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aula 1 a 8 Prof Andre Hidrologia

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Universidade Estácio de Sá
Disciplina: CCE0218 – HIDROLOGIA
1ª. aula
UNIDADE I: Hidrologia Aplicada
Disponibilidade e demanda hídrica no Brasil e no mundo:
Entendimento preliminar: O que é uma Bacia Hidrográfica?
Uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água das precipitações (chuvas) para esse curso de água e rios menores que desaguam em rios maiores (afluentes).
A formação da bacia é feita através dos desníveis dos terrenos que orientam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas.
Essa área é limitada por um divisor de águas que a separa das bacias adjacentes e que pode ser determinado nas cartas geográficas e plantas topográficas. Assim, o conceito de bacia hidrográfica pode ser entendido através de dois aspectos: rede hidrográfica e relevo. Em qualquer mapa geográfico as terras podem ser subdivididas nas bacias hidrográficas dos vários rios.
A disponibilidade hídrica de águas superficiais no Brasil foi considerada, segundo um trabalho executado pela ANA (Agência Nacional das Águas), como sendo a vazão regularizada pelo sistema de reservatórios a montante da seção de interesse (montante é em direção da nascente do rio, jusante é a direção da foz). 
O cálculo de disponibilidade hídrica foi baseado nas séries de vazões naturais das principais bacias do Sistema Interligado Nacional e nos dados pluviométricos e fluviométricos do Sistema de Informações Hidrológicas da Agência Nacional de Águas.
Em relação às águas subterrâneas, admitiu-se que a disponibilidade corresponde a 20% das reservas renováveis, desconsiderando a contribuição das reservas permanentes. Os principais aquíferos do país e suas potencialidades foram estimados a partir do Mapa Geológico e do Sistema de Informações de Águas Subterrâneas do Serviço Geológico do Brasil - CPRM, e dos dados fluviométricos e pluviométricos acima mencionados.
O cálculo de demandas no país foi realizado a partir dos dados de censos demográficos, agropecuários e industriais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e do projeto “Estimativa das vazões para atividades de uso consuntivo (*) da água nas principais bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN. Relatório Final – Metodologia e Resultados Consolidados” (ONS 2003), cujas vazões de consumo foram aprovadas pela Agência Nacional de Águas – ANA através das resoluções 209 a 216/04. 
Os resultados mostram que o Brasil é rico em termos de disponibilidade hídrica, mas apresenta uma grande variação espacial e temporal das vazões. As bacias localizadas em áreas que apresentam uma combinação de baixa disponibilidade e grande utilização dos recursos hídricos passam por situações de escassez e estresse hídrico. Estas bacias precisam de intensas atividades de planejamento e gestão dos recursos hídricos.
(*) referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente. Exs: dessedentação de animais, irrigação, abastecimento público, processamento industrial, etc.
Ciclo Hidrológico:
A água é a única substância que existe, em circunstâncias normais, em todos os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) na natureza. A coexistência destes três estados implica que existam transferências contínuas de água de um estado para outro; esta sequência fechada de fenômenos pelos quais a água passa do globo terrestre para a atmosfera é designada por ciclo hidrológico.
A água da evapotranspiração (o vapor de água obtido da transpiração e da evaporação) atinge um certo nível da atmosfera em que ele se condensa, formando nuvens. Nas nuvens, o vapor de água condensa-se formando gotículas, que permanecem em suspensão na atmosfera. Estas gotículas, sob certas condições, agregam-se formando gotas maiores que se precipitam, ou seja, chove. A chuva pode seguir dois caminhos, ela pode infiltrar-se e formar um aquífero ou um lençol freático ou pode simplesmente escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou oceano, onde o ciclo continua.
2ª. Aula - Hidrologia
Precipitação:
O vapor de água contido na atmosfera constitui um reservatório potencial de água que, ao condensar-se, possibilita a ocorrência das precipitações. A origem das precipitações está ligada ao crescimento das gotículas nas nuvens, que ocorre quando forem reunidas certas condições. 
“Efetivamente, muitas vezes existem nuvens que não produzem chuvas, o que evidencia a necessidade destes processos que desencadeiem a produção de chuvas”.
Para as gotículas de água precipitarem é necessário que tenham um volume tal que seu peso seja superior às forças que as mantêm em suspensão, adquirindo, então, uma velocidade de queda superior às componentes verticais ascendentes dos movimentos atmosféricos. 
A nuvem é um aerosol constituído por uma mistura de ar, vapor de água e de gotículas em estado líquido ou sólido, cujos diâmetros variam de 0,01 a 0,03 mm, espaçadas, em média, um milímetro entre si. O ar que envolve as gotículas das nuvens se acha num estado próximo ao da saturação e, por vezes, supersaturado. Esse aerosol fica estável, em suspensão, pelo efeito da turbulência no meio atmosférico e/ou devido à existência de corrente de ar ascendentes que contrabalançam a força da gravidade.
As precipitações podem ser:
Orográfica: Resulta quando uma massa de ar quente e úmida se movendo ao longo de uma região é forçada a ascender, devido a uma obstrução, como uma cadeia de montanhas. Chamadas Nuvens de Serra. Normal nas encostas voltadas para o mar. 
Convectiva: Resulta como uma massa de ar instável rapidamente se eleva na atmosfera a partir de uma área que se aqueceu. Comum no verão brasileiro (Floresta Amazônica e centro-oeste). Típica chuva de verão, com grande intensidade e pouca duração. 
Frontal: Resultante do confronto entre duas grandes massas de ar, uma quente e a outra fria. Se a massa fria é que avança, o resultado é uma frente fria; se a quente que avança, uma frente quente se desenvolve. Chuva de menor intensidade, com pingos menores e de longa duração. 
Interceptação:
É a parte da precipitação retida acima da superfície do solo (Blake, 1975) devido principalmente à presença de vegetação.
Caindo sobre uma superfície coberta com vegetação, parte da chuva fica retida nas folhas. Quando as folhas não são mais capazes de armazenar água, continuando a chuva, ocorre a drenagem para o solo.
A interceptação depende de um modo geral:
Intensidade da chuva → Maior intensidade menor intercepção (Blake, 1975).
Área vegetada ou urbanizada (Av) → Maior a área Av maior o volume da interceçção.
Característica da vegetação, dos prédios ou dos obstáculos (residências, edificações, etc) → Maior o tamanho das folhas, maior a capacidade de armazenamento;
O volume interceptado retorna para a atmosfera por evaporação, após a ocorrência da chuva.
A intercepção é eventual, isto é, ocorre quando há chuva e vegetação para interceptá-la.
A descrição do ciclo da água no sistema de interceptação é dada a seguir:
1 - Uma parte da chuva é retida pela vegetação;
2 - A água interceptada evapora após a chuva;
3 - Outra parte é drenada através das folhas e pelo tronco quando a capacidade de armazenamento é superada.
Este processo interfere no balanço hídrico da bacia hidrográfica, funcionado como um reservatório que armazena uma parcela da precipitação para consumo.
A interceptação influencia na vazão ao longo do ano, retarda e atenua o pico de cheias e favorece a infiltração da água no solo.
O processo depende de fatores climáticos (intensidade da chuva) e físicos da bacia (áreas vegetadas).
A medida da interceptação é feita de maneira indireta, pela diferença entre a precipitação total e a parcela da chuva drenada através das folhas e pelo tronco (balanço hídrico).
Para medir a intercepção utilizam-se pluviômetros localizados em pontos específicos nas áreas vegetadas:
P = pluviômetro na altura da copa (precipitação total);
Pf = pluviômetro abaixo da copa (precipitaçãopelas folhas)
Pt = pluviômetro colado ao tronco (precipitação pelo tronco)
Balanço do sistema: Si = P – (Pf + Pt)
Drenagem = Pf + Pt
Evaporação: 
A evaporação é um processo físico de mudança de fase, passando do estado líquido para o estado gasoso. A evaporação de água na atmosfera ocorre de oceanos, lagos, rios, do solo e da vegetação úmida (evaporação do orvalho ou da água interceptada das chuvas).
Evaporação da água das superfícies de água livre, vegetação úmida ou do solo. 
