de patologias, presença de leucócitos no sêmen (processo inflamatório – uma pequena quantidade é normal).
Tratamento: AINEs (Cataflam, Voltarem), hidroterapia (ducha com água gelada 2x ao dia), gelo (triturado age melhor – prepara-se uma bolsa com gelo e amarra no animal), antibióticos (se for de origem bacteriana). Se a orquite estiver progredindo, orquiectomia uni ou bilateral. O médico veterinário deve acompanhar para verificar se deve-se ou não remover o testículo afetado para não comprometer o outro.
Prognóstico: reservado. Dependerá da causa e da progressão do processo.
Epididimite: é a patologia de epidídimo mais comum (cistos e neoplasias são raros).
A inflamação do epidídimo pode ocorrer de forma primária ou secundária a orquite infecciosa. Pode ser uni (sub-fertilidade) ou bilateral (infertilidade).
Etiologia: infecciosa (Brucella ovis – pode infectar bovinos também, causando orquite e epididimite), traumática (principalmente coices). Tanto a orquite quanto a epididimite podem levar a degeneração testicular (por causa da alta temperatura).
Sinais: calor, dor e edema.
Sintomas: obstrução do ducto epididimário, perda da função (transporte dos espermatozóides), redução ou perda da fertilidade (degeneração testicular).
Diagnóstico: histórico e anamnese, exame andrológico (leva a diminuição da concentração espermática, da motilidade, aumento das patologias de cauda e presença de células inflamatórias).
Tratamento: AINEs (corticóides apenas em inflamações muito agudas e graves), antibiótico. Pode levar a degeneração testicular.
Prognóstico: reservado, dependendo do caso.
Espermatocistite: inflamação das glândulas vesiculares. Geralmente é causada por microrganismos.
Etiologia: Brucella abortus, Proteus, Klebsiella, Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus, Staphylococcus, E. coli, Corynebacterium renale, IBR (vias ascendente: trato urinário – a uretra está em contato com o meio externo; ou descendente: linfática e hematógena).
Características: dor a monta (se o animal sentir dor na monta e não apresentar nenhuma alteração externa ao exame, suspeitar de glândulas acessórias), diminuição da motilidade, aumento de pH, presença de neutrófilos no ejaculado, hemospermia (sangue no sêmen, oriundo de inflamação de próstata, vesícula seminal ou uretra).
Diagnóstico: palpação retal e ultra-sonografia (usa-se a bexiga como guia, referência). Cultura e antibiograma do sêmen (se possível far, pois há muitas cepas resistentes).
Tratamento: Gentamicina – 4mg/kg 7 a 10 dias. É o antibiótico mais utilizado, pois a maioria dos patógenos é sensível a ele, mas pode-se usar outro, de largo espectro. Não cobrir as fêmeas para evitar contaminação.
Prostatite: inflamação da próstata. Geralmente associada a hiperplasia prostática. Comum em cães e rara nas demais espécies.
Características: presença de leucócitos, sangue e bactérias na urina. Dor abdominal e constipação. O aumento da próstata leva a compressão da uretra, acumula urina (meio de cultura para bactérias).
Diagnóstico: palpação (sempre retal, mesmo em pequenos) e ultra-sonografia.
Tratamento: antibiótico e AINEs.
Hiperplasia prostática: sempre benigna, leva ao aumento homogêneo da próstata (a neoplasia leva a um aumento não homogêneo). Comum em cães e rara nas demais espécies. 5 em cada 7 cães acima de 8 anos apresentam hiperplasia de próstata. É uma patologia andrógeno dependente (alteração da testosterona).
Características: aumento prostático e aumento da sensibilidade. Dor abdominal e constipação. Dificuldade de micção.
Diagnóstico: palpação retal e ultra-sonografia.
Tratamento: Raveron (extrato prostático humano), fitoterápicos.
Pênis e Prepúcio
Inflamação do pênis: balanite.
Inflamação do prepúcio: postite.
Balanopostite: ambos.
Causa dor, aumento do esmegma, retenção do pênis, edema, odor anormal, relutância ao montar e ejacular.
Pode ser por origem viral, bacteriana, protozoária, parasitária, injúria ou neoplasia.
Viral: herpes vírus eqüino tipo 3 (exantema coital).
Bacteriana: geralmente secundária a infecção viral, Streptococcus, Klebsiella, Pseudomonas, Taylorella equigenitalis (metrite contagiosa eqüina).
Protozoária: Trypanosoma equiperdum (durina), transmitida pelo coito (mal do coito).
Parasitária: Habronema sp.
Traumática: coice, vagina artificial, cauda da égua.
Diagnóstico: clínico (impressão visual), biópsia para identificar o agente.
Tratamento: anti-séptico, higienizar, AINEs, antibiótico (se bacteriana), repouso sexual. Em caso de habronemose, pode ser feita a remoção cirúrgica da lesão.
Neoplasias mais comuns: papiloma escamoso (benigno), carcinoma das células escamosas, melanoma, sarcoide (benigno – comum em eqüinos e confunde-se com habronema). Para identificar faz-se biópsia.
