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ADOLESCÊNCIA: IDADE DA SOLIDÃO
Franciele Monik Zanutto, Faculdade Ingá- UNINGÁ �
Isabela Cristina Bonadia Veroneze, Faculdade Ingá- UNINGÁ�
Nivaldo Donizeti Mossato, Faculdade Ingá- UNINGÁ�
Rodrigo Robson Lolatto, Faculdade Ingá- UNINGÁ�
Patrícia M. de Lima Freitas�
 
Palavras chave: Adolescência; Solidão; Família.
 
O presente trabalho foi realizado como prática da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento II do curso de Psicologia da Faculdade Uningá. Através de uma revisão bibliográfica procuramos demonstrar neste trabalho, o quanto é difícil atravessar a adolescência, sem deixar que a solidão impregne suas profundas marcas no psíquico do jovem, de forma a construir negativamente seu caráter, distanciando-o das suas raízes familiares e destruindo, na maioria das vezes, uma construção psíquica e cultural proposta desde os primeiros dias da infância, pelos pais e pela sociedade a qual pertencem.
Desta maneira, entre as tantas fases do desenvolvimento humano, a adolescência é a mais conflitante. Inicia-se por volta dos dez ou onze anos, estendendo-se até a pós-puberdade, que tem sua conclusão aproximadamente aos vinte anos. No entanto, a adolescência pode ser vista em seus múltiplos vértices: psicológico, cultural, social, biológico e tantos outros que inserem-se em um processo que assume peculiaridades de acordo com a cultura vigente.
Para Áries (1981) a infância, como período evolutivo e com necessidades específicas, é uma invenção da modernidade, tendo cerca de 150 a 200 anos: a adolescência é ainda mais recente referindo-se a um período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial (1918 e 1939). Até então se passava da infância para a idade adulta em um curto espaço de tempo, após breves rituais de iniciação, tanto que Freud, pai da psicanálise nunca usou a palavra adolescência, pois esse termo não existia na língua alemã de seu tempo. Referia-se a esse período como juventude ou puberdade. 
As variantes deste desenvolvimento humano, através dos séculos, oscilaram em suas visões e necessidades, culminando em uma nova definição, onde a adolescência surge como um importante período de transição entre a infância e a fase adulta, não só no fator psíquico, como também físico, no aspecto de amadurecimento dos órgãos genitais e do aparecimento de caracteres sexuais secundários.
Para Outeiral (2008), a adolescência é composta de três etapas que se misturam em suas características enquanto se processam e se alteram num constante vai e vém, determinando-se como: adolescência inicial (entre 10 e 14 anos), tendo como características básicas as transformações corporais e alterações psíquicas derivadas destes acontecimentos. A adolescência média (dos 14 aos 17 anos) tem como seu elemento importante as questões relacionadas à sexualidade, em especial, a passagem da bissexualidade para a heterossexualidade. A adolescência final (de 17 a 20 anos) sendo caracterizada pelo estabelecimento de novos vínculos com os pais, a questão profissional, aceitação do novo corpo e dos processos psíquicos do mundo adulto. 
Já para D’Andrea (2006), considerando os aspectos fisiológicos como ponto de referência, estas etapas são definidas como pré-puberdade, puberdade e pós-puberdade.
No entanto, registra que a essa divisão por idade é totalmente arbitrária, pois defrontamos com adolescentes antes dos 10 anos, assim como após os 20 anos.
Essa difícil fase do desenvolvimento humano encontra suas barreiras em conflitos emocionais relacionados à reorganização do aparelho psíquico e ao reencontro deste ser na sociedade a que pertence, visto que deixou de ser criança e ainda não atingiu a sua maturidade, deparando-se com o medo da nova realidade a ser assumida: um novo padrão de comportamento e relacionamento que o projete no mundo adulto. Esse período de contestação gera uma situação conflitante que por sua vez pode levar esse jovem a reprimir-se ou isolar-se num sentimento de solidão.
Este sentimento relacionado aos conflitos provenientes do medo do “novo”, do desconhecido caminho a seguir, pode ser visto sob dois aspectos: o positivo, quando promove o crescimento e o desenvolvimento do ser humano como pessoa; e o negativo, quando o leva a um sentimento de rejeição tanto de si mesmo, quanto do mundo que o cerca, projetando-o ao egocentrismo e a autopiedade, culminando na autodestruição.
A infância é um período onde se constrói o companheirismo, a confiança e o respeito entre pais e filhos. A comunicação é de extrema importância nesta construção. Quando esses fatores falham ou ocorrem de maneira inadequada essa criança chega à adolescência desestruturada, podendo assim proporcionar motivos para levá-lo à solidão.
A indecisão entre a vontade da independência e o medo da responsabilidade, faz com freqüência exigências e reivindicações ambivalentes. Os pais sentem-se desconcertados e confusos por suas imposições e protestos contraditórios, gerando assim certa incompreensão e sensação de estranheza, freqüentemente recíprocos. O adolescente sente-se inseguro em papéis que não lhe correspondem, percebe imposições intoleráveis, sente alteradas as suas mensagens e suas exigências.
Para Miceli (2006) na adolescência o jovem se projeta fora da família, o pai e a mãe deixam de ser referências para esta criança. Os personagens e ídolos servem agora como modelo para este jovem. Por outro lado, os relacionamentos com os colegas se tornam mais destacados: o adolescente tem necessidade extrema de ser acolhido pelo grupo do mesmo sexo, e começa a se firmar também nos relacionamentos com o sexo oposto. Entretanto, o sentimento de solidão pode estar presente em qualquer lugar ou situação, ocorrendo até mesmo durante uma festa com os amigos, no trabalho ou dentro de casa com a própria família, por existir medo da intimidade, de deixar-se conhecer, de ser rejeitado, por haver timidez, incompreensão e desejo de possuir um relacionamento que nunca acontece. 
