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Apelação Cível n. 2013.013700-8, de Ascurra
Relator: Des. Subst. Altamiro de Oliveira
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. CHEQUE. PRESCRIÇÃO
PRONUNCIADA. CHEQUE PÓS-DATADO. TERMO INICIAL.
DATA CONVENCIONADA PARA O PAGAMENTO.
AJUIZAMENTO DA AÇÃO DENTRO DO PRAZO LEGAL.
SENTENÇA ANULADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
"O cheque emitido com data futura, popularmente conhecido
como cheque "pré-datado", não se sujeita à prescrição com base
na data de emissão. O prazo prescricional deve ser contado, se
não houve apresentação anterior, a partir de trinta dias da data
nele consignada como sendo a da cobrança." (STJ. Resp
620218/GO. Rel. Ministro Castro Filho. J. 07/06/05).
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.
2013.013700-8, da comarca de Ascurra (Vara Única), em que é apelante Lourival
Fomento Comercial Ltda, e apelado Reginaldo Miranda Peres ME:
A Quarta Câmara de Direito Comercial decidiu, por unanimidade, dar
provimento ao recurso. Custas legais.
O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des.
José Inácio Schaefer, com voto, e dele participou, o Exmo. Sr. Des. Saul Steil.
Florianópolis, 1º de outubro de 2013.
Altamiro de Oliveira
RELATOR
RELATÓRIO
Trata-se de recurso de apelação interposto por Lourival Fomento
Comercial Ltda em autos de ação de execução proposta contra Reginaldo Miranda
Peres ME cuja sentença indeferiu a petição inicial e extinguiu o feito, com resolução
do mérito, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil.
Apresentado embargos declaratórios, foram rejeitados.
Nas razões recursais, sustenta o apelante a inocorrência da prescrição
dos títulos executidos, pois tratar-se-iam de cheques pós-datados, iniciando o prazo
prescricional a partir da data da apresentação de cada cártula e não da data
constante como da emissão.
Sem contrarrazões, pois não triangularizada a relação processual.
É o relato.
VOTO
Trata-se de recurso de apelação cível interposto com o desiderato de
ver desconstituída a sentença que julgou extinta a execução aforada por Lourival
Fomento Comercial Ltda.
A insurgência recursal cinge-se apenas à questão da prescrição da
eficácia executiva das cártulas.
A sentença objurgada entendeu que estariam prescritos os cheques que
aparelhavam a execucional, uma vez que foram emitidos em 10/11/2010 e 30/09/2010
e a ação foi proposta somente em 25/08/2011, enquanto que o prazo final para o
ajuizamento teria ocorrido em 10/07/2011 e 10/05/2011, considerando os 60
(sessenta) dias para apresentação dos títulos ao sacado e mais 6 (seis) meses para
ação executiva.
A apelante, por sua vez, alega que em virtude da pós-datação a
prescrição teria início, tão somente, a partir da data indicada no pós-datado.
Sobre o tema, é consabido que o cheque representa ordem de
pagamento à vista, conforme apregoa o art. 32 da Lei n. 7.357/85. No entanto,
quando ele é datado para vencimento posterior, ou seja, pós-datado, estabelece-se
um contrato entre partes envolvidas, cujo eventual descumprimento com a
apresentação antecipada da cártula configura dano moral, conforme largo
entendimento jurisprudencial e Súmula n. 370 do STJ.
Desse modo, nada mais justo ao credor, diante da impossibilidade de
apresentar o cheque antes da data avençada, que o prazo prescricional se inicie a
partir de tal data, pois "se ao credor é imposto tal dever, este não pode ser
prejudicado por agir com lealdade, eis que o título só passaria a ser exigido - e,
portanto, ter exigibilidade - a contar do dia ajustado para o pagamento" (TJSC.
Apelação Cível n. 2004.037195-6, de São Miguel do Oeste. Relator: Des. José Inácio
Schaefer. J. 09/12/2008).
Nessa mesma linha, colhem-se julgados das quatro Câmaras de Direito
Comercial da Corte:
"APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO LASTRADA EM CHEQUE - SENTENÇA
EXTINGUINDO A EXPROPRIATÓRIA.
INSURGÊNCIA DO CREDOR - PRESCRIÇÃO NÃO CONFIGURADA - TÍTULO
Gabinete Des. Subst. Altamiro de Oliveira
COM APOSIÇÃO DE DATA FUTURA PARA DESCONTO, DIVERGENTE DAQUELA
LANÇADA COMO SENDO DE EMISSÃO - CIRCUNSTÂNCIA QUE EMBORA NÃO
MODIFIQUE A NATUREZA PRÓPRIA DA CÁRTULA, ORDEM DE PAGAMENTO À
VISTA, UMA VEZ DEMONSTRADO OU INCONTROVERSO O AJUSTE DA NOVA
DATA PELOS INTERESSADOS, AUTORIZA A DILAÇÃO DO PRAZO DE
APRESENTAÇÃO, FLUINDO O LAPSO PRESCRICIONAL A CONTAR DO TERMO
PROPOSITADA E LIVREMENTE AVENÇADO - PRECEDENTES DO STJ E
TRIBUNAIS LOCAIS - SENTENÇA CASSADA - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
'A prática comercial de emissão de cheque com data futura de apresentação,
popularmente conhecido como cheque 'pré-datado', não desnatura a sua qualidade
cambiariforme, representando garantia de dívida com a consequência de ampliar o
prazo de apresentação' (STJ, Resp. nº 223.486Rel. Min. Menezes Direito).
