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* * INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS Aula 2 Simone de V Generoso * * IMPORTÂNCIA DOS EXAME LABORATORIAIS São COMPLEMENTARES e de grande importância para o diagnóstico nutricional. Eles propiciam; Descoberta de doenças – fenilcetonúria, intolerância a lactose. Determinar a evolução da patologia, assim como avaliar efeitos terapêuticos. Acompanhar a eficácia da dietoterapia Auxiliam no diagnóstico nutricional * * 1. HEMOGRAMA – (ERITROGRAMA + LEUCOGRAMA + PLAQUETAS) * * 1. HEMATOLOGIA * HEMATOLOGIA - HEMOGRAMA Série vermelha Hemácia: célula destituída de núcleo em forma de disco bicôncavo. * * Cada hemácia circulante possui cerca de 300 milhões de moléculas de Hemoglobina. Cada uma destas moléculas, em seu estado normal, é formada por duas cadeias α (alfa) conectadas a duas cadeias β (beta) de globina (α2β2) * * HEMATOLOGIA - HEMOGRAMA Valores analisados: Hemácias; Hemoglobina → pigmento; Hematócrito → volume globular (célula por volume de sangue) ; Valores Hemantimétricos: VCM → volume de cada hemácia (volume); HCM → hemoglobina por hemácia (cor); CHCM →% de cada hemácia que é composta por hemoglobina. RDWé um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho das HEMÁCIAS * * * * HEMATOLOGIA - HEMOGRAMA Anomalia das Hemácias: Alteração na Forma → Anisocitose, Esferócitos, Ovalócitos, Drepanócitos (Falciforme), Acantócitos; Na anemia falciforme - quando diminui o oxigênio na circulação, os glóbulos vermelhos com a hemoglobina S podem ficar com a forma de meia lua ou foice, perdem a mobilidade e flexibilidade e são mais rígidos, por esse motivo têm dificuldade para passar pelos vasos sangüíneos, formando um aglomerado de glóbulos vermelhos que impede a circulação do sangue e o oxigênio para os tecidos e órgãos. Alteração na Cor → Policromasia, Hipocromia; Alteração no Tamanho → Microcitose, Macrocitose. * ALTERAÇÕES NAS HEMÁCIAS * * HEMATOLOGIA - HEMOGRAMA Anemia → Alteração em um dos valores hemácia, hemoglobina ou hematócrito; Tipos de classificação de anemia: Anemia macrocítica: VCM maior que o valor de referência. Ex. def. de B12 ou ácido fólico, hipotireoidismo. Anemia microcítica e hipocrômica: VCM e HCM abaixo dos valores de referência. Ex. anemia ferropriva, talassemia (deficiência genética no cromossomo 11 ou 16 responsável pela formação de uma das cadeias da hemoglobina – cada hemácia terá menos hemoglobina no seu interior) * * HEMATOLOGIA - HEMOGRAMA Anemia normocítica e normocrônica: VCM e o HCM estão dentro dos valores de referência, mas a hemoglobina, hemácias e hematócrito estarão baixo. Ex. hemorragias. * * CUIDADO COM O FERRO! ANEMIA NÃO É SINÔNIMO DE SUPLEMENTAÇÃO COM FERRO. Um adulto normal saudável tem um estoque de cerca de 4g de ferro no corpo - 3g são utilizados para fazer a hemoglobina circulantes. Quando as hemácias envelhecem e morrem, sua hemoglobina é degradada em suas partes constituintes: proteína (globina) e ferro. O ferro assim liberado é transferido através de uma proteína transportadora, sendo reciclado para produzir novas hemácias. As cadeias de globina são quebradas, produzindo seus constituintes básicos – os aminoácidos -, utilizados para produção de novas proteínas / cadeias de globina * * Na talassemia ocorre excesso de ferro no organismo – aumenta a absorção de ferro intestinal para compensar a anemia e as constantes transfusões. Cada mililitro (mL) de hemácias contém aproximadamente 1,16 mg de ferro. Uma unidade de concentrado de hemácias contém cerca de 20 mL x 1,16 = 200 – 290 mg de Fe. A degradação destas células representa a principal fonte de ferro acumulado no organismo. Por exemplo, a transfusão de 30 unidades de CH representa 200x30 = 6.0mg = 6g Fe. O corpo é incapaz de excretar tanto ferro, e este se acumula nos tecidos e órgãos. Caso não seja removido, será danoso e causará muitas das complicações da talassemia. * * Na anemia falciforme devido ao formato de foice das hemácias a hemólise é muito comum havendo liberação excessiva de ferro. * * Ferro sérico: Esse é portanto um parâmetro bastante utilizado, apesar de ser muito instável. A concentração de FeS está alterada na presença de processos infecciosos, podendo diminuir em poucas horas após o desencadeamento de uma infecção Ferritina: A ferritina sérica (FS) é um parâmetro utilizado para avaliar as reservas de ferro corporais, sendo considerada medida útil por utilizar sangue periférico e apresentar forte correlação com o ferro em depósito nos tecidos. FERRO, FERRITINA E CTLF * * Valores