Para Levy (2001), o adolescente oscila entre quatro ambientes que funcionam como refúgios psíquicos que podem ajudá-lo a organizar seus sentimentos de forma construtiva ou fazê-lo mergulhar na solidão e no abandono. Estes ambientes que são: a família, o mundo adulto, os grupos de adolescentes e o isolamento são caminhos que quando percorridos na normalidade promovem um amadurecimento mais tranqüilo, e que, quando percorridos de forma que o adolescente promova uma fixação rígida em uma dessas comunidades torna-se uma psicopatologia. 
Esses grupos são caminhos pelo qual o adolescente terá que passar para concluir sua caminhada rumo à maturidade. A forma pela qual será conduzido por eles é que fará a diferença entre ser um individuo normal ou problemático.
No adolescente mais próximo à normalidade, observa-se a utilização desses grupos como refúgios psíquicos que o auxiliam a conquistar um espaço mental com maior adequação que poderá induzi-lo a sobrepujar a ansiedade, amenizando o sentimento de solidão. Por outro lado, quando fixa-se em demasia em qualquer um desses grupos pode absorver experiências que o conduzirá com freqüência a uma expectativa solitária. 
Outro fator relevante que conduz à solidão é a baixa estima, pois tendo pouca confiança em si mesmo é difícil sentir-se apto para criar relacionamento com outros de sua idade. Esse sentimento surge muitas vezes das avaliações físicas, sendo a aparência e o comportamento questões protuberantes na sociedade, provocando assim um retraimento.
O aumento nas atividades e a obsessão pela eficiência geram sentimentos de inferioridade e inutilidade. A modernidade e a tecnologia levam o jovem a alienar-se do mundo cada vez mais, incapacitando-os de amadurecer através das experiências que o contato social proporciona.
Contudo, ao invés de enfrentar a solidão, há uma busca desenfreada para afastá-la, na ilusão de que algo ou alguém possa livrá-lo desse sentimento. Essa busca acaba levando-os a caminhosnegativos e, muitas vezes, querem libertar-se através de bebidas, drogas, ou até mesmo tornando-se dependentes de alguém próximo, pois descrêem de sua capacidade de cuidar de sua própria vida emocional e esperam que os outros supram suas necessidades, e estes, por sua vez, sentem-se sufocados e tendem a afastarem-se mais ainda destes jovens.
Nesta fase da vida o adolescente promove, devido aos seus sentimentos ambivalentes, uma verdadeira busca do outro fora do seu ambiente familiar, no entanto, sempre retorna às suas raízes para certificar-se de que não houve um rompimento definitivo com seus pais e para reabsorver seus padrões de relacionamento.
Quando a família estrutura-se de forma a promover esse relacionamento de confiança com o jovem adolescente, dá a ele condições de, na medida em que evolui em seus questionamentos, encontra subsídios para enfrentá-los de forma condizente a um amadurecimento adequado, fazendo com que o sentimento de solidão, tão presente nesta fase do desenvolvimento, seja amenizado, interferindo de forma menos agressiva no ambiente psíquico do jovem adolescente.
Não é nada fácil, tanto para o jovem adolescente quanto para sua família lidar com estes conflitos, pois, ambas as partes perdem-se em meio a estes paradigmas e sentimentos, de forma a, muitas vezes, desestruturar-se em suas crenças e convicções. 
No entanto, quando a troca de experiências entre o jovem e a família tende a estruturar, ao longo dos anos, uma relação de confiança mútua, criará no adolescente a certeza que, mesmo em meio a tantos questionamentos e à vontade de buscar lá fora, longe do seio da família, o “conhecimento do mundo dos adultos”, mais cedo ou mais tarde poderá retomar esta relação sem que as “perdas” sejam tão significativas para seu mundo psíquico, reiterando para si mesmo um amadurecimento onde a solidão terá uma “breve” e natural passagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
-ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2². ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1981.
-D’ANDREA, F.F. Desenvolvimento da personalidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
-LEVY, R. O adolescente. IN: EIZIRIK, C.L. et.al.(org.) O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. São Paulo: Artmed, 2001.
-MICELI, M. Sentir-se só. São Paulo: Paulinas, 2006.
-OUTEIRAL, J. Adolescer. 3ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2008.
� Acadêmica do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Ingá – UNINGÁ. Av. Doutor Mario C. Urbinatti, 724 AP. 34 BL. N. Maringá – PR, Brasil. E-mail: � HYPERLINK "mailto:nina_cia@hotmail.com"��nina_cia@hotmail.com�.
� Acadêmica do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Ingá – UNINGÁ. Rua Duartina, 780, Jardim Lucianópolis. CEP 87080-440, Maringá-PR, Brasil. E-mail: isaveroneze@yahoo.com.br.
� Acadêmico do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Ingá – UNINGÁ. Rua Carlos Augusto Tourinho, 207, Jd.Copacabana. CEP. 87023-416 - Maringá – PR, Brasil. E-mail: contato@nivaldomossato.com.br.
� Acadêmico do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Ingá – UNINGÁ. Rua Tietê, 130, Jardim Universitário. Cep 87020-210, Maringá-PR, Brasil. E-mail: �HYPERLINK "mailto:rodrigorobsonmt@hotmail.com" \t "_blank"�rodrigorobsonmt@hotmail.com�.   
� Mestre em Psicologia pela UFSC; Docente do curso de graduação de Psicologia da Faculdade Ingá-Uningá; Universidade Estadual de Maringá e Universidade Paranaense – Unipar. patriciamlfreitas@hotmail.com.

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