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Apostila COMPLETA de Propedêutica

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FESO
Medicina Veterinária
Propedêutica
Por: Giselle Keller El Kareh de Souza
(2004)
Índice
Introdução à semiologia								pág. 03
Métodos de exploração clínica							pág. 05
Plano de exame clínico								pág. 07
Contenção de animais para exame clínico					pág. 10
Semiologia das mucosas								pág. 16
Semiologia do sistema linfático							pág. 17
Semiologia de pele e anexos							pág. 18
Termometria clínica								pág. 25
Semiologia dos olhos								pág. 28
Semiologia de orelhas e ouvidos							pág. 31
Semiologia da cavidade oral							pág. 33
Semiologia do aparelho circulatório						pág. 34
Semiologia da dor									pág. 40
Semiologia do aparelho respiratório						pág. 44
Semiologia do aparelho digestivo						pág. 49
Semiologia do aparelho locomotor						pág. 57
Semiologia do aparelho urinário							pág. 65
Semiologia do aparelho genital							pág. 69
Semiologia do sistema nervoso							pág. 74
Introdução a Semiologia
Semeion – sinais e sintomas;
Logos – Ciência.
A semiologia se divide em:
Semiotécnica: exploração (arte de explorar). Pode ser:
Física – é o exame clínico direto. Ex: palpação, percussão, auscultação.
Funcional – exame através de aparelhos e gráficos para medir a função de um órgão. Ex: eletrocardiograma.
Experimental – através de experiências.
Clínica propedêutica: clínica terapêutica. Reúne e interpreta a semiotécnica, chegando a uma conclusão.
Semiogênese: mecanismo de formação dos sinais e sintomas, ou seja, o porquê de estar acontecendo o resultado da conclusão a que chegou a clínica.
Sintoma
É o fenômeno anormal, orgânico ou funcional, pelo qual as doenças se revelam. Pode ser:
Objetivo: tosse, claudicação, sopros.
Subjetivo: claudicação por dor.
Anatômico ou físico: hepatomegalia.
Funcional: poliúria (é um sintoma que indica que o rim está com a função alterada).
Reflexo: ligado ao SNC, por ex: reflexo patelar – se o animal estiver excitado, terá um reflexo exacerbado, se estiver deprimido pode até não apresentar reflexo.
OBS: sinal é diferente de sintoma. A grosso modo pode-se dizer que o sinal você não vê e o sintoma você vê. Ex: gastrite – sinal; vômito – sintoma. Em alguns casos você vê o sinal, como a rachadura no casco de um cavalo, mas neste caso a rachadura não é o sintoma (que neste caso é a claudicação) e sim o sinal, pois é a rachadura que está provocando a dor. O sinal é o que causa o sintoma. Mas nem o sinal nem o sintoma interessam a etiologia da doença, que é a causa. Por exemplo, o animal está vomitando (sintoma) porque está com gastrite (sinal) que pode ocorrer por vários motivos (etiologia - causa).
Sintoma patognomônico – sintoma característico de alguma doença.
Quadro sintomático – conjunto de sintomas.
Sinal clínico
Conclusão do sintoma observado (o que está provocando o sintoma).
Síndrome
		Sintomas que se repetem em várias afecções pelo mesmo mecanismo fisiopatológico. O que não significa que seja a mesma doença. Ex: febre, icterícia. Várias doenças apresentam estes sintomas.
Diagnóstico
	Significa “conhecer através”. É a identificação e a constatação. O diagnóstico nem sempre é fácil. Deve ser dado com a certeza de que está correto, sendo a soma do diagnóstico clínico com pelo menos mais uma confirmação (anatômico, funcional, etiológico, etc.).
Clínico: ex: pneumonia.
Anatômico: ex: fratura.
Funcional: ex: renal.
Etiológico: ex: raiva. Encontrar o agente da doença através do exame laboratorial.
	Quando não há condições de se fazer um diagnóstico garantido, dá-se um diagnóstico provisório ou de probabilidade: “Provavelmente o animal está com...”. Por exemplo, num hemograma se constata uma leucopenia (baixa de leucócitos). Normalmente se suspeita de uma virose (como a corona, a parvovirose), mas pode ser por um protozoário (Erlishia). Só o diagnóstico laboratorial poderá dar a confirmação e a certeza.
Prognóstico
		Prever a evolução e o fim de enfermidades. Pode ser:
Favorável ou bom – um simples machucado.
Reservado ou duvidoso – uma fratura mais grave.
Desfavorável ou mal – uma doença que normalmente seja fatal, ou uma queda que tenha provocado múltiplas fraturas com hemorragia.
Indicação (tratamento)
		Meio utilizado para combater a enfermidade. Pode ser clínico (só medicamentos), cirúrgico, dietético (alimentar), etc. Pode ser uma indicação clínica associada a cirúrgica e/ou a dietética.
Métodos de Exploração Clínica (MEC)
	“É aconselhável seguir sempre uma seqüência para evitar omissões, procurando sempre correlacionar os achados, não esquecendo que cada caso pode ter suas características próprias por condições inerentes ao indivíduo”.
Inspeção
	É o exame geral, sem tocar no animal. Pode ser:
Direta ou imediata – inspeção visual.
Indireta ou mediata – por aparelhos (raio-X, endoscopia, espéculos, aparelho de iluminação).
Palpação
	Pode ser feita com as mãos ou com as pontas dos dedos. Verifica-se:
Consistência – de um abscesso, de um nódulo. Se é duro, mole, pastoso, flutuante, elástico.
Sensibilidade – em relação a dor. Hiperestesia, hipoestasia.
Mobilidade – se aderida ou deslizante.
Temperatura local – locais inflamados têm aumento de temperatura.
Ex: tumores normalmente não provocam dor na palpação, mas abscessos causam dor ao toque.
Percussão
	É a análise de ruídos (ecos) produzidos ao exame, do local que está sendo examinado. A percussão pode ser:
Direta ou imediata – ou dígito-digital (produzida com a ponta dos dedos, batendo dois dedos sobre dois da outra mão, no local que está sendo examinado).
Indireta ou mediata – produzida com martelo plessimétrico e plessimetro.
Superficial ou topográfica – através da percussão delimita-se o tamanho e a localização de um órgão (detecta-se se está em tamanho normal, aumentado ou diminuído), se há gases, etc.
Profunda
Tipos e ruídos:
Som mate, maciço ou femoral – que não tem presença de ar, gás ou líquido. Ex: osso, músculo, fígado.
Som claro – presença de ar. Ex: pulmão, estômago, intestino.
Som timpânico – presença de gás. Ex: rumem e intestino com timpanismo.
Som sub-mate – mistura de som mate com som claro. Ocorre quando se bate num local que seja final de um órgão sólido com um local que contenha ar. Ex: fim do fígado pegando uma porção da cavidade abdominal.
Som hipersonoro – mistura de som claro com água e sólido. Fica mais alto. Ocorre no intestino e no estômago.
Som metálico – parece o som de bater em um metal. Pode ocorrer no intestino.
Ex: um pulmão com edema pode apresentar um som hipersonoro ou até, em casos muito graves, um som mate.
Auscultação
	Audição de ruídos do coração, aparelho respiratório, aparelho digestivo (todo o tubo digestivo), etc. Pode ser:
Direta ou imediata – diretamente com o ouvido.
Indireta ou mediata – uso do estetoscópio.
Olfação
	Algumas doenças possuem cheiros característicos. Ex: cetose, miíase, infecção, etc.
Punção exploratória
	Proceder uma punção (coleta) do local examinado. Ex: abscessos, rumem, peritônio, etc.
Biópsia
	Coleta de uma amostra (pedaço) do local para exame. Ex: histopatologia.
Exames laboratoriais
	Exames de sangue, urina, fezes, exsudato, transudato, etc.
Inoculação
		Usadas para diagnóstico laboratorial, inoculando amostras em cobaias de laboratório. Ex: tuberculose, raiva, etc.
OBS: Não se deve fazer um diagnóstico baseado no resultado de apenas um MEC, e sim da soma de todos eles.
Plano de Exame Clínico
	O exame clínico deve ser o mais completo possível, metódico, sem a preocupação de ajustar o caso clínico a qualquer diagnóstico preestabelecido. Deve-se seguir uma seqüência.
Marcha do exame clínico (seqüência)
Identificação do doente – resenha;
Anamnese – investigação, histórico do caso;
Estado atual do doente – exame geral (animal como um todo): constituição, atitudes, estado de nutrição, conformação exterior/biótipo,temperamento. Exame especial: exploração dos diversos órgãos e aparelhos.
Diagnóstico;
Prognóstico.
Identificação:
		Resenha é o registro do animal. É importante, pois não deixa dúvidas quanto a propriedade do animal em questões jurídicas e policiais, e também em enfermidades que necessitem de medidas especiais (polícia sanitária).
		A resenha deve conter as seguintes informações: nome do proprietário; nome do animal; espécie; raça; sexo; pelagem; idade; talhe (tamanho); aptidão; procedência.
		Certas características podem evidenciar algum tipo de patologia ou de resistência; certas raças têm propensão a contrair algumas doenças predisponentes:	As pelagens escuras são mais resistentes, as brancas têm maior propensão a contrair câncer de pele. Cavalos de corrida (aptidão) têm tendência a sofrer cardiopatias. Dependo da aptidão do animal há propensão a doenças específicas, de acordo com sua rotina. Não se pode administrar ivomec a cães da raça Collie, pois neles o medicamento ultrapassa a barreira hematoencefálica levando o animal a óbito. A sinomose é específica da espécie canina. Algumas doenças estão ligadas ao sexo do animal (só ocorrem em machos ou só em fêmeas). A idade também é importante, pois certas doenças estão relacionadas a idade, como a parvovirose que só acomete filhotes. Para prescrever um medicamento, o talhe é importante para não se errar na dosagem. A procedência também é muito importante, pois dependendo da região de onde o animal veio pode-se desconfiar de doenças endêmicas de tal região.
