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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO QG ESPAÇO DE COWORKING O espaço de trabalho contemporâneo e a influência do conceito colaborativo Relatório Final apresentado à disciplina Introdução ao Trabalho Final de Graduação 02 (ITFG 02), como requisito para avaliação da III unidade do semestre letivo 2014.1 Autor: Philippe de Sousa Pinheiro Orientador: Prof. Me Hélio Takashi Maciel de Farias Natal, RN Novembro de 2014 Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura. Pinheiro, Philippe de Sousa. QG espaço de coworking: o espaço de trabalho contemporâneo e a influência do conceito colaborativo/ Philippe de Sousa Pinheiro. – Natal, RN, 2014. 81f. : il. Orientador: Hélio Takashi Maciel de Farias. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura. 1. Projeto arquitetônico – Monografia. 2. Coworking – Monografia. 3. Escritório – Monografia. 4. Edifício empresarial – Natal/RN – Monografia. I. Farias, Hélio Takashi Maciel de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1 RESUMO Este trabalho consiste em um anteprojeto arquitetônico de uma edificação empresarial com ênfase no conceito de Coworking. Para tanto, discute-se sobre os modelos de trabalho contemporâneos e a influência desse conceito colaborativo no espaço edificado. O universo de estudo compreende a cidade de Natal/RN e seu comportamento diante destes novos elementos inseridos no espaço urbano, por ser uma cidade com desenvolvimento econômico com dinâmica principalmente turística. Traçamos as análises das tendências de espacialização e setorização, bem como a situação da proposta do escritório colaborativo desenvolvida neste trabalho. Por ser um conceito muito recente, ainda não há estudos suficientes em arquitetura que embasem propostas de espaços com esta intenção colaborativa, ou seja, falta compreensão de quais são suas causas e principalmente, quais são suas consequências, para a arquitetura, o mercado imobiliário e para a construção civil. Palavras-chave: projeto de arquitetura; coworking; escritório; empresarial; Natal/Brasil. ABSTRACT This work consists of an architectural projetct of a business building with an emphasis on the concept of Coworking. To this end, we discuss about the models of contemporary work and the influence of this collaborative concept in built space. The universe of study comprises the city of Natal/RN and their behavior on these new elements within the urban space, being a city with economic development with mainly tourist dynamics. Plotted the analysis of trends and spatial compartmentalization, as well as the situation of the proposed collaborative office here reported. Because it is a very recent concept, there are not enough studies in architecture that could support proposals for collaborative spaces with this intention, ie, lack of understanding what are its causes and more importantly, what are its consequences for architecture, real estate and for construction. Keywords: architecture design; coworking; office; business; Natal/Brazil. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por tudo, sem Ele eu nada seria. Agradeço a minha família, por todo o apoio, amor e dedicação em minha educação e disciplina. Ao amor da minha vida, minha noiva Claudia Rossetto, bem como seus pais Claudio e Luzia Rossetto, por todo o amor, doçura, carinho e suporte em todos esses anos de curso. À minha irmã, Thuane Pinheiro, que me apoia sempre quando mais eu preciso dela independentemente de qualquer coisa. À minha mãe, Karina Borja, com quem partilho a paixão pelas artes. E em especial o meu pai, Juarez Pinheiro, me ensinou tudo que eu sei sobre a vida, foi por causa dele que resolvi estudar arquitetura e é a ele a quem dedico este trabalho. Aos meus professores, em especial à Prof.ª Dr.ª Ângela Ferreira e ao Prof. Me. Hélio Takashi, pela competência e orientação no complicado trajeto que percorri nesses longos anos de curso. Às arquitetas Rani de Moraes e Sandra Albino pela expertise e experiência na profissão que me ajudaram a concluir esse trabalho com excelência acadêmica. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que me acolheu e me proporcionou momentos e experiências maravilhosos que levarei para minha vida pessoal e profissional. E a todas as pessoas que ajudaram direta e indiretamente para que a realização deste trabalho se tornasse possível. LISTA DE IMAGENS Figura 1 – Prospectiva de coworkers até 2018. Fonte: <http://www.movebla.com/3006/previsoes-coworking-1-milhao-de- coworkers-ate-2018>. 13 Figura 2 – Infográfico da diferença entre o mercado tradicional e o consumo colaborativo. Fonte: <www.collaborativeconsumption.com> 18 Figura 3 – Esquema realizado pela Movebla. Fonte: <http://www.movebla.com/2222/pesquisa-coworking-no-brasil-dia-5-a- percepcao-sobre-coworking>. 23 Figura 4 – Relação de espaços de coworking no mapa de São Paulo. Fonte: Google Maps com alterações do autor. 28 Figura 5 – Gráfico gerado pelo site Movebla. Fonte: <http://www.movebla.com/2178/pesquisa-coworking-no-brasil-2013- sobre-uso-e-acesso-aos-espacos/>. 29 Figura 6 – Tabela de motivos do uso dos espaços de coworking. Fonte: <http://www.movebla.com/2205/pesquisa-coworking-no-brasil-parte-4-o- coworker-dentro-do-espaco>. 30 Figura 7 – Percentual da preferência da quantidade de pessoas por espaços de coworking. Fonte: Infogr.am com modificações do autor. 32 Figura 8 – Encarte publicitário do Mesa Anexa Coworking Space. Fonte: Bruno Oliveira. 35 Figura 9 – Layout do Mesa Anexa. Fonte: Arq. Leonardo Dias. 37 Figura 10 – Recepção. Fonte: Acervo pessoal. 37 Figura 11 – Recepção e Lounge. Fonte: Acervo pessoal. 38 Figura 12 – Lounge. Fonte: Acervo pessoal. 38 Figura 13 – Copa e Lavabo. Fonte: Acervo pessoal. 38 Figura 14 – Sala de Reunião. Fonte: Acervo pessoal. 39 Figura 15 – Espaço de Coworking. Fonte: Acervo pessoal. 39 Figura 16 – Sala de Atendimento. Fonte: Acervo pessoal. 39 Figura 17 – Centro Empresarial Cidade Jardim. Fonte: Acervo pessoal. 40 Figura 18 – Gráfico sobre Capim Macio. Fonte: IBGE (2007) apud SEMURB. 41 Figura 19 – Mapa dos serviços em Capim Macio. Fonte: Google Maps com alterações do autor. 41 Figura 20 – Encarte do Elephant Coworking. Fonte: Elephant Coworking. 43 Figura 21 – Sala de Coworking. Fonte: Acervo pessoal. 44 Figura 22 – Sala de Reunião Informal. Fonte: Acervo pessoal. 44 Figura 23 – Sala de Reunião Formal. Fonte: Acervo pessoal. 44 Figura 24 – Recepção/Lounge. Fonte: Acervo pessoal. 45 Figura 25 – Sala de Treinamento. Fonte: Acervo pessoal. 45 Figura 26 – Sala Aceleradora. Fonte: Acervo pessoal. 45 Figura 27 – Refúgio do Elefante, em Fortim/CE. Fonte: Acervo pessoal. 46 Figura 28 – Elephant Coworking. Fonte: Google Street View. 47 Figura 29 – Recepção e Sala de Treinamento (mezanino). Fonte: Acervo pessoal. 47 Figura 30 – Situação do Elephant no bairro daAldeota, em Fortaleza/CE. Fonte: Google Maps. 47 Figura 31 – Lista de locais próximos ao Elephant Coworking. Fonte: Elephant Coworking. 48 Figura 32 – Sala, varanda e piscina integradas. Fonte: <http://freshome.com/2014/05/28/sustainable-modern-country-home- colombia-drawing-landscape/>. 49 Figura 33 – Relações tênues entre externo e interno. Fonte: <http://freshome.com/2014/05/28/sustainable-modern-country-home- colombia-drawing-landscape/>. 49 Figura 34 – Elementos sólidos e vazios dispostos de maneira complementar. Fonte: <http://freshome.com/2014/05/28/sustainable-modern-country-home- colombia-drawing-landscape/>. 49 Figura 35 – Fachada frontal no fim da tarde. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/601445/tresarca-assemblagestudio 50 Figura 36 – Detalhe da pele de aço perfurado. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/601445/tresarca-assemblagestudio 50 Figura 37 – Corte esquemático. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/601445/tresarca-assemblagestudio 51 Figura 38 – Loft residencial em São Paulo. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 52 Figura 39 – Cimento queimado e Estrutura em preto fosco. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 52 Figura 40 – Espaços integrados. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 52 Figura 41 – Iluminação natural e indireta. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 53 Figura 42 – Cozinha integrada. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 53 Figura 43 – Home Theatre. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 53 Figura 44 – Mezanino. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 54 Figura 45 –Banheiro sóbrio e moderno. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 54 Figura 46 – Layout dos dois pavimentos. Fonte: http://assimeugosto.com/2012/12/05/loft-em-sao-paulo/ 54 Figura 47 – Gráfico de Ventilação predominante sobreposto à Carta Solar para Natal/RN. Fonte: LabCon/UFRN. 56 Figura 48 – Imagem de satélite da área de projeto, com o terreno destacado em vermelho e identificação de Hotéis e Restaurantes no entorno. Fonte: Google Maps com alterações do autor. 58 Figura 49 – Vista aérea da área com destaque para o terreno. Fonte: Google Maps com alterações do autor. 58 Figura 50 – Foto do terreno capturada pelo Google Street View. Fonte: Google Street View (setembro de 2012). 58 Figura 51 – Topografia simplificada do terreno. Fonte: Acervo pessoal. 