Para que ocorra evaporação da água há a necessidade de energia. Essa energia é chamada de calor latente de vaporização (λE), que em média corresponde a: λE = 2,45 MJ/kg (a 20oC) 
*( MJ/kg densidade de energia por massa)
Evapotranspiração:
A evapotranspiração é a forma pela qual a água da superfície terrestre passa para a atmosfera no estado de vapor, tendo papel importantíssimo no Ciclo Hidrológico em termos globais. Esse processo envolve a evaporação da água de superfícies de água livre (rios, lagos, represas, oceano, etc), dos solos e da vegetação úmida (que foi interceptada durante uma chuva) e a transpiração dos vegetais.
Como é praticamente impossível se distinguir o vapor d´água proveniente da evaporação da água no solo e da transpiração das plantas, a evapotranspiração é definida como sendo o processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera por evaporação da água do solo e da vegetação úmida e por transpiração das plantas.
Fatores meteorológicos/climáticos, relevantes para as ocorrências descritas:
Saldo de radiação (Rn)
Temperatura do ar (Tar)
Umidade do ar (UR ou ∆e)
Velocidade do vento (U)
Transpiração:
A transpiração é um processo biofísico pelo qual a água que passou pela planta, fazendo parte de seu metabolismo, é transferida para a atmosfera preferencialmente pelos estômatos, obedecendo uma série de resistências desde o solo, passando pelos vasos condutores (xilema), mesófilo, estômatos e finalmente indo para a atmosfera.
Índice Pluviométrico:
É uma medida em milímetros (mm), resultado do somatório da quantidade da precipitação da água (chuva, neve, granizo) num determinado local durante um dado período de tempo. O instrumento utilizado para este fim recebe o nome de pluviômetro.
O que o índice pluviométrico revela sobre uma região ou de uma cidade?
O índice pluviométrico em ‘mm’ significa que se houvesse um reservatório-caixa com a área da superfície aberta de 1m² com a tampa aberta, recebendo a chuva que caiu sobre aquela região, pelo período de uma ano, haveria um acúmulo equivalente ao índice. Lembrando que a chuva eleva o nível desse reservatório em sua medida vertical, como um copo medidor utilizado para receitas culinárias.
Não é descontado desse valor a evaporação, decorrente de outros fatores climáticos. O reservatório, exposto ao clima, está a todo momento sofrendo evaporação, seja do vento ou do sol, por exemplo, e isso pode causar variações nas medições.
Por exemplo, o índice pluviométrico do semiárido nordestino não é um índice baixo, muito pelo contrário. Mas a evaporação na região nordeste é altíssima, principalmente porque os raios solares incidem muito perpendiculares ao solo na região.
Enquanto os índices pluviométricos do Nordeste brasileiro semiárido são de até 800mm (ou seja, 80 cm de profundidade de água em nosso reservatório de superfície de 1m², durante o ano todo), a evaporação na região é de 2000mm (2m de profundidade). Ou seja, toda a água do reservatório secaria e, caso houvesse mais água até a marca de 1200mm, ela também secaria. Portanto, há uma espécie de déficit, um balanço hídrico negativo. Isso confere à região a classificação semiárida.
É interessante, no entanto, estabelecer algumas comparações entre alguns índices pluviométricos. De maneira bastante sintética, podemos dizer que, se há precipitação pluviométrica, existem meios técnicos disponíveis de evitar que essa água se perca, que não volte aos céus. E então, o índice pluviométrico será mais elevado.
Infiltração: 
A infiltração é o nome dado ao processo pelo qual a água atravessa a superfície do solo. É um processo de grande importância prática, pois afeta diretamente o escoamento superficial, que é o componente do ciclo hidrológico responsável pelos processos de erosão e inundações. Após a passagem da água pela superfície do solo, ou seja, cessada a infiltração, a camada superior atinge um “alto” teor de umidade, enquanto que as camadas inferiores apresentam-se ainda com “baixos” teores de umidade. Há então, uma tendência de um movimento descendente da água provocando um molhamento das camadas inferiores, dando origem ao fenômeno que recebe o nome de redistribuição.
Distribuída da seguinte maneira:
Zona de saturação: 
Corresponde a uma camada de cerca de 1,5 cm e, como sugere o nome, é uma zona em que o solo está saturado, isto é, com um teor de umidade igual ao teor de umidade de saturação.
Zona de transição: 
É uma zona com espessura em torno de 5 cm, cujo teor de umidade decresce rapidamente com a profundidade. 
Zona de transmissão: 
É a região do perfil através da qual a água é transmitida. Esta zona é caracterizada por uma pequena variação da umidade em relação ao espaço e ao tempo. 
Zona de umedecimento: 
É uma região caracterizada por uma grande redução no teor de umidade com o aumento da profundidade. 
Frente de umedecimento: 
Compreende uma pequena região na qual existe um grande gradiente hidráulico, havendo uma variação bastante abrupta da umidade. A frente de umedecimento representa o limite visível da movimentação de água no solo.
3ª. Aula
ARMAZENAMENTO NO SOLO:
O solo é o armazenador e fornecedor de água e nutrientes às plantas. Por fenômenos de adsorção e capilaridade, ele retém, entre uma chuva e outra, a umidade que as plantas necessitam.
Dependendo do conteúdo de água no solo, as plantas terão maior ou menor facilidade em extrair água e, portanto, de atender às suas necessidades. À medida que o solo seca, torna-se mais difícil às plantas absorver água. Isso porque vai aumentando a força de retenção, enquanto diminui a disponibilidade hídrica no solo. Por isso, nem toda água que o solo consegue armazenar está disponível às plantas.
Tradicionalmente, a capacidade de campo (CC) e o ponto de murcha permanente (PMP) são considerados como os limites máximo e mínimo, respectivamente, de água disponível. A partir desses limites, pode-se determinar a capacidade de armazenamento de água disponível no solo, considerando a profundidade do sistema radicular (Bergamaschi et al., 1992).
Ao longo de várias décadas, o estado hídrico do solo foi expresso e medido à base de quantidade de umidade (gravimétrica ou volumétrica). Entretanto, como as características de retenção de água no solo variam muito, principalmente em função da textura, do conteúdo de matéria orgânica e do estado de agregação, houve a necessidade de expressar a umidade em termos de energia. Até pouco tempo, foi muito utilizado o conceito de tensão ou sucção de água no solo. Atualmente, utiliza-se cada vez mais a ideia de potencial de água no solo, que tem um significado físico mais consistente e que está relacionado ao estado energético da água na planta e na atmosfera.
O potencial de água no solo exprime o estado energético da água no solo e resulta de dois componentes principais: o potencial matricial, resultante da adsorção e da capilaridade na matriz do solo, e o potencial gravitacional, resultante da ação do campo gravitacional da Terra (Gonçalves, 1994). 
Em solos com alta concentração salina, ou em locais de acúmulo de adubos minerais, o potencial osmótico também pode ser importante e somar-se aos anteriores, resultando em potencial total mais negativo.
Em geral, o potencial gravitacional se evidencia quando a água está livre no solo, provocando a sua descida por drenagem (percolação). O potencial matricial se acentua à medida que o solo vai secando, tornando-se mais negativo, indicando que a água vai sendo retida com maior energia pela matriz do solo (Bergamaschiet al., 1992).
Com estes conceitos, pode-se ter outra ideia dos limites de disponibilidade hídrica do solo. Ele estará em capacidade de campo quando o potencial matricial (devido à retenção da matriz) equilibra o potencial gerado pelo campo gravitacional.
Arbitrariamente, geralmente assume-se que a capacidade de campo ocorre quando o potencial matricial é de –33 kPa, e que o ponto de murcha permanente corresponde a um potencial matricial de –1500 kPa. 
(**kPa – quilo Pascal --- pressão).
 
Cálculo do Balanço Hídrico:
O método mais utilizado para estimar a disponibilidade de água no solo é o balanço hídrico. Ele estabelece que, em um dado volume de solo, a diferença entre a quantidade de água adicionada e a quantidade de água extraída durante, um certo período de tempo, é igual à variação do conteúdo de água naquele volume nesse período (Costa, 1994). 