Anamnese:
	Importantíssimo. Consiste em coletar dados mais precisos e completos possíveis, que são fornecidos pelo proprietário ou pelo tratador do animal. Antecedentes, conduta do enfermo, origem e curso da doença. Uma anamnese cuidadosa pode ser responsável por 50% do diagnóstico. Um interrogatório completo de perguntas de uma anamnese consiste em:
Queixa principal e duração (motivo que levou o animal ao veterinário);
História da doença atual (se já teve estes sintomas antes, que outras doenças já contraiu, etc.);
Sintomas gerais (se tem ou já teve febre, se está tomando medicamentos, como está se alimentando, como estão sua urina e fezes, etc.);
Sinais de dor;
Perguntas específicas sobre o funcionamento dos aparelhos:
Aparelho circulatório;
Aparelho respiratório;
Aparelho digestivo;
Aparelho genital;
Aparelho urinário;
 Neuropsiquismo;
 Outros hábitos.
OBS: Deve-se sempre perguntar se o animal está se alimentando e bebendo água normalmente, evacuando e urinando, seja qual for a suspeita da doença.
Estado atual do doente:
– Exame geral:
	O exame inicial procura conhecer o estado do doente e auxilia o exame especial. Verifica-se:
Constituição ou disposição geral do corpo – estado do animal como resultante das condições anatômicas e fisiológicas, relacionadas com a capacidade funcional e resistência a enfermidade. Ex: um animal fisiologicamente adaptado ao frio, se instalado em um local quente, terá problemas de adaptação, que podem acarretar em doenças.
Conformação, forma exterior ou hábito – estado geral do enfermo, segundo atitudes do corpo, estado nutricional e conformação externa. Observar as atitudes do animal em grupo (se está em rebanho ou isolado) e as atitudes normais do corpo: eqüinos estão normalmente em pé, se deitam e levantam rapidamente; bovinos estão normalmente deitados, tem dificuldade para levantar; caprinos e ovinos também ficam muito deitados, mas levantam rapidamente; caninos e felinos têm atitudes diversas, conforme a raça, aptidão e alimentação.
Atitudes anormais do corpo – indicações de enfermidades:
Eqüinos: diminuição da sensibilidade cutânea; beiço inferior atônico (caído); fica muito tempo deitado; pode ficar defendendo um dos membros.
Bovinos: não se levantam ou levantam com muita dificuldade; ficam afastados do rebanho.
Caprinos: se afastam do rebanho; interrompem com freqüência a tomada de ração.
Suínos: afastados da vara e podem ficar com orelhas e cauda caídos.
Caninos: se ocultam; ficam em estado de prostração (apáticos); gemem.
Felinos: deixam de ronronar; ficam preguiçosos; sonolentos.
		A atitude do animal deve ser observada sob marcha (andando), em decúbito (deitado) e em estação (de pé).
Estado de nutrição – estado da carne. Pode ser classificado como:
Bom: equilíbrio entre energia recebida e consumo desta energia.
Mediano: equilíbrio insatisfatório entre a energia recebida e o consumo desta energia.
Mau: grande diferença entre a energia recebida e a consumida.
		O animal subnutrido ou caquético demonstra um agravamento do quadro de equilíbrio. A presença de adiposidade também é um mau estado de equilíbrio, demonstrando excesso de alimento. A obesidade é patológica e leva a transtornos funcionais. Em gados de corte se busca a engorda dos animais (cevadura).
Conformação exterior – biótipo – pré-disposição ou resistência a enfermidade. São três tipos básicos:
Tipo respiratório: astênico ou longuimorfo. Se caracterizam por possuírem reações rápidas, mas escassas defesas (adoecem com facilidade). Ex: cães galgos, cavalos de corrida.
Tipo digestivo: pícnico ou brevemorfo. Possuem reações lentas e capacidade de defesa regular. Ex: cavalos de tiro.
Tipo muscular: atlético ou mesomorfo. Possuem reações intensas e fortes defesas. Ex: bovino de corte e cães boxer.
Temperamento – qualidades das reações do organismo (funcionamento das glândulas endócrinas):
Equilibrado: reações normais;
Nervoso: sangüíneo: assustado, impressionável;
Linfático: indiferente.
Caráter – face psicológica da constituição, do animal (vontade, disposição/humor, inteligência).
– Exame específico:
	Deve seguir um plano de exploração previamente estabelecido, podendo ser por regiões ou por sistemas:
Pele e anexos – pelagem, cor, consistência, odor, etc.
Mucosas aparentes – conjuntival, bucal, nasal, retal, vaginal.
Gânglios e vasos linfáticos.
Temperatura interna – termometria clínica.
Aparelho respiratório.
Aparelho circulatório.
Aparelho digestivo.
Aparelho urinário.
Aparelho genital.
 Aparelho locomotor.
 Sistema nervoso central e vegetativo.
 Punção exploradora.
 Investigação físico-química, parasitológica e bacteriológica (sangue, urina e fezes).
 Radiografias.
 Eletrografias.
		Se optar pelo plano de exploração por regiões: cabeça e pescoço; tórax; abdome e região lombar; região pudenda (genital); extremidades. O sistema nervoso vegetativo (neuroendócrino) e a região abdominal interna se verificam via retal. O sistema nervoso se verifica através dos reflexos, sensibilidade e função psíquica.
Contenção de Animais Para o Exame Clínico
Consiste em manter o animal em uma determinada posição, na qual possa ser examinado, sem perigo para o veterinário ou para o próprio animal (para que ele não se machuque ou machuque o médico veterinário).
Não há método de contenção que seja igualmente efetivo em todos os casos, pois os animais reagem individualmente a eles de diferentes maneiras.
O método usado deve verificar: a energia do método; a docilidade ou rebeldia do animal; a duração do ato (da imobilização); a intensidade da dor causada ao animal.
Os meios de contenção variam de acordo com a espécie, o tamanho e a docilidade do animal.
Tipos de contenção
Contenção química – medicamentosa. O uso de drogas tranqüilizantes ou miorrelaxantes. Ex: Ketamina, xylazina. Para processos ou tratamentos dolorosos, deve-se utilizar anestesia local ou geral apropriada.
Contenção mecânica – uso de aparelhos, cordas, jaulas de contenção, etc. Ex: “formigas”, cachimbos, mordaça, etc. 
		O veterinário deve ter uma atitude tranqüila, firme e confiante, com emprego de palavras amistosas. Deve-se iniciar com meios mais simples (contenção de cabeça ou extremidades) e depois usar os meios drásticos, mas apenas se for absolutamente necessário.
Contenções adequadas (corretas) beneficiam tanto o paciente quanto o profissional,pois evitam alterações dos parâmetros.
O melhor método é aquele que você sabe fazer e o faz com segurança.
Contenções inadequadas podem prejudicar o animal, levando inclusive a acidentes fatais (comum em animais selvagens), ou prejudicando o exame, pois provoca taquicardia no animal, e até mesmo aumento de temperatura.
Em casos de enfermidades infecciosas usar as regras profiláticas adequadas, ou seja, desinfectar o material usado na contenção, fazer uso de luvas, máscaras, etc.
Deve-se tomar cuidado com o local onde irá produzir a contenção ou a sujeição do animal, para não causar acidentes. Escolher um local próprio para a contenção (grande porte – em local de grama ou areia, pois se o animal cair se machucará muito menos do que se no cimento; o risco é menor; além disso, deve ter sombra para conforto do animal e do médico veterinário).
Levar em conta o caráter do animal na contenção, mas mesmo animais normalmente calmos e tranqüilos podem se estressar, portanto mesmo com estes devemos tomar medidas de precaução.
Eqüídeos
Sujeição da cabeça: limitar movimentos da cabeça. Materiais usados: cabrestos comuns, freios, cordas. Ao colocar o cabresto e amarrar o animal, cuidado para não dar um nó cego e sim um se solte com facilidade em caso de emergência. Não deixar a corda nem muito curta nem muito longa. Para evitar o movimento lateral da cabeça pode-se usar o colar de bastões (rosário) ou bastão de cilha.
Sujeição das extremidades: limitar o movimento das quatro extremidades. Ex: Trave Le Goff (antebraço/membro posterior) – o antebraço é preso por corda a quartela do pé do mesmo lado; mão de amigo (levantar a mão do animal – com carinho e cuidado – e não ficar com as costas viradas para a cabeça do animal, evitando levar uma mordida).
OBS: O cachimbo (ou pito) é um instrumento utilizado para a contenção do eqüino através da dor. Mas na verdade, o cachimbo, ao apertar o beiço, pressiona um ramo do nervo vago que passa nessa região, provocando liberação de acetilcolina que causa bradicardia, relaxando o animal.
Derrubamento: precisa de três pessoas – uma na cabeça e duas nos membros do animal. Ex: Métodos dos travões ou Berlinense – caro, pois utiliza material oneroso. Método nacional – corda manipulada em forma de quatro laçadas e puxada pelas extremidades em sentido oposto.
OBS: Tronco de contenção (brete) é o aparelho de contenção mais recomendado para eqüinos (e bovinos). Procurar deitar o animal com o lado direito para cima por causa da posição do ceco, evitando o timpanismo.
Bovinos
		Para preensão do animal é necessário isolá-lo do rebanho, caso seja criado a pasto. Dependendo da raça deve-se trazer todo o rebanho para conseguir pegar e isolar o animal. A abordagem deve ser cuidadosa, pois há riscos de sofrer coices, marradas com a cabeça ou com os chifres.
		Tanto em bovinos dóceis quanto indóceis, a contenção deve iniciar com a fixação da cabeça e dos membros. Os indóceis, de corte e ruminantes selvagens de grande porte, devem ser examinados em tronco de contenção ou com uso de tranqüilizantes.
Sujeição da cabeça: pode ser:
Com auxílio de corda ou laço – fixa a corda, terminada numa ponta por um laço, aos chifres (pela base) e a outra ponta presa a uma argola na parede.
Sem o auxílio da corda: fixa o chifre ou o focinho do bovino com a mão ou com um prendedor de narina (formiga), evitando lesões nas mucosas nasais com as unhas. Em touros de mais de 12 meses deve-se fazer o uso de argola de focinho.
Sujeição das extremidades: Principalmente em gado leiteiro: Mão de amigo – exame de claudicação nas patas dianteiras. Para exame da prega da pele da soldra e flanco – retesam a Fáscia Lata – ou do tendão de Aquiles – dor por pressão (pinça de Bron, cordas torcidas, peias) – prender com cordas ou com correia/corrente específicas, as pernas do animal uma na outra. Elevação do membro traseiro: bastão robusto – apóia o bastão por dentro da perna do animal e levanta-o (usado para casqueamento); e método de Hess – prende uma corda ao metatarso do animal e a outra ponta a uma argola de parede.