65 Figura 52 – Terreno, Carta solar e ventos predominantes sobrepostos. Fonte: Acervo pessoal. 66 Figura 53 – Simulação de insolação às 10 horas (esq.) e 16 horas (dir.). Fonte: produzido pelo autor no software Autodesk Vasari Beta 3. 67 Figura 54 – Túnel de Vento em perspectiva. Fonte: produzido pelo autor no software Autodesk Vasari Beta 3. 67 Figura 55 – Zoneamento. Fonte: Acervo pessoal.. 69 Figura 56 – Fluxograma. Fonte: Acervo pessoal. 69 Figura 57 – Foto ilustrativa do conceito. Fonte: http://br.blog.zyncro.com/wp-content/uploads/2011/08/trabalho-praia.png 70 Figura 58 – Logotipo. Fonte: Acervo pessoal. 71 Figura 59 – Croquis. Fonte: Acervo pessoal. 71 Figura 60 – Volumetria no Autodesk 3DS Max. Fonte: Acervo pessoal. 72 Figura 61 – Volumetria depois da orientação do Prof. Petrus. Fonte: Acervo pessoal. 72 Figura 62 – Volumetria com a volta dos elementos primeira indicações de acessos. Fonte: Acervo pessoal. 72 Figura 63 – Perspectiva externa diurna, fachada nordeste. Fonte: Acervo pessoal. 75 Figura 64 – Perspectiva externa diurna, fachada sudoeste. Fonte: Acervo pessoal. 76 Figura 65 – Perspectiva externa noturna, fachada nordeste. Fonte: Acervo pessoal. 76 Figura 66 – Perspectiva externa noturna, fachada sudoeste. Fonte: Acervo pessoal. 76 Figura 67 – Perspectiva interna, espaço de coworking. Fonte: Acervo pessoal. 77 Figura 68 – Perspectiva interna, copa. Fonte: Acervo pessoal. 77 Figura 69 – Perspectiva interna, área das mesas. Fonte: Acervo pessoal. 77 LISTA DE TABELAS Tabela 70 – Prescrições Urbanísticas Fonte: Plano Diretor de Natal. 60 Tabela 71 – Pé-direito e áreas mínimas. Fonte: Código de Obras 61 Tabela 72 – Pré-Dimensionamento. Fonte: Acervo pessoal. 68 SUMÁRIO LISTA DE IMAGENS LISTA DE QUADROS INTRODUÇÃO 9 1. CONTEXTUALIZAÇÃO 13 1.1. PROCESSO HISTÓRICO 14 1.2. SEIS GRAUS DE SEPARAÇÃO 17 1.3. CONSUMO COLABORATIVO 18 1.4. MODELOS DE TRABALHO 20 ESCRITÓRIO TRADICIONAL 20 ESCRITÓRIO VIRTUAL 21 HOME OFFICE 21 COWORKING 22 2. CARACTERÍSTICAS DO COWORKING 25 2.1. PERFIL DO COWORKER 25 2.2. RELAÇÃO COM A CIDADE 26 COWORKING EM SÃO PAULO 28 2.3. ESCALA DO EDIFICIO 31 2.4. ESPAÇO INTERNO 31 2.5. ESTAÇÕES DE TRABALHO 34 3. ESTUDO DE REFERÊNCIAS 35 3.1. DIRETO 35 MESA ANEXA COWORKING SPACE – NATAL/RN 35 ELEPHANT COWORKING – FORTALEZA/CE 43 3.2. INDIRETO 48 4. ANTEPROJETO 55 4.1. CONDICIONANTES AMBIENTAIS 55 CIDADE 55 BAIRRO 56 TERRENO 57 4.2. CONDICIONANTES LEGAIS 59 PLANO DIRETOR 59 CÓDIGO DE OBRAS 60 CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO 62 4.3. CONDICIONANTES FUNCIONAIS 64 TOPOGRAFIA 65 MAPA DE INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO 66 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 67 ZONEAMENTO 69 FLUXOGRAMA 69 4.4. PROPOSTA FINAL 70 CONCEITO 70 NOME, CROQUI E VOLUMETRIA 71 MEMORIAL DESCRITIVO 73 PERSPECTIVAS 75 CONCLUSÃO 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79 9 INTRODUÇÃO O Coworking, como é conhecido, consiste em um conceito muito recente e traz consigo uma série de consequências para o mercado de trabalho ainda incompreendidas, tanto pelos adeptos quanto aos estudiosos da área de administração, economia e empreendedorismo, por exemplo, onde o tema é mais recorrente. Sabe-se que Natal tem espaços de trabalho colaborativo disponíveis desde o ano de 2012. Segundo José G. Quaresma e Carlos Gonçalves (2013), o Coworking é o cruzamento do Escritório Virtual e o Home Office. Ele diz que é “um grupo de pessoas que trabalham independentes umas das outras, mas que partilham formas de estar e valores e que procuram sinergias1”. Os espaços de Coworking são ambientes de trabalho livres, desfrutando de um networking2 mais facilitado. Nesses espaços, várias microempresas, Start Up3, freelancers4 coexistem naturalmente. Coworking é um escritório compartilhado por diversos profissionais de diferentes empresas e diferentes ramos empresariais. Esses profissionais dividem não apenas os custos, como água, eletricidade ou internet, mas a proposta é que compartilhem o mesmo espaço físico, conversando, trocando experiências e aumentando seu networking. É um modelo útil para grandes empresas adotarem internamente também, quando os funcionários dependem uns dos outros para oferecer um produto/serviço muito mais integrado. Os avanços tecnológicos moldam cada vez mais os modelos, as formas e os padrões de trabalho e, como consequência, influenciam os gostos, as atitudes e as decisões. Estamos a falar um conceito de negócios inovador, criador, diferenciador, como temos verificado. Os centros de negócios, como todas as franjas produtivas, alavancam-se cada vez mais apoiados nas novas ferramentas. Para que um centro de negócios evolua e os seus serviços se tornem ainda mais personalizados e eficazes é fundamental acompanharo desenvolvimento tecnológico. A gestão vê-se confrontada com o aumento da qualidade, exigida cada vez mais pelos clientes deste tipo de serviço. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013) Os edifícios são projetados de forma versátil e multiuso, principalmente edifícios comerciais, empresariais e corporativos. Mas de uma forma ou de outra seccionando os espaços a fim de definir os limites de cada inquilino. Com esse novo conceito, tais paradigmas são superados e todos passam a se relacionar num mesmo ambiente. Compartilhando desde os custos até suas experiências, a proposta físico-espacial do networking. 1 Sinergia s.f. 1. MED. Associação de vários órgãos para a execução de movimento ou função orgânica. (SANTIAGO-ALMEIDA,... 2011). Segundo o site Significados.com.br sinergia significa cooperação. 2 Networking é a rede de contatos que o profissional se relaciona durante sua carreira. 3 Startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. (MOREIRA, 2010). 4 Freelancer é um termo inglês que denomina profissional autónomo, que se emprega em várias empresas ao mesmo tempo ou que gere, e realiza os seus projetos de forma individual e independente. (MARTELO, 2009). 10 De acordo com jornalista Anderson Costa, criador do site brasileiro sobre coworking Movebla, em entrevista a revista eletrônica Deskmag: Coworking (no Brasil) está em um estágio conceitual anterior, uma vez que ainda é visto mais como uma ferramenta de negócios do que uma comunidade. É um método que está sobrevivendo, embora rodeado pela cultura de trabalho tradicional. Brasil está crescendo muito rápido, mas os métodos não-tradicionais estão começando agora. Ele ainda deu pequenos passos para uma mudança tão grande, se comparado com a Europa e os EUA. Iniciativas como coworking e escritórios compartilhados estão em alta demanda aqui. (ORLANDI, 2013) E a cidade de Natal/RN apresenta um quadro ainda incipiente no que se refere a colaboração entre pessoas e coworking, por ser uma cidade relativamente pequena, com uma área aproximada de 171 Km² e uma população de 810.780 habitantes (IBGE, 2011). Porém, como já foi verificado, existem alguns espaços de coworking recentemente criados em menos de um ano. E é essa fagulha, nesse contexto de transformação mundial, que será aproveitada para a realização deste TFG, sob o tema “Modelos contemporâneos de trabalho – Coworking”, resumido no seguinte objeto de estudo: O espaço de trabalho contemporâneo e a influência do conceito colaborativo. O universo de estudo compreende a cidade de Natal e seu comportamento diante destes novos elementos inseridos no espaço urbano. Por ser uma cidade com desenvolvimento econômico com dinâmica principalmente turística e número de adeptos do coworking menos significativo, servirá como uma tela em branco para traçarmos as análises das tendências de espacialização e setorização, bem como a situação da proposta do escritório colaborativo desenvolvida neste trabalho. Dessa forma o objetivo geral é, principalmente, o Anteprojeto Arquitetônico de uma edificação empresarial com ênfase no conceito de Coworking. E quanto aos objetivos específicos podemos pontuar: Compreender o funcionamento de espaços de coworking; Zonear as áreas de interesse para essa prática em Natal/RN; Propor um Anteprojeto Arquitetônico de um edifício seguindo essas características de intuito colaborativo; Contribuir com estudos sobre espacialidades e formas contemporâneas de trabalho no âmbito da Arquitetura e Urbanismo. As razões que levam à necessidade de um projeto como esse são numerosas, tendo em vista que o papel do arquiteto na sociedade é conhecer o espaço, e seus agentes modificadores além de entender o seu uso, ou o que impulsiona seus usuários há fazer isso. Por consequência, as pesquisas sobre o assunto no que cerca a Arquitetura e Urbanismo, pelo menos no Brasil, ainda são inexistentes. O conhecimento dessa temática abre perspectiva para outros trabalhos finais de graduação ou pós-graduação. Na bibliografia relacionada que foi reunida para realização deste projeto de pesquisa temos: o e-book “Out of the Office” pelos autores portugueses José G. Quaresma e Carlos 11 Gonçalves, no qual o tema é especificamente espaços de coworking e escritórios virtuais. “O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar nosso mundo” por Rachel Botsman e Roo Rogers (2010), onde é apresentado o conceito mais amplo das varias formas de consumo e sua aplicação no mundo. “Como planejar os espaços de escritórios: Guia prático para gestores e designers” por