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MERLEAU-PONTY

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Introdução
	O presente trabalho aborda, em caráter introdutório, o conceito de consciência na fenomenologia de Merleau-Ponty. Além disso colocaremos a visão do mesmo sobre o dualismo mente e corpo, como também a sua Fenomenologia da percepção, onde apresenta uma crítica ampla e rigorosa à compreensão positivista da percepção por meio da revisão do conceito de sensação, sua relação como corpo e com o movimento.
Neste texto não se tem a intenção de resumir o pensamento de Merleau-Ponty. Seria demasiadamente pretensioso, dado o âmbito deste trabalho. Proponho uma breve leitura da "carta-programa", que é trazida no livro Fenomenotogia da Percepção, onde Merleau-Ponty expõe sua concepção de filosofia que ele denominou Fenomenologia, retomando por sua conta e reassumindo por força de sua criatividade as trilhas de Husserl. Na verdade, podemos até afirmar que, através dos breves parágrafos deste prefácio, ficamos entendendo Husserl e a própria Fenomenologia como estilo de pensamento que está à procura do sentido do sujeito, do mundo, da História e da própria Filosofia. 
Desenvolvimento:
	Maurice Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer em 14 de março de 1908 e morreu em Paris no dia 03 de maio de 1961. Foi aluno da Escola Normal Superior e formou-se em filosofia em 1930. Lecionou de 1931 a 1939 em algumas escolas. Em 1945, quando se doutorou, foi nomeado diretor de cursos e conferências da Universidade de Lyon (França), da qual se tornou professor titular em 1948. Nessa mesma época ele fundou a Revista OS TEMPOS MODERNOS, com Jean-Paul Sartre, da qual foi colaborador. De 1949 a 1952, ele ocupou cadeiras de psicologia e pedagogia na Sorbonne, e foi eleito para o Colégio de França em 1952, onde lecionou até a data da sua morte.
	O conceito de consciência foi abordado, na temática desse pensador, sob diferentes prismas ao longo da História da Filosofia. Na Antiguidade, o que existia era uma "consciência metafísica", desligada do mundo material, que buscava apreender a essência das coisas por meio da razão. Para os filósofos desse período, a consciência como intelecto é o que verdadeiramente define o homem. Este encontra-se dividido em corpo e mente, sendo o corpo a parte irracional e enganosa do ser humano. 
	Com o surgimento do pensar dialético contemporâneo, privilegiando a dimensão histórica da existência humana e atribuindo maior dinamicidade à consciência. Surge então, segundo Severino (1992), a Fenomenologia, tendo como intuito chegar às coisas mesmas, descrevendo os fenômenos tais quais eles são experienciados pela consciência e onde sujeito e objeto se inter-relacionam no processo de conhecimento. O conhecimento do mundo, mesmo em termos científicos, se dá a partir da própria experiência do sujeito. Todo o saber científico deriva do mundo-vivido, ou seja, dos pensamentos, percepções e vivências que eu tenho no meio natural. 
	A fenomenologia de Merleau-Ponty diferencia-se de uma filosofia positivista, basicamente, pela transformação radical das noções de homem e mundo e das relações entre ambos. Por isso, o mesmo (1994, p. 3) afirma que:
tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu sei a partir de visão minha ou de uma experiência do mundo, sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada. O universo da ciência é construído sobre o mundo-vivido e, se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e seu alcance, precisamos, primeiramente, despertar essa experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda. 
	Assim, na fenomenologia de Merleau-Ponty é no contato com o mundo e a experiência que o sujeito constrói suas percepções a respeito do meio onde esta inserido e sobre si próprio. O mundo está aí mesmo, ele é inesgotável, pois o conhecimento que podemos ter dele é em perspectiva, ou seja, há várias possibilidades ou ângulos de apreendê-lo, dependendo das nossas vivências. Sendo assim, a consciência está ininterruptamente voltando-se para o mundo e buscando, através da essência, um contato mais direto e profundo com a existência ou, em outros termos, com o próprio mundo. Sendo assim, 
quando faço sinal para um amigo se aproximar, minha intenção não é um pensamento que eu preparava em mim mesmo, e não percebo o sinal em meu corpo. Faço sinal através do mundo, faço sinal ali onde se encontra meu amigo, a distância que me separa dele, seu consentimento ou sua recusa se lêem imediatamente em meu gesto. Não há uma percepção seguida de um movimento, a percepção e o movimento formam um sistema que se modifica como um todo. (Merleau-Ponty, 1994, p. 159-160) 
	Ao questionar a concepção do humanismo, Merleau-Ponty chega à negação do dualismo da natureza, apagando as linhas divisórias estabelecidas. Restitui ao ser a unidade questionada pelas composições entre carne e espírito, interior e exterior, individual e social. O homem é sujeito já que “de perto ou de longe, direta ou indiretamente, nós estamos misturados ao que quer que chegue em nosso campo de existência, seja como agente, seja como instrumento” (Halda, 1966, p.58).
	Para Merleau-Ponty (1945), o homem reconhece a si mesmo em sua inerência autentico e ao mundo, isto é, na sua ambiguidade; existe uma relação de mútua constituição comum:
Devemos então redescobrir, após o mundo natural, o mundo social, não como um objeto ou uma soma de objetos, mas como um campo permanente ou dimensão da existência: posso sim, separar-me dele, mas não posso cessar de estar situado com respeito a ele. Nossa relação com o social é, como nossa relação com o mundo, mas profunda que toda a percepção expressa ou que qualquer juízo. É tão falso colocarmo-nos na sociedade como um objeto no meio de outros objetos, quanto colocar a sociedade em nós como objeto de pensamento; o erro em ambos os lados consiste em tratar o social como um objeto (p. 415).
	A noção de Merleau-Ponty sobre a percepção surge a partir do rompimento dualista corpo-objeto. Sua teoria da percepção também se refere ao campo da subjetividade e da historicidade, ao mundo dos objetos culturais, das relações sociais, do diálogo, das tensões, das contradições e do amor como amálgama das experiências afetivas. Sob o sujeito encarnado, correlacionamos o corpo, o tempo, o outro, a afetividade, o mundo da cultura e das relações sociais. Por exemplo, uma pessoa expressa sua afetividade e carinho pelo outro a partir do significado destes para ele e de suas vivências sobre estes sentimentos.
	Para ele, os elementos chaves da percepção são o movimento e o sentir. Relacionada ao corpo em movimento, a percepção remete às incertezas, ao indeterminado, delineando assim o processo de comunicação entre o dado e o evocado. A fé perceptiva é uma adesão ao mundo, à realidade tal como vemos. No entanto, a percepção exige o exame radical da nossa existência por meio do corpo e da imputação de sentidos. Merleau-Ponty afirma que o sentido dos acontecimentos está na corporeidade e não em uma essência desencarnada, senão vejamos:
Não há mais essências acima de nós, objetos positivos, oferecidos a um olho espiritual. Há, porém, uma essência sob nós, nervura comum do significante e do significado, aderência e reversibilidade de um a outro, como as coisas visíveis são as dobras secretas de nossa carne e de nosso corpo. (p. 117)
	Portanto, Merleau-Ponty não considera a existência de uma rígida divisão e oposição entre a consciência e o corpo, como no cartesianismo, pois ambos estão dialeticamente relacionados, haja vista a qualidade do corpo de expressar, numa linguagem sensível, a unidade humana. 
  