Derrubamento – métodos:
Método italiano – usado em fêmeas, machos, animais descornados. Não constringirá o pênis ou a mama. A corda passa por fora da região reprodutora, não causando danos. É sua principal vantagem. Necessita de três pessoas para ser efetuado.
Método de Ruff – ou método francês. Usado em fêmeas com chifres. Não deve ser usado em machos, pois pode ser traumático na região do pênis e do prepúcio. Necessita de suas pessoas para ser efetuado.
Método de Almeida Barros – execução simples; usa uma corda com argola. Pode ser usado em machos e fêmeas, sem peia. Precisa de apenas uma pessoa.
OBS: Sempre que deitar o animal, deixar o lado esquerdo para cima, pois é o lado onde se localiza o rumem, evitando o timpanismo. Obviamente, exceto em casos onde o lado a ser examinado é o direito. Mas por esse mesmo motivo (timpanismo) deve-se haver a preocupação em não manter o animal nesta posição por muito tempo, executando o procedimento o mais rápido possível.
Caprinos e Ovinos
Contenção e derrubamento: diversos métodos. São métodos simples, sempre começando a contenção pela cabeça, com coleira, corda ou cansil. Se o animal possuir barbicha, pode-se usá-la para auxiliar a segurar a cabeça do animal.
Membro posterior: (tíbia). Precisa de duas pessoas. Puxar o membro posterior para trás e para cima, montando sobre o animal e contendo-o pelas orelhas, ou então segurando uma orelha e o queixo.
Antebraço: levantar o terço posterior do animal (o animal irá sentar). Prende o animal sentado entre os joelhos. Muito usado para tosa de ovelhas.
Suínos
Cachimbo: apropriado para suínos – um laço envolve a região maxilar entre os caninos e pré-molares.
Corda sob a articulação da tíbia: puxando para trás as patas posteriores, levantando o abdome para diante, prendendo o tórax entre as pernas.
Caninos
	O primeiro procedimento na contenção de caninos é a averiguação do caráter, observando sua conduta e conversando com o proprietário. Os principais cuidados são: evitar ser mordido e sempre examinar o cão numa mesa apropriada. Materiais usados para contenção: mordaça (pode ser improvisada com gaze, fio de varal), cambão (para contenções rápidas, ex: aplicação de vacinas) e colocar o animal em decúbito lateral, imobilizando os membros posteriores e anteriores – para exames de ouvido, soroterapia, contenções mais demoradas.
Felinos
	A contenção é fundamental e devem ser examinados sobre uma mesa, tomando muito cuidado com arranhões e mordeduras. Não deixar portas e janelas abertas (pois podem fugir), nem pontos de fuga (gavetas ou armários abertos), pois podem se esconder. Usa-se o decúbito lateral para examinar.
	Quando internados, coloca-se uma bolina de esparadrapo nas patas, para evitar arranhões quando for medicá-lo ou examiná-lo.
Leporinos
		Coelhos. São animais dóceis, mas quando mal contidos podem causar arranhões profundos. A contenção é feita pela pele da região dorsal ou em caixa de contenção com fixação do pescoço e exteriorização da cabeça.
Animais peleteiros
	Hamsters, ratos, camundongos, preás. Deve-se ter cuidado com as unhas destes animais. A contenção é manual ou feita com auxílio de caixas ou tobos de contenção.
Aves
		São examinadas sempre em cima da mesa, prendendo-lhes as pernas, as asas e a cabeça, para não bicarem. As aves de adorno são muito fáceis de estressar, portanto deve-se evitar manipulações prolongadas.
		A contenção em aves selvagens irá depender da espécie a ser examinada e do local em que se encontrar na hora da preensão.
		Pode-se colocar um pano na cabeça do animal (algumas espécies, como galinha) que ele fica calmo. Em galinhas, se prender uma asa na outra (cruzando nas costas) ela fica imóvel. Outra forma é colocando a cabeça da galinha debaixo da asa – ela fica imóvel.
		Com gansos e animais com pescoços longos deve-se ter cuidado na contenção, pois podem quebrar o pescoço. Contenha primeiroa cabeça, depois prenda as asas e o corpo do animal próximo a seu corpo.
		Psitacídeos são agressivos. Primeiro segura-se a cabeça e toma-se cuidado com as unhas. É bom usar toalhas para segurá-los, para proteger suas mãos de bicadas.
Répteis
		Potencial de perigo:
Crocodilianos – cauda (são grandes e fortes, as usam para bater - chicotar); boca (tem muita força para morder, mas não para abrir a boca, sua musculatura de abertura é fraca – após imobilizada é fácil mantê-la fechada – apenas uma pessoa é capaz de segurá-la). Para iniciar sua contenção com um puçá grande. Em seguida, várias pessoas sobem em cima do animal e o laçam.
Lagartos – cauda (chicotadas); arranhaduras; veneno (alguns são venenosos). Segura-se a cabeça e o rabo e vira-se o animal com o ventre para cima. Mas deve-se tomar cuidado, pois algumas espécies soltam (liberam) sua cauda quando se sentem em perigo.
Cobras (serpentes) – com as peçonhentas – cuidado com a mordedura por causa do veneno. Pega-se a cabeça, imobilizando-a. Para capturá-la usam-se ganchos; com as não peçonhentas – cuidado com as constritoras (se enrolarem em seu braço apertam com muita força, principalmente as de grande porte) e com a mordedura (pois possuem muitas bactérias na saliva e podem causar uma infecção grave). É comum essas cobras terem problemas de estomatite. Pode-se capturá-las com cambão.
Quelônios – cuidado no manuseio, pois suas unhas são repletas de microrganismos e podem causar arranhões que infeccionam. Ao serem manuseados se recolhem para dentro de sua carapaça. Como é uma caixa dura, não permite expansão para respiração. Dessa forma, para manipular a pata direita, pressiona-se a esquerda ainda mais para dentro, dificultando a respiração do animal (já que diminui ainda mais o espaço interno para expansão do pulmão), o que faz com que ele acabe pondo a pata direita um pouco mais para fora. Nisso, com delicadeza e devagar, pega-se a pata direita e pode manuseá-la. Ao segurar um quelônio, procure pegá-lo no centro do ventre, pois ele não consegue alcançar sua mão com as patas nem com a cabeça.
OBS: A contenção de alguns répteis pode se dar com ou sem o auxílio de instrumentos.
Primatas não humanos
	O potencial de perigo varia de acordo com a espécie. Alguns são extremamente inteligentes. A contenção mecânica vai variar com a espécie, com o tamanho do animal e do local onde se encontra. Os de pequeno e médio porte: segura-se os braços para trás e as pernas – o animal está contido.
OBS: As luvas de couro tiram a sensibilidade, portanto devemos ter cuidado ao usá-las para conter animais pequenos, pois podem escapulir.
Semiologia das Mucosas
As mucosas, pela espessura da pele e grande vascularização, podem indicar o estado de saúde do animal. Qualquer alteração circulatória fica logo evidente nas mucosas. Deve-se examinar todas as mucosas, ou pelo menos três, para identificar se o problema é local ou generalizado.
As mucosas são: conjuntival, nasal, vaginal, bucal, anal e peniana.
O normal é estarem sempre úmidas, brilhantes, lisas, de cor rosa-pálido, exceto em vasos de pigmentação específica da raça.
Exploração das mucosas (inspeção)
Alterações de cor:
	Palidez – anemia;
Avermelhadas – hiperemia;
Amareladas – icterícia;
Azuladas – cianose.
Um cavalo com cólica fica hiperêmico a princípio e depois, se o quadro piorar, fica cianótico.
Quadros de icterícia se visualizam primeiro na conjuntiva e é a própria conjuntiva a última a voltar ao normal.
Fluxo inflamatório (conjuntival):
Pode ser: seroso; mucoso; mucopurulento.
Hemorragias:
	Os vasos que irrigam as mucosas podem se romper, originando hemorragias. Podem ser: petéquias ou máculas (manchas).
Umidade:
	Em excesso indica processo inflamatório. Se ressecada pode indicar febre, desidratação, hiperemia por processos não inflamatórios (excesso de exercícios físicos) ou o uso de atropina (que inibe glândulas mucosas).
Lesões:
Presença de feridas, úlceras, vesículas.
Diagnóstico:
Através de cultura (swabs) e biópsia.
Semiologia do Sistema Linfático
O exame do sistema linfático é muito usado em grandes animais. Tem importância também em matadouros, na inspeção das carcaças.
Gânglios linfáticos
Ficam no trajeto dos vasos linfáticos e funcionam como filtros que captam microrganismos invasores. No exame deve-se avaliar:
Tamanho – devem ser proporcionais ao tamanho do animal. Se hipertrofiados indica infecção. Normalmente (a maioria) não são palpáveis, se estiverem palpáveis é porque estão hipertrofiados.
Forma – o normal é arredondado. Alterações podem significar tumor.
Consistência – duro ou mole. Se duro pode ser tumor.
Sensibilidade a dor – normalmente não produzem reações dolorosas.
Aderências – indicam inflamações. Caracteriza malignidade do tumor.
Linfonodos mais explorados no exame clínico
Mandibulares;
Parotídeos;
Retrofaríngeos;
Cervicais superficiais (pré-escapulares);
Subilíacos (pré-crurais);
Ingnais: mamários (fêmeas); escrotais (machos);
		
		De exploração retal (em grandes animais):
Íleo femurais;
Bifurcação aórtica;
Renais.
		Em cães: palpa-se os mandibulares, parotídeos, retrofaríngeos, pré-escapulares, axilares, pré-crurais, poplíteo e ingnais.
		O ideal é palpar os dois lados ao mesmo tempo, para comparar.
		Os mandibulares, retrofaríngeos e os de exploração retal só são palpáveis se estiverem alterados.
Vasos linfáticos
	Só são palpáveis ou visíveis quando estão distentidos ou há alterações patológicas em sua parede.
	A inspeção só se consegue em animais pouco peludos e de pele clara, senão não se consegue se visualizar os vasos.
	Verifica-se: consistência, sensibilidade e temperatura. Se estiver duro, dolorido e hiperêmico significa inflamação.
	O diagnóstico se dá através de cultura e antibiograma, biópsia e hemograma completo.
Estudo semiológico
Linfangite – processo inflamatório que acomete progressivamente os vasos linfáticos dos membros. Geralmente decorre da ação de microrganismos, como bactérias e fungos.