Matematicamente, o balanço hídrico exige que a equação de continuidade de massa seja aplicada a um certo volume de solo. O volume ou a profundidade de solo para o qual calcula-se o balanço hídrico é determinado arbitrariamente. Do ponto de vista da agricultura, é mais apropriado considerar o balanço hídrico da zona radicular. Segundo Hillel (1980), o balanço hídrico da zona radicular é expresso (em mm) por:
∆ S + ∆ V = (PRE + I + U) - (R + D + E + T) em que: 
∆S é a variação da umidade armazenada no solo na zona radicular, ∆V o aumento de água incorporado às plantas, PRE a precipitação, I a irrigação, U a ascensão capilar na zona radicular, R o escoamento, D a drenagem, E a evaporação direta da superfície do solo e T a transpiração pelas plantas. Todas essas quantidades são expressas em termos de volume de água por unidade de área durante o período considerado.
A variação temporal do armazenamento de umidade do solo pode ser escrita como: ∆ s + ∆ v = (pre + i + u) - (r + d + e + t)
Nesta Equação as letras minúsculas representam a variação temporal das correspondentes quantidades integradas. Os vários componentes de entrada do balanço hídrico de uma zona radicular hipotética estão ilustrados na abaixo. Nesta representação considera-se somente o movimento vertical de água dentro do volume de solo analisado, ou seja, o que entra neste sistema é apenas a água devido à precipitação, enquanto o que sai é devido à evapotranspiração real e à água que percola abaixo do alcance do sistema radicular da cultura.
Fig. - Diagrama Esquemático do Balanço Hídrico.
Assim, para um balanço hídrico ideal, levando-se em conta o fluxo unidimensional vertical, deve-se utilizar um modelo hidrológico capaz de representar todos os processos físicos, descritos na Equação acima, em um ponto ou em uma pequena área representativa, onde os parâmetros possam ser mensuráveis. Os modelos de movimento vertical da água no solo, que consideram formulação conceitual, permitem simular cada um desses processos levando em conta a física envolvida. 
No entanto, a utilização prática desses tipos de modelos é restrita, devido: 
- à necessidade de conhecer os parâmetros, que regem o movimento da água no solo, de medição difícil e onerosa e que, por isso, não estão disponíveis em uma escala regional;
- à alta variabilidade espacial inerente a esses parâmetros (da ordem de metros), o que obriga à utilização de modelos conceituais em uma escala de resolução compatível, limitando a utilização desses modelos na meso e macro escala;
- ao alto grau de incerteza nos resultados gerados por modelos conceituais detalhados em escalas regionais, devido às incertezas na estimativa dos parâmetros que regem os fluxos do meio poroso (e que alimentam os modelos conceituais) com alto nível de detalhamento.
Assim sendo, têm-se proposto simplificações no balanço hídrico, os quais são aceitáveis e convenientes para o estudo de armazenamento de água no solo em escalas regionais. 
A Equação de continuidade, de natureza linear, permite escalonamentos em qualquer resolução desejada. A alta não linearidade inerente ao fluxo de água no solo tende a ser compensado com o aumento do tamanho da grade. Simplificações como a do balanço hídrico, baseadas na continuidade, produzem resultados suficientemente precisos para muitas aplicações práticas.
Desse modo, para calcular o balanço hídrico em todo território brasileiro utilizou-se uma expressão simplificada do balanço hídrico, escrita como:
At+1 = At + PREt – ETRt 
onde A o armazenamento de água no solo disponível para as plantas (mm), PRE a precipitação (mm), t o tempo, e ETR a evapotranspiração real da vegetação (mm).
Escoamento Superficial: 
O escoamento superficial tem origem, fundamentalmente, nas precipitações. Ao chegar ao solo, parte da água se infiltra, parte é retirada pelas depressões do terreno e parte se escoa pela superfície.
Inicialmente a água se infiltra; tão logo a intensidade da chuva exceda a capacidade de infiltração do terreno, a água é coletada pelas pequenas depressões. Quando o nível à montante se eleva e superpõe o obstáculo (ou o destrói), o fluxo se inicia, seguindo as linhas de maior declive, formando sucessivamente as enxurradas, córregos, ribeirões, rios e reservatórios de acumulação.
É, possivelmente, das fases básicas do ciclo hidrológico, a de maior importância para o engenheiro, pois a maioria dos estudos hidrológicos está ligada ao aproveitamento da água superficial e à proteção contra os efeitos causados pelo seu deslocamento.
 Fig. – Escoamento superficial (Fonte: GRAY, 1973)
Componentes do Escoamento
A água, uma vez precipitada sobre o solo, pode seguir três caminhos básicos para atingir o curso d’água: o escoamento superficial, o escoamento sub-superficial (hipodérmico) e o escoamento subterrâneo, sendo as duas últimas modalidades sob velocidades mais baixas. Observa-se que o deflúvio direto (coeficiente de escoamento superficial, ou coeficiente runoff ou coeficiente de deflúvio, é definido como a razão entre o volume de água escoado superficialmente e o volume de água precipitado. Este coeficiente pode ser relativo a uma chuva isolada ou relativo a um intervalo de tempo onde várias chuvas ocorreram. 
C = volume total precipitado / volume total escoado, abrange o escoamento superficial e grande parte do subsuperficial, visto que este último atinge o curso d’água tão rapidamente que, comumente, é difícil distinguí-lo do verdadeiro escoamento superficial).
O escoamento de base, constituído basicamente do escoamento subterrâneo, é o responsável pela alimentação do curso d’água durante o período de estiagem.
Fluxo Subterrâneo 
Quando chove ou neva sobre a superfície da Terra, várias coisas podem acontecer com a água. Parte dela evapora e volta à atmosfera. Parte flui pela superfície, com a força da gravidade, e é armazenada em córregos e rios, que esvaziam sua água nos oceanos. 
Mas parte da água da chuva ou da neve é absorvida pelo solo, em vez de evaporar ou escoar. Uma vez no solo, parte da água pode ser absorvida pelas raízes de plantas em áreas com vegetação. O resto da água continua se movendo para baixo, com a gravidade. Essa água flui para os espaços abertos, ou poros, no solo e em rochas subterrâneas, e se transforma em água subterrânea. 
Para termos acesso à água subterrânea, poços são perfurados em rochas que armazenam água, e essa água é bombeada para fora. Assim como outras fontes de água doce, a água subterrânea é usada em residências e para fins comerciais, industriais e agrícolas. Essa é uma fonte de água especialmente importante em áreas rurais, onde ela é usada para beber e outros fins domésticos. À medida que a população humana continua crescendo, o uso de água subterrânea aumenta, bem como sua importância como um recurso de água doce.
Imagem gentilmente cedida pelo Serviço Geológico Norte-Americano
4ª. Aula 
Drenagem Urbana
Drenagem é o termo empregado na designação das instalações destinadas a escoar o excesso de água, seja em rodovias, na zona rural ou na malha urbana, sendo que a drenagem desta última é que vamos estudar.
O caminho percorrido pela água da chuvasobre uma superfície pode ser topograficamente bem definido, ou não. Após a implantação de uma cidade, o percurso caótico das enxurradas passa a ser determinado pelo traçado das ruas e acaba se comportando, tanto quantitativa como qualitativamente, de maneira bem diferente de seu comportamento original.
As torrentes originadas pela precipitação direta sobre as vias públicas desembocam nos bueiros situados nas sarjetas. Estas torrentes (somadas à água da rede pública proveniente dos coletores localizados nos pátios e das calhas situadas nos topos das edificações) são escoadas pelas tubulações que alimentam os condutos secundários, a partir do qual atingem o fundo do vale, onde o escoamento é topograficamente bem definido, mesmo que não haja um curso d’água perene. O escoamento no fundo do vale é o que determina o chamado Sistema de Macro-Drenagem. O sistema responsável pela captação da água pluvial e sua condução até o sistema de macro-drenagem é denominado Sistema de Micro-Drenagem.
ELEMENTOS DE MICRO-DRENAGEM URBANA
Os elementos principais da micro-drenagem são os meio-fios, as sarjetas, as bocas-delobo, os poços de visita, as galerias, os condutos forçados, as estações de bombeamento e os sarjetões.
1 Meio-fio. São constituídos de blocos de concreto ou de pedra, situados entre a via pública e o passeio, com sua face superior nivelada com o passeio, formando uma faixa paralela ao eixo da via pública.
2 Sarjetas. São as faixas formadas pelo limite da via pública com os meio-fios, formando uma calha que coleta as águas pluviais oriundas da rua.
3 Bocas-de-lobo. São dispositivos de captação das águas das sarjetas.
4 Poços de visita. São dispositivos colocados em pontos convenientes do sistema, para permitir sua manutenção.
5 Galerias. São as canalizações públicas destinadas a escoar as águas pluviais oriundas das ligações privadas e das bocas-de-lobo.