	
Conclusão:
Na terra, já se fala há muito tempo, e a maior parte do que se diz passa despercebido. “Uma rosa”, “chove”, “o tempo está bom”, “o homem é mortal”. Esses são, para nós, casos puros de expressão. Parece-nos que esta atinge seu auge quando assinala inequivocamente acontecimentos, estados de coisas,idéias ou relações, porque então não deixa mais nada a desejar, não contém nada que não se mostre e nos faz passar ao objeto que ela designa. o diálogo, o relato, o jogo de palavras, a confidência, a promessa, a prece, a eloqüência, a literatura, enfim, essa linguagem a segunda potência, em que se fala de coisas e de idéias apenas para atingir alguém, em que as palavras respondem a palavras, que se exalta em si mesma e constrói acima da natureza um reino murmurante e febril, nós a tratamos como simples variedade das formas canônicas que enunciam alguma coisa. 
"A mais importante aquisição da Fenomenologia é sem dúvida ter unido o extremo subjetivismo e o extremo objetivismo em suas noções de mundo ou da racionalidade". (Prefácio, p. XV.) A noção de mundo tal como foi retomada por Merleau-Ponty se tornou inegavelmente uma das principais contribuições da Fenomenologia para o pensamento filosófico contemporâneo. O mundo fenomenológico, para Merleau-Ponty, não é o ser puro "mas o sentido que transparece na interseção de minhas experiências com as do outro, pela engrenagem de umas sobre as outras; ele é, pois, inseparável da subjetividade e da intersubjetividade, que faz sua unidade pela retomada de minhas experiências passadas em minhas experiências presentes, da experiência do outro na minha." (Prefácio,_ p. XV.). 
Bibliografia:
MOREIRA, Virginia. De  Carl Rogers a Merleau-Ponty:a pessoa mundana em psicoterapia. Annablume. ed.1°.São Paulo, 2007.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: GENEALOGIA
PROFESSORA: DANIELA RIBEIRO
EQUIPE: AMÁLIA CARMEM
ERISON DE MORAIS
JÉSSICA OLIVEIRA
VALÉRIA BEZERRA
Merleau-Ponty
Campina Grande, 23 de Março de 2010

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