Juriaan van Meel, Yuri Martens, Hermen Jan van Ree, norteia o processo projetual dos espaços requeridos em vários tipos de escritórios, incluindo o colaborativo, dentre outros. Várias entrevistas, reportagens em vídeos com temas relacionados: como “Seis Graus de Separação” que explica a teoria de estarmos a seis contatos de qualquer pessoa no planeta, inspirado no experimento do sociólogo Stanley Milgram, em Boston, 1967. Foram levantadas leituras da bibliografia encontrada em relação ao tema e ao seu processo histórico, além da compreensão dos atores que levaram a surgir esse conceito. Foi realizado o estudo de caso no Espaço de Coworking Mesa Anexa, em Natal/RN: observando a configuração interna, estudo de uso do solo no bairro, os serviços adjacentes oferecidos, o perfil dos usuários, incluindo o próprio dono do estabelecimento através de uma entrevista. Além de um estudo de uso do solo nos limites do bairro onde o mesmo se encontra, para descobrir quais os serviços de suporte são oferecidos no entorno do empreendimento. A intenção inicial é realizar entrevistas com os empreendedores donos dos espaços e com os seus usuários, o que possibilitará um aprofundamento da percepção em primeira pessoa. Foram realizados estudos de referência direta nos outros espaços existentes em Natal, e Fortaleza como: o Mesa Anexa Espaço de Coworking, e o Elephant Coworking e indireta, através da internet, em alguns projetos espalhados pelo mundo que de uma maneira ou de outra traduzem completa ou parcialmente a linguagem arquitetônica, empírica e/ou decorativa que pretendo definir para o meu projeto. Pretende-se ir aos locais citados a fim de observar quais os ambientes e serviços disponíveis aos usuários, o que é necessário e/ou desnecessário existir num projeto dessa natureza; analisar êxitos e fracassos de projeto. Depois a pontuação no mapa de Natal e análise dos locais onde existem tais espaços, criando uma relação entre eles. Para completar as informações necessárias à pesquisa haverá contato com alguma dessas empresas. Ao sistematizar e analisar essas informações coletadas pode-se, enfim, determinar indícios de uma lógica de localização e apontamento das chamadas zonas de interesse para a implementação de um espaço com intenções colaborativas em Natal/RN. O Anteprojeto será realizado para um público-alvo de profissionais liberais de ambos os sexos com faixa etária entre 20 e 50 anos que estejam entrando no mercado de trabalho e pequenas empresas com este mesmo perfil. O local de implantação será definido durante as pesquisas que se fizerem necessário. Softwares com tecnologia BIM e 3D (Autodesk Revit, Project Vasari, 3DS Max) e de pós-produção (Adobe Photoshop, Illustrator, 12 Lightroom), auxiliarão o desenvolvimento da proposta seguindo a técnica do professor Vicente Del Rio (DEL RIO, 1998): Diagnóstico: Resultado da pesquisa e análise bibliográfica, além dos condicionantes ambientais, econômicos, topográficose legais (Plano Diretor, Código de Obras, NBR 9050, Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, etc.); Programa/Partido: Elaboração de Programa de Necessidades e Pré- dimensionamento, Fluxograma, Definição de conceito de projeto, Partido Arquitetônico Formal, etc.; Desenvolvimento projetual: Compreende o Zoneamento, Definição da tipologia construtiva, Acessos, Diretrizes de conforto ambiental, Especificações diversas, Volumetria, Planta de Situação, Locação e Cobertura, Plantas Baixas, 04 Cortes (ou quanto mais se fizerem necessários), 04 Fachadas, e Maquete Eletrônica (Vistas Internas e Externas). A estrutura do trabalho de pesquisa foi inspirada pelo filme de Charles e Ray Eames para IBM, chamado Powers Of Ten5 (1977), no qual o interlocutor explica as escalas de distância elevadas à potência de dez. E assim foi pensado o sumário: da escala humana (contextualização) ao macro (conceito geral) e de volta a escala nano (particularização). 5 Powers Of Ten O filme de 1977 explica ao espectador as noções de distancia do micro ao macro, e retornando ao micro. As imagens mostram um casal fazendo um piquenique no parque em Chicago, IL. A câmera vai se distanciando ao que seria a potência de 1.1024 metros (100 milhões de anos luz) através do universo, e depois volta a se aproximar, volta ao casal e “penetra” na pele do homem até a marca de 10 -16 metros (0,000001 Ångströms), onde se encontram os átomos. 13 1. CONTEXTUALIZAÇÃO A GCUC 2014 (Global Coworking Unconference Conference) aconteceu na cidade do Kansas, nos EUA. Segundo os dados da Small Business Labs. Haverá um crescimento anual de 30% pelos próximos cinco anos, ou seja, serão um milhão de coworkers no mundo inteiro até 2018 e com aproximadamente 12 mil espaços em operação (fig. 1). Figura 1 - Prospectiva de coworkers até 2018. Fonte: <http://www.movebla.com/3006/previsoes-coworking-1-milhao-de-coworkers-ate-2018>. Acessado em: 22 de maio de 2014 Determinadas empresas já usam ou usaram o conceito em seu cotidiano. Walter Isaacson (2011), no livro “Steve Jobs: A Biografia” relata uma das primeiras tentativas de prática desse conceito no meio corporativo pela empresa Sony, onde as equipes de Hardware e Software trabalhavam de forma colaborativa, a fim de criar um produto mais integrado, mas não tiveram muito sucesso. Em sua obra há uma citação de Jimmy Iovine, o chefe da Insterscope-Geffen-A&M e que ilustra esse momento: Como a Sony perdeu isso é completamente incompreensível para mim, uma cagada histórica. [...] Steve era capaz de demitir gente se as divisões não trabalhassem em conjunto, mas as divisões da Sony estavam em guerra umas com as outras. (IOVINE apud ISAACSON, 2011) Tinha uma divisão de eletrônicos de consumo que fazia produtos elegantes e uma divisão de música com artistas adorados (entre os quais Bob Dylan). Mas cada divisão tentava proteger seus próprios interesses e a empresa como um todo nunca conseguia agir em conjunto para produzir um serviço de ponta a ponta. (ISAACSON, 2011) Esse modelo foi utilizado também por Steve Jobs, na Apple. Durante a revolução gerada pela criação do iTunes, e posteriormente o iPod. Mas Jobs conseguia tornar tudo mais simples. A cooperação entre as equipes de Hardware e Software era, e ainda é tão 14 corporativa, que os seus produtos são perfeitamente integrados. Sob este aspecto, Isaacson comenta: Essa, é claro, era uma das belezas da estratégia de ponta a ponta de Jobs: as vendas de músicas no iTunes impulsionaram as vendas do iPod, que, por sua vez, incrementaram as vendas do Macintosh. O que tornava as coisas ainda mais irritantes para Lack 6 era que a Sony poderia ter feito o mesmo, mas nunca conseguiu que as divisões de hardware e software e de conteúdo remassem em harmonia. (ISAACSON, 2011) Todo profissional que quer ter uma carreira autônoma, ou como freelancer, ou iniciando um pequeno negócio, se depara com inúmeros obstáculos. Os investimentos de um novo negócio tornam-se, na maioria das vezes, fadado ao fracasso antes mesmo de abrir as portas. A partir disso, percebe-se que para oferecer seus serviços, não precisavam alugar um ponto comercial. Pois toda a sua estratégia e marketing se dava via internet, criando assim o conceito de escritórios virtuais. As telecomunicações são decisivas em todo o processo organizacional. São elas que permitem optar por várias formas de trabalho, como o Escritório virtual. Todas elas se ligam e se potenciam como um todo. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013) O coworking faz parte de um conceito muito maior chamado de “Consumo Colaborativo”, no qual a própria população que se via refém do hiperconsumismo, fomentado desde os anos 1950, e está mudando seu estilo de vida para algo muito mais sustentável e que se prova promissor durante a década de 2000. Esse é, inevitavelmente, o nosso futuro. (BOTSMAN; ROGERS, 2010) 1.1. PROCESSO HISTÓRICO Num processo dialético, a tecnologia transforma o modo de viver da humanidade, facilitando a forma como o espaço ao nosso redor é utilizado, com novos conceitos e diferentes maneiras de pensar, criando espaços de tempo. As exigências do mercado de trabalho ao longo dos últimos 50 anos foram se modificando à medida que as gerações foram evoluindo. A série de cinco reportagens exibidas pelos repórteres do Jornal da Globo em dezembro de 2010 (e reapresentado em janeiro de 2011, pelo canal Globo News) mostra que o aprendizado dessas gerações serviu para repensar como seria possível trabalhar melhor, gerando diferentes formas de fazer as coisas. As gerações são os grupos de pessoas nascidas na mesma época, antes calculado que em 25 anos cada geração (mais ou menos, o tempo que se levava para a próxima geração substituíssem seus pais no mercado de trabalho). Mas nos últimos 50 anos, com os avanços da tecnologia, dos modos de produção, o ciclo cai para 10 anos, misturando as gerações que se seguiram. 