Inseminação Artificial
Conceito
Deposição mecânica do sêmen no aparelho genital da fêmea.
Compreende as seguintes operações:
Coleta do sêmen.
Manipulação do sêmen;
Inoculação da dose de sêmen no aparelho genital feminino, visando a fecundação.
Histórico
1322 – Os Árabes utilizaram o método em eqüinos. Um Sheik árabe desejava fecundar suas éguas com o garanhão de uma tribo rival, mas o chefe da tal tribo não permitia. Na “calada da noite”, homens enviados por esse sheik foram até a tribo rival e levaram uma fêmea no cio. Quando o garanhão foi cobri-la, desviaram o pênis e o fizeram ejacular em uma esponja. Retornaram à tribo, espremeram a esponja na vagina da égua e ela emprenhou. Esse relato existe, mas não se pode comprovar sua veracidade.
1779 – Foi feita a primeira inseminação artificial como tal, em uma cadela (Spallanzani).
1912 – Os russos deram caráter de grande escala a inseminação.
1930 – Desenvolvimento da vagina artificial (russos).
1940 – Foi introduzida no Brasil.
1960 – Expansão com a criação das empresas de inseminação particulares.
A inseminação foi a maior descoberta dentro do campo da veterinária e aumentou a produção de alimentos (carne, leite e derivados).Vantagens e limitações
- Vantagens:
Acelera o processo de melhoramento genético.
Proporciona o armazenamento de sêmen de animais comprovados por tempo indeterminado (teste de progênie).
Ajuda a evitar a consangüinidade.
Facilita a estação de monta – com uma só coleta pode-se inseminar várias fêmeas.
Permite a estocagem e transporte de material genético – resfriamento e congelamento.
Favorece o uso de reprodutores impossibilitados de realizar a cópula – doenças locomotoras.
Auxilia o controle de doenças sexualmente transmissíveis.
Permite o uso de sêmen de animais que perderam a capacidade reprodutiva ou que morreram – sêmen congelado armazenado.
Aumenta a taxa de prenhez em animais sub-férteis.
Diminui as injúrias causadas durante a cópula.
Permite o uso de animais mais idosos.
- Desvantagens:
O uso intensivo de determinado reprodutor traz problemas de consangüinidade – tem ocorrido nas raças Gir e Nelore.
Necessita de mão de obra treinada.
Necessita de acompanhamento técnico.
Inseminação artificial (IA) nas diferentes espécies
Bovinos: o alto interesse econômico, associado as características do sêmen desta espécie (alta concentração e adaptabilidade ao congelamento), fazem com que a técnica de conservação de sêmen e de inseminação artificial seja a mais desenvolvida.
Eqüinos: a inseminação não é tão difundida quanto em bovinos devido as restrições de associações e criadores, além de a eficiência na congelação do sêmen de eqüinos ser baixa (muita perda na qualidade).
Suínos: o varrão fornece baixa concentração de sêmen, as técnicas de conservação não são muito satisfatórias e não há grande interesse econômico.
Cães: atualmente têm aumentado o número de pesquisas com estes animais. Possuem baixa concentração do sêmen e dificuldades na manipulação do ciclo estral com hormônios.
Implantação do programa de IA
Para implantar um programa de IA em uma propriedade, é necessário seguir os seguintes passos:
Promover uma seleção zootécnica dos animais a serem inseminados.
Fazer um levantamento sanitário e ginecológico destes animais: separar as fêmeas gestantes das não gestantes.
Orientar a aquisição de se sêmen de centrais idôneas.
Indicar o treinamento de mão de obra.
Implantar um rigoroso esquema de controle e identificação de cio.
Eliminar o touro da propriedade.
Promover a correção da nutrição.
Ter assistência veterinária periódica.
Detecção de cio
Vaca: duração do ciclo – 21 dias. Estro – 12 a 16 horas.
Características:
Deixa ser montada por outras vacas (é a mais importante).
Monta em outras vacas.
Filamento mucoso pela vulva.
Micção e mugidos freqüentes.
Edema de vulva.
Mudança de comportamento.
Égua: duração do ciclo – 21 dias. Estro – 5 a 6 dias. Diestro – 15 dias.
Características:
Fica parada.
Everte o clitóris.
Libera muco e/ou urina.
Eleva e coloca a cauda para o lado.
Edema de vulva.
Aceita a monta.
- Métodos de detecção de cio:
Visual: 2 x ao dia (manhã e tarde).
Rufião: 2 tipos: Machos tratados cirurgicamente (vasotomia, deferentectomia, desvio lateral, desvio ventral, aderência de pênis e penectomia) ou Fêmeas androgenizadas (é mais caro, pois há necessidade de manutenção do medicamento de 20 em 20 dias – propionato de testosterona).
Exame do aparelho reprodutor: palpação retal, ultra-sonografia
Esquema de inseminação (Chimball)
Vaca: método retrovaginal intracervical médio (onde ocorre a deposição do sêmen).
