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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BIOTECNOLOGIA PÓLO XERÉM ketzer@bioqmed.ufrj.br Estudo dirigido I da disciplina Metabolismo: Questões: 1) Suponha que você descobriu uma levedura mutante, cuja via glicolítica é menor devido à presença de uma nova enzima que catalisa a reação: Gliceraldeído 3-fosfato + H2 + NAD + → 3-fosfoglicerato + NADH + H+ O encurtamento da via glicolítica resultante beneficiará a célula? Explique. O encurtamento da via glicolítica não beneficiará a célula. Isso porque não haverá a reação de transferência do fosfato do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP pela fosfoglicerato quinase e consequentemente resultará na redução da formação de uma molécula de ATP. 2) A glicólise ocorre na presença (aerobiose) ou na ausência de oxigênio (anaerobiose). Explique como isto ocorre. Uma molécula de glicose é rompida em uma série de reações para liberar duas moléculas de piruvato, contendo cada uma delas três átomos de oxigênio. Durante este processo (glicólise), parte da energia liberada da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. A maioria das células eucarióticas e muitas bactérias vivem em condições aeróbias e oxidam a glicose até dióxido de carbono (CO2) e H2O. Essa fase aeróbia do catabolismo é chamada de respiração e envolve a produção de acetil-CoA a partir do piruvato, ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa. O piruvato é oxidado a acetato, o qual entra no ciclo do ácido cítrico e é oxidado até CO2 e H2O; o NADH formado pela desidrogenação do gliceraldeído 3-fosfato é reoxidado a NAD+ pela passagem do seu elétron ao O2 no processo de respiração mitocondrial. A degradação anaeróbia da glicose, também denominada de fermentação, ocorre sob condições de hipóxia e tem o objetivo de obter energia e conservá-la como ATP. Neste processo, não há consumo de oxigênio e as concentrações de NAD+ ou NADH não se alteram. O NADH formado pela desidrogenação do gliceraldeído 3- fosfato é reoxidado a NAD+ pela transferência de elétrons para outros receptores adequados, como o lactato (fermentação lática) e o etanol (fermentação alcóolica). 3) O músculo esquelético tem vários tipos diferentes de fibras. O tipo I é utilizado principalmente para atividade aeróbica, enquanto o tipo II é especializado para explosões curtas e intensas de atividade. Como você poderia distinguir estes tipos de fibra, se pudesse vê-las no microscópio eletrônico? Explique. As fibras musculares do tipo I são caracterizadas pela grande quantidade de mitocôndrias e são servidas por uma rede de vasos sanguíneos muito densa, capaz de fornecer o oxigênio essencial para a produção de ATP. O tecido muscular apresenta coloração avermelhada devido a presença de hemoglobina e citocromos da mitocôndria. Além disso, possui contração lenta e desenvolve uma tensão relativamente pequena, mas é muito resistente à fadiga. As fibras musculares do tipo II tem um número menor de mitocôndrias e seu suprimento de vasos sanguíneos é menor. Apresenta coloração esbranquiçada e contração rápida, podendo desenvolver tensões maiores de maneira rápida. O músculo branco fica fatigado mais cedo, pois, quando em atividade, ele usa o ATP mais depressa que consegue repô-lo. 4) Embora o O2 não participe diretamente do ciclo do ácido cítrico, o ciclo só opera quando o oxigênio está presente. Explique. A atividade do ciclo do ácido cítrico está intimamente ligada à disponibilidade de oxigênio, embora nenhuma das etapas na via direta o uso de oxigênio. Como as enzimas do ciclo de Krebs oxidam moléculas do combustível em dióxido de carbono, a coenzima NAD+, FAD e coenzima Q (também conhecida como ubiquinona) são reduzidos. Para que o ciclo continue, essas coenzimas reduzidas devem tornar-se reoxidadas transferindo seus elétrons para o oxigênio, produzindo água (processo de fosforilação oxidativa). Portanto, o aceptor final dos elétrons produzidos pela oxidação das moléculas de combustível (como parte do ciclo de do ácido cítrico) é o oxigênio. Na ausência de oxigênio, o ciclo do ácido cítrico é inibido. Se o suprimento de oxigênio em célula muscular ou uma célula de levedura é baixo, os níveis de NAD+ e FADH caem e o ciclo do ácido cítrico não pode seguir adiante. Nesta situação, a célula deve recorrer à fermentação para continuar fazendo ATP. 5) Como o NADH produzido na via