6 Condutos forçados e estações de bombeamento. Quando não há condições de escoamento por gravidade para a retirada da água de um canal de drenagem para um outro, recorre-se aos condutos forçados e às estações de bombeamento.
- Sarjetões. São formados pela própria pavimentação nos cruzamentos das vias públicas, formando calhas que servem para orientar o fluxo das águas que escoam pelas sarjetas.
A drenagem urbana é o conjunto de medidas que tenham como objetivo minimizar os riscos que a população está sujeita, diminuir os prejuízos causados por inundações e possibilitar o desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e sustentável. Ou seja, a drenagem nada mais é do que o gerenciamento da água da chuva que escoa no meio urbano.
O aumento da população, principalmente em polos regionais de crescimento e a expansão irregular da periferia tem produzido impactos significativos na infraestrutura de recursos hídricos. E um dos principais impactos que tem ocorrido na drenagem urbana é a forma de aumento da frequência e magnitude das inundações e consequentemente a degradação ambiental.
 O planejamento, a elaboração de projetos, bem como a execução de obras em macro e micro drenagem das áreas urbanas e adjacentes, estão seriamente comprometidas devido a falta sistemática de recursos e escassez de mão de obra qualificada em todos os níveis, para a realização de uma infraestrutura necessária a evitar a perda de bens e vidas humanas.
Dentre os diversos fatores decisórios que influenciam de maneira determinante a eficiência com que os problemas relacionados à drenagem urbana podem ser resolvidos, destacam-se a existência de:
1)- meios legais e institucionais para que se possa elaborar uma política factível de drenagem urbana;
2)- uma política de ocupação das várzeas de inundação, que não entre em conflito com esta política de drenagem urbana;
3)- recursos financeiros e meios técnicos que possam tornar viável a aplicação desta política;
4)-empresas que dominem eficientemente as tecnologias necessárias e que possam se encarregar da implantação das obras;
5)- entidades capazes de desenvolver as atividades de comunicação social e promover a participação coletiva;
6)- organismos que possam estabelecer critérios e aplicar leis e normas com relação ao setor.
Há, além disso, a necessidade de que as realidades complexas de longo prazo em toda a bacia sejam levadas em consideração durante o processo de planejamento das medidas locais de curto e médio prazos. 
Por fim, mas não menos importante, a opinião pública deve ser esclarecida através da organização de campanhas educativas. (p.ex. não jogar lixo na rua, evitar ligações clandestinas).
Hidrologia aplicada à Drenagem Urbana
CONSEQÜÊNCIAS DA URBANIZAÇÃO NA DRENAGEM DA BACIA
O comportamento do escoamento superficial direto sofre alterações substanciais em decorrência do processo de urbanização de uma bacia, principalmente como consequência da impermeabilização da superfície, o que produz maiores picos e vazões.
Já na primeira fase de implantação de uma cidade, o desmatamento pode causar um aumento dos picos e volumes e, consequentemente, da erosão do solo; se o desenvolvimento urbano posterior ocorrer de forma desordenada, estes resultados deploráveis podem ser agravados com o assoreamento em canais e galerias, diminuindo suas capacidades de condução do excesso de água. Além de degradar a qualidade da água e possibilitar a veiculação de moléstias, a deficiência de redes de esgoto contribui também para aumentar a possibilidade de ocorrência de inundações. Uma coleta de lixo ineficiente, somada a um comportamento indisciplinado dos cidadãos, acaba por entupir bueiros e galerias e deteriorar ainda mais a qualidade da água. A estes problemas soma-se a ocupação indisciplinada das várzeas, que também produz maiores picos, aumentando os custos gerais de utilidade pública e causando maiores prejuízos. Os problemas advindos de um mal planejamento não se restringem ao local de estudo, uma vez que a introdução de redes de drenagem ocasiona uma diminuição considerável no tempo de concentração e maiores picos a jusante.
Estes processos estão inter-relacionados de forma bastante complexa, resultando em problemas que se referem não somente às inundações, como também à poluição, ao clima e aos recursos hídricos de uma maneira geral.
Os problemas que dizem respeito ao controle de inundações são decorrentes da elevação dos picos das cheias, ocasionada tanto pela intensificação do volume do escoamento superficial direto (causado pelo aumento da densidade das construções, e consequente impermeabilização da superfície), como pela diminuição dos tempos de concentração e de recessão. 
Esta diminuição é também oriunda do acréscimo na velocidade de escoamento devido à alteração do sistema de drenagem existente, exigida por este aumento da densidade de construções. Os problemas de controle de poluição diretamente relacionados à drenagem urbana têm sua origem na deterioração da qualidade dos cursos receptores das águas pluviais. Além de aumentar o volume do escoamento superficial direto, a impermeabilização da superfície também faz com que a recarga subterrânea, já reduzida pelo aumento do volume das águas servidas (consequência do aumento da densidade populacional), diminua ainda mais, restringindo as vazões básicas a níveis que podem chegar a comprometer a qualidade da água pluvial nestes cursos receptores, não bastasse o fato de que o aumento do volume das águas servidas já é um fator de degradação da qualidade das águas pluviais.
Os problemas climáticos são, basicamente, decorrentes do aumento da densidade das construções. Embora se constituam em impactos de pequena escala que se processam de forma lenta, podem, a longo prazo, alterar significativamente o balanço hídrico que, por sua vez, podem reduzir as vazões mínimas e, consequentemente, produzir certo impacto sobre a qualidade das águas pluviais. Segundo Uehara (1985), as precipitações totais podem aumentar em até 10% em relação à zona rural. Segundo a mesma fonte, a umidade relativa do ar pode sofrer um acréscimo de até 8% e pode chegar a haverum aumento de 1o C na temperatura do ar, enquanto o aumento da nebulosidade pode atingir até 100%. Já os problemas relacionados aos recursos hídricos são uma consequência direta do aumento da demanda de água, decorrente do aumento da densidade populacional.
Logo se vê que estes problemas são inerentes ao aumento das densidades populacional e de construções ou, em outras palavras, ao processo de urbanização em si, formando um emaranhado complexo de causas e efeitos, relacionados de forma não biunívoca.
Portanto, tal complexidade não permite que possa haver soluções eficientes e sustentáveis que não abranjam todos os processos e suas inter-relações, o que exige que se atue sobre as causas.
Entretanto, os impactos decorrentes do processo de urbanização em uma bacia não são apenas de origem hidrológica. Não menos importantes são os impactos não hidrológicos que, no caso específico do Brasil, possuem relevância bastante significativa. Devido a suas características particulares, os impactos não-hidrológicos mais importantes no que concerne à drenagem urbana no brasil são provenientes da ocupação do solo e do comportamento político-administrativo.
Dentre os problemas relativos à ocupação do solo, sobressaem-se as consequências da proliferação de loteamentos executados sem condições técnicas adequadas, decorrente da venalidade e da ausência quase total de fiscalização apropriada, idônea e confiável, o que dificulta (e muito) a aplicação de critérios técnicos na liberação de áreas para loteamento. Como consequência direta da ausência absoluta da observação de normas que impeçam a ocupação de cabeceiras íngremes e de várzeas de inundação, são ocupados terrenos totalmente inadequados ao assentamento. 
Os problemas sociais decorrentes, principalmente, da migração interna, fazem com que grandes contingentes populacionais se instalem em condições extremamente desfavoráveis, desprovidos das mínimas condições de urbanidade, inviabilizando a imposição das mais básicas normas de atenuação de inundações. Compostas em grande parte por indivíduos analfabetos ou semi-alfabetizados, estas comunidades são praticamente impermeáveis a qualquer tentativa de elucidação de problemas tipicamente urbanos. O êxodo rural e o consequente crescimento desenfreado e caótico das populações urbanas no Brasil têm contribuído negativa e significativamente aos problemas relacionados às questões da drenagem urbana. A inexistência de controle técnico da distribuição racional da população dificulta a construção de canalizações para que se possa eliminar áreas de armazenamento. Dentro da realidade brasileira, a hipertrofia acelerada e desordenada das grandes cidades faz com que dificilmente seja possível impedir o loteamento e a ocupação de áreas vazias, já que não há interesse do poder público em desapropriá-las e ocupá-las adequada e racionalmente, fazendo que surjam áreas extensas e adensadas sem qualquer critério.
