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Resumo Falimentar 2013

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DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
1 
 
DIREITO FALIMENTAR 
INTRODUÇÃO 
O principal objetivo do direito falimentar é a proteção do crédito, ou seja, conferir amparo 
jurídico que possibilite a recuperação do crédito, mediante a diminuição do nível de inadimplência. Em 
outras palavras, o objetivo da lei é dar proteção ao crédito e retirar do mercado empresas 
prejudiciais ao interesse econômico, resguardando as empresas viáveis. Após o advento da 
11.101/05, temos três situações possíveis para os devedores inadimplentes abrangidos por ela: 
1) Ingressar em juízo requerendo a recuperação judicial; 
2) Negociar com seus credores e pleitear a homologação do acordo de recuperação 
extrajudicial; 
3) Falir, quando não houver outra solução. 
A lei 11.101/05 pretende introduzir no sistema jurídico brasileiro instrumentos legais e 
mecanismos jurisdicionais capazes de proporcionar a reorganização das empresas viáveis que se 
encontram em crise financeira. 
A LRE é composta por 201 artigos e trata basicamente dos processos de recuperação judicial, 
extrajudicial e da falência. Ela ainda tipifica os crimes falimentares, regulamenta o procedimento penal 
e não exclui a aplicação subsidiária de outras leis. 
ÂMBITO DE INCIDÊNCIA – LEI Nº. 11.101/05 
O art. 1º diz que as regras da Lei nº. 11.101 aplicam-se ao EMPRESÁRIO INDIVIDUAL e a 
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. Assim, os agentes econômicos civis, ou seja, aqueles que não são 
empresários individuais nem sociedades empresariais vão se submeter às regras do CPC e não a LRE. 
Art. 1°. Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
 
Empresário: PF/Natural que desenvolvem atividades empresariais. 
Sociedade: PJ que exercem atividade empresarial. 
Atividade empresarial: Atividade profissional, econômica e organizada, voltada a obtenção de 
lucros. A empresa é a atividade desenvolvida profissionalmente com habitualidade, seja por um 
empresário individual, seja por uma sociedade empresária de forma economicamente organizada, 
voltada à produção ou circulação de mercadorias ou serviços. Quem não desenvolve 
profissionalmente atividade econômica organizada voltada à produção ou circulação de bens ou 
serviços não é considerado empresário e, assim, não está sujeito ao regime falimentar. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
Elementos para caracterização da figura do empresário 
Profissionalismo: diz respeito a habitualidade com a que a atividade é exercida. 
Pessoalidade 
Monopólio de informações: conhecimento das técnicas de produção ou da prestação do serviço. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
2 
 
Empresa: Atividade organizada desenvolvida pelo empresário que deve concentrar: CAPITAL, MÃO 
DE OBRA, INSUMOS E TECNOLOGIAS. Importante ressaltar que somente quando todos 
esses elementos estiverem presentes é que poderemos dizer tratar-se de atividade empresária. 
Empresário Individual 
Sociedades empresariais 
a) Em nome coletivo; 
b) Em comandita simples ou por ações; 
c) Por cotas de responsabilidade limitada; 
d) Anônimas; 
e) EIRELI - Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. 
A NÃO APLICABILIDADE DA LEI Nº. 11.101/05 
1) Empresa pública e sociedade de economia mista; 
2) Instituição financeira pública ou privada (Lei nº. 6.024/74); 
3) Cooperativa de crédito (Lei nº 5.764/71); 
4) Consórcios (Lei nº 6.404/76); 
5) Entidades de previdência complementar (Lei Complementar nº 109/01); 
6) Seguradoras (Decreto Lei nº 73/66); 
7) Sociedades operadoras de plano de saúde (Lei nº 9.656/98); 
OBS: Essas empresas elencadas nos itens 1 a 7, não se sujeitam, por opção do legislador, 
ao regime geral falimentar por se tratarem de atividades específicas e de relevante 
interesse social e econômico, sendo-lhes aplicáveis as referidas leis especiais no que 
tange a sua insolvência. 
8) Produtor rural não registrado na junta comercial e cooperativas – sociedade simples; 
9) *ATENÇÃO*- Aqueles que exercem atividade intelectual, de natureza científica, literária 
ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares e colaboradores, EXCETO se o 
exercício da profissão configurar elemento da empresa (Art. 966 do CC). 
 
PESSOAS JURÍDICAS ou SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS: Aquele que não cumpre a 
obrigação de registrar a empresa não adquire personalidade jurídica e é considerado sociedade 
irregular ou de fato e, por isso, sofre severas consequências. 
Sociedades Irregulares: São aquelas que possuem ato constitutivo, porém não registrado, ou 
aquelas em que o prazo de existência expirou sem a renovação dos registros juntamente 
aos órgãos competentes. 
Sociedades de fato: São as que desempenham atividade empresarial, atuam como sociedade, 
mas não possuem sequer contrato social ou estatuto. 
Independentemente de possuírem ou não personalidade jurídica, sociedades empresárias podem ter a 
falência decretada. Para tanto, basta que prove o efetivo exercício da atividade empresarial. Se 
não pudessem falir, estaríamos beneficiando aqueles que não observam os preceitos legais. 
Estão sujeitos a Lei 
n°. 11.101/05: 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
3 
 
Por outro lado, a sociedade de fato e a irregular não se sujeitarão aos processos de 
recuperação judicial e extrajudicial, pois um dos requisitos básicos para pleitear as 
recuperações é provar o exercício REGULAR da atividade empresarial há pelo menos 02 anos. 
 
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DAS RECUPERAÇÕES E DA FALÊNCIA 
Segundo o art. 3º da lei o juízo competente para julgar as recuperações e a falência é o juízo do 
local do principal estabelecimento do devedor. 
Art. 3°. É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a 
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
 