Diante dessa conjuntura, '[...] O prazo prescricional deve ser contado, se não
houve apresentação anterior, a partir de trinta dias da data nele consignada como
sendo a da cobrança (...) a toda evidência, se se exige que o portador do cheque
pré-datado aguarde, no mínimo, o prazo consignado no cheque como de
apresentação, é curial que o prazo prescricional só terá sua contagem iniciada após
findo o lapso de trinta dias, não da data de emissão, mas daquela avençada para a
apresentação' (STJ. Relator o Ministro Castro Filho, Resp 620218/GO)". (Terceira
Câmara de Direito Comercial. Apelação Cível n. 2007.001999-0, de Ituporanga.
Relator: Des. Marco Aurélio Gastaldi Buzzi. J. 11/11/2008).
"Embargos à execução. Cheque pós-datado. Prescrição. Tese não argüida na
origem. Matéria de ordem pública.
O prazo prescricional de cheques pós-datados inicia-se trinta dias após data
nele consignada como sendo a de cobrança ou do dia em que foi apresentado".
(Quarta Câmara de Direito Comercial. Apelação Cível n. 2004.037195-6, de São
Miguel do Oeste. Relator: Des. José Inácio Schaefer. J. 09/12/2008).
"APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. CHEQUE PÓS- DATADO. PRAZO
PRESCRICIONAL. TERMO INICIAL. DATA CONSIGNADA NO TÍTULO. SENTENÇA
CASSADA. RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO SINGULAR.
'[...] o entendimento desta Corte é de que há ampliação do prazo de
apresentação do cheque quando nele aposto data futura. Nestes termos, a fluição do
prazo prescricional dá-se a partir da data nele constante, mesmo que se refira a data
futura' (Ag n. 1005286, rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJ de 9-5-2008)".
(Primeira Câmara de Direito Comercial. Apelação Cível n. 2008.025719-1, de
Abelardo Luz. Relator: Des. Salim Schead dos Santos. J. 26/06/2008).
"EXECUÇÃO. CHEQUE. EMBARGOS REJEITADOS. TÍTULO PÓS-DATADO.
PRESCRIÇÃO. INÍCIO DO PRAZO. MODIFICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DA
CÂMARA, A RESPEITO. RECLAMO APELATÓRIO. IMPENHORABILIDADE DO
BEM CONSTRITADO. JULGAMENTO DE PLANO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NÃO CARACTERIZAÇÃO. DESPROVIMENTO DITADO.
Rompendo com o entendimento até então consolidado nesta Câmara e neste
Tribunal, passam a entender os julgadores que integram este Órgão Fracionário que,
em se tratando de cheque emitido de forma pós-datada, suficientemente provado o
lançamento de data para saque futuro, o lapso prescricional para efeitos executivos
começa a fluir, não da data de emissão do título, mas daquela pactuada pelas partes
para a sua cobrança. É que não se afigura justa que o credor, em beneficiando o
Gabinete Des. Subst. Altamiro de Oliveira
devedor, fique prejudicado quanto à força executiva do título, estando ele sujeito,
inclusive, a danos morais, caso o leve ao banco depositante antes do prazo
convencionado" (Segunda Câmara de Direito Comercial. Apelação Cível n.
2007.033046-1, de Joaçaba. Rel. Des. Trindade dos Santos. J. 23/10/2007).
Desta feita, tratando-se de cheque pós-datado, o prazo prescricional
deve ser contado, quando não houver apresentação entre o interregno da emissão e
a data convencionada para saque, a partir de 30 (trinta) dias ou 60 (sessenta) dias da
data acordada para apresentação,dependendo de se tratar ou não de cheque da
praça.
No caso vertente, os cheques foram apresentados em data posterior à
aprazada para o pagamento (pós-datação), por isso o termo inicial da prescrição
regular-se-á a partir da data convencionada e consignada em cada uma das cártulas,
considerado, ainda, o prazo para apresentação.
Sob esse prisma, percebe-se que a data convencionada para
pagamento, dos dois cheques, restou fixada em 15/06/2011 – conforme observa-se
nos títulos de fls. 12 e 14 do autos da execução. Dessa forma, considerando tal data
como termo a quo para a contagem do prazo de apresentação (60 dias) e posterior
prazo prescricional de 6 (seis) meses, o qual findou em 15/02/2012, não há que se
falar em prescrição do título, visto que ação de execução foi ajuizada em 25/08/2011.
Nessa senda, diante dos argumentos acima expedindos, dá-se
provimento ao recurso para anular a sentença, determinando-se o regular
prosseguimento da execucional.
Este é o voto.
Gabinete Des. Subst. Altamiro de Oliveira

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