O crescimento de uma cidade exige que a capacidade dos condutos seja ampliada, o que aumenta os custos e acirra a disputa por recursos financeiros entre os diversos setores da administração pública, fazendo com que prevaleça, quase sempre, a tendência viciosa de se atuar corretivamente em pontos isolados da bacia, sendo que a escolha desses locais é frequentemente desprovida de quaisquer critérios técnicos. 
A drenagem secundária é, então, sobrecarregada pelo aumento da vazão, fazendo com que ocorram impactos maiores na macrodrenagem. A isso, soma-se o fato de que, invariavelmente, as políticas corretivas de médio e longo prazos são relegadas a segundo plano, devido ao populismo imediatista frente aos propósitos eleitorais periódicos, a cada quatro anos. Além disso, os grandes lobbies de especuladores junto ao poder público dificultam a aplicação de medidas para disciplinar a ocupação do solo.
Devido às características do relevo, há uma tendência natural de que a ocupação humana de uma bacia hidrográfica ocorra no sentido de jusante para montante. Como quase não há controle público sobre a urbanização indisciplinada das cabeceiras da bacia, além de não haver interesse político na ampliação da capacidade de macrodrenagem, há um aumento significativo na frequência das enchentes, o que acaba por provocar prejuízos periódicos e desvalorização de propriedades de maneira sistemática, principalmente para as populações assentadas a jusante, em consequência da ocupação a montante.
Nota-se que os impactos de características não-hidrológicas na drenagem urbana se originam, em sua totalidade, nos problemas sociais brasileiros, consequência dos interesses políticos locais e, em última instância, da estrutura organizacional macroeconômica do país. No entanto, cabe ao engenheiro propor soluções técnicas a esses problemas de origem alheia à engenharia, mesmo em condições adversas, de difícil solução a curto e médio prazos.
É necessária a quantificação do impacto das condições reais da urbanização sobre o escoamento, para que se possa disciplinar a ocupação do solo, através de uma densificação que seja compatível com os riscos de inundação. A construção de pequenos reservatórios em parques públicos e o controle sobre a impermeabilização dos lotes e das vias públicas devem ser adotados antes que o espaço seja ocupado. Essas medidas, quando exercidas nos estágios iniciais da urbanização, exigem recursos relativamente limitados. A construção de reservatórios e diques, a ampliação das calhas dos rios e outras soluções estruturais de alto custo podem ser evitadas com o planejamento racional da ocupação urbana. Além disso, a ampliação da calha dos rios é, de certa forma, um paliativo, pois há aumento da velocidade no canal, o que pode agravar as inundações a jusante. A construção de reservatórios não é uma solução barata e, se houver um nível de poluição significativo na água do rio, seu represamento pode vir a se constituir em uma eventual fonte de moléstias e até de epidemias. 
Etapas do Planejamento de bacia urbana:
 
5ª. Aula
Controle de Cheias urbanas
Efeito da urbanização sobre o comportamento hidrológico. A urbanização altera consideravelmente a produção de água de uma bacia hidrográfica, como demonstra a Figura 1. Segundo Tucci (2008), o Brasil apresentou, nas últimas décadas, um crescimento significativo da população urbana, em que os efeitos desse processo fazem-se sentir sobre todo o aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos cloacal e pluvial.
Figura 1: Efeitos da urbanização no ciclo hidrológico
Fonte: UFMG, 2008.
Em termos gerais, verifica-se aumento das vazões máximas devido ao aumento da capacidade de escoamento através de condutos e canais e impermeabilização das superfícies à medida que a cidade se urbaniza. Ocorrem ainda aumentos de produção de resíduos sólidos, bem como de sedimentos, o último devido à desproteção das superfícies; e à deterioração da qualidade da água, devido à lavagem das ruas, ao transporte de material sólido e às ligações clandestinas de esgotos (TUCCI, 2008).
A urbanização muda não só a paisagem como também toda a dinâmica hidrológica da bacia hidrográfica, modificando, inclusive, cursos hídricos em função de obras de engenharia.
Efeitos da urbanização:
As enchentes provocadas pela urbanização se devem a diversos fatores, dentre os quais destacamos o excessivo parcelamento do solo, com a consequente impermeabilização de grandes superfícies; a ocupação de áreas ribeirinhas, tais como várzeas, áreas de inundação frequente e zonas alagadiças; a obstrução de canalizações por detritos e por sedimentos; e também as obras de drenagem inadequadas, como demonstrado nas Figuras 2 e 3 a seguir:
Figura 2: Hidrogramas de áreas urbanizadas e não urbanizadas
 
Figura 3: Típica evolução da drenagem
Fonte: UFMG, 2008.
Os estágios da evolução da drenagem são apresentados esquematicamente na Figura 3. No estágio 1, a urbanização é incipiente, mas já apresentando pontos de inundação; novos processos de urbanizaçãoque porventura ocorram, à jusante das áreas já urbanizadas, podem acentuar as inundações na bacia como um todo. No estágio 2, a urbanização está avançando próxima ao corpo hídrico, incluindo a nascente e a saída da bacia hidrográfica; nesse caso, se novos processos de urbanização ocorrerem, à montante das áreas já urbanizadas, poderá haver inundações à jusante. O avanço do processo de urbanização e o aumento das canalizações implicam maiores vazões iniciais de escoamento (indutoras de assoreamento), seguidas de queda abrupta na capacidade de drenagem da bacia, como pode ser observado no hidrograma da saída da bacia (Figura 3). No estágio 3, o aumento e concentração espacial das áreas urbanizadas implicam maiores níveis de impermeabilização do solo e o aumento do escoamento superficial, ocasionando intensificação das inundações.
Qualidade das águas urbanas – Estudo de mananciais
Desde a captação nos mananciais até o consumo humano, a água passa por muitos caminhos e processos. Devido às cheias e ao contato com o solo, notadamente nas localidades rurais, o transporte de sedimentos nesse trajeto traz consigo uma carga de poluentes agregados. A associação de poluentes tóxicos com materiais finos produz redução da qualidade da água. Da mesma forma, os depósitos de sedimentos, associados com esgoto sanitários, oriundos de interligações clandestinas aos sistemas pluviais são fontes de degradação anaeróbia que se formam na rede de escoamento. A lavagem de solos impermeabilizados resulta na dispersão ou dissolução de resíduos urbanos (domésticos e/ou industriais) na água drenada, tornando-se fonte de contaminação de mananciais superficiais situados em áreas urbanizadas.
Além da contaminação, os mananciais sofrem impactos físicos, oriundos de processos de ocupação desordenada da bacia, favorecidos por diversos fatores, dentre os quais se destacam o planejamento urbano inadequado e o controle de ocupação ineficiente. Tais impactos afetam principalmente os mananciais superficiais, e são agravados pela falta de tratamento de esgotos e pela poluição difusa rural na área da bacia. Já nos mananciais subterrâneos, pode ocorrer contaminação e perda de áreas de recarga (regiões que têm a capacidade de absorver a água da chuva e leva-la até o lençol freático). Nos reservatórios urbanos, pode ocorrer eutrofização (eutrofização (ou eutroficação) é um processo normalmente de origem antrópica (provocado pelo homem), ou raramente de ordem natural, tendo como princípio básico a gradativa concentração de matéria orgânica acumulada nos ambientes aquáticos), contaminação e redução da disponibilidade de água devido à qualidade. A Figura 4 a seguir ilustra o ciclo de inundações e contaminação.
Figura 4: Ciclo de inundações e contaminação
Fonte: UFMG, 2008.
Segundo Tucci (2008), os princípios básicos dos controles de cheias são: (i) estabelecer o controle da bacia hidrográfica urbana e não de pontos isolados; (ii) os cenários de análise devem contemplar o futuro desenvolvimento da bacia; (iii) deve-se procurar evitar que a ampliação da enchente devido à urbanização seja transferida para a jusante; (iv) o controle para as áreas ribeirinhas deve priorizar o uso de medidas não-estruturais como zoneamento de enchentes, seguro e previsão em tempo-real. Esses princípios são normalmente aplicados em países desenvolvidos. No entanto, a realidade brasileira apresenta características que dificultam a implementação de alguns deles. Ainda de acordo com Tucci (2008), os principais problemas identificados são os seguintes:
• nas áreas de periferias das grandes cidades, onde o lote tem menor valor agregado, existe uma ponderável implementação de loteamentos clandestinos nas áreas privadas (sem aprovação legal na prefeitura);
• ocorrência de invasão em áreas públicas (áreas verdes), reservadas pelo Plano Diretor ou de propriedade pública. Devido ao caráter social da população envolvida, a consolidação se dá pela implementação de água e luz nas habitações;
• a área ribeirinha de risco de enchentes tem sido ocupada principalmente pela população de baixa renda, tendo como consequências frequentes impactos devido às enchentes.