Mas, qual é o principal estabelecimento do devedor? A esse respeito temos três correntes: 
1ª corrente: O juízo competente será no local da sede estatutária da empresa (o contrato social é 
quem vai definir); 
2ª corrente: O juízo competente será aquele do local da sede administrativa; 
3ª corrente: posição DOMINANTE: o que vale é o critério econômico, logo, o juízo 
competente será aquele da maior complexidade de bens, ou seja, não será levada em 
consideração nem a sede administrativa nem a sede estatutária, mas o local onde se situa a 
maior quantidade de bens (posição liderada pelo professor Oscar Barreto Filho). 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO FALIMENTAR 
Segue abaixo os princípios básicos aplicáveis aos três procedimentos do direito falimentar: 
� Princípio do par conditio creditorum (parificação dos credores); 
� Princípio da viabilidade da empresa; 
� Princípio da prevalência dos credores; 
� Princípio da publicidade dos procedimentos; 
� Princípio da conservação e da maximização dos ativos; 
� Princípio da manutenção/conservação da empresa viável (decorrente do princípio da 
viabilidade da empresa). 
Princípio do PAR CONDITIO CREDITORUM (parificação dos credores): Tratamento parificado 
aos credores. Os credores que estiverem na mesma classe, devem estar na mesma situação no 
recebimento do crédito. É o princípio regente de todos os processos concursais. Prevê quese dê 
aos credores que integram uma mesma categoria iguais chances de recebimento. 
Princípio da VIABILIDADE DA EMPRESA: O mecanismo da recuperação é indicado para as 
empresas economicamente viáveis, enquanto a falência apresenta-se como solução judicial da 
situação econômica das empresas inviáveis. Quem decide se a empresa é viável ou não é o JUIZ. 
Princípio do INTERESSE DOS CREDORES: Qualquer regime de insolvência visa satisfazer 
pretensões creditícias legitimas. Nesse sentido, todo aquele credor legitimado deve ter seus 
interesses protegidos. Todo aquele credor que tiver como provar que é credor, sempre terá seus 
direitos protegidos. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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Princípio da CONSERVAÇÃO e MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS: Os procedimentos para 
solução da insolvência demandam que os ativos da empresa devedora sejam preservados e, se 
possível, valorizados. Objetiva a recuperação da unidade econômica e a manutenção de sua 
atividade produtiva, para satisfação dos credores em proveito da sociedade. 
Princípio da PUBLICIDADE DOS PROCEDIMENTOS: Os procedimentos para a solução da 
insolvência devem ser transparentes, o que significa não somente a publicidade dos atos 
processuais, mas a clareza e objetividade na definição de diversos atos que os integram. 
Princípio Da Publicidade = Transparência + Clareza + Objetividade nos procedimentos. 
Princípio da CONSERVAÇÃO DA EMPRESA VIÁVEL: A preservação da atividade negocial é o 
ponto mais delicado do regime jurídico de insolvência. Só deve ser liquidada a empresa inviável, 
ou seja, aquela que não comporta uma reorganização eficiente ou não justifica o resgate. 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Arts. 47 a 73 da Lei 11.101/2005) 
Conceito: Instituto criado pela nova lei que busca viabilizar a reestruturação da empresa em crise 
sob o crivo jurisdicional. 
Objetivo (art. 47): A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de 
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do 
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da 
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. O objetivo é recuperar a saúde 
financeira da empresa. 
Autor do pedido: De acordo com o artigo 1º da LRE , a Lei 11.101/2005 só se aplica aqueles que 
exercem atividade empresarial, não se referindo a devedores civis. Portanto, somente 
empresários podem requerer recuperação judicial. Vale lembrar que a lei não se aplica a empresa 
pública e sociedade de economia mista e a instituição financeira pública ou privada, cooperativa 
de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades 
legalmente equiparadas às anteriores (art. 2º). 
Credor jamais pode pedir a recuperação, o que ele pode pedir é a FALÊNCIA. 
Legitimidade - PODEM REQUERER a recuperação: 
1) O devedor empresário e a sociedade empresária; 
2) O cônjuge sobrevivente, seus herdeiros e o inventariante; 
3) Sócios remanescentes da sociedade empresária (art. 48, parágrafo único da Lei nº. 11.101) 
OBS: Não caberá ao credor iniciar esse processo. No entanto, credor pode pedir a falência do 
devedor empresário. 
Requisitos materiais do pedido de recuperação judicial: Veja-se que não estamos falando ainda na 
concessão do pedido do devedor, mas apenas no deferimento de seu processamento. Assim, de 
acordo com o dispositivo em questão: 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça 
regularmente suas atividades há mais de 02 anos e que atenda aos seguintes requisitos, 
cumulativamente: 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as 
responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no 
plano especial (aplicável apenas para micro empresas e empresas de pequeno porte) de que trata 
a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa 
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, 
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
 
Obs. Empresas com menos de dois anos de atividade não podem requerer a recuperação judicial. 
Foro competente para o pedido de recuperação judicial (Art. 3°): É competente para homologar o 
plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o 
juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha 
sede fora do Brasil. O principal estabelecimento corresponde não exatamente à sede 
administrativa da empresa, mas ao local onde se concentra o maior volume de negócios dela. 
A doutrina predominante diz que o juízo competente é o do local do maior complexo de bens. 
Créditos sujeitos a recuperação judicial: Todos os créditos existentes na data do pedido, ainda 
que não vencidos (art. 49, caput). Todos os casos excepcionais estão elencados no mesmo 
artigo. Todos aqueles que se tornarem credores no dia seguinte ao pedido não poderão 
integrar o plano de recuperação. 
Pedido de recuperação judicial: Procede-se mediante petição inicial demonstrado ao juiz a real 
situação da empresa em crise, observando as EXIGÊNCIAS do artigo 51. 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será INSTRUÍDA com: 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise 
econômico-financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação 
societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de 
dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do 
crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos 
registros contábeis de cada transação pendente; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, 
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a 
discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo 
atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações 
financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, 
emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor 
e naquelas onde possui filial; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, 
inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. 
§ 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no 
suporte previstos em lei, permanecerão à disposiçãodo juízo, do administrador judicial e, 
mediante autorização judicial, de qualquer interessado. 
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e 
empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos 
termos da legislação específica. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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Razões da crise: O correto é fazer uma descrição detalhada da crise, apontando causas específicas 
(não genéricas): Ex. inadimplência de algum cliente relevante, desaquecimento dos negócios no 
ramo em que se atua, pressão concorrencial na região de atuação. 
Demonstração contábil: A exigência, embora seja correta, acaba na prática não sendo de muita 
valia, uma vez que o juiz, na maioria das vezes, não possui conhecimento técnico em 
contabilidade e finanças para analisar a escrituração contábil do devedor. 
Relação completa dos credores: A apresentação da relação é fundamental para que o 
administrador judicial, caso a recuperação seja posteriormente concedida, publique o edital 
previsto no artigo 7º, § 2º da LRE. 
Art. 7°. A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros 
contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem 
apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas 
especializadas. 
§ 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os 
credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas 
habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. 
§ 2o O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do 
caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 
dias, contado do fim do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo 
comum em que as pessoas indicadas no art. 8o desta Lei terão acesso aos documentos que 
fundamentaram a elaboração dessa relação. 
 
Relação integral dos empregados: A informação será de extrema valia para que o juiz e os credores 
avaliem a viabilidade da empresa. 
Certidão de regularidade: A exigência tem em vista permitir ao juiz analisar o cumprimento do 
requisito do artigo 48 supracitado e no caso do inciso VI (relação dos bens dos sócios) tem 
importância, uma vez que futuramente esses controladores ou administradores podem ser 
responsabilizados – citem-se, por exemplo, o artigo 82, § 2º da LRE e a eventual decretação da 
desconsideração da personalidade jurídica pelo juiz. A responsabilidade pessoal dos sócios de 
responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida será 
apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua 
insuficiência para cobrir o passivo. 
Extratos das contas: O devedor deverá expor todos os seus dados bancários relevantes para que o juiz 
e os credores avaliem a sua situação patrimonial e financeira. 
Certidão de protestos: A LRE, ao contrário do que fazia e lei anterior, não exige a apresentação de 
certidões negativas dos cartórios, bastando apenas a apresentação das certidões, ainda que 
estas indiquem a existência de títulos protestados. Isso, portanto, não impede o processamento 
da recuperação. 
Relação das ações: Permitirá ao juiz e aos credores a aferição da gravidade da crise da empresa e 
consequentemente a análise de sua viabilidade. Alguns até recomendam que se indique, para 
cada ação relacionada, a real possibilidade de vitória ou de derrota na demanda. 
 
 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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Caso apresente, 
o juiz deferirá a 
 recuperação. 
 
 
01 
Petição inicial – juiz deferirá o 
processamento da RE. 
02 
Art. 52 
a) Nomeação do administrador judicial; 
b) Dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor 
exerça suas atividades; 
c) Suspensões de ações/execuções (só ficam suspensas por 180 dias); 
d) Apresentação de contas demonstrativas mensais pelo devedor 
e) Intimação do MP e comunicação por cartas aos Fiscos. 
 