glicolítica pode ser oxidado na cadeia respiratória? A glicólise ocorre no citosol da célula e produz duas moléculas de NADH por glicose oxidada. A NADH desidrogenase da membrana mitocondrial interna (complexo I mitocondrial) das células animais pode aceitar elétrons apenas do NADH presente na matriz. Já que a membrana interna não é permeável ao NADH, o NADH produzido pela via glicolítica não poderia ser reoxidado a NAD+ pelo O2 via cadeia respiratória. Entretanto, a célula utiliza sistemas especiais de lançadeiras que transportam os equivalentes redutores do NADH citosólico para dentro da mitocôndria. A lançadeira malato-aspartato é funciona em mitocôndrias do fígado, rim e coração, que envolve a transferência de equivalentes redutores para o oxaloacetato, produzindo malato que é transportado para dentro da mitocôndria. Pela ação da malato desidrogenase mitocondrial, os equivalentes redutores são passados para o NAD+ formando o NADH. A NADH desidrogenase (complexo I) catalisa a transferência de um íon hidreto do NADH para um nucleotídio de flavina (FMN), do qual dois elétrons passam para centros Fe-S e posteriormente para a ubiquitina (Q), reduzindo-a (QH2). Essa transferência de elétrons também resulta na passagem de 4 prótons (H+) da matriz para o espaço intermenbranas mitocondrial. Outro sistema é a lançadeira do glicerol 3-fosfato presente em mitocôndria de músculo esquelético e cérebro, que cede os equivalentes redutores do NADH para o complexo II e não o I, fornecendo energia para sintetizar apenas 1,5 molécula de ATP para cada par de elétrons. 6) O molho de soja é preparado por fermentação, por um período de 8 a 12 meses, de uma mistura de feijão-soja e trigo salgados com vários microorganismos, incluindo a levedura da cerveja. O molho resultante (depois da remoção dos sólidos) é rico em lactato e etanol. Como são produzidos esses dois compostos? Para impedir que o molho tenha um sabor forte de vinagre (vinagre é ácido acético diluido), o oxigênio precisa ser mantido longe da mistura de fermentação. Por quê? Os microorganismos incluindo a levedura de cerveja (fungo Saccharomyces cerevisiae), na ausência de oxigênio, são responsáveis pela degradação de moléculas de combustíveis presentes no feijão-soja e trigo à lactato e etanol. As bactérias láticas produzem lactato através da fermentação lática, onde o piruvato é reduzido à lactato pela lactato desidrogenase. Já o fungo S. cerevisiae converte a piruvato em etanol e CO2 em um processo que envolve a descarboxilação inicial do piruvato pela piruvato descarboxilase, formando acetaldeído, e posterior desidrogenação pela álcool desidrogenase, produzindo o etanol. Este processo é denominado fermentação alcóolica. Entretanto, caso o oxigênio não seja removido, ocorre à fermentação acética, que corresponde à transformação do álcool em ácido acético por determinadas bactérias, conferindo o gosto característico de vinagre. As principais espécies de bactérias acéticas são do gênero Acetobacter, que possuem grande importância indústria. Essas bactérias acéticas necessitam do oxigênio do ar para realizarem a acetificação. 7) No início da década de 1930, Albert Szent György publicou a interessantíssima observação de que a adição de pequenas quantidades de oxaloacetato ou malato a suspensões de músculo respiratório de pombo macerado estimulava o consumo de oxigênio da preparação. Surpreendentemente,a quantidade de oxigênio consumida era sete vezes maior que a quantidade necessária para oxidar completamente (a dióxido de carbono e água) o oxaloacetato ou o malato adicionados. Por que a adição de oxaloacetato ou malato estimula o consumo de oxigênio? Por que a quantidade de oxigênio consumida é várias vezes maior que a quantidade necessária para oxidar completamente o oxaloacetato e o malato adicionados? O oxaloacetato e o malato são oxidados no ciclo do ácido cítrico e produzem coenzimas reduzidas (NADH e FADH2). Estas coenzimas reduzidas doam seus elétrons para uma cadeia transportadora de elétrons (complexos mitocondriais), culminando na redução do O2 e produção de H2O. A quantidade oxigênio reduzido (consumido) é várias vezes maior que a quantidade necessária para oxidar completamente o oxaloacetato e malato adicionados, pois estes intermediários pertencem a uma via metabólica cíclica (ciclo do ácido cítrico) e estão constantemente produzindo NADH e FADH2. 