6 Andrew “Andy” R. Lack, Chefe da Sony Music de 2004 à 2006. Negociou com Steve Jobs a venda das músicas da Sony pela iTunes Store 15 A sociedade japonesa, que ainda tem um regimento de hierarquia vertical Senpai- Kohai7, onde os mais velhos mandam e os mais novos obedecem, vai contra o fluxo mundial onde muita empresa é comandada por pessoas com menos de 25 anos. Essas gerações tão diferentes estão atuando e se complementando no mercado de trabalho hoje. Entre eles existem as gerações BB (Baby Boomer), X, Y e Z. O “Baby Boomer” (nascidos entre 1945 e 1960) é um ótimo estrategista, desempenharia um ótimo papel no planejamento da empresa. O “X” (nascidos entre 1960 e 1980) estaria perfeitamente escalado para as tarefas de relatórios e orçamentos. Enquanto o “Y” (nascidos entre 1980 e 1990) se adequa perfeitamente na área prática, de criação, pela sua inquietude e ansiedade. Por fim, a geração “Z” (nascidos entre 1990 e 2010), são os multifuncionais, podendo estudar, acessar as redes sociais e escutar música ao mesmo tempo, sem se perder. É sabido que até a década de 1930, tinha-se um modo de trabalhar fabril e bem irregular, visava conquistas de bens materiais pela busca de notoriedade social entre os donos das empresas e sobrevivência dos operários, que moravam em ambientes insalubres e se locomovia a pé, bicicleta ou transporte público. A revolução industrial tornou possível a produção em larga escala e popularizando o uso de máquinas de escrever, telefones e a energia elétrica. Na década de 1940, os veteranos de guerra voltam para as suas casas, isso gerou uma explosão demográficaconhecida como a Geração Baby Boomer. Nesse período, o trabalhador foi ocupando os escritórios no centro da cidade, tornou-se fidelizado e duradouro, comprometido com o dever da permanência numa mesma empresa. Através do modelo Ford de produção os carros viraram um bem mais acessível, dominando a preferencia do trabalhador suburbano. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos deram asilo aos cientistas alemães, visando usufruir de sua tecnologia. Seguiu-se a Guerra Fria, uma disputa entre os governos americano e russo de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Entre os anos de 1957 e 1975, no âmbito da tecnologia tivemos a corrida espacial, focando-se em atingir pioneirismos na exploração do espaço, vistos como necessários para a segurança nacional e símbolos da superioridade tecnológica e ideológica de cada país. A corrida espacial envolveu esforços pioneiros no vôo espacial humano sub-orbital e orbital em torno da Terra e viagens tripuladas à Lua, além do lançamento de satélites artificiais, que acarretou em comunicação em tempo real em todo o planeta. Ná década de 1980, os trabalhadores tiveram o primeiro contato com os microcomputadores, uma tecnologia até então inacessível à população em geral (eram antes pouco conhecidas, máquinas grandes, estranhas, onerosas e destinadas a instituições 7 Senpai-Kohai é um termo japonês, em tradução livre: “Veterano-Novato”. 16 de tecnologia ou a grandes laboratórios como a NASA). A partir desse período a sociedade passou a valorizar o trabalho como algo ostensivo, em busca de títulos e bens pessoais, reflexo do seu esforço e dedicação ao trabalho, diversos filmes retratam bem esse pensamento, como Wall Street (1987), dirigido por Oliver Stone, que promovia a ganância e individualidade típica dos yuppies8. Enfim, nos anos 1990, ocorreu a popularização da internet, e com isso o surgimento de diversos empregos relacionados à comunicação e informação. Nesse período, uma nova geração entrou no mercado de trabalho com um pensamento completamente diferente. Trabalhar, a partir de então, se tornou sinônimo de prazer e realização pessoal, deixando os lucros como consequência e não como objetivo. Sendo assim, mudaram as relações no ambiente corporativo, a sua participação e a hierarquia dentro da empresa. Nesse contexto, as gerações que convivem entre si perceberam que tem autonomia para mudar as regras do mercado de trabalho, e dessa forma, temos diversos modelos contemporâneos de trabalho e nenhum deles é definitivo. (JORNAL DA GLOBO..., 2010) Mais uma vez, com a chegada do novo século nos anos 2000, as pessoas que atuavam no mercado evoluíram a forma de pensar. Se antes as empresas buscavam a coleta de informações como estratégia de mercado, hoje se sabe que mais importante que coletar essa informação, é a forma de utilizá-la, pois essas informações são agora compartilhadas. As gerações “Y” e “Z” estão ainda mais conscientes dos produtos e serviços com responsabilidade socioecológica criados nos anos que se seguem e nos próximos. O Consumo Colaborativo é a resposta ao estrago causado pelo hiperconsumismo no século XX. Podemos ver isso com as redes sociais, e com as chamadas empresas Startup’s como a Google, ou Yahoo. Nesse momento as empresas podem desenvolver e oferecer produtos e serviços muito mais integrados e responsivos. Nem ser chefe, nem ter uma carreira internacional. O que os jovens realmente querem para a própria trajetória é qualidade de vida. Pelo menos é o que mostra levantamento da Universum feito a pedido de EXAME.com. Dos 23 países analisados pela consultoria em 2013, os jovens de 20 deles apontaram o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional como o primeiro plano para a própria carreira. No Brasil, por exemplo, quase 60% dos entrevistados sonham com um emprego que garanta qualidade de vida. Mas não só. Eles também querem um trabalho estável e que ofereça um senso de propósito. (ABRANTES, 2014) Ou seja, como as antigas linhas de produção criadas por Henry Ford em que cada fase do processo era completada até ser entregue um produto final, tornam-se agora uma rede de fluxos compartilhados onde todos os funcionários estão se comunicando e produzindo ao mesmo tempo. A hierarquia de conhecimento, outrora uma via de mão única, passa a ser horizontal e compartilhada. Se por um lado as cidades crescem ao longo dos anos e seus limites 8 Yuppie é uma derivação da sigla "YUP" (Young Urban Professional) geralmente usada com certa carga pejorativa estereotipada. Refere-se a jovens profissionais, geralmente de situação financeira abastada. 17 territoriais vão avançando, por outro, a sensação de distância vai se tornando menor. O desenvolvimento tecnológico fez com que 15 quilômetros de distância para alguém em 1945, não tenha a mesma conotação hoje, através do crescimento da cidade, da melhoria das estradas para asfalto e evolução automobilística. Ou seja, essas sensações de distância diminuíram com o tempo e através da internet é possível ter acesso a informações de outras pessoas de qualquer parte do planeta, tornando essa sensação ainda menor. Hoje são bilhões de informações sendo acessadas em milissegundos. 1.2. SEIS GRAUS DE SEPARAÇÃO A teoria criada no ano de 1967, pelo sóciologo Stanley Milgram, diz que cada pessoa está a seis laços de amizade de distância de qualquer outra pessoa no mundo. Milgram buscou, através do envio de cartas, identificar o número de laços de conhecimento pessoal existente entre duas pessoas quaisquer. Cada pessoa recebia uma carta identificando a pessoa alvo e deveria enviar uma nova carta para a pessoa identificada, caso a conhecesse, ou para uma pessoa qualquer de suas relações que tivesse maior chance de conhecer a pessoa alvo. A pessoa alvo, ao receber a carta, deveria enviar uma carta para os responsáveis pelo estudo. Das 160 cartas enviadas, 42 chegaram ao destinatário escolhido pelo sociólogo, mostrando que na média cada carta passou por pouco menos de seis pessoas até chegar a Boston, MA. Esta teoria foi inspiração para a peça e o filme escritos por John Guare, intitulada “Six Degrees of Separation” de 1990, e o filme lançado em 1993, de mesmo nome dirigido por Fred Schepisi. Isso pode ser explicado pelo estudo das redes complexas, chamado Teoria dos Grafos, do matemático suíço Leonhard Euler, usado em sistemas de aeroportos, computadores, redes sociais, dentre outros. Isso prova que realmente estamos a seis contatos de qualquer pessoa no mundo. Um grupo da Universidade de Milão publicou um artigo provando que esse número é ainda menor, exatamente 3,74 graus de separação (BACKSTROM, 2012) através do Facebook, a rede social mais utilizada no mundo, criada por Mark Zuckerberg. Os dados utilizados no artigo foram de 2011, quando o Facebook compelia cerca de 721 milhões de usuários ativos. Já em 2013 essa quantidade subiu para 1,23 bilhões de usuários. Isso quer dizer que estamos a menos ainda que 4 contatos de distância de qualquer outra pessoa no mundo inteiro. Isso mostra o quanto é importante manter um networking ativo e dinâmico no mundo dos negócios e como a cultura de compartilhamento e colaboração é primordial para o funcionamento do mundo contemporâneo ao longo dos próximos anos. 18 1.3. HIPER CONSUMISMO E CONSUMO COLABORATIVO O modelo é também um conceito flexível e aplicável de diversas formas no comércio. Não apenas como modelo de trabalho, o conceito se evolui como modelo de consumo.O Consumo Colaborativo é um modelo no qual o usuário de produtos e serviços não é obrigado comprá-los, o que antes seria uma ação natural: comprar e guardar ou consumir e descartar. Mas o Consumo Colaborativo se mostra eficiente no ato de consumir sem possuir (fig. 2). Figura 2 - Infográfico da diferença entre o mercado tradicional e o consumo colaborativo. Fonte: <www.collaborativeconsumption.com>. Acessado em: 21 de maio de 2014 Rachel Botsman e Roo Rogers (2010) comentam em seu livro que o consumo voraz iniciado nos anos 1920 e estourou nos anos 1950, que com o fim da 2ª Guerra Mundial a abundância de produtos no mercado levou as empresas à incentivar o consumo excessivo. O “hiperconsumismo”, como