03 
Publicada a decisão que defere o processamento do pedido, o devedor terá 60 dias para apresentar seu plano 
de recuperação, sob pena de CONVOLAÇÃO em falência. 
04 
O plano conterá: 
a) Discriminação dos meios de recuperação; 
b) Demonstração da viabilidade econômica; 
Laudo econômico financeiro e de avaliação 
dos bens ativos do devedor. 
05 
Após a apresentação do plano a lei determina a 
expedição do edital. 
06 
Conteúdo do edital: 
a) Resumo do pedido e da decisão que deferiu o 
processamento; 
b) Relação nominal dos credores com descriminação do valor 
Advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos – 
aviso sobre o recebimento do plano e fixação de prazo para 
manifestação. 
07 
Manifestação dos credores. 
 
08 
Intimação dos credores Se não tem objeção – aprovação tácita. 
 Se houve alguma objeção – convocação da assembleia. 
09 
A assembleia não excederá 150 
dias contados do deferimento do 
processamento. 
10 
Decisões da assembleia: 
1) Aprovação nos termos propostos pelo devedor; 
2) Aprovação com alterações propostas pelos credores com anuência 
do devedor; 
3) Rejeição do plano (convolação). 
11 
Se aprovado o plano pela assembleia o devedor será intimado para apresentar certidões negativas 
tributárias dentro de 30 dias. 
12 
Se em 2 anos da recuperação for descumprida qualquer condição do plano haverá 
convolação em falência. 
 
Se forem cumpridas todas as condições será decretado por sentença o encerramento 
da recuperação judicial (a empresa estará apta para voltar ao mercado – extinção da 
recuperação judicial). 
 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
8 
 
FASES DA RECUPERAÇÃO 
São três grandes fases: 
1) Postulatória/Pedido: Fase compreendida entre a PI e o despacho de processamento do 
benefício. Seu grande objetivo é a verificação dos pressupostos da recuperação. 
2) Deliberativa/Proposta: fase entre o despacho de processamento e a decisão concessiva da 
recuperação. Seu objetivo é apresentação da proposta pelo devedor e aprovação pelos credores. 
3) Executória/Implementação do plano: decisão concessiva e sentença de encerramento da 
recuperação. Objetivos: implemento e cumprimento do plano aprovado pelos credores e 
homologado pelo juiz. 
 
DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Estando devidamente instruída a exordial do devedor, prevê o artigo 52 da LRE que o juiz 
deferirá o processamento da recuperação judicial, o que não significa o mesmo que conceder a 
recuperação judicial, o que só ocorrerá, eventualmente em momento posterior. Neste momento, o juiz 
apenas está deferindo o processamento do pedido de recuperação, por entender, após juízo 
sumário de cognição, que aquele atendeu aos requisitos mínimos exigidos pela lei. 
Deferido o processamento do pedido de recuperação, o juiz então deverá tomar as medidas 
descritas nos incisos do artigo 52 da LRE: 
I – Nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei; 
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor 
exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para 
recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no 
art. 69 desta Lei. (Para que tal dispositivo fosse útil deveriadispensar a apresentação de 
certidões negativas em qualquer situação; o ideal seria que a regra dispensasse, de forma 
genérica, a apresentação de certidões negativas para que o devedor exercesse normalmente 
suas atividades); 
III – ordenará a SUSPENSÃO de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do 
art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, 
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos 
excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; 
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto 
perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores; 
V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas 
Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento. 
Instauração do JUÍZO UNIVERSAL: todas as ações e execuções contra o devedor são suspensas, 
com exceção das ações que demandam quantia ilíquida (art.6º, § 1º), das ações que correm 
perante a Justiça do Trabalho (art. 6º, § 2º), das execuções fiscais (art. 6º, § 7º) e das ações e 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
9 
 
execuções movidas por credores cujos créditos não se sujeitam à recuperação judicial, nos 
termos do artigo 49, §§3º e 4º da LRE (arrendador mercantil, proprietário fiduciário, 
proprietário em contrato de compra e venda com reserva de domínio, adiantamento a 
contrato de câmbio para exportação). Destaque-se, porém, que nesses casos o juízo universal 
não atrairá as demandas suspensas a sua competência: a lei deixou claro que elas se 
suspendem, mas continuam nos respectivos juízos onde estão sendo processadas, sobretudo 
porque essa suspensão é temporária. 
Art. 6°. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial 
suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive 
aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese 
nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 dias contado do deferimento do 
processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos 
credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento 
judicial. 
 
Eventuais pedidos de falência ainda não julgados serão também suspensos e ficarão no aguardo 
do julgamento do pedido de recuperação. Por fim, registre-se que a LRE determina que “caberá ao 
devedor comunicar a suspensão aos juízos competentes de todas as ações e execuções a serem 
suspensas” (art. 52, § 3º). 
O juiz ainda determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais 
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores. Nesse 
momento a recuperação ainda não foi sequer concedida, pelo juiz, tendo havido apenas o deferimento 
do seu processamento. De qualquer forma, fica já ciente o devedor de que, caso a recuperação judicial 
seja posteriormente concedida, deverá o mesmo apresentar contas demonstrativas mensais para que 
sua situação financeira e patrimonial seja monitorada constantemente pelo juiz e pelos credores. Por 
fim, o juiz ordenará a intimação do MP e a comunicação por cartas as Fazendas Públicas Federais e de 
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento para que esse órgãos tomem as 
providencias que entenderem pertinentes. 
Proferida a decisão pelo juiz com atendimento a todos os requisitos analisados acima, determina 
o § 1º do artigo 52 a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá: 
I– Resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial; 
II – Relação nominal de credores, discriminando o valor atualizado e a classificação de cada crédito; 
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7o, § 1o, 
desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial 
apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei. 
Assim, segundo o artigo 52, § 2º da LRE, deferido o processamento da recuperação judicial, os 
credores poderão, a qualquer tempo, requerer a convocação de assembléia-geral para a 
constituição do Comitê de Credores ou substituição de seus membros, observado o disposto no § 2o 
do art. 36 desta Lei. Já o § 4º do artigo 52 o devedor não poderá desistir do pedido de recuperação 
judicial após o deferimento de seu processamento, SALVO se obtiver aprovação da desistência na 
assembléia-geral de credores. 
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10 
 
RESUMINDO 
Processamento da recuperação judicial: Tendo sido apresentado os documentos necessários e 
presentes os requisitos legais, o juiz defere o processamento da recuperação (prosseguimento do 
procedimento judicial), determinando, no mesmo ato: 
a) Dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades. 
b) Suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do artigo 6º, § 4º, pelo 
prazo improrrogável de 180 dias; 
c) Apresentação de contas demonstrativas mensais pelo devedor. 
d) Intimação do Ministério Público e a comunicação por carta as Fazendas Públicas, Federal e de 
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento. 
OBS: a aprovação final do plano de recuperação é decidida pelos credores, em assembleia geral. 
Processamento da recuperação: o despacho do juiz determinando o processamento da recuperação 
não se confunde com a efetiva concessão da recuperação, decisão que somente será tomada após 
a aprovação do plano pela assembleia geral dos credores. O despacho de processamento serve 
apenas para autorizar o prosseguimento do feito. 
 
A APRESENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Publicada a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação, o devedor terá 60 
dias para apresentar ao juízo o seu plano de recuperação, conforme previsão do artigo 53 da LRE: 
Art. 53. O PLANO DE RECUPERAÇÃO será apresentado pelo devedor em juízo no prazo 
improrrogável de 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação 
judicial, sob pena de convolação em falência. 
 
O devedor deve encarar a apresentação do plano como o ato mais importante da recuperação. Se 
o plano não for apresentado no prazo de 60 dias, a falência do devedor será decretada. Portanto, é 
importante destacar: a partir do deferimento do processamento do pedido de recuperação judicial, 
ou o devedor conseguirá sua recuperação judicial ou sua falência será decretada. Não há uma 
terceira saída. 
O plano deverá conter: 
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o 
art. 50 desta Lei, e seu resumo; 
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e 
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por 
profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. 
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o 
recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de 
eventuais objeções, observado o art. 55 desta Lei. 
Nesse sentido, podemos detectar que o plano não é uma mera formalidade, devendo ser 
encarado pelo devedor como a coisa mais importante para o eventual sucesso de seu pedido e, por 
essa razão deve ser minuciosamente elaborado, se possível por profissionais especializados. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
11 
 
MEIOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (Art. 50) 
Art. 50. Constituem meios de recuperaçãojudicial, observada a legislação pertinente a cada caso, 
dentre outros: 
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou 
vincendas; 
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária 
integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação 
vigente; 
III – alteração do controle societário; 
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos 
administrativos; 
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de 
veto em relação às matérias que o plano especificar; 
VI – aumento de capital social; 
VII – trespasse (venda) ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída 
pelos próprios empregados; 
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou 
convenção coletiva; 
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia 
própria ou de terceiro; 
X – constituição de sociedade de credores; 
XI – venda parcial dos bens (desde que não seja bem essencial a exploração da atividade 
empresarial); 
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como 
termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos 
contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; 
XIII – usufruto da empresa; 
XIV – administração compartilhada; 
XV – emissão de valores mobiliários; 
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos 
créditos, os ativos do devedor. 
 
Equalização da taxa de juros: É um subsidio governamental dado aos produtores brasileiros. Pela 
equalização, o governo cobre a diferença entre a taxa de juros praticadas no mercado financeiro e 
a taxa paga pelo produtor. 
Usufruto da empresa: transferência a um terceiro que a explore e consiga melhores resultados, 
ficando com os lucros daí provenientes. 
A medida constante do inciso I e IX é simplória e, tomada de forma isolada, dificilmente 
resolverá a crise do devedor. Nos incisos II, III, IV, V, VI, VII, XIII e XIV prevêem-se como meios de 
recuperação medidas que buscam, de certa forma, alterar o comando da empresa em crise, e pode ser 
exatamente disso que a empresa necessita. A crise da empresa muitas vezes é resultado de má 
administração, decorrente, por exemplo, da dificuldade de adaptação a novas tecnologias de produção, 
da incompetência na utilização dos recursos humanos e técnicos disponíveis ou da incapacidade de 
diversificação da atuação da empresa para absorver novas oportunidades de negócios. Nesse sentido, a 
simples mudança no controle societário pode significar uma verdadeira revolução na condução do 
empreendimento. 
O meio de recuperação previsto no inciso VIII pode ser muito eficiente, mas deve sempre ser 
precedido de contrato coletivo de trabalho, no qual os sindicatos e os trabalhadores por eles assistidos 
terão ampla possibilidade de discutir a medida em questão. No inciso X, previu-se um meio de 
recuperação que depende essencialmente da vontade dos credores de continuar explorando a atividade 
desenvolvida pelo devedor em crise. Pode ser que o devedor esteja sem recursos para modernizar o seu 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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estabelecimento ou para fazer investimentos necessários à absorção de novos mercados emergentes. 
Os credores podem visualizar na empresa em crise um empreendimento com potencial para 
desenvolver-se e superar as dificuldades. 
Já a medida constante do inciso XI pode ser extremamente eficiente. Muitas vezes uma empresa 
possui uma grande parte de seu ativo imobilizado – sede, galpões, filiais – quando poderia ter os 
recursos referentes a esses bens em caixa para movimentá-los e aumentar seus ganhos de capital. 
Nesses casos, portanto, pode ser bastante útil vender alguns imóveis e locá-los posteriormente. Assim, 
o devedor pode usar os recursos adquiridos com a venda de seu ativo imobilizado para fazer novos 
investimentos. 
O meio do inciso XV, além de ser possível apenas para as sociedades anônimas, dificilmente 
será viável na prática, em nossa opinião. Afinal, provavelmente os investidores do mercado de capitais 
não estarão muito dispostos a adquirir valores mobiliários de uma empresa cuja crise econômica é tão 
acentuada que lhe exigiu recorrer ao judiciário para a obtenção de recuperação judicial. 
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Prazo para apresentação: 60 dias a contar da publicação da decisão que deferiu o seu processamento, 
sob pena de convolação em falência (art. 53, caput). 
Conteúdo do plano: Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregados; 
demonstração de sua viabilidade econômica; laudo econômico-financeiro e de avaliação de bens e 
ativos da empresa. 
 
OS CRÉDITOS TRABALHISTAS NO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para 
pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de 
trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. 
Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o 
pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza 
estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial. 
 
A ANÁLISE DO PLANO DE RECUPERAÇÃO PELOS CREDORES E PELO JUIZ 
Deferido o processamento da recuperação pelo juiz e apresentado o plano de recuperação pelo 
devedor, o juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do 
plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções. Assim, depois que 
o devedor apresentar o seu plano de recuperação judicial, cabe aos credores analisar o plano e decidir 
se o devedor deve ter a concessão da recuperação ou não. Na atual lei, são os credores que decidem, e 
o juiz apenas “homologa” essa decisão, concedendo a recuperação, caso o plano seja aprovado, ou 
decretando a falência, caso o plano seja rejeitado. 
Objeções ao plano: Qualquer credor pode apresentar objeção ao plano apresentado. O prazo para 
apresentação é de 30 dias a contar do que tiver ocorrido por último: publicação de aviso aos 
credores acerca do recebimento de plano de recuperação em juízo ou da publicação da relação de 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
13 
 
credores pelo administrador judicial. Se não for apresentada qualquer objeção e a documentação 
estiver em ordem, o juiz concederá a recuperação. 
Se nenhum credor apresentar objeções ao plano de recuperação judicial apresentado pelo 
devedor, significa que houve uma aprovação tácita. Nesse caso, não se convoca assembleia. Por outro 
lado, se for apresentada alguma objeção por parte de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, 
o juiz convocará a assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação. A data 
designada para a realização da assembleia-geral não excederá 150 dias contados do deferimento do 
processamento da recuperação judicial. É importante destacar que, havendo objeção de algum credor, 
não cabe ao juiz analisá-la e julgá-la. O juiz deve convocar a assembleia-geral de credores para que ela 
decida sobre o plano de recuperação apresentado pelo devedor. A convocação não pode demorar, 
sobretudo porque o prazo de suspensão da prescrição e das execuções, na recuperação judicial é de 
apenas 180 dias. É por isso que a lei determina que a data designada para a realização da assembleia 
não excederá 150 dias contados do deferimentodo processamento da recuperação judicial e, dessa 
forma, ainda restarão 30 dias de suspensão da prescrição e das execuções. 
DA VOTAÇÃO EM ASSEMBLÉIA GERAL 
Caso algum credor tenha objeção, o juiz deverá convocar assembléia geral de credores para deliberar 
sobre o plano. A aprovação do plano pressupõe a aprovação por todas as classes de credores, de acordo 
com as regras do artigo 45 da lei. 
Classe 1: Titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidente de 
trabalho. 
Classe 2: Titulares de crédito com garantia real. 
Classe 3 Titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou 
subordinados. 
 