Adenites – inflamação do gânglio. Pode ser:
Gânglio tumoral – examinar para verificar se há metástases (biópsia). Se encontra duro, indolor, consistente, solto ou aderido a planos profundos.
Supuração – abscesso, fístula.
Baço
	Importante órgão de defesa contra microrganismos que penetram no sangue circulante.
	Verificar (por palpação retal) tamanho, posição e mobilidade, superfície (normalmente é lisa e sem aderência), consistência (pode ficar duro quando alterado).
	Pode ocorrer periesplenite, quando bovinos ingerem corpos estranhos que podem perfurar o retículo e, pela proximidade, perfurar o baço, causando lesão e inflamação.
Semiologia de Pele e Anexos
Pele
É a cútis, o revestimento cutâneo. Consiste em uma barreira fisiológica e anatômica entre o corpo do animal e o meio externo, recobrindo toda a superfície corporal, proporcionando proteção contra agentes físicos, químicos e microbiológicos. Possui receptores sensoriais que permitem registrar mudanças de temperatura (sendo capaz de regular a perda, promovendo a retenção de calor, ou auxiliar na eliminação, através de suas glândulas sudoríparas), dor, quente ou frio, e outras trocas sensoriais.
Camadas da pele
Epiderme: porção epitelial. Se subdivide em:
Camada basal – é a mais interna, a germinativa. Possui intensa atividade mitótica, sendo responsável pelo crescimento da pele.
Camada espinhosa – promove a coesão das células (é rica em desmossomos e tonofibrilas), promovendo resistência ao atrito.
Camada granulosa – presença de grânulos de querato-hialina, melanina (sem membrana) e substância fosfolipídica (com membrana).
Camada lúcida – núcleos e organelas desaparecem e liberam os grânulos.
Camada córnea – é a mais externa, sendo mais resistente e mole (elástica), possuindo queratina.
Derme: porção conjuntiva. É formada por:
Camada papilar – prende a derme a epiderme através de papilasdérmicas (vascular e nervosa).
Camada reticular – possui menos células, sendo abundante em fibras colágenas.
Abaixo e em continuidade com a derme encontramos a hipoderme, que não faz parte da pele, mas serve como suporte, promovendo a união com órgãos subjacentes.
Função
Defesa;
Termorregulação (glândulas sudoríparas);
Excreção;
Sensorial (terminações nervosas).
Produz vitamina D, quando sua pró-vitamina é ativada pelos raios solares.
Exame da pele
Importante no exame clínico, uma vez que na pele se reflete grande parte dos transtornos orgânicos e das enfermidades.
Na anamnese deve-se perguntar ao tratador ou proprietário do animal: qual é a alimentação do animal; qual a ração; se ela é seca ou molhada; quantas vezes ao dia ele come; idade do animal; onde habita; doenças que já teve; se está vacinado e vermifugado.
Os problemas na pele podem ser derivados da alimentação, de stress, micoses, queimaduras, etc.
Exame clínico e físico
O diagnóstico etiológico é feito através de exames laboratoriais e biópsia.
No estudo da pele devem ser observados: pelagem, cor, consistência, odor anormal, secreção sudoral, edemas, enfisema, temperatura, lesões, presença de parasitas da pele e pêlos, prurido cutâneo, chifres, unhas, cascos, lã, penas, etc.
Pelágio ou pilagem
Animais sadios e bem alimentados têm o pêlo suave, liso, assentado e brilhante. Já os animais enfermos ou mal alimentados possuem o pêlo áspero, eriçado e duro.
Os pêlos sofrem mudas que podem ser:
Muda parcial – ocorre na primavera e outono.
Muda total – ocorre no verão e inverno.
As mudas estão ligadas a alimentação e stress. Animais bem alimentados não têm problemas com a muda, mas animais mal nutridos podem atrasar a muda ou terem uma muda irregular.
As fases de crescimento do pêlo são:
Anagênica – fase de crescimento do pêlo. O estrogênio acelera essa fase.
Telogênica – fase que retarda o crescimento do pêlo. A febre retarda essa fase.
Alopecia é a perda ou falta de pêlo em qualquer quantidade de distribuição (localizada, generalizada). Se for na região lombar é por problemas hormonais. Os mecanismos básicos que produzem a alopecia são:
Anormalidades na estrutura folicular – pode ser primária (não possui estrutura folicular) ou secundária (destruição do folículo).
Anormalidades na função muscular
Anormalidades estruturais do pedículo piloso – causada por infecções, por ectoparasitos (enfraquecendo o pedículo), e outras.
A alopecia pode ser classificada:
Por seu estabelecimento:
Primária – hereditária;
Secundária – adquirida.
Por sua distribuição:
Difusa – generalizada;
Regional – localizada, tendo pré-disposição por uma determinada região. Pode ser focal (única e local) ou multifocal (vários focos numa mesma região). A focal pode ser o início de uma multifocal (evolução).
Cor da pele
É difícil de se observar a cor da pele do animal devido a estar quase totalmente recoberta por uma pelagem espessa, além de certas raças possuírem uma pigmentação específica, podendo ser confundida com alterações. Mas algumas partes do corpo (variando entre as espécies animais) possuem pouco ou nenhum pêlo, sendo de eleição para proceder ao exame de observação.
Pigmentação normal da pele
Melanina – produzida pelos melanócitos;
Hemoglobina – oxihemoglobina (pele avermelhada); hemoglobina reduzida (pele azulada – cianose);
Caroteno – coloração amarelada, mas é um pigmento que o animal não produz, sendo, portanto, patológico (excesso na alimentação);
A pigmentação pode estar aumentada, sendo um processo que pode estar envolvendo melanina, hemoglobina, caroteno e/ou pigmentos de origem endógena (bilirrubina) ou exógena.
Melanose – hiperpigmentação devido a quantidade elevada de melanina., causando manchas escuras. O prurido pode aumentar a produção de melanina.
Pigmentação amarelada – icterícia, medicação (alguns medicamentos causam coloração amarelada da pele), caroteno em excesso na alimentação.
Hemoglobina aumentada – vermelhidão. Oxihemoglobina associada a vasodilatação pode levar a um fluxo sangüíneo mais lento, originando uma cianose.
A pigmentação cutânea pode se apresentar diminuída por dois motivos:
Anemia – palidez. É o efeito da diminuição da hemoglobina.
Baixa produção de melanina – pode ser causada por:
Albinismo – defeito genético, onde o indivíduo não possui a tirosinase, que é a enzima que converte a tirosina em melanina. O animal sofre de fotossensibilização, podendo causar alopecia.
Vitiligo – leucodermia. É a perda adquirida de pigmentação melânica em áreas focais do pêlo e mucosas (podendo apresentar áreas de pêlo normal e anormal misturadas). Pode ocorrer por doença auto-imune, trauma, queimaduras.
Dermatoses imunológicas – despigmentação do nariz, da pele periocular e/ou da mucosa bucal dos lábios (local). Não se sabe ao certo porquê isso acontece. Pode ser uma doença auto-imune.
Leucotríquia – perda de pigmento do pêlo, causando embranquecimento do pêlo normal.
Consistência da pele
Turgescência – pele branda e quase elástica. Quando friccionada desliza sobre o tecido subjacente, recobrando no ato sua posição primitiva. Quando demora a voltar é porque têm algo errado.
Odor da pele
Em animais sadios, sente-se um odor particular, fraco, distinto em cada espécie. Em animais doentes, esse odor torna-se forte, sendo característico de cada patologia, como a uremia, sarnas, etc.
Secreção sudoral
A emissão de substâncias odoríferas desperta o instinto sexual em muitas espécies. Na pele se localizam as glândulas sebáceas e sudoríparas.
Glândulas sebáceas – situam-se na derme e seus ductos geralmente desembocam na porção terminal dos folículos pilosos, exceto em certas regiões como lábios, glande e pequenos lábios da vagina, onde desembocam direto na superfície da pele. Sua secreção é formada por lipídios (que contém triglicerídeos), ácidos graxos livres, colesterol e seus ésteres. Protegem a pele.
Seborréia – aumento da secreção sebácea (óleo – pele gordurosa).
Esteatose – diminuição da secreção sebácea (ressecamento).
Glândulas sudoríparas – possui porção secretora e excretora
Glândula sudorípara merócrina – solução mais fina, diluída, com menos proteína.
Glândula sudorípara apócrina – solução mais viscosa.
Hiperidrose é o aumento da sudação (por alterações orgânicas).
Hipoidrose é a diminuição da sudação (febre).
Anidrose é a ausência de sudação. Anidrose termogênica (dos trópicos) comum em cavalos de corrida.
A sudorese ocorre em diferentes regiões em cada espécie:
Cães e gatos – coxim e língua (boca);
Cavalos – corpo todo;
Bovinos – nariz.
Aumento de volume da pele
Os processos patológicos que afetam o tecido subcutâneo fazem com que haja aumento local variável e, com isso, os contornos naturais do corpo desaparecem.
Edema
Impregnação subcutânea e cutânea com líquido intercelular de consistência pastosa. Podem ser não inflamatórios ou inflamatórios:
Não inflamatórios (mecânicos) – problemas congestivos ou hidrêmicos, não apresentando calor, dor ou rubor e se desenvolvem lentamente. Podem ocorrer por deficiência cardíaca (geral), garroteamento por corrente (local), etc.
Inflamatórios – ocorrem na periferia de processos inflamatórios da pele e do tecido subcutâneo, apresentando calor, dor, vermelhidão e desenvolvimento agudo.
Enfisema
Presença de ar ou gás (acúmulo) no tecido subcutâneo, com elevação da pele, crepitação (som alto e subtimpânico). Pode ser:
Maligno – vírus, bactérias;
Benigno – fratura, ferida.
Temperatura da pele
Normalmente é equilibrada, dependendo da distribuição de sangue na pele.
Cólicas e insuficiência cardíaca provocam menor irrigação das extremidades, deixando-as frias.
A inflamação aumenta a temperatura do local inflamado, deixando a pele quente.
Lesões cutâneas
A morfologia das lesões cutâneas é extremamente importante no diagnóstico de doenças dermatológicas.
Tipos de lesões:Primárias – podem ser:
Pápula – erupções vermelhas e sólidas na epiderme, com infiltrado de células inflamatórias. Ex: dermatites alérgicas.
Pústula – líquido com pus. Pontos de pus superficiais ou profundos. Ex: piodermite, esporotricose.
