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Reforma Psiquiátrica Brasileira

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Reforma Psiquiátrica Brasileira e Legislação em saúde mental
Prof: Daniel Correia
Situação no Brasil
Final dos anos 70, Ditadura militar;
Grande números de leitos psiquiátricos no setor privado;
A previdência Social destina enormes recursos para esse setor;
A doença mental se transformou em fonte de lucro.
No mundo
Questionamentos sobre a eficácia desse hospital;
O manicômio tornava o doente um crônico que jamais sairia dali;
Buscaram então alternativas;
No Brasil também se questionava esse modelo, o que resultou no início da reforma psiquiátrica.
A Reforma...
Inicia-se num contexto de rompimento com a instituição manicomial e seu sistema violento e intolerante; 
Visa a reconstrução dos diretos civis e da cidadania plena do portador de transtornos mentais;
Autonomia (palavra chave nesse contexto); Não auto-suficiência.
Favorecer o indivíduo a gerar normas para sua vida;
É um processo histórico de reformulação do modelo em sua praticas e saberes.
Constitui-se num movimento por nova ética no cuidado de doentes mentais;
Trajetória da Reforma
Movimento dos trabalhadores em Saúde Mental. (MTSM)
Objetivo: Abrir um espaço de luta de debate; Dec. 80.
Encaminhamento de propostas de transformação da assistência psiquiátrica
Denunciava a política privatizante, Propunha alternativas extra-hospitalares e defendia a humanização do hospital psiquiátrico;
Iniciou-se a luta pelos direitos humanos, dignidade e cidadania dos portadores de T.M.
Eventos importantes no final da década de 80.
8ª Conferencia Nacional de Saúde – 1986, concepção de saúde coletiva;
1ª Conferencia de Saúde Mental – 1987, Início da desistitucionalização. ( Desconstrução do modelo hospitalocêntrico).
II Congresso Nacional dos Trabalhadores em saúde Mental - 1987, consagrou o lema: “ Por uma sociedade sem manicômios”
1988 – A Constituição Federal definiu os princípios do SUS: Sistema Igualitário, descentralizado, universal, regionalizado, hierarquizado, com integralidade das ações e participação social
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Surgiu nesse contexto a proposta de atendimento em Centros de Atenção Psicossocial – CAPS;
CAPS: Espaço de criatividade, de construção de vida, de novos saberes e novas práticas; (pontes com a sociedade).
O Primeiro do Brasil foi o CAPS Luís Cerqueira, criado em 1987 em São Paulo. Foi um modelo e exerceu forte influencia na criação de novos CAPS.
Em 1989 um evento marcou a história da reforma: A prefeitura de Santos fecha a Clínica Anchieta. 
Em seu lugar foi Criado um NAPS: Funcionamento Intensivo; 365 dias por ano; Leitos de Apoio para situações graves
 Atualmente conhecido como CAPS III
Em 1989 o Deputado Paulo Delgado apresenta o projeto de lei nº 3.657/89, que propunha a extinção progressiva dos manicômios, substituído estes por recursos extra hospitalares e regulamentava a internação compulsória.
Carácas – 1990 Conferencia sobre a reestruturação da atenção psiquiátrica, apontou a responsabilidade dos diversos países em reorganizar o sistema psiquiátrico, bem como estabelecer uma legislação.
Brasília – 1992 2ª Conferencia Nacional da Saúde Mental: Apontou que, o processo saúde/doença mental deve ser entendido levando-se em conta a origem e as referencias das pessoas, respeitadas as diferenças individuais.
Considera fundamental o vinculo entre o conceito de saúde e o exercício da cidadania, 
Diz que a saúde mental deve se ocupar da pessoa em sua existencia-sofrimento e não apenas nos momentos de crise.
Rio de Janeiro – 1996, I Congresso de Saúde Mental do estado, reuniu profissionais e usuários com discussões a cerca do tema ATENÇÂO PSICOSSOCIAL.
Substituição da clinica, voltada apenas para os sintômas
Uma atenção mais abrangente que inclui, família, trabalho e laser.
Diversidade de vozes (Profissionais, família e usuário)
6 de Abril de 2001 – Sancionada a lei Nº 10.216 Proteção dos doentes mentais.
Tratamento sem discriminação
Redireciona o modelo de assistência;
Define os tipos de internação: Voluntária, involuntária e compulsória.
Internação apenas quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes
Equipe de Internação: Médico, Ass Social, Psicólogos, T. ocupacionais dentre outros.
Enfermeiro????
Derivada do projeto de Paulo Delgado – 1989. Demorou. (Interesses ocultos)
TTO preferencial em redes extra-hospitalares
Reinserção social do cliente em seu meio,
Internação com assistência integral e em ultimo caso.