POSSÍVEIS DECISÕES DECORRENTES DA ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES 
Aprovação do plano, nos termos propostos pelo devedor (sem alterações); Aprovação do plano 
com alterações propostas pelos credores com a anuência do devedor (art. 56, § 3º); rejeição do plano e 
decretação da falência do devedor (artigo. 56, § 4º). 
 
DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Se o plano tiver sido aprovado pela assembléia, o devedor será intimado para apresentar 
certidões negativas tributárias dentro de 30 dias. Caso as apresente, o juiz deferirá a recuperação. 
Contra essa decisão, cabe agravo de instrumento a ser interposto por qualquer credor ou pelo 
Ministério Público (art. 58, § 2º). A decisão que concede a recuperação constitui título executivo 
judicial (art. 475-N, III, do CPC). 
Se os credores consentirem com o plano do devedor, sem a apresentação de qualquer objeção, ou 
se eles aprovarem o plano, com ou sem alterações, na assembléia geral, caberá apenas ao devedor 
providenciar a apresentação de certidões negativas de débitos tributários. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
14 
 
CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL SEM O CONSNTIMENTO DOS CREDORES 
Conforme mencionado acima, a LRE, em princípio, condiciona a concessão da recuperação 
judicial ao consentimento dos credores, o que pode ocorrer se estes não apresentarem nenhuma 
objeção ao plano do devedor ou se, apresentada objeção, o plano seja aprovado pela assembléia geral, 
com ou sem alterações. Nesses casos, caberá ao juiz apenas homologar o plano, após comprovada pelo 
devedor a sua regularidade fiscal por juntada aos autos das certidões negativas de débitos tributários. 
No entanto, a lei prevê também situação excepcional em que a recuperação judicial do devedor poderá 
ser concedida pelo juiz mesmo que a assembléia não tenha aprovado o plano. Vejamos: 
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor 
cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido 
aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. 
§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação 
na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma 
cumulativa: 
I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos 
presentes à assembléia, independentemente de classes; 
II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja 
somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; 
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, 
computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei. 
§ 2o A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1o deste artigo se o 
plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado. 
 
Perceba-se que o juiz não está totalmente livre para conceder a recuperação judicial ao devedor 
se os credores não aprovarem seu plano. Ele só poderá fazê-lo se o plano tiver obtido a aprovação de 
parcela substancial dos credores. Em outras palavras, o juiz só poderá conceder a recuperação judicial, 
nesse caso, se o plano do devedor tiver obtido uma quase aprovação dos credores reunidos em 
assembléia. 
ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 Se durante o prazo de dois anos da recuperação for descumprida qualquer condição do plano, 
haverá convolação em falência. Se forem cumpridas todas as condições, será decretado, por sentença, 
o encerramento do plano. 
 
CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA 
A convolação pode ocorrer: 
Art. 73. 
I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; 
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; 
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do art. 56; 
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do 
§ 1o do art. 61 desta Lei. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por 
inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do 
caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta 
Lei. 
 
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE 
PEQUENO PORTE 
 Microempresa: Pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a 
R$ 240.000,00 (art. 2º, I da Lei 9317/96). 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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Empresa de pequeno porte: pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta 
superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (art. 2º, II da Lei 9317/96). O 
microempresário ou o empresário de pequeno porte apresentar o chamado plano especial de 
recuperação judicial cujas condições estão elencadas no art. 71. 
Características do plano especial: 
a) Não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não 
abrangidos pelo plano (art.71, parágrafo único); 
b) É concedida pelo juiz se atendidas às exigências legais, independentemente de convocação de 
assembléia geral de credores para deliberação em torno do plano (art. 72, caput); 
c) Os credores não atingidos pelo plano especial não terão créditos habilitados na recuperação 
judicial (art. 70, § 2º) 
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
1) Legitimidade 
 
2) Requisitos 
 
Iguais ao da recuperação judicial 
3) Efetivação 
a) Se todos os credores assinarem 
b) Mais de 3/5 de créditos de cada espécie aderirem ao plano. 
 
PROCEDIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recebimento do pedido de homologação 
do plano 
 
 
1) Os credores não poderão desistir da 
adesão ao plano, SALVO com anuência 
dos demais (inclusive do devedor); 
2) O pedido de homologação não 
acarreta suspensão das ações e 
execuções. 
Juiz ordenará a publicação de edital convocando TODOS os 
credores para eventual apresentação de impugnação. 
Credores terão 30 dias para impugnar o plano 
 
Só podem ser objeto de impugnação 
1) Não preenchimento dos 3/5 dos créditos de cada espécie 
abrangidos pelo plano; 
2) Ato de falência (94, III) ou fraudulento (130); 
3) Descumprimento de qualquer requisito legal. 
 
Se houver impugnação 
 
O devedor terá 5 dias para 
se manifestar 
 
Em seguida o juiz tem 5 dias para homologar ou indeferir a 
recuperação. 
Contra a decisão proferida, o recurso cabível é o de 
APELAÇÃO. 
 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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RESUMINDO 
A recuperação extrajudicial é um instituto facultativo da nova lei que constitui um plano de 
reorganização de dívidas, efetuados previamente pelo devedor com os seus credores, e assinados por 
eles, que é levado aojuízo competente para homologação. 
A homologação poderá ser efetivada se todos concordarem e assinarem o plano OU se o 
plano tiver sido assinado com credores que representem mais de 3/5 de todos os créditos de cada 
espécie por ele abrangidos. 
Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao 
plano, SALVO COM A ANUÊNCIA DOS DEMAIS SIGNATÁRIOS, INCLUINDO-SE O 
DEVEDOR. 
Os credores tem um prazo de 30 dias, a contar da publicação do edital, para apresentar 
impugnações. Só podem ser objeto de impugnação as seguintes matérias: 
1) Não preenchimento do percentual mínimo de 3/5 dos créditos de cada espécie 
abrangidos pelo plano; 
2) Atos de falência (art. 94, III): 
a) Liquidação precipitada dos ativos; 
b) Realização de negócio simulado ou alienação de seu ativo a terceiro; 
c) Transferência de estabelecimento a terceiro sem o consentimento dos credores 
não ficando com bens suficientes para saldar suas dívidas; 
d) Simulação de transferência do seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação; 
e) Abandono do estabelecimento ou ocultação do devedor de seu domicílio; 
f) Quando o devedor empresário deixa de cumprir obrigação assumida na 
recuperação judicial. 
Atos fraudulentos (art. 130): são atos praticados com a intenção de prejudicar 
credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele 
contratar. 
3) Descumprimento de qualquer requisito legal. 
Obs. Se houver impugnação, o devedor terá 5 dias para se manifestar e, em seguida, o juiz também 
terá 5 dias para homologar ou indeferir a recuperação. Nos termos do art. 164, § 7º contra essa 
decisão o recurso cabível será o de APELAÇÃO. 
 