reduzidos na concentração de FS são um forte indicador de depleção de ferro, e valores elevados podem ser observados na presença de infecções, neoplasias, doenças hepáticas, leucemias, ingestão de álcool e hipertireoidismo. * * A capacidade total de ligação do ferro (CTLF), que também é utilizada para avaliar o ferro circulante, aumenta na deficiência de ferro mas diminui na inflamação, fornecendo assim evidência para diferenciação das duas situações. A CTLF pode aumentar antes mesmo das reservas de ferro estarem completamente exauridas, refletindo depleção das reservas; no entanto, é menos sensível que a ferritina * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Série Branca: Defesa Céls incolores do sangue, responsáveis pelo sistema imunológico. * * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Elementos Mielóides Granulócitos ou Polimorfonucleares Neutrófilos → participam da reação inflamatória e podem indicar uma infecção bacteriana; Eosinófilos → grande indicador de infecção parasitária e também estão muito presentes em reações alérgicas do organismo; Basófilos → Participam de reações alérgicas e liberam os mediadores para a circulação. * * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Elementos Linfóides Linfócitos → do tipo B (produção de anticorpos contra um determinado agressor) e T (extrema importância para o sistema imune); Monócitos → dão origem aos Macrófagos. * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS NEUTRÓFILOS QUIMIOTAXIA TECIDUAL FAGOCITOSE E DESTRUIÇÃO DE BACTÉRIAS FAGOSSOMA * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS EOSINÓFILOS Resposta alérgica Defesa contra parasitas ATACANDO LARVA DE ESQUISTOSSOMA * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS BASÓFILOS Liberação de histamina Vasodilatação * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS LINFÓCITOS AÇÃO CITOTÓXICA (T-CD8) AÇÃO AUXILIAR (T-CD4) AÇÃO DESTRUIDORA (NK) Produção de citocinas e anticorpos * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS LINFÓCITOS CITOTÓXICO CD8 ATACANDO CÉLULA INFECTADA NK ATACANDO CÉLULA CANCEROSA * * FUNÇÕES BÁSICAS DOS MONÓCITOS FAGOCITOSE NO SANGUE LIBERAÇÃO DE CITOCINAS, INTERLEUCINAS E FATORES DE CRESCIMENTO CELULAR MIGRAÇÃO TECIDUAL MACRÓFAGOS FAGOCITOSE DE GORDURA * * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Valores analisados: Leucócitos totais; Metamielócitos, Mielócitos e Bastonetes; Neutrófilos; Basófilos; Eosinófilos; Linfócitos; Monócitos. * * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Análise: Número aumentado; Número reduzido; Desvio a esquerda → aparecimento de células imaturas (infecção acentuada não dá tempo de ocorrer a maturação das células) * * ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DOS LEUCÓCITOS LEUCOCITOSES: 11.000 a 15.000/mm3 Discreta 15.000 a 20.000/mm3 Moderada 20.000 a 30.000/mm3 Acentuada 30.000 a 45.000/mm3 Reação Leucemóide > 45.000 Maioria dos processos leucêmicos LEUCOPENIA: Abaixo de 1500/mm3 Podem estar relacionado a desnutrição * * * * HEMATOLOGIA - LEUCOGRAMA Contagem total de linfócito - desnutrição * HEMATOLOGIA - COAGULOGRAMA Plaquetas → é um fragmento discóide anucleado do citoplasma do megacariócito; Coagulação → processo fisiológico que leva à formação de rede de filamentos de fibrina. * * HEMATOLOGIA - COAGULOGRAMA Exames:Contagem de Plaquetas; Tempo de Coagulação → alterado nos distúrbios que afetam a formação da fibrina ( fatores da coagulação – via intrínseca) ; Relação RNI – Vitamina K - Marevan * * BIOQUÍMICA – GLICOSE Glicose → avaliação da glicemia - pode estar alterada devido a diabetes ou processos infecciosos, trauma. VR: Normal jejum : 70 a 99 mg/dL Intolerância glicose Jejum : 99 a 125 mg/dL Diabetes mellitus : > 126 mg/dL GLICOSE POS-PRANDIAL (2h APOS ALMOCO - VR: Inferior a 140 mg/dL OBS: Novos criterios recomendados pela American Diabetes Association, 2003 Diabetes Care 26:3160, 2003. * * * * BIOQUÍMICA – PTN PLASMÁTICA Proteínas Plasmáticas: indicadores de desnutrição Possibilitam diagnóstico Albumina Pré- albumina Proteína carreadora de retinol Transferrina * * * * * * ALBUMINA Pressão osmótica Transporte de substâncias (hormônios, cálcio, ácidos graxos livres, drogas, bilirrubina, fármacos). Valores de referência em mg/dL: Normal: >3,5 Depleção leve: 3,0 a 3,5 Depleção moderada: 2,4 a 2,9 Depleção grave: < 2,4 “ A concentração de albumina sérica é considerada útil para predição dos resultados, apesar de estar alterada,em virtude do estado de hidratação, disfunção hepática e/ou renal e do metabolismo