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Redução progressiva dos leitos psiquiátricos, substituídos por outros serviços, Portaria 52/2004.
Inicialmente nos grandes hospitais, levando em consideração a qualidade dos serviços,
PNASH – Programa Nacional de Avaliação do Serviço Hospitalar,
Anos 70 – 100 mil Leitos, 2004 – 48 mil Leitos.
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Paragrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtornos mentais:
I – Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, de acordo com suas necessidades;
II – Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família no trabalho e na comunidade;
III – Ser protegida contra qualquer forma de auso e exploração;
IV – Ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V – Ter direito à presença médica para esclarecer a necessidade ou não de sua internação involuntária;
VI – Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII – Receber o maior numero de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII – Ser tratado em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX – Ser tratada preferencialmente em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3º. Responsabilidade do Estado
Desenvolvimento das políticas de saúde mental;
Assistência e promoção de saúde com participação da família e da sociedade;
A qual será prestada em estabelecimento de saúde mental
Art. 5º
O paciente a longo tempo hospitalizado em situação de dependência institucional, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida.
Art. 9º
A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto a salvaguarda do paciente, dos demais internados e dos funcionários.
Art 10º
Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares ou representantes legais do paciente, bem como a autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de 24 horas da data da ocorrência.
CAPS
Centro de Atenção Psicossocial
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Portaria Nº 336/2002 – Define as modalidades de CAPS em I, II e III,
Por ordem crescente porte/complexidade e abrangência populacional,
Responsáveis pela organização da demanda e da rede de cuidados de saúde mental no âmbito do seu território,
Todos devem estar capacitados a realizar prioritariamente o atendimento de clientes com TM severos e persistentes, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não intensivo.
Art. 2º
Define que somente os serviços de natureza jurídica pública poderão executar as atribuições de supervisão e de regulação da rede de serviços de saúde mental.
Art. 3º 
Estabelece que os CAPS só poderão funcionar em área física específica e independente de qualquer estrutura hospitalar, podendo se localizar dentro dos limites da área física de uma unidade hospitalar geral ou dentro do conjunto arquitetônico de instituições universitárias de saúde, desde que independentes de sua estrutura física, com acesso privativo e equipe profissional própria.
CAPS I
Municípios com população entre 20 a 70 mil habitantes,
Funciona das 8 às 18 hs em dois turnos 5 dias por semana,
20 clientes por turno no Maximo,
Equipe: 1 médico, 1 enfermeiro, 3 profissionais de nível superior (Assistente Social, Psicólogo e etc) e 4 profissionais de nível médio ( Administrativos, tec. Em enfermagem e etc).
CAPS II
Municipios com população entre 70 e 200 mil habitantes,
Funciona
das 8 às 21 hs em 3 turnos,
No maximo 30 clientes por turno,
Equipe: Médico Psiquiatra, Enfermeiro com formação em saúde mental, 4 profissionais de nível superior e 6 de nível médio.
CAPS III
População acima de 200 mil habitantes,
Serviço ambulatorial de atenção contínua 24 hs por dia, (feriados e fim de semana)
40 pacientes por turno,
Equipe: 2 Médicos psiquiatras, 1 enfermeiro com formação em saúde mental, 5 profissionais de nível superior e 8 de nível médio.
5 Leitos para repouso e observação com permanência limitada a 7 dias no mês.
CAPS i III (infantil)
Atendimento de crianças e adolescentes comprometidos psiquicamente,
Acima de 200 mil habitantes ou atreves de dados epidemiológicos,
15 clientes por turno,
Equipe: 1 Médico psiquiatra, neuro ou pediátra com formação em SM, 1 enfermeiro, 4 profissionais de nível superior e 5 profissionais de nível médio.
CAPS AD III (álcool e drogas)
Usuários dependentes de substancias psicoativas (SPA)
Municípios com população superior a 70 mil habitantes,
2 a 4 leitos para desintoxicação e repouso,
25 usuários por turno,
Equipe: 1 médico Clinico, 1 enfermeiro, 4 profissionais de nível superior e 6 de nível médio.
As atividades do CAPS incluem:
Atendimento individual: Medicamentoso, psicoterápico, orientações, entre outros,
Atendimento em grupo: Psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outros,
Atendimento em oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares,
Atendimento a família, atividades comunitárias enfocando a integração do doente na comunidade e família (Reinserção Social).
Residências Terapêuticas
Para quem precisa de cuidados em saúde mental, o melhor é viver em sociedade!
PORTARIA Nº 106, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2000
Institui os Serviços Residenciais Terapêuticos. 