Égua: a deposição se dá no corpo do útero.
- Momento ideal para inseminar
O mais próximo possível da ovulação (2h antes ou 2h depois).
Possível: 12h antes ou após a ovulação.
A IA feita antes ou após a ovulação costumam ter taxa de fertilização igual, mas a maior taxa de mortalidade embrionária ocorre em inseminações feitas pós-ovulação (constatação feita por trabalhos científicos).
O momento ideal para a inseminação em vacas é entre 18 e 24 horas após o início do cio. Deve-se levar em conta o tempo de sobrevivência dos gametas:
Oócito – 10 horas.
Sptz – 30 horas.
A ovulação nas vacas ocorre no metaestro (18 a 24h após o início do cio).
A capacitação espermática leva 6 horas.
Portanto, vacas que entram no cio pela manhã devem ser inseminadas à tarde, e as que entram no cio à tarde devem ser inseminadas na manhã do dia seguinte.
Coleta de sêmen
Deve-se seguir os seguintes passos:
Escolher bem o local da coleta – deve ser um local tranqüilo, arejado, que não estresse o animal e não ofereça riscos de acidentes (verificar o piso, a higiene), limpo, plano, ensolarado (evita que haja umidade ou mofo no local). Chão de terra ou de areia não são aconselháveis, (pois levantam poeira e esta pode causar infecção).
Preparação do macho: Limpeza do garanhão (lavar o pênis com água e secar).
Preparação da vagina artificial: Existem vários tamanhos e vaginas adaptadas, cada uma própria para uma raça.
Preparação da fêmea ou manequim: contenção da égua.
Coleta.
- Sêmen:
In natura: usa-se em seguida a coleta, sem fazer diluição. Possui tempo de vida curto.
Fresco: com diluidor (proporção de 1:1).
Resfriado: com diluidor (proporção de 2:1) e mantido em temperatura de 5(C (é o ideal). Na rotina costuma se usar em isopor com gelo reciclável (o usado para conservar vacinas), mas a temperatura não é a ideal, devendo estar aproximadamente 12/13(C, o que é aceitável.
Congelado: com diluidor (proporção de 3:1). Usa-se nitrogênio líquido (geralmente acondiciona-se em palhetas).
Sêmen fresco ( deve conter no mínimo 150 milhões de espermatozóides por dose (norma do Ministério da Agricultura). De acordo com a concentração coletada dividem-se as doses.
Sêmen congelado ( deve conter 250 milhões de espermatozóides por dose, pois a perda na descongelação é maior.
O diluidor aumenta a viabilidade (vigor e mobilidade) dos espermatozóides. Quando se resfria ou congela deve-se aumentar a quantidade de diluidor 2:1, ou 3:1. Lembrar que a fresco é 1:1.
O sêmen resfriado fornece maior fertilidade se utilizado até 24h. No Equitaner (próprio para armazenar sêmen resfriado, mantendo a temperatura de 5ºC) se mantém por 48h, mas ainda assim a taxa de fertilidade é maior se usado até 24hrs. Ao colocar o sêmen (que está em temperatura ambiente) neste equipamento, a temperatura começa a cair de forma gradual até atingir 5(C e se mantém.
Obs: o sêmen bovino se adapta melhor aos diluidores para congelamento que o sêmen do eqüino. Por isso quase não se usa sêmen congelado de eqüino, só se usa para armazenar fora da estação de monta. Durante a estação, usa-se o sêmen resfriado.
O sêmen congelado de bovino tem a viabilidade de 70 a 80%. O de eqüino é de 50% em média
.
Materiais usados para IA
- Maleta de inseminação artificial:
Deve conter:
O sêmen que será utilizado.
Luvas de palpação.
Pipetas.
Seringa de 20ml.
- Material para sêmen resfriado ou congelado:
Banho-maria ou isopor com água a 37(C.
Botijão.
Bainha (protetor do aplicador ele reveste o aplicador – usar e jogar fora).
Aplicadores (para palheta – funciona como uma seringa).
Termômetro – para medir a temperatura da água.
Cortador de palheta ou tesoura (a palheta vem lacrada e envasada).
- Tipos de embalagens de sêmen para congelar:
Pellets – bolinhas do tamanho de um grão de feijão
Ampolas – de vidro 0,8cm³.
Minitubos – são de plástico – Alemanha 0,3cm³.
Palheta fina – plástico, 0,25cm³.
Macrotubo – 4ml.
Palheta média – plástico 0,54cm³, a mais usada atualmente – França.
Cada embalagem possui tempo e temperatura de descongelação próprios.
- Avaliação de rotina de sêmen em laboratório
Material a 37(C.
Filtragem do gel.
Avaliação macro e microscópica.
Adição do diluidor 1:1, 2:1, 3:1.
Espectrofotômetro – coloca-se 1 gota de sêmen e ele dá a concentração.
- Sêmen fresco
Vol. – 60 a 150ml.
Cor – branco acinzentado.
pH – 7,2
Motilidade – maior ou igual a 70%
Vigor – maior ou

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