� TEXTO COMPLEMENTAR 
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL: Com base nesse instituto o devedor em crise não precisa, 
necessariamente, buscar a recuperação judicial, podendo reunir-se com seus credores e tentar com 
eles um entendimento, traçando um plano com a alteração das condições dos créditos envolvidos. 
Essa reunião do devedor com seus credores visando à renegociação das dívidas, diferentemente do 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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que dispunha a antiga lei falimentar, não implica a prática de ato de falência. Para conferir 
credibilidade e eficácia ao acordo firmado entre credores e devedor, A LEI PREVÊ A NECESSIDADE 
DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, a que lhe dará força de título executivo. 
Recuperação extrajudicial: Instituto facultativo da nova lei que constitui um plano de reorganização 
de dívidas, efetuado previamente pelo devedor com seus credores, e assinado por eles, que 
é levado ao juízo competente para homologação. 
REQUISITOS: 
� Exercer regularmente suas atividades há mais de 2 anos; 
� Não ter falido; 
� Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
� Não ter, há menos de 8 anos, obtido concessão de recuperação judicial com base 
no plano especial previsto para microempresas e empresas de pequeno porte 
(arts.70 a 72); 
� Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei. 
O alcance do instituto da recuperação extrajudicial é LIMITADO pelo texto legal, que 
estabelece que não podem integrá-lo: a) os créditos de natureza tributária; b) os créditos derivados 
da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente do trabalho; c) os créditos previstos nos arts. 49, 
§ 3º, e 86, II da lei. Art. 161, § 1º: acompanha o que vimos na recuperação judicial: não entram nesta 
recuperação os créditos tributários, trabalhistas, decorrentes de acidentes do trabalho, dívidas com 
garantia fiduciária de móvel ou imóvel, arrendamento mercantil, compra e venda de imóveis, compra e 
venda com reserva de domínio, e adiantamento de contrato de câmbio. As espécies de créditos são as 
do art. 83, II, IV, V, VI e VIII (saem os trabalhistas, os tributários e as multas). 
Diferentemente da recuperação judicial em que todos os credores estão submetidos ao 
plano, ainda que o tenham rejeitado em assembleia, NA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL O 
DEVEDOR PODE SELECIONAR APENAS AQUELES CREDORES QUE PRETENDE VER 
INCLUÍDOS, que poderão a ele aderir ou rejeitar. Os credores que não forem mencionados no plano 
evidentemente não estão a ele sujeitos, e, por isso, não sofrerão qualquer alteração nas condições 
de seu crédito. É claro, portanto, que os credores sujeitos ao plano são aqueles expressamente 
mencionados no pedido de homologação endereçado ao juiz. 
A homologação poderá ser efetivada: se todos os credores cujos nomes constem da petição 
tiverem assinado o plano (a ele aderindo) OU se o plano tiver sido assinado por credores 
que representem mais de 3/5 de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos (Se 
mais de 3/5 de créditos de cada espécie aderirem ao plano apresentado pelo devedor, o 
plano torna-se obrigatório para os credores que, de início, tinham recusado o plano). 
Vedações ao plano - §2º do art. 161: o plano não pode contemplar o pagamento antecipado de 
dívidas, nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 
DIREITO FALIMENTAR - Professor: Renato Alexandre da Silva Freitas 9º Semestre/2013 
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A lei estabelece requisitos diferenciados para que o juiz homologue a recuperação 
extrajudicial, dependendo de o devedor ter obtido a assinatura de todos os credores listados no plano 
ou não. Caso a tenha obtido, o artigo 162 diz que basta ao devedor fazer o pedido de homologação, 
juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas 
dos credores. Se, todavia, a homologação estiver sendo requerida com base na assinatura de mais de 
3/5 dos credores de determinada classe, e não de todos os listados no plano, o devedor deverá 
também juntar: a) exposição da situação patrimonial da empresa; b) as demonstrações contábeis 
relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir o pedido, 
confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e composta 
obrigatoriamente de: balanço patrimonial, demonstração dos resultados acumulados, demonstração 
do resultado desde o último exercício social, relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; c) 
os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relação nominal 
completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor 
atualizado do crédito, discriminado sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação 
dos registros contábeis de cada transação pendente. 
PROCEDIMENTOS 
Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão 
ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários, incluindo-se o devedor (arts. 162 e 
161, § 5º). O pedido de homologação não acarreta suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a 
impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de 
recuperação extrajudicial. - § 4º do 161. 
Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial, o juiz ordenará a 
publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação, convocando todos os credores 
para eventual apresentação de impugnação ao plano. No prazo desse edital, deverá o devedor 
comprovar o envio de carta a todos os credores a ele sujeitos, domiciliados ou sediados no país, 
informando a distribuição do pedido, as condições do plano e o prazo para impugnação (art. 164, 
caput e § 1º). 
Os credores têm prazo de 30 dias a contar da publicação do edital referente ao plano para 
apresentar impugnações a ele. Só podem ser objeto da impugnação,entretanto, as seguintes 
matérias: 1 – não preenchimento do percentual mínimo de 3/5 dos créditos de cada espécie 
abrangidos pelo plano; 2 – prática de ato de falência, nos termos do artigo 94, III, ou ato fraudulento 
nos termos do artigo 130 e 3 – descumprimento de qualquer requisito legal. 
Se houver impugnação, o devedor terá o prazo de 5 dias para se manifestar e, em seguida, 
o juiz, também em 5 dias, homologará ou indeferirá a recuperação. Contra a decisão proferida, o 
recurso cabível é o de apelação (art. 164, § 7º). 
Por último, vale ressaltar que O PLANO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL SOMENTE 
PRODUZIRÁ EFEITOS APÓS A SUA HOMOLOGAÇÃO (sendo nesse sentido a homologação 
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obrigatória) É lícito, contudo, que ele estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, 
desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores 
signatários. Nesse caso, se o plano for posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores 
signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores já pagos. 
 
PROCESSO DE FALÊNCIA 
Falência (fallere que significa faltar/enganar): É a falta do cumprimento de uma obrigação ou do 
que foi prometido. A falência é chamada pela doutrina de “execução coletiva/concursal”. O 
grande princípio norteador da falência é o princípio do par conditio creditorium, ou seja, 
igualdade de tratamento entre os credores. 
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA 
a) Condição de empresário ou sociedade empresária 
b) Estado de insolvência – Econômica ou Jurídica 
c) Declaração judicial da falência 
 
Condição: Empresário ou sociedade empresária. A Lei n° 11.101 só vai se aplicar para o empresário 
ou sociedade empresária. Da mesma forma só podem gozar da recuperação judicial e 
extrajudicial o empresário. 
Estado de insolvência: 
� Econômica 
� Jurídica 
Confessada (Art. 105 – Autofalência). 
Presumida 
� Art. 94, I – Impontualidade injustificada. 
� Art. 94, II – Execução frustrada. 
� Art. 94, III – Atos de falência. 
 
INSOLVÊNCIA ECONÔMICA: passivo supera o ativo. Porém, para o direito falimentar isso é 
insuficiente. Pode ser que mesmo que o ativo supere o passivo haja falência. 
INSOLVÊNCIA JURÍDICA. Para efeitos da falência deve-se analisar a lei para entendermos o que é 
esta insolvência (jurídica). Pode ser: 
1) Confessada: ocorre nos casos de autofalência, ou seja, quando o próprio empresário pede a 
falência. Art. 105 – O devedor em crise econômico financeira/ que julgue não atender aos 
requisitos para pleitear a sua recuperação judicial/ deverá requerer ao juízo sua falência/ 
expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. 
É necessário para pedir a autofalência que o devedor esteja em crise econômico financeira. 
Além disso, é necessário que o devedor julgue não atender aos requisitos de uma recuperação 
judicial. 
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A finalidade da nova lei é o da preservação da empresa. Se o empresário pode ser preservado 
deverá ser requerida sua recuperação judicial. O pedido de falência é a última alternativa. 
Agora, se o devedor estiver em crise e julgue não atender aos requisitos de uma recuperação 
judicial ele deverá requerer sua autofalência, sob pena de comprometer o crédito público. 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para 
pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da 
impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes 
documentos: 
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação 
societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório do fluxo de caixa; 
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos 
respectivos créditos; 
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e 
documentos comprobatórios de propriedade; 
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a 
indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais; 
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei; 
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, 
suas funções e participação societária. 
 