é conhecido, é estimulado até hoje através de quatro grandes forças de manipulação das massas: o poder de persuasão pela propaganda; a cultura do cartão de crédito (comprar agora e pagar depois); a lei da obsolescência programada9; e o fator “apenas mais um” (é a suposição criada de que poderíamos suprir as nossas necessidades sociais mais básicas por meio de compras e do acúmulo de cada vez mais coisas). O hiperconsumismo culminou em uma grande mancha de lixo no Oceano Pacífico, um pouco a leste do Japão e oeste do Havaí: Estima-se que este turbilhão de lixo tenha aproximadamente o dobro do tamanho do Texas e, em algumas partes, chegue a mais de 30 metros de profundidade, se não mais. Trata-se de uma confusão flutuante de 3,5 milhões de toneladas de lixo, sendo que 90% são compostos de plástico, de tampas de garrafas e brinquedos a sapatos, isqueiros, escovas de dente, redes, chupetas, invólucros, embalagens para viagens e sacolas de compras de todos os cantos do mundo. (BOTSMAN; ROGERS, 2010. P. 3) Porém, essa mentalidade está sendo substituída pela consciência da colaboração. Já existem diversos serviços no mundo todo que fazem esse conceito funcionar como o site 9 Obsolescência Programada é relacionado ao ciclo de vida dos produtos. Um produto é projetado para ter a durabilidade limitada equivalendo ao lançamento de um novo produto, como por exemplo, smartphones sendo lançados a cada ano para substituir sua versão atual lançada no ano anterior. 19 Airbnb10 (aluguel de espaços vagos a preço baixo, ideal para quem quer evitar os onerosos hotéis), ou Zipcar11 (que atende o uso transporte particular compartilhado). Botsman e Rogers comentam mais a esse respeito: ‘Colaboração’ tornou-se a palavra de ordem de economistas, filósofos, analista de negócios, identificadores de tendências, comerciantes e empresários – e com razão. [...] Quanto mais examinamos estas tendências, mais convencidos ficamos de que todos esses comportamentos, estas histórias pessoais, teorias sociais e exemplos de negócio apontam para uma onda socioeconômica emergente, os velhos C’s estigmatizados associados ao ato de juntar e ‘compartilhar’ – cooperativas, bens coletivos, comunas – estão sendo renovados e transformados em formas atraentes e valiosas de colaboração e comunidade. Chamamos esta onda de consumo colaborativo. A colaboração no cerne do consumo colaborativo pode ser local e pessoal, ou usar a Internet para conectar, combinar, formar grupos e encontrar algo ou alguém a fim de criar interações entre pares do tipo ‘muitos para muitos’. De maneira simples, as pessoas estão compartilhando novamente com sua comunidade – seja ela um escritório, um bairro, um edifício de apartamentos, uma escola ou uma rede no Facebook. Mas o compartilhamento e a colaboração estão acontecendo de maneiras, e em uma escala, que nunca tinha sido possível anteriormente, criando uma cultura e economia em que o que é meu é seu. (BOTSMAN; ROGERS, 2011 p. xiii) Outros serviços online também estão disponíveis e já fazem parte do cotidiano das pessoas. Na França existe um meio de locomoção alternativo baseado em caronas, conhecido também nos Estados Unidos como carpooling. O site Covoiturage12 permite juntar pessoas que querem viajar de uma cidade a outra, mas não tem carro e outras que vão fazer aquele mesmo percurso (ou parte dele) e precisa de uma companhia ou que ajude a custear a viagem. Quem vai pegar a carona paga ao site o valor estipulado por que vai dar a carona e esses marcam entre si o encontro. Ao final do percurso, quem pegou a carona fornece um código dado pelo site para que o pagamento seja liberado. No Brasil, existe um serviço semelhante, o Zaznu13. Porém, porque ainda está começando e por desconfiança dos brasileiros, ainda não há motoristas cadastrados suficientemente. Outro serviço é o Bliive14, uma rede social onde os usuários disponibilizam suas habilidades e vendem esses favores uns aos outros no sistema de banco de horas15. Outra aplicação do trabalho colaborativo é o Dropbox, um espaço de armazenamento virtual disponível na internet, onde o usuário faz upload de arquivos, sincroniza com dispositivos como tablet’s, e smartphones e compartilha com outros usuários, entre outras ferramentas semelhantes. Além desses, com Google Docs é possível editar um mesmo documento por várias pessoas ao mesmo tempo, isso evita versões 10 Airbnb https://www.airbnb.com.br/ 11 Zipcar http://www.zipcar.com/ 12 Covoiturage http://mobile.covoiturage.fr/ 13 Zaznu http://www.zaznu.co/ 14 Bliive http://bliive.com/ 15 No Consumo Colaborativo, não é obrigatório o uso de dinheiro propriamente dito. O banco de horas serve como uma troca de favores entre mais de duas pessoas (eu te ajudo e outra pessoa me ajudará). Por exemplo: usuário A dá aulas de guitarra ao usuário B, que paga 2 horas (ou time-money, T.Money, etc.) no qual o usuário A poderá usar para pagar ao usuário C por um serviço mecânico. 20 desatualizadas ocupando espaço e confundindo os profissionais. O Google está desenvolvendo um sistema operacional baseado no conceito da nuvem, onde todas as tarefas executadas estarão salvos na internet. Com isso, não será mais necessário possuir um computador, pois seus arquivos, programas e configurações vão ser acessados de qualquer computador. É uma prévia de como será a próxima geração de sistemas operacionais, onde tudo é baseado em conexão. No âmbito da arquitetura, temos a plataforma BIM, onde é possível que arquitetos e engenheiros tenham acesso ao mesmo projeto e possam modifica-lo ao mesmo tempo, evitando problemas com versões desatualizadas do arquivo. Rui Brás Fernandes, responsável pela Boardless Networks da Cisco Portugal comenta no livro Out Of The Office (2013): Estes novos modelos de trabalho assentes na mobilidade baseiam-se em alguns pilares tecnológicos como o Cloud, o aparecimento dos novos dispositivos (smartphones e tablet's), a segurança e, claro as novas aplicações colaborativas. [...] Hoje é possível usar um tablet a partir do escritório de um parceiro ou cliente, aceder através de um túnel seguro à rede empresarial, fazer uma telepresença com um colega de escritório e partilhar o estado do projeto na rede de colaboração interna. (BRÁS apud QUARESMA; GONÇALVES, 2013) O espaço virtual é onde se desenrola toda a economia de hoje, o dinheiro, a comunicação e o mercado de trabalho. Transações, bolsa de valores, redes sociais, fóruns de discussões é tudo virtual. Com a internet, geração millennials percebeu que é possível trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar e com novos paradigmas, surgem novos conceitos. A partir deste momento, com a mobilidade adquirida pelas facilidades do mundo contemporâneo, os negócios se tornam livres dos limites físicos de uma cidade. Dessa maneira, os termos “vizinho” e “comunidade” estão tomandoconotações mais amplas à medida que a “geração eu” está se tornando a “geração nós”. 1.4. MODELOS DE TRABALHO Modelo tradicional No artigo de Cañellas, Forcelini e Odebrecht (2010), sobre a evolução dos postos de trabalho, o escritório tradicional é resultado da evolução tecnológica a partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial. A produção em série de máquinas de escrever, telefones e a popularização da energia elétrica, mudou a organização dos espaços. Segundo as autoras, os funcionários eram dispostos em longos corredores, divididos por salas. Prédios de escritórios com essa tipologia foram construídos em larga escala até a década de 1930, quando houve a crise financeira entre-guerras. Na época a criação da lâmpada fluorescente, mudou a disposição dos escritórios, quase excluindo a dependência da luz natural. Entre 1945 e 1950, quando os edifícios voltaram a ser construídos, os arquitetos começaram a repensar as relações humanas no ambiente de trabalho: 21 Essa mudança evoluiu para inserção de áreas de descanso, de reuniões e até bar ou cozinha no ambiente de trabalho o que contribuiu com o aumento da satisfação dos empregados. Por outro lado, trabalhadores que necessitavam de concentração para cumprir suas tarefas saíam prejudicados, uma vez que não podiam controlar a quantidade de ruídos em um ambiente onde todos falam e telefones tocam ao seu redor. Da mesma forma, a falta de privacidade se tornou um problema. Nos Estados Unidos, onde o foco ainda era a produtividade, foi criado um sistema de distribuição de postos de trabalho separados um do outro por painéis que bloqueavam o som e davam privacidade. (CAÑELLAS; FORCELINI; ODEBRECHT, 2010) Os espaços que as autoras descrevem se tornou rapidamente um elemento hierárquico, pois enquanto os funcionários ocupavam os chamados cubículos, seus chefes tinham escritórios individuais e espaçosos, representando seu poder na empresa. Através dos anos o modelo tradicional de trabalho se prova ineficiente na maioria dos casos. Com a evolução da tecnologia, as ferramentas de trabalho se tornam menores e mais leves, transformando o trabalho em algo leve, portátil e sem restrições físico-espaciais. Escritórios virtuais Os escritórios virtuais nasceram nos Estados Unidos, na intenção de dar apoio aos profissionais liberais. Quando se trabalha sozinho, é a mesma pessoa para todas as funções, como relata o advogado lusitano Paulo Maria aos autores José Quaresma e Carlos Gonçalves, no livro Out Of The Office (2013): “Era eu que tinha de fazer tudo, despachar correspondência, atender telefones, atender os clientes, a única coisa que não era feita por mim era a limpeza do chão – diz a rir”. O escritório virtual é um serviço de suporte, gerenciando ligações, correspondências, alugando salas de reunião por horas utilizadas, para várias empresas de porte diversificado e profissionais ao mesmo tempo. Com um script detalhado, essas empresas de escritório virtual sabem o que deve ser informado, de que maneira conduzir a ligação e satisfazer os clientes dos seus clientes. O profissional recebe notificações em tempo real por e-mail ou mensagem de qualquer encomenda, correspondência ou ligação gerida pela empresa de escritório virtual. Esse modelo permite ao profissional economia de tempo que pode ser focado no próprio trabalho, e traz uma maior credibilidade a empresa, seja em Home Office ou até empresas internacionais. Isso tornou possível que a Google entrasse no Brasil de forma rápida e eficiente. (QUARESMA; GONÇALVES,... 