Vesícula – líquido claro em forma de bolhas. Ex: queimaduras.
Úrtica – coça muito. Ponto vermelho, eritematoso e origina edema localizado. Ex: reações alérgicas.
Mácula – por hiper ou despigmentação ou eritema. Manchas vermelhas, pretas ou brancas. Ex: vitiligo (despigmentação – manchas brancas) e dermatoses agudas (placas eritematosas).
Nódulo – redondos, sólidos, grandes ou pequenos. Ex: neoplasias.
Secundárias – podem ser:
Úlcera – expõe a derme. Ex: doenças neoplásicas, queimaduras.
Erosão – desnuda o epitélio, mas não expõe a derme. Ex: dermatite estafilocócica.
Escoriação – arranhões.
Caspa – descamação da pele.
Crosta – formada por sangue, pus, soro, caspa ou medicamento tópico ressecado, que recobrem úlceras ou erosões (mal tratadas).
Cicatriz – tecido fibroso, marca.
Liquenificação – a pele fica maior, mais dura.
Hiperceratose – aumento do extrato córneo.
Por parasitos – sarnas, pulgas, carrapatos, piolhos.
Por parasitoses – dermatomicose, mofo e leveduras.
O prurido cutâneo causa uma sensação desagradável, que provoca o desejo de coçar, por origens diversas. Freqüentemente está associado a lesões primárias e/ou secundárias. Todo o prurido aumenta a queratina (calo por fricção).
Bactérias, fungos, alguns leucócitos e outros agentes produzem enzimas proteolíticas, que estimulam a liberação de histamina pelos basófilos e mastócitos, causando a coceira.
Anexos da pele
Podem ser de queratina:
Mole – ultima camada da pele: pêlos, lã.
Dura – chifres, unhas, cascos, garras.
Qualquer doença (ex: bactérias que chegam pelo querato mole) ou enfermidade carencial (deficiência alimentar) atrapalha o crescimento destes anexos, podendo ficar mais ressecados e/ou quebradiços.
Termometria Clínica
É a medição da temperatura do corpo do animal.
A temperatura corporal é muito importante para a saúde do animal, pois se ficar elevada leva a degeneração de proteínas e desidratação. Se ficar baixa, leva a diminuição do metabolismo e a problemas de circulação.
Existem animais poiquilotérmicos (sangue frio) e animais homeotérmicos. Todos precisam da termorregulação – manter a temperatura corporal constante.
A medição da temperatura pode ser feita em graus Celsius ou Fahrenheit. Se o termômetro marcar em graus Celsius e quiser converter para Fahrenheit faz-se o seguinte cálculo: ºF = ºC x 9/5 x 32. Se a conversão for ao contrário, o cálculo é o seguinte: ºC = (ºF - 32) x 5/9.
Alguns animais fazem hibernação, que consiste em redução de seu metabolismo, com diminuição da freqüência respiratória e cardíaca. O urso, ao hibernar, reduz sua temperatura corpórea a 2ºC (seu metabolismo reduz até chegar a essa temperatura). Se o meio ambiente chegar a abaixo de 0ºC ou acima de 15ºC, ele acorda.
A hipertermia (elevação da temperatura interna) pode ocorrer por causa patológica (ex: infecções) ou fisiológicas (ex: stress).
Deve-se ter certos cuidados na medição da temperatura. O stress pode causar hipertermia, portanto não se deve medir a temperatura em animais estressados, ou que tenham feito esforço físico. Também não se deve proceder a medição quando o animal tiver acabado de defecar, pois ocorre aumento de temperatura no reto. O sol também pode causar alteração na temperatura, dessa forma não se deve medi-la com o animal ao sol.
Ao medir a temperatura retal, deve-se tomar cuidado para não causar ruptura no reto, introduzindo o termômetro com delicadeza.
OBS: Variação nictameral – mede-se a temperatura do animal duas vezes ao dia, para verificar a variação da temperatura do animal, pois normalmente pela manhã a temperatura está mais baixa e à tardinha costuma aumentar. Isso ocorre porque a terra absorve calor durante todo o dia, principalmente ao meio dia, e à tardinha começa a emanar esse calor, influenciando a temperatura do animal. A medição se faz duas vezes ao dia para verificar se essa variação está muito acima do normal.
Temperatura da pele
Se o animal estiver com hipertermia, no início ocorre vasoconstrição (o animal fica com frio), mas depois ocorre vasodilatação para perder calor.
Quando ocorre uma inflamação, no local há aumento de temperatura (calor).
Se o animal sofrer um garroteamento no membro, esse membro fica com a circulação comprometida e resfria.
Filhotes possuem metabolismo mais acelerado, portanto possuem maior temperatura.
Fêmeas com “eclampsia” têm aumento de temperatura.
Alguns animais selvagens possuem temperaturas mais baixas. A preguiça, por exemplo, possui temperatura de 33ºC.
Animais com hipocolemia, ou hemorragia, têm queda de temperatura.
	Espécie
	Temperatura
	Eqüinos
	37,5 a 38,5
	Potros
	Até 39,5
	Asininos e muares
	37,5 a 39,5
	Bovinos
	38,5 a 40
	Bezerros
	Até 40,5
	Ovinos e caprinos
	38,5 a 40
	Suínos
	38 a 40
	Caninos
	38 a 39
	Felinos
	38,5 a 39,5
	Aves
	40 a 41
	Coelhos
	38,5 a 39,5
OBS: cães filhotes podem chegar a acima de 39ºC e ser normal. Da mesma forma aves com até 43ºC também pode ser normal.
Febre
A febre é uma síndrome, um sintoma causado por várias doenças diferentes. Ocorre quando pirógenos exógenos (antígenos) atraem os leucócitos, que estimulam os pirógenos endógenos (PGs – prostaglandinas), que agem no hipotálamo (centro termorregulador) que por sua vez aumenta o ponto fixo da temperatura (se era 38 passa a ser 39, 40, 41) causando a febre (vasoconstrição periférica e tremores).
Quando a febre começa a ceder, há vasodilatação periférica e calafrios para gerar calor.
Os sintomas da febre são:
Elevação da temperatura interna;
Aceleração do pulso;
Aceleração da respiração (taquipnéia);
Diminuição do apetite;
Aumento da sede;
Calafrios;
Albuminúria;
Distribuição irregular da temperatura externa.
A febre pode ser classificada quanto à:
Origem – séptica (agente infeccioso presente), asséptica (não infeccioso – trauma), neurógena. A neurógena pode ser falsa ou verdadeira. A falsa é por alteração do centro termorregulador (hipotálamo) por agentes fisiológicos como stress. A verdadeira é quando alguma patologia leva a alteração do hipotálamo, como vírus da raiva, tumores. 90% das causas de febre são infecções.
Intensidade – ligeira (aumento de 0,5 a 1ºC), moderada (1 a 2ºC), alta (2 a 3,5ºC) ou hiperpirética (acima de 3,5ºC).
Duração – efêmera (um dia), aguda (até uma semana), subaguda (até um mês) ou crônica (mais de um mês).
Curva térmica – contínua (oscilação em 24h inferior a 1ºC), renitente (oscilação diária ultrapassa 1ºC), intermitente (ocorre quando o agente está no sangue, podendo ser cotidiana, terçã, quartã – como a malária), recorrente (a febre permanece por alguns dias, some e depois reaparece), atípica (completamente irregular, some e reaparece sem seguir um padrão, uma rotina) ou de instalação brusca.
Quanto à evolução, a febre pode se apresentar em:
Ascensão – aumenta sem parar.
Fastígio – aumenta e se mantém alta (num patamar).
Remissão – defervescência em crise (queda rápida – geralmente por intervenção de antipiréticos) ou defervescência em lise (queda lenta).
Pode-se obter um gráfico febril (registro impresso) através de várias medições diárias. Com esse gráfico, obtêm-se a curva febril, que consiste em uma linha unindo os pontos assinalados no gráfico.
Hipotermia
Muito ligada a processos vasculares. As causas de hipotermia geralmente são anemias e intoxicações, entre outras.
Se ocorrer hipotermia com defervescência o prognóstico é favorável, pois os sintomas declinam.
Se a hipotermia vier com agravamento dos sintomas, significa fadiga dos centros termorreguladores, ou seja, não está havendo termorregulação. Ex: choque.
Semiologia dos Olhos
O olho é o órgão, a visão é o sentido.Anatomia
Córnea – transparente e avascular;
Esclera – parte fibrosa branca;
Íris – parte colorida (diafragma muscular em frente da lente);
Câmara anterior – entre a córnea e a íris;
Pupila – orifício da íris;
Câmara posterior – entre a íris e o cristalino;
Cristalino – lente;
Úvea – úvea anterior: íris e corpo ciliar / úvea posterior: coróide;
Câmara vítrea – atrás do cristalino, preenchida pelo humor vítreo ou humor aquoso;
Retina – câmara nervosa;
Corpo ciliar – liga a coróide com a periferia da íris;
Coróide – parte vascularizada: fina túnica entre a esclera e a retina;
Papila óptica ou disco óptico – entrada do nervo óptico.
Identificação
Raça, idade, sexo, etc. São informações importantes, pois algumas doenças oculares estão ligadas a essas características.
Por exemplo, o Cocker spaniel têm predisposição à catarata, o Poodle têm predisposição à conjuntivite alérgica.
Anamnese
Se for problema local, o sintoma é unilateral (atinge apenas um olho). Se o problema for sistêmico, o sintoma é bilateral (ocorre nos dois olhos).
Verificar a filiação, o histórico ocular dos pais, para identificar uma possível hereditariedade.
Observar também:
Duração e evolução clínica do caso;
Comportamento do animal em seu ambiente natural;
Doença ocular pré-existente;
Manejo e alimentação.
Exploração
Exame oftálmico. Verificar:
Pálpebra – integridade (inflamação), posição (defeitos), movimentação, nódulos, posicionamento dos cílios.
OBS: Ectrópio – a pálpebra saltada, mais exposta, “virada para fora”. Expõe o olho a bactérias e poeira. Intrópio – a pálpebra “virada para dentro”, levando os cílios a também virarem para dentro, lesionando a córnea. Triquiase – quando os cílios nascem virados para dentro, causando ulcerações na córnea.
Terceira pálpebra – posição, integridade da superfície e da margem, grau de pigmentação, nódulos, corpos estranhos.