Os controles de enchentes são desenvolvidos por sub-bacias e regulamentados em nível de distrito. A filosofia de controle de enchentes é a de: (i) para a macrodrenagem urbana: reservar espaço urbano para parques laterais ou lineares nos rios que formam a macrodrenagem para amortecimento das enchentes e retenção dos sedimentos e lixo; (ii) para as áreas ribeirinhas:
Zoneamento de áreas de inundação, definindo-se zonas de alto e baixo riscos de ocupação, e critérios de construção no código de obras da cidade.
Na implementação das políticas de controle de cheias, apontam-se dificuldades em relação ao desgaste político do administrador público, resultante do controle não-estrutural, que induz a população a esperar sempre por obras hidráulicas.
Somam-se ainda dificuldades relacionadas à necessidade de capacitação da população e dos planejadores urbanos sobre controle de cheias, e à desorganização, em níveis Estadual e Municipal, sobre o controle de inundações, aliadas à crença em soluções puramente tecnológicas ou econômicas, simplistas e/ou instantâneas, desconsiderando que não existe solução que seja de responsabilidade de um único ator social. 
6ª aula - Estruturas Hidráulicas de Águas Pluviais
Na ocupação urbana de uma área deve-se levar em conta: 
a) A Topografia da área. Evitar urbanizar áreas excessivamente escarpadas ou áreas com declividade superior a 30%;
b) A geologia da área;
c) O traçado das ruas será o grande elemento definidor do sistema de esgotamento pluvial;
d) O sistema pluvial abrange calhas das ruas, galerias, escadarias, rampas até a chegada das águas aos córregos, riachos e rios;
e) O traçado correto da cidade
Objetivo:
• evitar erosões do terreno;
• evitar erosões do pavimento;
• eliminar pontos baixos sem escoamento;
• chegada ordenada das águas aos cursos de água da região;
A urbanização de uma área significa na prática:
· Retirar considerável parte de sua vegetação (que a protegia da ação erosiva das águas pluviais);
· Abrir ruas, fazendo-se cortes e aterros;
· Criar platôs para as edificações;
· Edificar nos lotes;
· Pavimentar ruas
. Colocar gente na área
O que se vê por aí: 
Um tipo de urbanização que respeita as características topográficas e geológicas da área;
Projetos com obras de proteção (muros de arrimos, canalização de córregos, complexo sistema pluvial);
Projetos que não atendem às vocações do terreno e não têm obras de contenção;
Os rios e riachos sempre têm enchentes periódicas. Só ocorrem inundações quando a área natural de passagem da enchente de um rio foi ocupada.
Plano Diretor:
a) estimativa da vazão de projeto;
b) definição de outras estruturas hidráulicas (por exemplo, reservatório de cabeceira para contenção, amortecimento ou retardamento de cheias).
Planejamento de macro-drenagem:
O planejamento adequado do sistema de macro-drenagem é fundamental para um bom plano de desenvolvimento urbano, evitando-se inundações mais sérias e obras de alto custo das galerias de águas pluviais.
Planejamento de micro-drenagem
O bom funcionamento do sistema de drenagem inicial depende essencialmente da execução cuidadosa das obras (pavimentos das ruas, guias e sarjetas, e galerias das águas pluviais), além de manutenção permanente, com limpeza e desobstrução das bocas de lobo e das galerias antes das épocas chuvosas.
As ruas devem ser dimensionadas levando-se em conta, também, seu funcionamento como condutor hidráulico (as ruas secundárias admitem inundações mais frequentes, por exemplo, que as vias expressas).
Principais Elementos do Sistema Pluvial:
Calha viária das ruas - é o primeiro canal condutor das águas pluviais.
Componentes da calha viária:
• Guias - função é definir os limites do passeio e do leito carroçável;
• Sarjetas - usadas para fixar as guias e formar o piso de escoamento de água;
• Rasgos e Sarjetões - paracaptar água em pontos baixos;
• Boca de Lobo;
• Caixas de grelha junto ao meio fio;
• Canaletas de topo e de talude:
É muito importante a identificação de áreas vulneráveis a movimentações. A identificação destas áreas pode ser feita através de: - Mapas topográficos; - Mapas geológicos; - Fotografias aéreas e de satélite; - Evidências de movimento.
• Bocas contínuas de captação;
• Poço de visita escadas hidráulicas;
• Escadas hidráulicas.
Fundamentos do Sistema de Drenagem:
O sistema de drenagem urbana e, portanto, de prevenção de inundações, fundamenta-se não só em planos, projetos e obras, mas também em legislação e medidas que compreendem:
1. Códigos, leis e regulamentos sobre edificações, zoneamento, parcelamento e loteamento do solo e também códigos sanitários.
2. Fiscalização da administração pública nas áreas urbanizadas e edificadas, bem como planos de reurbanização das áreas deterioradas
3. Declaração de utilidade pública e desapropriação de áreas ociosas, ou assoladas por inundações frequentes.
Esses dispositivos são particularmente importantes quando se referem às baixadas constituídas por planícies sedimentares marginais aos cursos de água, como são inundados durante as cheias, a sua ocupação deve ser restringida através dos seguintes meios:
Zoneamento com delimitação clara das áreas frequentemente inundadas.
Fixação de cotas aquém das quais a ocupação é desaconselhada ou mesmo vedada;
Restrição de acesso ás áreas sujeitas a inundações;
Restrição por parte de órgãos públicos de financiamento, para empreendimentos de ocupação das baixadas;
Impedimentos à expansão de outros serviços públicos; água, esgotos, iluminação pública, etc.
Estudo de áreas alternativas para os empreendimentos em cogitação;
Fixação de incentivos fiscais para que os terrenos inundáveis permaneçam ociosos.
Recursos Hídricos: Aspectos Legais e Institucionais 
A Constituição Federal brasileira prevê a propriedade estatal das águas nos seus artigos 20, III e 26, I, estabelecendo uma esfera federal de domínio das águas (rios de fronteira ou de limite interestadual e rios que atravessam mais de um Estado ou país) e estaduais (rios internos aos Estados e águas subterrâneas). Determina, ainda, pelo artigo 21, XIX, como competência da União “instituir Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e definir critérios de outorga de direito de seu uso”. Esse último dispositivo foi regulamentado através da promulgação da Lei 9433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
As Agências de Água integram o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Isso ocorreu a partir da Lei 9984, de 17 de julho de 2000, que alterou o artigo 33 da Lei 9433/97.
Sistema de Gestão de Recursos Hídricos no Brasil (LANNA, 2000).
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos ocorre na forma de instituições, que têm em suas composições a participação de diversos setores da sociedade, tendo, portanto, como objetivo maior, a gestão descentralizada do uso da água, onde todos têm o direito constitucionalmente garantido de participar das negociações e das tomadas de decisões. Essa gestão descentralizada encontra, inicialmente, fundamento jurídico internacional no princípio 2º da Conferência Internacional de Água e Meio Ambiente (ICWE), Dublin-1992, na Declaração Ministerial de Haia sobre Segurança Hídrica no Século 21, 2000, dentre muitos outros tratados internacionais. No âmbito do Estado brasileiro, é fundamentado no caput do artigo 225 da Constituição Federal, e no artigo 1º, inciso VI da Lei 9433/97, onde institui que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades”.
A Lei 9433/97, em seu artigo 32, cria o Sistema Brasileiro de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que tem como objetivos: I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
A Agência de Água é integrante do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, devendo desempenhar um papel determinante na gestão dos recursos hídricos, conjuntamente com outras instituições. 
Com isso, torna-se imprescindível uma abordagem das instituições elencadas na política brasileira de recursos hídricos, para que se tome conhecimento principalmente de suas atribuições e competências no mundo jurídico das águas no Brasil. Far-se-á, ainda, um estudo do formato jurídico mais adequado para as Agências de Água, tomando por base os modelos disponíveis atualmente na legislação brasileira, e também das experiências ocorridas nesse sentido em alguns Estados da Federação.
