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Caso Concreto Constitucional I Aula 5

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DIREITO CONSTITUCIONAL I - CCJ0019 
Título 
SEMANA 5 
Descrição 
Caso 1 - A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, por decisão de sua
diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios sem garantia da ampla defesa e do
contraditório. Entendendo que os direitos fundamentais assegurados pela Constituição não vinculam
somente os poderes públicos, estando também direcionados à proteção dos particulares nas relações
privadas, tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de invalidar a referida decisão. Diante do
que dispõe o art. 5o, XIX, CRFB, poderia o Poder Judiciário invalidar a decisão da diretoria da
entidade? 
Sim, a decisão poderia ser invalidada pelo Poder Judiciário, pois as sociedades civil sem fins
lucrativos, embora sejam organizações de direito privado, não podem violar os direitos
fundamentais assegurados pela Constituição que vinculam diretamente não apenas os poderes
públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados.
O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à
incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de
seus associados. 
A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em
detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles
positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no
domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e
definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos
particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais." (RE
201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-10-05, DJ de 27-10-06).
C a s o 2 – A ABRATI – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário
Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal onde pedia a declaração de
inconstitucionalidade da Lei 8.899/1994. 
Tal norma assegura o direito ao passe livre às pessoas portadoras de deficiência, desde que
comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual. 
Segundo a ABRATI, a norma viola os seguintes dispositivos constitucionais: art. 1a, IV; art. 5o,
XXII; art. 170, II e art. 195, § 5o. Alega, em síntese, violação do direito de propriedade e da livre
iniciativa, direitos fundamentais que devem ser protegidos pelo Supremo Tribunal Federal. 
Em parecer, o Procurador-Geral da República manifestou-se pela improcedência da ação, uma vez
que a Constituição consagra como Direito Fundamental a proibição de discriminação e a norma em
xeque procura realizar a efetiva inclusão social dos deficientes físicos com carências econômicas,
razão pela qual, numa ponderação entre os direitos em conflitos estes deveriam prevalecer em
detrimento do direito à propriedade. 
Analise o conflito acima, assinalando se a Lei 8.899/1994 deve realmente ser declarada
inconstitucional. Para a solução deste caso procure utilizar a técnica da ponderação de interesses. 
A ação foi julgada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal, declarando-se constitucional o
teor da norma impugnada. A maioria dos Ministros do Supremo compreendeu que a lei fornecia
maior efetividade aos valores indicados no preâmbulo do Texto Constitucional de 1988, bem como
aos princípios da solidariedade, constante no art. 3º da Constituição, e da dignidade da pessoa
humana, expresso no art. 1º, III. Ademais não haveria violação à livre iniciativa, uma vez que o
serviço de ônibus consiste em concessão do Poder Público, havendo liberdade de exploração nos
limites da lei.
Entre a proteção à livre atividade econômica e a garantia da dignidade da pessoa humana, esta
última deve prevalecer, fornecendo-se assim a máxima efetividade dos direitos fundamentais.
Tal decisão de nossa Suprema Corte consta no Informativo nº 505 do STF, ao informar o resultado 
do julgamento da ADIn 2649.

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