Conjuntiva – cor, sinais de conjuntivite (quemose, hiperemia, descarga ocular), aderências, nódulos, infecções sistêmicas, alergias.
OBS: Quemose – edema da conjuntiva. Descarga ocular – serosa, mucosa, mucopurulenta. Coloração: pode apresentar icterícia, cianose ou brancura (anemia).
Esclera – cor, contorno, edema, áreas pigmentadas, superfícies irregulares, nódulos.
Córnea – irregularidades, opacidade, pigmentação, edema, ulceração.
OBS: úlcera de córnea não deve ser tratada com corticóide, pois levaria a maior destruição da mesma.
Ducto nasolacrimal – epífora, tipo de secreção, obstrução.
OBS: Epífora – extravasamento de secreção, lágrima, por qualquer causa (superprodução, obstrução do ducto).
Câmara anterior – transparência, aderência, nódulos, vazamento de humor.
OBS: a aderência pode ocorrer por processo inflamatório.
Íris – contorno, pigmentação, tamanho e forma da pupila, aderências, nódulos.
Pupila – tamanho, forma, simetria, movimentos (miose e midríase), opacidade.
Cristalino – transparência (opacidade) e posição (pode ser deslocado de sua posição).
OBS: o cristalino é muito sensível. Qualquer alteração ou traumatismo pode levar o cristalino a deixar de ser reconhecido pelo sistema imunológico, que passa a identificá-lo como prejudicial (não próprio) e rejeita-o, atacando-o e causando catarata.
Vítreos – são os líquidos, que devem estar transparentes.
Papila óptica – tamanho, forma, localização, parâmetro vascular.
Técnicas oftálmicas
Luz – lanterna.
Teste lacrimal de Schirmer – mede a produção de lágrima. A medição é feita através de um papel filtro em forma de fita, que é colocado com a borda virada dentro do saco conjuntival e o restante para fora, aguardando por meio minuto. O papel irá absorver as lágrimas, parando em uma determinada medida da fita. Essa medida é verificada em uma tabela de acordo com a espécie animal, identificando a normalidade ou não.
Exame da membrana nictante – terceira pálpebra. Usa-se um colírio anestésico tópico, pois alguns animais não a expõem. Dessa forma consegue-se expô-la e verifica-se sua integridade, se há algum objeto estranho, nódulo.
Cultura bacteriana – coleta secreção do saco conjuntival com swab.
Citologia – usa-se anestésico tópico. Coleta-se um raspado (com lamínula ou swab) da conjuntiva, ou imprint com lâmina (encostando a lâmina na córnea).
Pressão intra-ocular – Verifica se há glaucoma. Tonometria digital (coloca-se o dedo e sente se há alguma alteração na consistência – quando a pressão está alta, fica mais endurecido – é um teste impreciso), tonometria de Schiot.
Oftalmoscopia – exame de fundo de olho. Usa-se colírio (tropacamida) para causar midríase (dilatação da pupila). Pode ser direta: lentes de condensação entre o olho e a fonte luminosa; ou indireta: lente manual com uso de luminosa (lanterna).
OBS: não se usa mais a atropina como colírio neste exame, pois ela tem uma ação muito prolongada, fazendo com que a pupila permaneça dilatada por muitas horas. A tropacamida tem ação mais curta.
Fluoresceína – colírio. Verifica a integridade da córnea e a obstrução do canal lacrimal (teste do canal lacrimal). Se não estiver obstruído, em torno de cinco minutos começa a escorrer pelo nariz.
Estudo semiológico
Quatro sinais de doenças oculares: aparência anormal dos olhos, descarga ocular, dor ocular e deficiência visual.
Aparência anormal dos olhos: não simetria ocular (por presença de nódulos ou distúrbios neurológicos), tamanho anormal do olho, protrusão de terceira pálpebra, pitose (caimento da pálpebra anterior – a de cima) – na síndrome de Horner ocorre pitose em um só olho, anormalidade da pupila (anisocoria – quando a pupila de um olho está diferente da do outro) e variação da coloração (opacidade ocular, hiperemia).
OBS: estrabismo em gatos é muito comum.
Descarga ocular: serosa, mucóide (catarral), mucopurulenta ou hemorrágica. Ligada a severidade da doença ocular. Em eqüinos, se a secreção for transparente e serosa pode ser uveite recorrente, que é uma doença perigosíssima, causada por Staphylococcus ou leptospirose. É muito comum e leva a cegueira.
Dor ocular: blefaroespasmo (espasmo do músculo da pálpebra), epífora, fotofobia e hiperestesia ocular.
Deficiência visual ou cegueira: relutância em se movimentar, mudança de comportamento.
Semiologia de Orelhas e Ouvidos
Anamnese
Verificar se o animal está parasitado, qual a raça do animal (algumas possuem pré-disposição a problemas de ouvido – Cocker, Poodle), como é o manejo (alguns donos limpam o ouvido dos cães todos os dias e isso é prejudicial).
Inspeção geral
Verificar:
O posicionamento (simetria) do animal, pois a otite leva o animal a “tombar” a cabeça para o lado com problema.
A presença de secreção e qual o tipo.
O odor.
Presença de parasitos – causam muita irritação, levando a otite: carrapatos (Ambliomma cajenense – eqüinos; Riphicephalus sanguineus – cães), sarna otodética – mais comum em filhotes e gatos, ácaro de coelho (P. cuniculi).
Modificações da pele – feridas, coloração, seborréia (comum em Cocker).
Exploração
Explora-se apenas o ouvido externo. O médio só pode ser explorado se houver lesão do tímpano e o interno apenas por radiografia.
Ouvido externo: Pavilhão auricular e conduto auditivo.
Pavilhão auricular – verificar a integridade da pele, pelagem e presença de parasitos, simetria, posição, estrutura e temperatura (detectar inflamação, necrose e choque).
Conduto auditivo – porção ventral e porção horizontal. A inspeção da entrada do conduto consiste em verificar a amplitude, presença de secreção, odor, palpação da porção ventral, presença de aderências, proliferação de tecido, e calcificação da cartilagem. Nas otites crônicas, o sinal patognomônico é a calcificação da cartilagem da orelha. O conduto interno apenas pode ser verificado com otoscópio. Observa-se a mucosa e a membrana timpânica.
Membrana timpânica: normalmente é lisa e transparente. Se estiver abaulada significa presença de secreção purulenta no ouvido médio, podendo levar ao rompimento da membrana.É melhor visualizada até um ano de idade do animal. Ocorre rompimento em 50% das otites crônicas.
Ouvido interno: limita-se a observação do animal, pois está ligado ao SNC (ao equilíbrio), levando o animal a perda do equilíbrio, da coordenação motora. O animal fica andando em círculos, tombando, batendo nos cantos.
Animais com otite interna podem desenvolver a síndrome de Horner e vice-versa. A otite interna pode atingir o centro do vômito, levando o animal a vomitar.
Estudo semiológico
Causas de otite:
Otite externa – pode ser:
Primárias: alergias, parasitos, corpos estranhos e distúrbios da ceratinização. Menos freqüentes: doença auto-imune e traumatismos.
Predisponentes: conformação do canal auditivo, umidade no canal, pêlos nas orelhas, predisposição racial, distúrbios endócrinos e doença obstrutiva.
Perpetuantes: oclusão do canal, alterações de pH do canal, formação de foco de infecção (originária de otite média).
Otite média e interna – inflamação causada por bactérias, leveduras e fungos, parasitos, corpos estranhos e neoplasias.
Manifestação clínica da otite (sintomas):
Prurido, exsudato (secreção), odor diferente, dor, alterações comportamentais (agressividade, isolamento, amuado), cabeça voltada para um dos lados (tomba para o lado do ouvido inflamado), agitação da cabeça (pode ficar balançando a cabeça, sacudindo-a, coçando a orelha com a pata) e alterações neurológicas.
Diagnóstico da otite
Exame clínico e exame com otoscópio.
Citologia.
Cultura e teste de suscetibilidade.
Biópsia.
Miringotomia – quando há presença de secreção no ouvido médio (abaulamento da membrana timpânica), faz-se uma incisão (furo) na membrana, com uma agulha acoplada a uma sonda, insere-se um líquido para dissolver essa secreção e em seguida a remove. Depois o furo formado na membrana desaparece sozinho.
Exame radiológico – verifica a calcificação.
Testes diagnósticos variados – por exemplo, bater com as mãos para verificar a audição do animal.
Semiologia da Cavidade Oral
Anamnese
Progressão dos sintomas;
Doenças sistêmicas;
Alimentação;
Preensão e mastigação.
Pesquisar qual o tipo de alimentação do animal, onde bebe água, como está procedendo a preensão e a mastigação do alimento, se há alguma doença sistêmica ligada ao problema, verificar a temperatura da água (pois se estiver muito fria pode criar problemas, inclusive digestivos).
Avaliação clínica (observar)
Fraturas (por ex: maxilares).
Sialorréia e ptialismo – ligados a salivação: ptialismo é o aumento da salivação e sialorréia é o extravasamento da saliva (escorre).
Exame das mucosas – cor, feridas.
Glândulas anexas, pele, lábios – entupimento do ducto das glândulas salivares; lábio lesionado em eqüinos dificulta a preensão dos alimentos, pois os utiliza com esta finalidade.
Assimetrias.
Fístulas.
Edemas e tumorações.
Oclusão – avaliação da mordedura.
Sangramento na gengiva – se há feridas.
Retração gengival e exposição da furca – a porção do dente que deveria ficar coberta pela gengiva.
Fraturas dentais.
Escurecimento dental.
Cárie.
Hipoplasia do esmalte – cinomose.
Persistência de dentes decíduos.
Tumores – biópsia.
Doença do palato – hiperplasia: impede o animal de comer grãos e até de comer totalmente.
Língua – feridas; podendo ter vesículas e estomatites. Bovinos possuem muitos problemas na língua, pois a usam na preensão e com isso sofrem cortes.
Semiologia do Aparelho Circulatório
Introdução
É composto por: coração, vasos sangüíneos e sangue. O exame segue a seguinte ordem: coração – artérias – capilares – veias. Estuda as alterações estruturais, modificações fisiopatológicas e capacidade funcional do aparelho circulatório.
Existe uma relação entre o aparelho circulatório e o respiratório, já que a pequena circulação é a que sai do coração, vai aos pulmões para que ocorra a troca gasosa e retorna ao coração. O sangue é o principal meio de condução do organismo, transportando várias substâncias, sendo a mais importante o oxigênio.