protéico” * * PRÉ-ALBUMINA Possui função transportadora Meia vida curta de dois dias Valor normal de 19 a 38 mg/dl Desnutrição leve – 10-15 mg/dl Moderada – 5 a 10 mg/dl Grave - <5 mg/dl * * * * PCR Proteína C Reativa (PCR): Proteína positiva de fase aguda 10 a 100 vezes - infecção e inflamação Valor de referência: <0,8mg/dL Níveis começam a = Fase anabólica * * PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES Valores normais das Proteínas totais situam se entre: 6,4 a 8,3 g/dL; Valores normais para a albumina: 3,2 a 5,0 g/dL, Para globulina valores normais são: 2,0 a 3,9 g/dL, A relação A/G : maior ou igual a 1. * * LIPIDEOS Lipídeos Plasmáticos: Triglicerídeos – valor de referência até 150 mg/dl Colesterol – Lipoproteínas: LDL; HDL; VLDL; Relação entre eles * * HDL é desejável acima de 40 mg/dl Valor Triglicerídeos: * * Relação Colesterol total e HDL: A relação desejável é abaixo de 5 (5:1); a ideal é 3,5 (3,5:1). Ex. Colesterol total 165mg/dl e HDL de 25 mg/dl = 6,6 Ex. Colesterol total 240mg/dl e HDL de 75 mg/dl =3,2 * * FUNÇÃO HEPÁTICA Provas de Função Hepática: Bilirrubina no sangue → principal produto do metabolismo do heme da hemoglobina : Bilurrubina Direta (conjugada) → avalia a integridade fisiológica do hepatócito e da permeabilidade das vias biliares intra e extrahepáticas ; Bilirrubina Indireta (não conjugada) → avalia a capacidade de depuração do fígado estão ligados à captação e/ou conjugação hepática ; * * Após 120 dias, as hemácias são fagocitadas pelo baço e fígado e a fração heme da hemoglobina serve de fonte para a formação da bilirrubina. A fração heme da hemoglobina é degradada em biliverdina pela remoção do complexo ferro-protoporfirina da globina. A biliverdina, por sua vez, é transformada em bilirrubina indireta pela ação da biliverdina-redutase. - insolúvel BI é conjugada ao ácido glicurônico por ação da enzima UDP-glicuroniltransferase, formando a bilirrubina direta (BD) ou conjugada. - solúvel * * FUNÇÃO HEPÁTICA Provas de Função Hepática: Enzimas Celulares – indicadoras de lesão hepatocítica: TGO ou AST até 38U/l → está presente no citoplasma e também nas mitocôndrias do fígado, coração, músculo esquelético e também são comumente encontrados no infarto agudo do miocárdio; TGP ou ALT até 41 U/L→ Transaminase glutâmica pirúvica (TGP) é uma enzima presente nos hepatócitos, quando uma célula é danificada, ela libera esta enzima no sangue, aumenta drasticamente em lesões hepáticas agudas, como na hepatite viral * * FUNÇÃO HEPÁTICA Provas de Função Hepática: Fosfatase Alcalina 50 a 250 U/L→ marcador importante para processos obstrutivos hepáticos ; Gama GT - 11 a 49 U/L→ alterações indicam doenças hepatobiliares ; * * * * FUNÇÃO PANCREÁTICA Amilase: até 220 U/l: alta nos casos de pancreatite aguda ou hepatite e cirrose Lipase: até 23 – 300 U/l: alto na pancreatite e na hepatite viral * * FUNÇÃO RENAL Provas de Função Renal: Uréia sérica 10 a 45 mg/dl → produto do catabolismo de aminoácidos e proteínas, ↓ da ativ. Renal ↑concentração no sangue; mas tb está relacionada com desidratação Creatinina sérica 0,8 a 1,2 mg/dl → proveniente do metabolismo muscular, ↓ da ativ. Renal ↑concentração no sangue; também está relacionada com dano muscular Ácido úrico sérico 2,4 a 6 mg/dl → ↑ doença renal com uremia - Gota * * * * Art. 1º. Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação,à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente. Art. 2º. O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. Parágrafo único. No contexto da responsabilidade que decorre do disposto no caput deste artigo, o nutricionista deverá: I - considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, sócio-econômicas e religiosas, desenvolvendo a assistência integrada junto à equipe multiprofissional; RESOLUÇÃO CFN N° 306/2003 DISPÕE SOBRE SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS NA ÁREA DE NUTRIÇÃOCLÍNICA, REVOGA A RESOLUÇÃO CFN Nº 236, DE 2000 E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. * * II - considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; III - atuar considerando o cliente-paciente globalmente, desenvolvendo a assistência integrada à equipe multidisciplinar; IV - respeitar os princípios da bioética; V - solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente. Art. 3º - Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Nutricionistas. Art. 4º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se a Resolução CFN nº 236, de 17 de março de 2000.
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