8) A reação catalisada pela succinil-CoA sintetase produz o composto de alta energia GTP. Como a energia livre contida no GTP é incorporada ao conjunto celular de moléculas de ATP? O GTP formado pode entregar seu grupo fosfato terminal para o ADP para formar ATP, por meio da ação reversível da nucleosídio difosfato quinase ( GTP + ADP → ADP + ATP). Assim, o resultado final da atividade da succinil-CoA sintetase é a conservação de energia na forma de ATP. 9) A respiração celular pode ser estudada empregando-se mitocôndrias isoladas e medindo seu consumo de oxigênio em diferentes condições. Se o malonato de sódio de 0,01 M é adicionado a mitocôndrias que respiram ativamente e utilizam piruvato como fonte de combustível, a respiração logo cessa e acumula-se um intermediário metabólico. (a) Explique por que ele se acumula. O intermediário metabólico acumula-se pois o malonato de sódio, um análogo do succinato, é um potente inibidor competitivo da succinato desidrogenase e por esse motivo, é um bloqueador do ciclo do ácido cítrico. (b) Explique por que o consumo de oxigênio cessa. O consumo de oxigênio cessa pois ocorre a inibição do ciclo do ácido cítrico e consequentemente da formação de NADH e FADH2, que doam elétrons para os complexos respiratórios e culmina no consumo do O2. (c) Além da remoção do malonato, de qual outra maneira a inibição da respiração provocada por ele pode ser superada? Explique. A adição de succinato poderia reverter a inibição provocada pelo malonato, já que ambos os substratos competem pelo mesmo sítio catalítico da succinato desidrogenase. Estudo dirigido II da disciplina Metabolismo: Questões: 1. Por volta de 1960, uma corrente da Medicina pregava que a melhor forma de tratar a obesidade era submeter pacientes obesos a um jejum prolongado e assistido. Esse tipo de tratamento permitiu a obtenção de uma série de dados a respeito do comportamento do organismo em jejum. Observe a tabela abaixo: Variações das concentrações plasmáticas de glicose e do conteúdo de glicogênio hepático de um paciente em jejum 0 2 h 4 h 1 dia 3 dias 7 dias 8 dias 10 dias Glicose (mM) 5,5 5,4 5,0 4,4 3,8 3,6 3,5 3,8 Glicogênio hepático (g) 97 84 70 14 3 - - - a) Construa um gráfico com os dados apresentados na tabela: 0 50 100 150 200 250 0 25 50 75 100 125 0 1 2 3 4 5 6 Glicose Glicogênio Jejum, horas O G lic o gê n io he pá tic o (g ) •• •• G lico se (m M) b) A partir das informações apresentadas, descreva como a glicemia é mantida nos diferentes períodos do jejum. Nas primeiras horas depois de uma refeição, a concentração de glicose no sangue diminui levemente e os tecidos recebem a glicose liberada pela degradação do glicogênio hepático. Passadas 24 horas depois de uma última refeição, a glicose sanguínea cai ainda mais, a secreção de insulina diminui e a secreção de glucagon aumenta. Os esqueletos carbônicos dos aminoácidos glicogênicos são convertidos em piruvato ou intermediários do ciclo do ácido cítrico. Estes intermediários, bem como o glicerol derivado dos triacilgliceróis no tecido adiposo, fornecem o material inicial para a gliconeogênese no fígado, produzindo glicose para o cérebro. 2. Quais são os quatro destinos metabólicos possíveis da glicose 6-fosfato? (1) glicose 6-fosfato → frutose 6-fosfato: glicólise (2) glicose 6-fosfato → glicose + Pi: gliconeogênese hepática e renal, reação catalisada pela glicose 6- fosfatase do retículo endoplasmático (3) glicose 6-fosfato → 6-fosfoglicono lactona: via das pentose fosfato, reação catalisada pela glicose 6- fosfato desidrogenase. (4) glicose 6-fosfato → glicose 1-fosfato: glicogênese, reação catalisada pela fosfoglicomutase. 3. As enzimas características da gliconeogênese encontram-se no citosol, exceto: a) glicose-6-fosfatase, que se encontra na mitocôndria. b) frutose-1,6-bisfosfatase, que se encontra na mitocôndria. Xc) piruvato carboxilase, que se encontra na mitocôndria. d) frutose-1,6-bisfosfatase, que se encontra nos grânulos de glicogênio. e) piruvato carboxilase, que se encontra nos grânulos de glicogênio. 4. A via das pentoses fosfato é uma fonte de todas as moléculas seguintes EXCETO: a) ribose-5-fosfato b) NADPH x c) ATP d) ácido 6-fosfogluconato 5. A síntese de novo de glicogênio ocorre utilizando como iniciador: a) Moléculas de glicogénio pré-existentes b) Lactose x c) Glicogenina glicosilada d) Glicose livre e) Glicose 6-fosfato
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