2013) Home office O Home Office (ou Teletrabalho, em Portugal), é uma forma de trabalho que consiste em trabalhar em casa com o advento das facilidades que a internet proporciona. Isso mudou completamente a percepção do espaço para o comércio. Pois os Home-Officers economizavam um alto investimento em encargos, gastos com combustível e tempo de locomoção. Quem trabalha dessa maneira usufrui do conforto de estar ao mesmo tempo em casa e gerenciando sua vida profissional. 22 Com o teletrabalho acabaram as fronteiras, trata-se de trabalho global e sem preconceitos, pois não existe idade, sexo, cultura, deficiência física, distâncias ou qualquer outro tipo de barreiras, encontradas no modelo de trabalho convencional. [...] A não deslocação para o “escritório” consiste numa poupança de milhões de litros em combustível e milhões de toneladas de gases emitidos para a atmosfera. Se todos os profissionais com trabalhos compatíveis como teletrabalho desenvolvessem a sua atividade a partir de casa, a emissão de gases poluentes seria reduzida em cerca de cinquenta toneladas por ano, o equivalente a retirar toda a força de trabalho de Nova Iorque e os seus veículos das estradas, apenas para se ter uma ideia da dimensão. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013) Porém, essa prática tem seus problemas. O curto alcance do trabalho em casa faz com que não se desligue completamente. Apesar do conforto e das facilidades, as tarefas domésticas e outras distrações tiram o foco dos negócios. Enfim, o modelo Home Office exige do profissional uma organização e concentração imensa, senão muitas vezes enfrentam jornadas de 15 horas por dia, e quando não está trabalhando é quase impossível se desligar dos deveres. Além disso, gera complicações para a cidade. São milhões que não conseguem trabalhar em casa, simplesmente, porque não conseguem criar uma barreira e separar a vida pessoal da vida profissional. A disciplina dificilmente será imposta, as rotinas são difíceis de contornar, a concentração dispersa-se, as pessoas sentem-se isoladas, sentem necessidade de sair, de ver, de contactar no fundo, de socializar, de mudar, de quebrar rotinas. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013) Visto que com o Home Office, compras pela internet e os serviços de delivery tão populares na vida urbana, a cidade se esvazia. Se as pessoas deixam de usar a cidade, pode gerar consequências grave. Segundo Jane Jacobs (2000), a segurança da rua é feita pelos próprios moradores. Uma rua movimentada é mais segura que quando deserta: Se as ruas da cidade estão livres da violência e do medo, a cidade está, portanto, razoavelmente livre da violência e do medo. Quando as pessoas dizem que uma cidade, ou parte dela, é perigosa ou selvagem, o que querem dizer basicamente é que não se sentem seguras nas calçadas. [...] Não é preciso haver muitos casos de violência numa rua ou num distrito para que as pessoas temam as ruas. E, quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras. [...] É uma coisa que todos já sabem, uma rua movimentada consegue garantir a segurança; uma rua deserta não. [...] devem existir olhos voltados para as ruas, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. (JACOBS, 2000) Coworking O Coworking foi criado em 2005 por Brad Neuberg, um programador de software e freelancer de San Franscico, CA. Depois de sair de uma empresa de tecnologia, passou a trabalhar em um Coffe Shop, mas sentiu falta das interações sociais de um escritório, além do Coffe Shop ser muito barulhento. A partir disso, Neuberg começou a pensar como poderia ter a infraestrutura básica de um escritório tradicional, mas com a essência de liberdade, comunidade e criatividade de um freelancer. Figura 3 - Esquema realizado pela Movebla. 23 Fonte: <http://www.movebla.com/2222/pesquisa-coworking-no-brasil-dia-5-a-percepcao-sobre- coworking>. Acessado em: 21 de maio de 2014. Em seguida, alugou um espaço por dois dias por semana juntamente com três colegas que sofriam dos mesmos problemas, instalaram algumas mesas dobráveis, internet sem fio e uma impressora. “Neuberg nãofazia ideia de que ele estava começando o que se tornaria um movimento global que ele chamou de ‘coworking’” (BOTSMAN; ROGERS, 2010. p. 139). Alexandre Teixeira (2012) comenta rapidamente sobre a primeira aparição desse conceito: Como conceito, o coworking surgiu no fim dos anos 90 em meio ao primeiro boom da internet. Na esteira do estouro da bolha 16 , a ideia quase se perdeu. A partir de 2005, com a tecnologia de novo em alta, os escritórios compartilhados se disseminaram de vez. (TEIXEIRA, 2012) As pessoas supostamente voltam a utilizar o espaço urbano com o coworking, pois é a solução mais divertida e sincera para o maior problema do Home Office: o isolamento. Fernanda Trugilho (2011), fundadora do espaço de Coworking Pto de Contato em São Paulo, numa entrevista ao Canal do Youtube: Man In The Arena em 2011, disse que as pessoas costumam aderir esse modelo de trabalho também pelas excessivas viagens que sua profissão exige e nunca passar mais que alguns dias na mesma cidade, tornando o investimento num escritório particular tradicional algo inconveniente. Ou simplesmente porque no Coffee Shop não tem outros profissionais trabalhando e dispostos às trocas de experiências ou os funcionários do local se incomodam por eles estarem ocupando uma mesa sem consumir o suficiente. 16 O autor se refere ao estouro da bolha imobiliária americana, em julho de 2007. 24 Em cidades maiores como São Paulo, onde a dinâmica da economia é mais desenvolvida e a infraestrutura urbana não funciona adequadamente, esse modelo de trabalho já ganhou uma gama de adeptos dentre empresas e freelancers aos quais se identificaram com a alta flexibilidade de espaço e tempo oferecido pelo modo de trabalho. Como disse Fernanda Trugilho (CANAL..., 2011), esses ambientes são muito recentes e não tem uma fórmula definida. Existem casos de sucesso e de fracasso para espaços como estes. Os empreendedores deste nicho estão aprendendo com experiências compartilhadas entre eles mesmos. Em outras palavras, pode-se dizer que é um empreendimento consciente e autodidata. 25 2. CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS DO COWORKING Perfil do coworker A mistura de gerações no mesmo espaço resultou num meio-ambiente muito mais dinâmico e diversificado, elementos essenciais para o funcionamento do coworking. O número de coworkers em todo o mundo aumentou drasticamente nos últimos anos, chegando a quase o dobro (350 para mais de 650 em um ano). Tanto em Quaresma e Gonçalves (2013), quanto na obra de Teixeira (2012), é possível encontrar dados da pesquisa realizada pela Deskmag, no qual envolveu 661 participantes de 24 países. Com ela será possível traçar o perfil médio dos coworkers: A Segunda Pesquisa Global sobre Coworking perguntou a usuários de espaços compartilhados onde eles costumavam trabalhar antes de descobrir essa alternativa. Só 58% disseram que trabalhavam em casa. Outros 22% trabalhavam em escritórios, e 4% em cafés. Sessenta por cento de todos os entrevistados disseram usar os espaços que alugam em escritórios compartilhados ao menos três ou quatro vezes por semana. Um terço trabalha neles todo dia. A maioria (47%) tem acesso 24 horas a suas mesas, enquanto pouco mais de um terço utiliza o horário comercial normal. Apenas um de cada dez membros de um espaço de coworking paga pelo dia ou pela semana. A maioria assina planos mensais. (TEIXEIRA, 2012) No estudo de 2012, mais de 2000 intervenientes participaram no inquérito e os seus resultados foram apresentados pelo fundador da Deskmag, Carsten Foertsch, na Conferência Europeia de Coworking, em Paris. [...] Assim, em todo o mundo, foram identificados mais de dois mil espaços de coworking (2072), o que indica um crescimento em relação ao ano anterior de 245%. [...] A América Latina teve um crescimento no número dos espaços de coworking de 501%. (QUARESMA; GONÇALVES, 2013) A maioria dos adeptos está entre 21 e 39 anos, com uma idade média de 34. Dois terços são homens, um terço são mulheres e 54% de todos os coworkers são freelancers. Quase 20% são empresários que empregam outras pessoas. Da mesma forma, um em cada cinco empresas com empregados permanentes, a maioria delas em pequenas empresas com menos de cinco trabalhadores. A esmagadora maioria dos usuários trabalha na área das indústrias criativas e novas mídias. A maioria deles são web designer, designer gráfico ou programadores. Assim como muitos estão ativos como consultores focando as indústrias criativas. A quarta maior indústria é relações públicas e marketing, além de jornalistas, escritores, arquitetos e artistas também estão presentes em espaços de coworking. Dentro dos últimos dois meses, 43% dos entrevistados relataram conhecer de um a três contatos que foram úteis no seu próprio trabalho, enquanto outros 43% encontraram quatro ou mais dessas conexões. A maioria usa o seu espaço de trabalho para realizar projetos de curto prazo. 