Integrantes do Sistema Brasileiro de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
Segundo o artigo 33 da política brasileira de recursos hídricos, alterado pela Lei 9984, de 17 de julho de 2000, os membros integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos são: 
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos; 
A Agência Nacional de Águas; 
Os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; 
Os Comitês de Bacia Hidrográfica; 
Os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;
As Agências de Água.
Conselho Nacional de Recursos Hídricos
A Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu artigo 36, cria o Conselho Nacional de Recursos Hídricos que deve ser gerido por um Presidente: Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; um Secretário Executivo:
Titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos. Referido artigo somente menciona por quem o Conselho Nacional de Recursos hídricos será gerido, assim como mencionado acima, tendo sua composição sido disciplinada pelo Decreto nº 4613, de 11 de março de 2003.
A competência do Conselho Nacional de Recursos Hídricos é de: a) promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; b) arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; c) deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; d) deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; e) analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; f) estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos; g) aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; h) acompanhar a execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; i) estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança.
Agência Nacional de Águas (ANA)
A entidade federal de implementação da PNRH foi criada em 17 de julho de 2000 através da Lei 9984, estabelecendo regras para a sua atuação, sua estrutura administrativa e suas fontes de recursos.
Trata-se de uma autarquia, sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Sua principal função será a de atuarcomo entidade federal responsável pela implementação da PNRH, obedecendo a seus fundamentos, objetivos e instrumentos, conjuntamente com outros órgãos e entidades públicas e privadas.
. Passou a integrar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, incumbindo-lhe a responsabilidade de organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos, antes atribuição da Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Em relação às outorgas, é a autoridade responsável, no âmbito federal, pela autorização de outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, como também pela fiscalização do uso da água.
Compete à ANA o poder de arrecadar, distribuir e aplicar as receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, devendo a receita ser mantida em conta única do Tesouro Nacional, enquanto não destinadas às respectivas programações. As prioridades de aplicação, ainda serão definidas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, uma vez que por força do artigo 22 da Lei 9433/97, estes devem ser destinados, prioritariamente, à bacia hidrográfica em que forem gerados e utilizados.
Embora o § 4º do artigo 21 da Lei 9984⁄00, estabelece que: “As prioridades de aplicação de recursos a que se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997, serão definidas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em articulação com os respectivos comitês de bacia hidrográfica”.
Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal 
Os Conselhos de Recursos Hídricos estaduais, integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, podem encaminhar questões para serem deliberadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assim como dispõe artigo 35, inciso IV da PNRH.
Em um âmbito estadual, compete a esses Conselhos o poder de deliberar sobre questões encaminhadas pelos Comitês de Bacia, sobre assuntos relacionados às acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos.
Ainda em relação aos Comitês de Bacias, localizadas nos Estados, as decisões tomadas por esses poderão ser reavaliadas pelos Conselhos Estaduais, uma vez que o parágrafo único do artigo 38 estabelece como sendo instância recursal das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica.
Quanto ao enquadramento dos corpos d´água em classes, depois de proposta das Agências de Água para os Comitês, estes encaminharão aos Conselhos Estaduais, embora não tenham competência fazer o enquadramento.
Comentando sobre os Conselhos Estaduais e a pouca previsão de suas competências na PNRH, Machado (2002) considera que “seria eficaz para a obtenção dos resultados buscados pela Política Nacional que os Estados organizassem seus Conselhos Estaduais da mesma forma que os Comitês de Bacia Hidrográfica. Assim, buscariam a paridade de votos com as organizações civis de recursos hídricos e com os usuários”. Sugere, ainda, que os Estados, no momento de legislarem sobre os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, copiem o artigo 34 da PNRH para que propiciem uma maior participação da sociedade na gestão das águas estaduais.
Quanto à criação das Agências de Água, em Comitês de Bacia em rios estaduais, é da competência dos Conselhos Estaduais o poder de autorizar. Enquanto elas não estiverem constituídas, podem aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, em sua área de atuação, delegar as organizações sem fins lucrativos (I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos; IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos), por prazo determinado, o exercício de funções de competência das Agências de Água.
Comitês de Bacia Hidrográfica
A Resolução 5 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de 10 de abril de 2000, regulamentou a criação dos Comitês de Bacia Hidrográfica, que são órgãos colegiados com atribuições normativas, deliberativas e consultivas a serem exercidas nas bacias hidrográficas de sua área de atuação.
Os Comitês são compostos por representantes de diversos setores da sociedade e do Poder Público, seguindo o princípio constitucional encontrado no caput do artigo 225 da Constituição Federal brasileira, ou seja, da participação da sociedade.
A composição dos Comitês de Bacia Hidrográfica deve ser com representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal em cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas áreas de atuação; dos municípios em sua área de atuação; dos usuários das águas em sua área de atuação; das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.
Tais Comitês terão como área de atuação: a totalidade de uma bacia hidrográfica; a sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
As competências dos Comitês de Bacia estão elencadas no artigo 38 da Lei 9433/97 e no artigo 7º da Resolução 05/2000 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Observação: Os comitês de bacia que queiram ser implementados devem se dirigir à ANA para obter apoio na etapa de criação, que apresenta as solicitações de criação dos comitês em rios federais para o CNRH.
Os rios estaduais devem ser gerenciados pelos Estados de acordo com o sistema de gerenciamento estadual, que deve ser concordante com a legislação federal. Cabe ressaltar que o comitê de um rio estadual afluente de um rio federal deve responder diretamente ao comitê daquele rio federal (Moreira, 2001). O Comitê de Bacia Hidrográfica deve, segundo o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH, on line, 2003), atuar como “Parlamento das águas”, visto que é considerado o fórum de decisão no âmbito de cada bacia.
Além de diversas outras atribuições, cabe ao Comitê aprovar os Planos de Recursos Hídricos. Os Planos de Recursos Hídricos visam à implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos. 
A obtenção deste Plano Nacional se dará com a elaboração, atualização e consolidação dos planos das bacias hidrográficas (Santos, 2000).
Os comitês de rios federais são compostos por representantes da União, dos Estados, pelos municípios, pelos usuários e pela comunidade, representada por entidades com atividades relacionadas aos recursos hídricos. Um exemplo de Comitê de Rio de domínio da União é o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBH-SF), instituído por Decreto Presidencial em 05 de junho de 2001, tendo sido nomeada uma Diretoria Provisória para a condução inicial dos trabalhos, com a finalidade de instalar o referido Comitê. Os membros deste comitê participarão de um processo público que consta de três etapas. A primeira, já executada, consistiu em encontros regionais por toda a bacia com o objetivo de divulgar a legislação federal sobre recursos hídricos e o processo de Instalação do Comitê. A segunda etapa, a ser realizada, consistirá de Plenárias Estaduais, que são reuniões realizadas, por Estado pertencente à bacia (p.ex Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal), com a finalidade de escolher os representantes, por segmento. A terceira etapa consistirá de uma Assembléia Geral onde os membros escolhidos (usuários e comunidade) e indicados (Poder Público estadual e federal) serão empossados e quando ocorrerá a eleição da Diretoria do Comitê.
Agências de Água
As Agências de Água exercem a função de secretaria executiva dos Comitês de Bacia Hidrográfica,sendo possível existir uma única Agência de Água para um ou mais Comitês. Para ser criada deve haver uma autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacias Hidrográficas. Porém, fica condicionado a: prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; e, viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
Esses valores serão oriundos da cobrança pelo uso da água, de competência da própria Agência, segundo o inciso III do artigo 44 da Lei 9433/97. Porém, como é possível cobrar algo por um ente que ainda não existe? Uma solução a esse impasse legal e institucional é a encontrada pelo Estado do Rio Grande do Sul, onde antes da instalação de todos os Comitês, dividiu-se o Estado em três grandes regiões hidrográficas estaduais, criando uma Agência de Água para cada região, tendo como fundamento a lei estadual nº 10350, de 30 de dezembro de 1994.
As Agências de Água têm como competências legais a de: I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação; X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:
o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo (artigo 44 da Lei 9433/97).