O coração normalmente se situa (maioria das espécies) entre os pulmões. Sua posição varia um pouco entre as espécies, ficando limitado à:
Em cães: 3ª e 7ª costelas.
Em eqüinos: 3ª e 5ª costelas.
Em bovinos e suínos: 3ª a 6ª costelas.
Em gatos: 4ª a 7ª costelas.
O pericárdio possui duas membranas: pericárdio visceral (mais externo) e pericárdio parietal. Entre as duas encontra-se a cavidade pericárdica.
O endocárdio recobre a superfície interna do órgão e se diferencia nas válvulas (endocárdio valvular).
O miocárdio se divide em:
Ordinário: paredes das quatro cavidades cardíacas.
Especializado: excitação e condução (são os nós sino-atrial e atrio-ventricular, e os feixes condutores).
Ao avaliar o coração verifica-se o débito cardíaco (volume sangüíneo que está sendo bombeado), alterações morfológicas e fisiopatológicas.
Se o problema for no coração direito, irá causar edema generalizado, congestão e logo se verifica o problema renal. Se for no esquerdo, o problema será no pulmão.
Em gatos é difícil auscultar o coração, pois fica totalmente envolvido pelo pulmão.
Anamnese e exame clínico geral do paciente
Verificar a queixa principal do dono do animal (o motivo pelo qual levou o animal ao veterinário). 
Pesquisar se houve queda de performance ou intolerância a exercícios, tosse, regurgitação de alimentos e água, febre.
Como tem sido a atitude comportamental do animal e sua postura: se está em depressão, triste, com perda do interesse.
Como está sua condição física: obesidade, magreza ou caquexia.
Se tem edema generalizado (ICD – insuficiência cardíaca direita – grave) ou ascite (aumento da permeabilidade).
Coloração das mucosas (se estiverem cianóticas é indicativo de problema circulatório).
Freqüência cardíaca – se aumentada ou diminuída.
Respiração – se houver dispnéia é indicativo de oxigenação inadequada do sangue.
Observar as vias aéreas – presença de secreção ou inflamação.
Perguntar se o animal está vermifugado e vacinado.
Se informar a respeito de doenças infecto contagiosas e doenças tóxicas que o animal possa já haver contraído anteriormente.
Sempre perguntar ao proprietário do animal, ou ao tratador, se o mesmo tem se alimentado direito e ingerido água.
Palpação
Choque de ponta: (ictus cordis) palpação do PIM (ponto de intensidade máxima). Se localiza no 5º espaço intercostal em eqüinos e carnívoros, e no 4º em ruminantes. É o ponto onde se sente mais alto e mais intenso o batimento cardíaco. Não é necessário auscultar e sim palpar. A importância da palpação do choque de ponta é sentir o PIM. Quando há alguma patologia, a intensidade e a localização do PIM podem ser alteradas. Quando há alteração na localização, indica que houve deslocamento do coração de sua posição de origem. As alterações do PIM podem ser:
Aumentado – ocorre na hipertrofia cardíaca.
Diminuído – ocorre quando há hidrotórax, pericardite fibrinosa, edema pulmonar.
Desvio cranial – ocorre quando há ascite, timpanismo, gestação avançada, tumores.
Desvio caudal – ocorre quando há tumores torácicos.
Sensibilidade – sente-se o PIM em ambos os lados. Ocorre na pericardite traumática e na pleurite aguda.
Percussão
Percussão sonora (bate com os dedos para ouvir o som) e dolorosa (indica reação inflamatória ou traumática).
Posição correta para exame – posição anatômica, de pé.
Sons timpânicos – no estômago e quando há pneumotórax.
Som mate – quando há pneumonia, hidrotórax e fibrose pulmonar.
Auscultação
Visa auscultar os sons cardíacos e respiratórios.
Revolução cardíaca – corresponde a 15 segundos no cavalo. É o período entre a sístole e a diástole.
Entre o som das bulhas existem períodos de silêncio chamados de pequeno silêncio (sistólico) e grande silêncio (diastólico). Podem ser classificados em:
Sistólicos (pequeno silêncio): holossistólicos (inteiro) e merossistólico (parte), que por sua vez se divide em:protossistólico (princípio), mesossistólico (meio) e telessistólico (fim).
Diastólicos (grande silêncio): holodiastólico e merodiastólico. O merodiastólico pode ser: protodiastólico, mesodiastólico e telediastólico.
A duração do pequeno e do grande silêncio varia com a freqüência cardíaca.
Sístole – contração; Diástole – dilatação.
Os sons cardíacos normais são:
1º ruído (ou bulha) – sístole ventricular e fechamento das valvas átrio-ventriculares (é mais longo e mais alto que o segundo ruído).
2º ruído (ou bulha) – diástole ventricular e fechamento das valvas sigmóides.
3º ruído – diástole (grande silêncio). É um desdobramento do segundo. Corresponde a dilatação do ventrículo.
4º ruído – contração (sístole) atrial (pequeno silêncio). Ocorre pouco antes do 1º ruído e corresponde a contração do átrio.
O 3º e o 4º ruídos dificilmente são auscultados.
Focos de auscultação
Pulmonar – 3º espaço intercostal.		(PAM)
Aórtico – 4º e 5º espaços intercostais.	Lado esquerdo
Mitral – 5º espaço intercostal.
Tricúspide – 3º e 4º espaços intercostais – lado direito.
Ruídos cardíacos
Freqüência – número de batimentos cardíacos por minuto. Pode ocorrer variação devido ao porte e a idade do animal As alterações de freqüência podem ser:
Taquicardia – aumento.
Bradicardia – diminuição.
	Espécie
	Freqüência normal
	Bovinos
	60 – 90 BPM
	Eqüinos
	25 – 50 BPM
	Caninos
	70 – 180 BPM
	Felinos
	140 – 240 BPM
Ritmo – as alterações podem ser:
Disritmia – perturbação no ritmo.
Arritmia – ausência de ritmo. 
Arritmia fisiológica do cão – ao respirar, o cão pressiona o ramo do nervo vago que passa próximo ao esôfago, liberando acetilcolina que causa bradicardia.
Arritmias sinusais – núcleo do seio.
Extra-sístoles – focos secundários de excitabilidade. Contração fora do ritmo normal.
Arritmia completa – desordem absoluta nas contrações (IC – insuficiência cardíaca).
Ritmo de galope – sinal de um terceiro ruído precedendo o primeiro ruído. Repleção brusca do ventrículo (alguma alteração no miocárdio – parede do ventrículo – que o torne mais endurecido, por exemplo, miocardite, fibrose).
Desdobramento do segundo ruído – o 1º ruído e o pequeno silencio se mostram normais, mas o segundo ruído é substituído por dois outros, breves e claros. Falta de sincronismo das valvas sigmóides.
Intensidade:
Aumento – adelgaçamento (mais fina) da parede costal, hipertrofia do miocárdio, anemia, febre, palpitações.
Diminuição – devido a menor energia contrátil no miocárdio (miocardite / 1º ruído), estenose aórtica e estenose pulmonar.
Timbre – as alterações podem ocorrer por modificações na estrutura das partes envolvidas levando a ruídos adventícios (sopros). Quanto a origem, os sopros podem ser:
Intracardíacos ou endocardíacos – no interior do coração.
Extracardíacos ou exocardíacos – fora do coração, em órgãos vizinhos.
Também podem ser classificados quanto ao tipo:
Sopros orgânicos – valvulares (alteração anatômica das válvulas).
Sopros funcionais – alteração na função da válvula (não consegue fechar direito, causando refluxo).
Quanto ao tempo podem ser:
Sistólico
Diastólico
Quanto a sua localização (sede) pode ser:
Mitral
Tricúspide
Aórtico
Pulmonar
Propagação – se for pouco intenso, é localizado. Se for muito intenso é por que se propaga em direção a corrente sangüínea.
OBS: Quando o sopro é detectado na 1ª bulha:
Na mitral ou tricúspide – insuficiência cardíaca.
Nas sigmóides – estenose (lúmem diminuído).
Quando o sopro é detectado na 2ª bulha:
Na mitral ou tricúspide – estenose.
Nas sigmóides – insuficiência cardíaca.
Sistema vascular sangüíneo (artérias, veias e capilares)
Artérias – conduzem o sangue arterial aos órgãos.
Pulso: é arterial. Corresponde a expansão e contração das artérias (“batimento” das artérias). Mede-se nas artérias: facial, coccígea (nos bovinos), cefálica, umeral e femoral (pequenos animais). O exame consiste em medir a freqüência, o ritmo e a qualidade da pulsação.
Freqüência: número de pulsações por minuto. As alterações são:
Taquisfigmia – aumento da freqüência. Ocorre em doenças febris e cardiopatias.
Bradisfigmia – diminuição da freqüência. Ocorre por excitação direta do nervo vago, em miocardiopatias.
Ritmo:
Regular – intervalos iguais.
Irregular – intervalos desiguais.
Intermitente – entre uma e outra pulsação há espaço para duas ou mais pulsações.
Qualidade:
Amplitude – volume da onda sangüínea. Pulso grande ou pequeno.
Tensão – força necessária para se pressionar o vaso. Forte ou fraco, duro ou mole.
Duração – da onda do pulso.
OBS: O pulso arterial se inicia à partir da aorta. O ventrículo força a entrada de sangue na aorta, ocorre distensão da parede arterial – pulso arterial. O pulso segue pelo sistema arterial e desaparece ao chegar a periferia (capilarização).
Capilares
Comunicação entre as últimas ramificações das arteríolas e as primeiras vênulas.
Tempo de perfusão capilar: consiste em promover a compressão digital da mucosa (gengival), o que afasta o sangue da circulação capilar, deixando a mucosa pálida. Ao cessar a compressão, o sangue retorna. O tempo de retorno deve ser de 1 a 2 segundos.
TCR (tempo de repleção capilar) aumentado: distúrbio na circulação periférica (choque).
Veias
Canais que reconduzem ao coração o sangue distribuído pelas artérias. São avaliadas por meio de inspeção e palpação.
Prova da estase venosa: negativa (porção abaixo do ponto de pressão fica vazia); positiva (porção abaixo do ponto de pressão não esvazia, fica cheia).
Pulso venoso: pulsação das grandes veias próximas ao coração (contração auricular).