2) Presumida: A insolvência presumida ocorre em três situações: 
a) Art. 94, I – Impontualidade injustificada “Será decretada a falência do devedor que: 
sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência”. 
Se for justificada, não poderá pedir a falência com base nesse artigo. 
Será decretada a falência do devedor que sem relevante razão de direito, não paga, 
no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou título executivo protestado 
cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido da falência. 
A lei diz que será decretada a falência do devedor que, sem relevante razão de 
direito, deixa de pagar no vencimento uma obrigação líquida. Esse primeiro caso é 
chamado de IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA. É o caso do devedor que deixa 
de pagar sem justificativa plausível. 
É interessante registrar que a lei fala que essa obrigação tem que ser materializada 
através de títulos executivos. Desta forma, uma sentença condenatória transitada em 
julgado na justiça do trabalho pode ensejar a decretação da falência, assim como um 
cheque ou uma nota promissória (o título pode ser judicial ou extrajudicial). 
Esse artigo ainda exige que o título tenha que ser protestado. Esse protesto, no 
entanto, não é um protesto cambial comum, mas um protesto para fins falimentares 
previstos na Lei nº 9.492/97. 
O valor da obrigação líquida tem que ser acima de 40 salários mínimos. 
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OBS 1: A lei possibilita o litisconsórcio ativo e, desta forma, os credores podem reunir-
se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite superior a 40 salários mínimos. 
Art. 96 – Situações inibidoras da utilização do art. 94, I. 
A falência requeria com base no art. 94, I, não será decretada se o requerido provar: 
1) Falsidade de título; 
2) Prescrição; 
3) Nulidade de obrigação ou de título; 
4) Pagamento da dívida; 
5) Qualquer outro fato que extinga ou suspensa a prescrição ou não legitime a cobrança; 
6) Vício no protesto; 
7) Apresentação do pedido de recuperação judicial no prazo da contestação; 
8) Cessação das atividades empresarias mais de 2 anos antes do pedido da falência. 
 
b) Art. 94, II – Execução frustrada: “Será decretada a falência do devedor que: 
executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora 
bens suficientes dentro do prazo legal”. 
É o caso do devedor que está sofrendo uma execução e não pagou, não depositou e 
não nomeou bens suficientes à penhora, ocorrendo uma frustração à execução. Nesse 
caso, serão extraídas cópias desse processo e, assim, ajuizado pedido de falência. 
 
c) Art. 94, III – Atos de falência: “Será decretada a falência do devedor que: pratica 
qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperaçãojudicial”. Será 
decretada a falência do devedor que pratica qualquer dos seguintes atos, EXCETO se 
fizer parte do plano de recuperação judicial (se praticar um desses atos no decorrer da 
recuperação judicial, não há que se falar em falência): 
a) Procede a liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso 
ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) Realiza ou por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou 
totalidade de seu ativo a terceiro; 
c) Transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo 
(alienação irregular do estabelecimento); 
d) Simula a transferência de seu principal estabelecimento; 
e) Dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente, sem ficar 
com bens livres e suficientes para saldar seu passivo (garantia real); 
f) Abandona o estabelecimento empresarial ou tenta ocultar-se; 
g) Descumprimento do plano de recuperação judicial. 
 
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DECLARAÇÃO JUDICIAL DA FALÊNCIA 
OBSERVAÇÃO: A pluralidade de credores não seria um quarto pressuposto da declaração da 
falência? 
Para Carvalho de Mendonça e Valdemar Ferreira, como a falência é uma execução concursal ou 
coletiva a pluralidade de credores seria o quarto pressuposto para a decretação da falência. No entanto, 
essa não é a posição majoritária. 
Para a maioria, os pressupostos são apenas os três que estudamos. Segundo Waldo Fazzio Júnior 
a desnecessidade da pluralidade de credores é evidente na medida que não seria aceitável destituir o 
credor único das potentes medidas de controle da conduta do devedor encontradas na lei de falências e, 
até mesmo, a possibilidade de levá-lo a responder penalmente por eventuais delitos que tem na 
sentença declaratória da falência sua condição objetiva de punibilidade. E ele ainda acrescenta: o 
devedor deverá ser desprezado de eventual crime falimentar só porque existe um único credor? (adotar 
a posição do professor Waldo nos concursos do MP estadual). 
� Texto Complementar 
O instituto da falência (vem do latim, fallere, e significa faltar, enganar. É a falta do cumprimento de uma 
obrigação ou do que foi prometido). A falência é chamada pela doutrina de “execução coletiva” ou “execução 
concursal”. O grande princípio norteador da falência é o princípio da “par conditio creditorum”, ou seja, é o 
princípio da paridade de condições entre os credores (igualdade de tratamento entre os credores). 
Mas, a falência não é uma execução individual, mas sim uma execução coletiva ou concursal. O 
concurso de credores é instituto do direito civil, ou seja, destinado àquela pessoa que não é empresária, isto é, 
aplicado às sociedades civis. Ex.: escritórios de engenharia, de advocacia, clínicas de médicos. A falência nada 
mais é do que uma execução concursal, só que dirigida ao devedor empresário. 
OBS: A falência é muitas vezes utilizada como coerção, como forma de um recebimento mais célere da quantia 
do credor. Mas, na verdade, a falência não é destinada à satisfação individual de um crédito, e sim para 
a satisfação de todos os credores. 
 
A falência tem natureza processual ou substancial? 
É consenso entre os juristas que a falência é execução concursal e, por isso, as normas, 
prevalentemente, são de caráter instrumental, que regulam o procedimento recursal. 
Dentro da lei de falências existem várias regras de direito substantivo. Ex.: efeitos jurídicos da abertura 
da falência, direitos e deveres do falido e dos credores, as atribuições do síndico, a classificação dos privilégios. 
Deve então situar-se no direito processual civil ou no direito comercial? Acabou-se por colocar a falência, 
no nosso Direito, na área comercial, tanto é que estamos estudando. Os processualistas ainda discutem se a 
falência é meio de cobrança, se é execução forçada e um jurista italiano, que examinou a fundo o tema, Bonelli, 
entende que a falência se aproxima mais com o procedimento da jurisdição voluntária, no qual o juiz administra 
bens. 
Objetivos da falência – Art. 75: A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a 
preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, 
da empresa. 
Princípios – Parágrafo único do art. 75: O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da 
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economia processual. 
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA 
São três os pressupostos da falência: 
a) Condição de empresário ou de sociedade empresária; 
b) Estado de insolvência; 
c) Declaração judicial da falência. 
a) A Lei 11.101/05 só vai incidir sobre a figura do empresário ou da sociedade empresária (geralmente 
sociedade anônima ou limitada). Só quem pode falir é o empresário e a sociedade empresária. Da 
mesma forma, só podem gozar dos benefícios da recuperação judicial e extrajudicial o empresário e a 
sociedade empresária. 
Em relação à sociedade anônima não podemos esquecer que ela é sempre mercantil, não 
interessando a atividade explorada. 
Sociedade limitada: pode haver sociedade não-empresária ou “simples”, de acordo com a 
nomenclatura do CC. As sociedades civis (S/C) – sociedade de médicos, engenheiros, advogados - que 
são registradas no Cartório de Títulos e Documentos não admitem falência, mas sim a insolvência civil. 
Mas não é a nomenclatura que dá a direção. Deve ser observada, efetivamente, qual a atividade 
explorada. 
Pode ser que a própria lei excepcione a falência, como faz com as sociedades simples, como por 
exemplo as cooperativas ou operadoras de plano privado de saúde, constituídas sob a forma de 
sociedade simples, cooperativa ou sistema de auto-gestão. Mesmo que a lei nada falasse, tais 
sociedades nunca estariam sujeitas à falência, pois não tem natureza mercantil. 
A lei ainda pode excluir do sistema de falências sociedades empresárias (veremos 
detalhadamente quando tratar da legitimação passiva no processo falimentar). 
 