25% dos projetos não precisam mais que uma semana para ser realizado. Quase dois terços de todos os projetos costuma demorar mais de um mês. 26 Três quartos dos coworkers trabalham perto de suas casas. Cinquenta por cento vivem em um raio de quase 5 km, e 25% mora há uma distância de até 10 km. Metade de todos os coworkers vive em cidades com mais de um milhão de habitantes. Outro terço vive em cidades de entre 100 mil e 1 milhão de habitantes. Inesperadamente, existe uma grande disseminação de espaços de coworking em áreas mais rurais. A pesquisa ainda aponta que pelo menos um em cada três pessoas viajam com freqüência para outras cidades, e quase a metade deles visitam três ou quatro cidades por ano. Há fidelização de menos de 60% ao seu espaço de coworking atual. 20% das pessoas trabalharam pelo menos uma vez em outro coworking, e 25% já trabalharam em três ou mais ao mesmo tempo. A maioria dos coworkers brasileiros frequentou um espaço por cerca de um ano ou dois, e já 25% começou em 2013. 46% dizem que eles usam seu espaço de trabalho diário, 22% vão lá algumas vezes por semana, e um surpreendente 18% declararam que use apenas a sua área de trabalho em torno de uma vez por mês. 25% das pessoas entrevistadas no mundo indicaram que ganhou mais do que a renda média nacional. Cinquenta e cinco por cento consideram-se na faixa de renda média. Menos de um em cada cinco vivem com renda abaixo da média. Os profissionais mais bem pagos entre os coworkers são os programadores web e especialistas de TI, bem como aqueles envolvidos em atividades de consultoria. No meio são designers gráficos, assessores de imprensa, arquitetos, jornalistas e aqueles em atividade não comercial. Como previsto, os artistas ganham os piores salários de todos. Sem surpresa, a renda parece aumentar com a idade; os entrevistados mais jovens geralmente ganham o mínimo. Situação ocupacional tem influência sobre a renda; empresários que empregam trabalhadores ganham mais, enquanto que os trabalhadores das pequenas empresas são as menos remuneradas. A revista Deskmag inspirou o jornalista Anderson Costa, criador do site Movebla, a realizar a primeira pesquisa de coworking no Brasil, em 2013. Segundo essa pesquisa, o perfil do coworker brasileiro tem de 26 a 35 anos (47,19%), com uma graduação (32,19%) ou pós-graduação (34,38%). Em sua maioria trabalhavam em casa (58,06%) ou num escritório tradicional (46,24%). São empreendedores (54,69%), moram e trabalham na mesma cidade (80,31%), e usam um espaço de coworking diariamente ou várias vezes na semana (67,75%). Relações com a cidade Como foi dito anteriormente, o primeiro espaço de coworking,a Spiral Muse, surgiu em 2005 na cidade de San Francisco, como uma empresa de quatro profissionais que abriam suas portas para freelancers sem um lugar para trabalhar. As questões de espaços 27 corporativos no meio urbano estão diretamente ligadas à economia e ao setor imobiliário. Em New York, essas questões foram discutidas recentemente. Rory Stott, em 30 de agosto de 2013, publicou um artigo no site ArchDaily, a respeito de um estudo realizado pela REBNY – Real Estate Board New York – no qual a preservação de 27,7% dos edifícios de Manhattan, impediria o desenvolvimento econômico da cidade. REBNY vem desafiando a Comissão de Preservação de Monumentos, argumentando que isso tem muito poder quando se trata de decisões de planejamento, que ao tornar os negócios tão difíceis para os investidores, sufoca o crescimento da cidade. [...] O arquiteto historiador Francis Morrone fornece uma visão mais equilibrada, dizendo que o crescimento que foi incentivado por políticas do prefeito Bloomberg é parte de uma tentativa para equilibrar o ritmo com outras cidades mundiais. Mas ele acredita que esta tentativa tem uma falha grave: no lugar de melhorar a cidade, este investimento está empurrando para cima os preços e forçando todos, com exceção dos cidadãos mais ricos, a deixar Nova York por completo: ‘A cidade irá sobreviver. A cidade irá prosperar’, porém adverte, que ‘nem todas as pessoas da cidade irão prosperar, ou poderão continuar a viver aqui’. Esta abordagem levanta a questão ‘para que serve uma cidade?’ [...] O livro Triumph of the City (Triunfo da Cidade), de Edward Glaeser coloca as pessoas no centro do propósito de uma cidade. Cidades proporcionam oportunidades e prosperidade para as pessoas que as habitam, e isso não está disponível em áreas rurais. Glaeser acredita que, reunindo pessoas de diversas origens, com diferentes ideias e colocando-as próximas das condições de vida adensadas, as cidades proporcionam encontros casuais e a disseminação de novas ideias, criando, portanto, a inovação que impulsiona a prosperidade econômica. (STOTT, 2013) Seguindo a lógica da REBNY, podemos concluir que a cidade enquanto habitação, vivência e história seriam menos importantes que o desenvolvimento econômico? E quem colocaria esse “desenvolvimento econômico” em funcionamento, senão os próprios habitantes? E, por fim, para quem a cidade estaria se “desenvolvendo”? Mariana Fix (2007), em sua obra “São Paulo Cidade Global” levanta a realidade dessas questões na maior metrópole da América Latina: São edifícios corporativos, que se projetam como a imagem de uma cidade de uma cidade ‘globalizada’, uma ‘nova cidade’, ‘nova face’ ou uma ‘global city’ na mídia ou nos anúncios publicitários. Faz em parte da skyline do novo eixo de negócios, em formação nos arredores da marginal do rio Pinheiros, desde a Chácara Julieta até a Vila Leopoldina. [...] Diferentemente das torres das décadas anteriores, que fizeram da Avenida Paulista a sede do capital financeiro e corporativo da cidade, esses edifícios são em grande parte construídos como um investimento, para ser alugados. A ideia de ‘sede própria perde importância em relação a busca das empresas por maior liquidez e, consequentemente, por menor imobilização do seu patrimônio. (FIX, 2007) Os interesses dos agentes imobiliários, ou City Builders, como define Fix (2007), influem direta e indiretamente sobre os investimentos públicos e privados. Resultando em sítios econômicos ditos pela autora, “a paisagem do poder e do dinheiro em São Paulo”: a marginal do rio Pinheiros, onde “as novas torres se originaram no fim dos anos 1970 e se multiplicaram intensamente na década de 1990”. 28 Coworking em são paulo Foi escolhida a cidade de São Paulo para tratar sobre Coworking, pois foi a primeira cidade a ter um espaço disponivel no Brasil. Em cinco anos surgiram diversos espaços, mas o mais curioso é que todos estão localizados no mesmo sitio. Então era intencional que fosse possível ilustrar com uma cidade maior e mais experiente neste ramo, para que sejam observados esses padrões, num local menor e menos explorado como Natal. Com o auxilio do Google Maps, foi possível listar cerca de 40 espaços de intuito colaborativo em São Paulo, 30 apenas no centro da cidade, cinco em no bairro Pinheiros (o bairro está respresentado na imagem pela linha tracejada) e 25 nos bairros ao redor. Figura 4 - Relação de espaços de coworking no mapa de São Paulo. Fonte: Google Maps com alterações do autor. Segundo a pesquisa realizada pela Movebla (2013), 57,65% dos coworkers usam carros para se transportar (fig. 5), talvez pela praticidade durante as visitas aos cliente ou fornecedores, mas que isso gera um pouco de independência na escolha do local de implantação do espaço de coworking, como é visto no mapa (fig. 4). 