8ª aula
Outorga de direito e cobrança pelo uso da água
A legislação brasileira de uso da água é constituída principalmente pelos seguintes diplomas legais: Decreto n.° 24.643, de 10 de julho de 1934 (Decreta o Código de Águas); Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n.° 20, de 18 de março de 1986 (Estabelece Classificação das Águas Doces, Salobras (é a água com mais sais dissolvidos do que a água doce e menos do que a água do mar – pode resultar da mistura da água do mar com a água doce – como em estuários ou aquíferos) e Salinas (Termo geral para água com concentração significativa de sais dissolvidos) do Território Nacional); Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); Lei 9.984, de 17 de julho de 2000 (Cria a Agência Nacional de Águas - ANA, para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos); e Decreto nº 2.612, de 03 de junho de 1998 (Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos). Diplomas legais de aspecto geral oriundos do ramo do Direito Ambiental devem também ser observados conjuntamente à legislação brasileira de uso da água, como por exemplo: a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Institui a Política Nacional do Meio Ambiente); a Resolução CONAMA nº 237, de 08 de janeiro de 1997 (Disciplina o Licenciamento Ambiental); e a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente), dentre outras legislações correlatas a atividades produtivas específicas.
Conforme as disposições da ANA, a partir da remessa do pedido de outorga de direito de uso da água, o procedimento técnico de análise segue as seguintes etapas: 
1- Avaliação da compatibilidade entre a demanda apresentada pelo usuário e os usos para os quais se destinam; 
2- Avaliação da disponibilidade hídrica em termos quantitativos e qualitativos no local do empreendimento; 
3- Avaliação do impacto do novo uso no recurso hídrico; 
4- Elaboração de recomendações para o uso a serem expressas na outorga.
Os limites de prazo, segundo a Lei nº 9.984/00 são de até:
 a) Dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto de outorga; 
b) Seis anos para conclusão da implantação do empreendimento projetado; 
c) Trinta e cinco anos para a vigência da outorga de direito de uso.
Para uma melhor percepção da questão, é interessante acompanhar a primeira experiência brasileira de cobrança pelo uso da água que aconteceu na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (criada pelo Decreto Federal nº 1.842, de 22 de março de 1996), regulamentada pela Resolução CEIVAP nº08, de 06 de dezembro de 2001.
No estado de São Paulo, a Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991 (Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos) já previa a cobrança do uso da água, e possibilitou o início da criação e instalação dos Comitês de Bacia Hidrográficas correspondentes às 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos do estado. A implementação dos mecanismos desta cobrança depende ainda da aprovação do PL 676/2000 pela Assembleia Estadual paulista, e da posterior remessa do autógrafo legislativo ao chefe do poder executivo para sanção. Esta discussão legislativa tem se estendido desde o ano de 2000 em função de discordâncias geradas através de pleitos efetuados, principalmente, por setores da agricultura, da indústria, e de consumidores domésticos, visando benefícios relativos ao estabelecimento de teto financeiro para cobrança, carências e isenções.
Processo de Outorga – ANA
A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5º da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. 
Esse instrumento tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos.
De acordo com o inciso IV, do art. 4º da Lei Federal nº 9.984, de 17 de junho de 2000, compete à Agência Nacional de Águas - ANA outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, bem como emitir outorga preventiva. Também é competência da ANA a emissão da reserva de disponibilidade hídrica para fins de aproveitamentos hidrelétricos e sua consequente conversão em outorga de direito de uso de recursos hídricos.
Em cumprimento ao art. 8º da Lei 9.984/00, a ANA dá publicidade aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos e às respectivas autorizações, mediante publicação sistemática das solicitações nos Diários Oficiais da União e do respectivo Estado e da publicação dos extratos das Resoluções de Outorga (autorizações) no Diário Oficial da União.
De acordo com o Art 6º da Resolução 707/2004, não são objetos de outorga de direito de uso de recursos hídricos, mas obrigatoriamente de cadastro no CNARH:
I - serviços de limpeza e conservação de margens, incluindo dragagem, desde que não alterem o regime, a quantidade ou qualidade da água existente no corpo de água;
II - obras de travessia (navegação fluvial) de corpos de águaque não interferem na quantidade, qualidade ou regime das águas, cujo cadastramento deve ser acompanhado de atestado da Capitania dos Portos quanto aos aspectos de compatibilidade com a navegação;
III - usos com vazões de captação máximas instantâneas inferiores a 1,0 L/s, quando não houver deliberação diferente do CNRH.
Atribuições: À Gerência de Outorga - GEOUT compete:
I - examinar pedidos de outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União e emitir sobre eles parecer técnico, acompanhado das respectivas minutas de resoluções;
II - realizar análise técnica dos processos de outorga, sob o ponto de vista da eficiência e da racionalidade do uso da água pelo empreendimento;
III - propor a celebração de convênios, contratos e termos de cooperação para a efetivação das atividades relacionadas à outorga e acompanhar sua execução;
IV - formatar e sistematizar informações complementares para apoio à análise técnica dos pedidos de outorgas;
V - especificar os requisitos e subsidiar a estruturação e a implementação dos procedimentos de outorga; 
VI - providenciar a emissão de Certificado de Regularização de Uso da Água para os casos em que o uso requerido for considerado insignificante.
Perguntas e Respostas frequentes:
O que é a Outorga de direito de uso de recursos hídricos?
É o ato administrativo mediante o qual o poder público outorgante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recursos hídricos, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato. O ato administrativo é publicado no Diário Oficial da União (no caso da ANA), ou nos Diários Oficiais dos Estados ou do Distrito Federal.
Por que a outorga é necessária?
A outorga é o instrumento pelo qual a ANA faz o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água. Esse controle é necessário para evitar conflitos entre usuários de recursos hídricos e para assegurar-lhes o efetivo direito de acesso à água.
A quem deve ser solicitada a outorga?
A Agência Nacional de Águas é a responsável pela emissão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos hídricos de domínio da União, que são os rios, lagos e represas que dividem ou passam por dois ou mais estados ou, ainda, aqueles que passam pela fronteira entre o Brasil e outro país. Por exemplo, o Rio São Francisco atravessa vários estados brasileiros e, por isso, é um rio de domínio da União. É a ANA quem deve analisar os requerimentos de outorga para uso de recursos hídricos nesse rio. No caso dos demais rios, ou seja, aqueles de domínio dos estados e do Distrito Federal, a outorga deve ser requerida ao órgão gestor de recursos hídricos daquele estado. 
Que usos dependem de outorga? 
Conforme está disposto na Lei Federal nº 9.433/1997, dependem de outorga:
- A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
- A extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
- Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
- Uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
- Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
Que usos não precisam de outorga de direito de uso de recursos hídricos?
De acordo com o §1º do Art. 12 da Lei 9433/97, regulamentado pelo Art. 6º da Resolução 707/2004 da ANA, não são objeto de outorga de direito de uso de recursos hídricos, mas obrigatoriamente de cadastro no CNARH (http://cnarh.ana.gov.br/):
I - Serviços de limpeza e conservação de margens, incluindo dragagem, desde que não alterem o regime, a quantidade ou qualidade da água existente no corpo de água;
II - obras de travessia de corpos de água que não interferem na quantidade, qualidade ou regime das águas, cujo cadastramento deve ser acompanhado de atestado da Capitania dos Portos quanto aos aspectos de compatibilidade com a navegação;
III - usos com vazões de captação máximas instantâneas inferiores a 1,0 L/s, quando não houver deliberação diferente por parte do CNRH ou um critério diferente expresso no plano da bacia hidrográfica em questão.
Como solicitar uma outorga de direito de uso da água de domínio da União?
No site da ANA tem um procedimento a ser seguido. 
Como posso tirar dúvidas sobre o assunto?
As dúvidas sobre outorga podem ser tiradas junto à Gerência Outorga da ANA, pelos telefones (61) 2109-5278 ou 2109-5228, ou pelo Fale conosco. Para ter auxílio no preenchimento do CNARH, o usuário pode ligar gratuitamente para 0800-725-2255.
Como saberei se minha solicitação de outorga foi ou não atendida?
O acompanhamento dos pedidos de outorga pode ser feito acessando o "protocolo geral" no site da ANA, a pesquisa pode ser feita pelo nome do requerente, pelo número do documento ou pelo número do processo. O interessado também pode entrar em contato por telefones ...
Há algum custo para solicitar outorga?
Não. A solicitação de outorga na ANA é gratuita, bem como a sua publicação.

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