b) Como se dá a insolvência para o processo falimentar? 
O que é a insolvência? 
Ocorre quando o patrimônio passivo supera o ativo. Porém, para o direito falimentar, não adianta 
demonstrar que o passivo supera o ativo. Pode ser que mesmo que o ativo supere o passivo, haja a 
falência e vice-versa. Para efeitos de falência, deve-se analisar a lei para entendermos o que é esta 
insolvência. 
A insolvência pode ser: confessada e presumida 
1) Confessada: a insolvência confessada ocorre nos casos de auto-falência. A auto-falência 
ocorre quando o próprio empresário ou a própria sociedade empresária pede a falência. 
CUIDADO: o Art. 105 da Lei 11.101/05 trata da auto-falência. Vejamos o que diz o referido 
dispositivo: 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos 
requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, 
expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, 
acompanhadas dos seguintes documentos: 
É necessário, portanto, que o devedor esteja em crise econômico financeira. Além disso, é 
necessário que o devedor julgue não atender aos requisitos de uma recuperação judicial. A 
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finalidade da nova lei de falências é o da preservação da empresa. Se o empresário ou a 
sociedade empresária podem ser preservadas, deve haver pedido de recuperação judicial. O 
pedido de falência (auto-falência) é a últimaalternativa. 
OBSERVAÇÃO: Será que uma sociedade em comum pode pedir a auto-falência? A 
sociedade em comum é aquela do Art. 986 do CC (quando a sociedade não é registrada, ela é 
chamada de “sociedade em comum”). Uma sociedade que não foi levada a registro pode pedir 
a auto-falência? Pode!!! Isso é extraído do Art. 105, IV, da Lei 11.101, que estabelece: 
Art. 105. IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, 
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus 
bens pessoais; 
Se não houver estatuto ou contrato social, não haverá registro. Portanto, nesse caso, será 
necessária a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação dos bens pessoas 
desses sócios. Desta forma, é possível uma sociedade comum pedir a auto-falência. 
Agora, se o devedor estiver em crise econômico financeira e julgue não atender aos requisitos 
de uma recuperação judicial, ele deverá pedir a auto-falência, sob pena de comprometer o 
crédito público. 
 
2) Presumida: a insolvência presumida ocorre em três situações: 
1ª situação - Art. 94, I, da Lei 11.101 - chamada pela doutrina de “impontualidade 
injustificada”. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não 
paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data 
do pedido de falência; 
A Lei diz que será decretada a falência do devedor que, sem relevante razão de direito, 
deixa de pagar, no vencimento, uma obrigação líquida. Esse primeiro caso é chamado de 
impontualidade injustificada. É o caso do devedor que deixa de pagar sem justificativa 
plausível. 
Exemplos: se o cheque é clonado, se a duplicata é fria, eu tenho justificativa para não 
pagar. Agora, se eu não tiver justificativa, será possível a decretação da falência, desde 
que o agente deixe de pagar uma obrigação líquida na data do vencimento. 
É interessante registrar que a lei fala que essa obrigação líquida tem que ser materializada 
através de título(s) executivo(s). Desta forma, uma sentença condenatória transitada em 
julgado na Justiça do Trabalho pode ensejar a decretação de falência, assim como um 
cheque ou uma nota promissória (os títulos executivos podem ser judiciais e extrajudiciais). 
Vale ainda ressaltar que a súmula 248 do STJ afirma: “comprovada a prestação dos 
serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instituir pedido 
de falência”. 
A lei diz ainda que o título executivo tem que ser protestado. Esse protesto, no entanto, 
não é o protesto cambial comum, mas sim o “protesto especial para fins falimentares”, 
previsto na Lei 9.492/97, sendo possível protesto de sentença condenatória transitada em 
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julgado para fins de decretação de falência. O que prova a impontualidade é o protesto, 
vejamos: 
Art. 94, § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será 
instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, 
acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para 
fim falimentar nos termos da legislação específica. 
Nos termos da lei o valor da obrigação líquida tem que estar acima de 40 salários mínimos. 
Quando saiu a lei de falências, em 2005, a primeira prova que veio foi do TJ/MG. Lá o 
examinador perguntou: “não será decretada a falência do empresário quando: o valor da 
obrigação for de 40 salários mínimos”. Essa resposta está perfeitamente correta. Isso 
porque a lei fala que tem que ser um valor acima ou superior a 40 salários mínimos. 
Devemos ainda atentar para os dizeres do artigo 96 da Lei 11.101/2005. 
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será 
decretada se o requerido provar: I – falsidade de título; II – prescrição; III – nulidade de 
obrigação ou de título; IV – pagamento da dívida; V – qualquer outro fato que extinga ou 
suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI – vício em protesto ou em seu 
instrumento; VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da 
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII – cessação das atividades 
empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por 
documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de 
exercício posterior ao ato registrado. 
§ 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu 
ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 
§ 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação 
de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que 
supere o limite previsto naquele dispositivo. 
2ª situação - Art. 94, II, da Lei 11.101 - chamada pela doutrina de “execução 
frustrada” 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: II – executado por qualquer quantia 
líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
§ 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com 
certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução. 
É o caso do devedor que está sofrendo uma execução e não pagou, não depositou e não 
nomeou bens suficientes à penhora, ocorreu uma frustração à execução. Nesse caso, serão extraídas cópias 
dessa execução frustrada e, com base nisso, ajuizar o pedido de falência. Nesse caso, não há limitação de 
quantia valorativa (como há na primeira situação). Na execução frustrada, cabe o pedido de falência por 
qualquer quantia. 
3ª situação - Art. 94, III, da Lei 11.101 - chamada pela doutrina de “atos de falência”. 
São comportamentos normalmente praticados por sociedade empresária que se encontra 
em estado de insolvência econômica (patrimônio líquido negativo). A presunção é absoluta, e não interessa se 
há patrimônio positivo ou negativo. 
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Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para 
realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar 
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou 
não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e 
sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a 
fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e 
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, 
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu 
principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. 
São atos, condutas, comportamentos elencados no Art. 94, III, da Lei 11.101. Se o empresário ou 
sociedade empresária praticar qualquer desses atos, haverá um presunção de que o empresário ou a 
sociedade empresária estará em estado de insolvência.

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