Exames complementares
De sangue;
Radiológico;
Eletrocardiograma (ECG) – registro gráfico da corrente elétrica do coração;
Fonocardiograma – registro gráfico dos ruídos cardíacos;
Ecocardiograma – ultra-som;
Angiografia.
Semiologia da Dor
Dor é qualquer estímulo nocivo ao organismo. Na medicina veterinária descobrimos a localização da dor através da palpação, pois o animal não pode nos indicar onde está doendo de outra forma.
Exploração
Localização – onde é a sede da dor (região). Descobre-se através de palpação por planos.
Caráter e natureza da dor – se é superficial ou profunda. Dependendo do órgão e do estímulo dolorífero causam diferentes espécies de dor.
Intensidade – percepção da dor e reação a ela. Sofre variação de acordo com o estado do enfermo.
Irradiação – reconhecer o órgão comprometido (exploração complementar). Verifica-se por sintomas concomitantes – dor abdominal, mas em qual órgão? Dependendo dos demais sintomas clínicos pode-se confirmar a suspeita.
Início – se a dor se iniciou de forma brusca ou gradual, por algum fato específico, alguma atitude, esforço, após defecação, tosse, etc.
Duração e evolução – são dados importantes para o diagnóstico.
Horário e periodicidade – deve-se considerar as 24h do dia e o tipo de atividade exercida pelo animal.
Fatores concomitantes específicos:
Psíquico: atitudes do animal, seu comportamento – indiferença e irritabilidade, etc.
Físico: estado físico do animal – taquicardia, taquipnéia, midríase, transpiração, etc.
Sensoriais: visão, audição, sensibilidade, etc.
Dor física
Superficial – estruturas superficiais (pele).
Profunda – músculos, vísceras, periósteo, ossos, articulações, tecidos conectivos.
Para localizar o local da dor, na palpação, promove-se estímulos de intensidade suficiente até atingir o limiar de dor – o que o animal consegue suportar. Se estiver sensível, esse limiar é reduzido (ao simples toque no local o animal sente dor).
Comportamento de dor
Observar sinais óbvios que o animal usa para indicar que está sentindo dor: vocalização, rosnados, grunhidos, mordidas, etc.
Há também sinais menos óbvios que devem ser observados: aumento da respiração, da pressão sangüínea e freqüência cardíaca, dilatação pupilar. Na dor crônica o animal apresenta depressãocomportamental.
Hiperalgesia – aumento da sensibilidade ao estímulo nocivo (a dor).
Hiperestesia – aumento da sensibilidade a qualquer estímulo – barulho, vento, luz. É comum no tétano.
Nociceptores
São receptores de dor estimulados por substâncias químicas (neurotransmissores, prostaglandinas, bradicininas, histamina, etc.), por fatores mecânicos (traumatismos, cortes, pancadas), pelo calor ou pelo frio. A pele é o órgão que mais possui nociceptores, sendo, portanto, a mais sensível a dor. É necessário que ela tenha muitos nociceptores, pois ela está muito exposta.
As vísceras são pobres em nociceptores – se fossem ricas os animais sentiriam dor até ao beber água e a mesma chegar ao estômago. Sente-se dor visceral quando há alguma incisão na mesma, quando há distensão da parede da víscera (ou dos ligamentos mesentéricos), quando sofre de isquemia ou infecção ou por espasmos da musculatura lisa.
O periósteo possui muitos nociceptores, provocando muita dor nas fraturas.
Os bovinos possuem um limiar de dor muito alto, suportando muito a dor – são muito resistentes. O limiar de dor varia entre as espécies.
Base emocional e fisiológica
A base emocional está ligada ao limiar da dor. O stress aumenta o limiar da dor pela liberação de adrenalina. Ao tratar um animal devemos lembrar disso, pois se ele tiver brigado ou feito exercícios há pouco não irá estar sentindo dor no momento, mas quando o efeito da adrenalina passar, a dor vai aparecer e o animal pode sofrer muito. Portanto, deve-se administrar (dependendo do caso) um anestésico antes de se iniciar o procedimento (cirúrgico, pontos, etc.).
Dor parietal ou lancinante
O pericárdio, o peritônio e a pleura parietal são ricos em nociceptores. Um estímulo localizado nestes locais produz dor.
Dor referida
A dor produzida em um local começa a ser sentida em outro. Ex: o infarto do miocárdio – a dor começa a ser sentida no braço esquerdo. Isso ocorre porque os neurônios fazem sinapses e a dor pode ser “refletida” para outro local.
Abordagem ao diagnóstico da dor abdominal
Quando o animal sente dor abdominal, geralmente (com algumas variações entre as espécies) apresenta os seguintes sintomas:
Agitação da cauda;
Batimento dos membros;
Olhar para o abdome;
Andadura com membros pélvicos;
Freqüências cardíaca e respiratória aumentadas;
Rolamentos;
Queda na produção leiteira;
Anorexia;
Bruxismo;
Estiramento;
Escoiceamento do abdome;
Imobilização;
Sudorese;
Grunhidos;
Cetose;
Depressão;
Febre.
Abordagem ao diagnóstico de dor no tórax
Como a pleura parietal é rica em nociceptores e a pleura visceral é pobre neles, uma inflamação na pleura parietal irá refletir em toda a parede torácica.
Os sintomas clínicos de dor no tórax são:
Redução dos movimentos;
Respiração superficial e moderada;
Imobilização do tórax;
Grunhidos;
Abdução dos cotovelos;
Perda de peso;
Hemoptise.
Abordagem ao diagnóstico do aparelho locomotor
Uma alteração do posicionamento ou locomoção pode ter ligação com a conformação do animal ou da raça, portanto deve-se levar em conta. Por exemplo: alguns cães possuem membros curtos, tronco longo, membros arqueados, mas é da conformação da raça. Se fosse em outra espécie seria defeito de conformação.
Relutância em mover-se;
Locomoção anormal;
Lacerações cutâneas;
Feridas de decúbito;
Exsudação.
Dor nas costas e pescoço
Relutância em mover-se;
Relutância em dobrar o pescoço (o animal não consegue se alimentar no chão);
Dor à palpação;
Desempenho reduzido;
Decúbito.
Abordagem ao diagnóstico da dor à micção
No estro podem ocorrer alterações na quantidade de vezes da micção, no volume (para + ou para -), podendo originar problemas secundários (neste período a fêmea tem baixa na imunidade, podendo levar ao surgimento de infecções).
A causa mais comum de dor na micção é a disúria ligada à obstrução e inflamação da uretra. A dor vem da distensão da parede da bexiga, uretra, pelve renal, irritação ou espasmo da uretra.
Micção prolongada (gotejamento de urina);
Grunhidos;
Intranqüilidade;
Arqueamento das costas;
Escoiceamento do abdome;
Comportamento de estro (deve ser levado em conta pelos motivos citados acima);
Agitação da cauda;
Andadura;
Esforço para micção (pode levar a ruptura vesical).
Semiologia do Aparelho Respiratório
É muito difícil acertar o diagnóstico clínico de problemas respiratórios, pois problemas em outros sistemas (como o cardíaco / vascular) alteram a respiração e confundem o diagnóstico. O ideal é usar os diagnósticos auxiliares, como laboratorial e radiológico, para completar e confirmar o diagnóstico.
Anamnese
Observam-se os indícios de existência de doença respiratória:
Corrimento nasal;
Sangramento nasal;
Tosse;
Cansaço;
Postura;
Aumento dos movimentos respiratórios durante a condução.
Deve-se ter cuidado ao adquirir animais, verificando se possuem problemas respiratórios ou se são provenientes de regiões endêmicas de doenças infecto contagiosas. O ideal é colocar animais recém adquiridos em quarentena, antes de colocá-los em convívio com os já existentes no rebanho.
Observações etiopatogênicas e informações gerais
O animal pode contrair doenças respiratórias em contato com outros animais. É importante obter informações sobre o histórico do animal, se já teve doenças infecciosas antes e quais foram.
O stress baixa a imunidade. Pode ser causado por transporte, mudança de local, muitos animais de regiões diferentes, etc.
É importante manter os animais vermifugados, pois muitos vermes fazem migrações nos pulmões durante seu ciclo.
O tipo de criação e o manejo também são muito importantes, pois é necessário manter o conforto térmico dos animais. Mudanças climáticas nos currais e baias podem baixar a imunidade do animal. Além disso, a presença de corpos estranhos nas instalações dos animais pode causar lesões. Serragem de má qualidade (muito moída) e poeira podem penetrar pelas vias aéreas e lesionar o trato respiratório.
Deve-se analisar as diferenças entre as raças e espécies, pois umas têm maior propensão a certas doenças do que outras. Por exemplo, a tuberculose é comum em bovinos, o garrotilho em potros (pode evoluir para pneumonia).
Outro fator que deve ser levado em consideração é a idade do animal, pois algumas doenças atingem animais mais jovens e outras animais mais velhos.
Mecanismo de defesa respiratória
O trato respiratório possui epitélio pseudo-estratificado colunar (pavimentado) ciliado, com muitas células caliciformes que produzem muco. Os pêlos nasais protegem as vias respiratórias (nas partes altas do sistema).
Os dois principais mecanismos de defesa são a tosse e o espirro, que expulsam os antígenos do trato respiratório. Ao entrar em contato com o epitélio, as partículas ficam aprisionadas no muco e são expulsas pelo espirro ou tosse. Caso não sejam removidas desta forma, ficam retidas no muco ou em células fagocíticas.
A tosse é uma súbita e ruidosa expulsão de ar através da glote para eliminação de muco e outros materiais da árvore traqueobrônquica. Pode ser de dois tipos:
Seca: ou improdutiva. É típica de vias aéreas superiores, produzida por processo alérgico.
Úmida: ou produtiva. Típica de broncopneumonia e enfisema.
O espirro é uma expiração forte e curta pelo nariz, podendo estar presente em casos de irritação da mucosa nasal por acúmulo de secreção e exsudato ou corpos estranhos no nariz.
Atividade Respiratória
Os movimentos respiratórios são a inspiração e a expiração.
Na inspiração ocorre a dilatação da cavidade torácica, contração do diafragma, movimento abdominal, dilatação das fibras pulmonares.
Na expiração o tórax se relaxa, as fibras pulmonares se retraem e os músculos intercostais e abdominais se contraem.
	Freqüência Respiratória
	Espécies
	Freqüência por minuto
	Bovinos
	20 a 40
	Caprinos e ovinos
	15 a 30

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