29 Figura 5 - Gráfico gerado pelo site Movebla. Fonte: <http://www.movebla.com/2178/pesquisa-coworking-no-brasil-2013-sobre-uso-e-acesso-aos-espacos/>. Acessado em 22 de maio de 2014. A média de estações de trabalho por espaço de coworking é de 35 pessoas, contudo menos de 16 pessoas estão lá trabalhando ao mesmo tempo. Quanto ao uso desse espaço, os entrevistados responderam que levam em torno de 27 minutos de casa para o coworking e geralmente usam carro (57,65%) ou transporte público (36,47%) seguido pelos que vão a pé (12,94%) ou de bicicleta (8,24%). Os entrevistados optaram por acesso 24 horas (59,02%) ou horário comercial (36,07%). O motivo pelo qual usam o espaço de coworking (fig. 6) são variados mas os mais selecionados foram por boa infraestrutura de escritório (75,6%), pela atmosfera agradável (68,6%), pela boa interação com os outros coworkers (59,3%) e pelo custo valer o investimento (46,5%). Apenas 23,3% se preocupou com as boas opções de acesso por transporte público e 20,9% por acesso via ruas ou estradas. É interessante notar que por mais que se trate de um espaço para se trabalhar a distância, quase todos estejam concentrados nesse sítio de Pinheiros e Jardins. Dentre esses espaços, foi feito contato via e-mail com um resumo da pesquisa e os formulários de entrevista tanto para os Coworkers quanto para o empreendedor, com a equipe do Pto de Contato Jardins, no qual a publicitária e fundadora do espaço Fernanda Nudelman forneceu algumas informações importantes. Há cinco anos existe a Pto de Contato, que já foi localizada no bairro de Pinheiros, mas hoje está no Jardins, em São Paulo. É interessante falar sobre a Pto de Contato, pois é o primeiro espaço de Coworking de São Paulo. Existem 120 Coworkers fixos e durante a semana, e a segunda-feira é a preferida para se trabalhar. Dentre os serviços, podemos destacar a disponibilização de um aplicativo para smartphones, para controle dos pacotes e fácil acesso aos contatos dos outros Coworkers, etc. Além de que no website está explicitado que o local foi escolhido também pelos serviços existentes no entorno e a facilidade de acesso por vários meios de transporte, preocupação na produção de eventos e cursos internos para o aprendizado dos adeptos. 30 Figura 6 - Tabela de motivos do uso dos espaços de coworking. Fonte: <http://www.movebla.com/2205/pesquisa-coworking-no-brasil-parte-4-o-coworker-dentro-do-espaco>. Acessado em: 21 de maio de 2014 Os escritórios colaborados oferecem diversos serviços e tem a preocupação de situar o espaço com serviços alheios ao seu redor. Por ter a sala de reunião paga por tempo de uso, algumas vezes, para diminuição de gastos, pressupõe-se que os coworkers preferirão ir ao encontro do cliente e isso também incentiva o uso da cidade.Apesar dos conceitos de trabalho a distância e, “trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar”, ainda assim tem suas necessidades e condições ideais para surgir numa cidade exercendo o papel de uma incubadora urbana. Ainda que não precise de escritório físico próprio para trabalhar, na verdade os Coworkers parecem precisar estar perto do principal sítio financeiro da cidade. Por um lado estão soltos das amarras entre cidades ou até mesmo entre países, por outro continuam presos aos escritórios alheios emergidos no pólo empresarial que lhe dão suporte locacional na cidade em que se encontram. Porém, possibilita que os home-officers voltem a utilizar o entorno urbano. A partir da primeira pesquisa Global Coworkers Survey, realizada pela revista online Deskmag foi possível extrair resultados interessantes para o desenvolvimento deste trabalho. 58% dos entrevistados preferiram o coworking ao invés do home office, dos quais 81% permanem no escritório onde eles começaram. Assim, a maioria deles só trabalhou em um único espaço, mas também há um número considerável de pessoas que usaram dois ou três. 31 Infelizmente, ofertas como um Coworking Visa, onde o usuário pode intercambiar dentre vários espaços diferentes e outros benefícios de mobilidade foi surpreendentemente baixa. Isto mostra que existe uma interação limitada entre os espaços de coworking e mobilidade do indivíduo. À medida que a distância média de viagem para um espaço de trabalho foi relatado para ser cerca de 26 minutos, parece que coworking é também uma solução para muitos a evitar o estresse da mudança dentro de uma grande metrópole. No entanto, apesar dos esforços de alguns espaços que usam o transporte público como um incentivo, descobriu-se que 57% dos colegas de trabalho usam seu próprio carro e só 36% usam transporte público. Este é provavelmente devido a uma necessidade de flexibilidade no que diz respeito a reuniões de negócios e interagir com os clientes. Escala do edificio Após buscar diversos espaços e visitar outros, é possível notar um padrão na tipologia edilícia mais interessante para implementação do coworking. Os menores ocupam cerca 100 m² com estações para até 20 pessoas, enquanto que os maiores e mais raros chegam a quase 800 m² e comportam mais de 90 pessoas. Espaços de Coworking de pequeno e médio porte normalmente se instalam em edifícios comerciais, shoppings e galerias comerciais, principalmente por dar uma sensação de segurança maior. É comum também que os de médio porte estejam em pontos comerciais térreos de até dois pavimentos (pavimento térreo e superior), ou até único pavimento com pé direito duplo mais o mezanino. Alguns deles seguem a tipologia de galpão, tradicionalmente usada nos Estados Unidos, os chamados loft. Considerando os escritórios da Google, temos um caso à parte, pois sua sede em Palo Alto, CA é imensa. Com mais 85 mil metros quadrados, é uma verdadeira cidade a parte, com quadras de futebol, basquete, tênis, cursos, mega auditórios, salas de soneca, spa, games, esportes, restaurantes, cafeterias, transporte interno, etc. Espaço interno Os espaços internos são preferencialmente abertos sem muitas divisórias e paredes. A lógica da disposição dos móveis está sempre voltada uns para os outros com a pretensão de promover interação quase o tempo todo, evitando mesas e cadeiras viradas para paredes e divisórias. Quanto menos espaços isolados melhor. Escritórios tradicionais tendem a separar seus empregados em salas e cubículos, gerando o maior número de barreiras físicas e visuais possíveis e até as conversas são mal vistas. 32 Hoje um espaço de coworking apresenta os seguintes ambientes internos: Recepção (geralmente com serviços de Escritório Virtual), Salão de coworking com as estações de trabalho, Copa, Sala de reuniões, Sala de atendimento, Armários individuais ou lockers, Banheiro ou lavabo Sala de descanço ou jogos. Os de médio porte têm todos os ambientes citados acima e mais: Sala de brainstorm, Auditório para mínimo 50 pessoas Biblioteca Cafeteria exclusiva. As de grande porte não fogem muito do programa de necessidades utilizada pelas de médio porte, com a diferença dos ambientes mais espaçosos, ou com maior número de salas. Com a pesquisa realizada pela Deskmag (FOERTSCH, 2011), podemos extrair informações muito importantes para o entendimento do espaço interno e futuramente, na definição do Programa de Necessidades. Segundo a Deskmag os adeptos prezam por um espaço de trabalho pequeno e interativo, flexível ao horário de funcionamento e perto de restaurantes. A maioria trabalha diariamente e preferem acesso 24 horas. Um Coworking Visa com acesso a espaços no mundo todo é interessante e, ao contrário do que se imaginava até então, a maioria não se importa muito com as atividades recreativas. A pesquisa mostra (fig. 7) que a maioria dos coworkers (54%) prefere compartilhar um espaço de trabalho com menos de vinte pessoas, enquanto 21% dizem que eles funcionam bem em um espaço com até 50 colegas de trabalho. Maior que isso apenas 4% tiveram algum êxito. Os 21% restantes disseram tamanho não era importante. Figura 7 – Percentual da preferência da quantidade de pessoas por espaços de coworking. Fonte: Deskmag. Imagem gerada pelo o autor. 33 Os entrevistados também foram questionados sobre a sua concepção escritório preferido: para a maioria, um espaço de coworking ideal seria ter uma mistura de áreas abertas de trabalho compartilhado, bem como salas fechadas menores para conversas privadas. Na verdade, o layout do local de trabalho e o projeto foram classificados como o fator mais importante. O conceito de usar uma mesa flexível compartilhada não agrada a todos. Pouco menos da metade (43%) de todos alugam uma mesa exclusiva. Os 57% restantes são felizes com ou não se importam com uma mesa flexível que pode ser compartilhada com outros colegas de trabalho. Quanto aos detalhes, 99% dizem que o acesso à Internet é o serviço mais importante que eles exigem. Não menos importantes são as impressoras e copiadoras (80%) e pelo menos uma sala de reuniões (76%). Muitas vezes, os adeptos gostariam de um café (61%) e uma cozinha (50%). Muitas vezes, espaços de coworking são retratados como descontraídas, com salas de lazer, equipada com mesas de pingue-pongue e jogos. Mas a pesquisa mostra que esta imagem não corresponde com os desejos dos colegas de trabalho. Apenas um quarto dos entrevistados dizem que as atividades de lazer são importantes, metade considerá-los neutro, e outro quarto acho que eles não importam. Quando questionado sobre como muitas vezes eles usam os equipamentos de recreação, as mesmas respostas aparecem - apenas um quarto dos colegas de trabalho usá-los regularmente, metade diz raramente, e um quarto nunca usa. Outras instalações consideradas menos importantes são as bibliotecas (usado por 26%) e estacionamento (usado por 29%). O que quer dizer que esses espaços adjacentes, deverão ser repensados, contanto que possam existir, mas sem dedicar metro quadrado exclusivo. No entanto, sobre o tema de estacionamento, as opiniões são significativamente diferentes entre a América do Norte e Austrália, por um lado, classificam estacionamento como um requisito muito importante e enquanto que por outro lado, a Europa, América do Sul e Ásia, o oposto é verdadeiro. Então, o que atrai as pessoas para coworking ao invés de ficar em casa, ou no trabalho em um escritório tradicional é porque querem flexibilidade e interação além de questões como preço (72% dizem que o baixo custo de coworking é importante).
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