Considerando:
• a necessidade da reestruturação do modelo de atenção ao portador de transtornos mentais, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS;
• a necessidade de garantir uma assistência integral em saúde mental e eficaz para a reabilitação psicossocial;
• a necessidade da humanização do atendimento psiquiátrico no âmbito do SUS, visando à reintegração social do usuário;
• a necessidade da implementação de políticas de melhoria de qualidade da assistência à saúde mental, objetivando à redução das internações em hospitais psiquiátricos
Resolve:
Art. 1.º Criar os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental, no âmbito do Sistema Único de Saúde, para o atendimento ao portador de transtornos mentais.
 Entende-se como Serviços Residenciais Terapêuticos, moradias ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e, que viabilizem sua inserção social.
Os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental constituem uma modalidade assistencial substitutiva da internação psiquiátrica prolongada, de maneira que, a cada transferência de paciente do Hospital Especializado para o Serviço de Residência Terapêutica, deve-se reduzir ou descredenciar do SUS, igual n.º de leitos naquele hospital
Cabe a este serviço
Garantir assistência aos portadores de transtornos mentais com grave dependência institucional que não tenham possibilidade de desfrutar de inteira autonomia social e não possuam vínculos familiares e de moradia;
Atuar como unidade de suporte;
Promover a reinserção desta clientela à vida comunitária.
Objetivo Central
Contemplar os princípios da reabilitação psicossocial, oferecendo ao usuário um amplo projeto de reintegração social, por meio de programas de alfabetização, de reinserção no trabalho, de mobilização de recursos comunitários, de autonomia para as atividades domésticas e pessoais e de estímulo à formação de associações de usuários, familiares e voluntários
Normas e critérios para inclusão dos Serviços Residenciais Terapêuticos
Serem exclusivamente de natureza pública;
Estarem integrados à rede de serviços do SUS,
Estarem sob gestão preferencial do nível local e vinculados, tecnicamente, ao serviço ambulatorial especializado em saúde mental mais próximo;
os serviços ambulatoriais especializados, aos quais os Serviços Residenciais Terapêuticos estejam vinculados, devem possuir uma equipe técnica, que atuará na assistência e supervisão das atividades, constituída, no mínimo, pelos seguintes profissionais:
a. 01 (um) profissional médico; 
b. 02 (dois) profissionais de nível médio com experiência e/ou capacitação específica em saúde mental.
Atualmente, existem 456 SRTs em quatorze estados e 65 municípios do País, onde moram 5.400 pessoas. Estimativas recentes da Coordenação-Geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde apontam a existência de aproximadamente 8.000 pacientes internados que poderiam ser beneficiários dos SRTs.
“De volta para casa”
Programa:
Lei n° 10.708, de 31.07.2003
Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações;
O benefício consistirá em pagamento mensal de auxílio pecuniário, destinado aos pacientes egressos de internações, segundo critérios definidos por esta Lei.
É fixado o valor do benefício de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), podendo ser reajustado pelo Poder Executivo de acordo com a disponibilidade orçamentária.
Os valores serão pagos diretamente aos beneficiários, mediante convênio com instituição financeira oficial, salvo na hipótese de incapacidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil, quando serão pagos ao representante legal do paciente
O benefício tem a duração de um ano, podendo ser renovado quando necessário aos propósitos da reintegração social do paciente.
Requisitos cumulativos para a obtenção do benefício:
Internação psiquiátrica cuja duração tenha sido, comprovadamente, por um período igual ou superior a dois anos;
Situação clínica e social do paciente que não justifique a permanência em ambiente hospitalar;
Haja expresso consentimento do paciente, ou de seu representante legal, em se submeter às regras do programa
Seja garantida ao beneficiado a atenção continuada em saúde mental, na rede de saúde local ou regional.
O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será suspenso:
quando o beneficiário for reinternado em hospital psiquiátrico;
quando alcançados os objetivos de reintegração social e autonomia do paciente.
O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será interrompido, em caso de óbito, no mês seguinte ao do falecimento do beneficiado.
Enfim, com a reforma psiquiátrica compreende-se que a ajuda oferecida a pessoa que procura atendimento é abrangente, referindo-se a tudo o que lhe permita viver melhor: alívio dos sintomas, suporte social, orientação a família, alternativas de trabalho, de moradia e de laser.
Uma civilização se mede pela forma que convive e cuida dos seus loucos.
Referencias
DI CIACCIA, A. A prática entre vários. In: LIMA, M.; ALTOÉ, S. Psicanálise, clínica e instituição. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2005.
ROCHA, R. M. Enfermagem em Saúde Mental. 2. ed. Atual e ampl 9. reimp. Rio de Janeiro, 2010.
www.saúde.gov.br
www.google.com.br
RINALDI, Doris. A ordem médica: a loucura como “doença mental”. Em Pauta, Rio de Janeiro, n. 13, jul.-dez. 1998.
ZENONI, A. Psicanálise e instituição – a segunda clínica de Lacan. Abrecampos, Belo Horizonte, ano 1, n. 0, jun. 2000.

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