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Dor e Analgesia na clínica de animais de companhia

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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO – PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA 
SUÉLLEN CARPEJANI DOS SANTOS 
 
 
 
 
DOR E ANALGESIA NA MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
2013 
2 
 
 
FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO – PARANÁ 
 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
LEONARDO MATHEUS JAGELSKI ROSINA 
SUÉLLEN CARPEJANI DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
DOR E ANALGESIA NA CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
TRABALHO INTEGRADOR 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de Medicina 
Veterinária da Faculdade Integrado de Campo 
Mourão - PR como requisito parcial para 
avaliação no Projeto Integrador. 
 
 
PROFESSORA: DANIELE MAGGIONI CHEFER 
 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
2013 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
DOR E ANALGESIA NA CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS ................................................. 3 
1.0. RESUMO ........................................................................................................................... 3 
2.0. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3 
3.0. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 4 
 3.1. Fisiologia da dor ..................................................................................................... 4 
 3.2. Classificação da dor ............................................................................................... 5 
 3.3. Alterações comportamentais .................................................................................. 6 
 3.4. Alterações fisiológicas ............................................................................................ 6 
 3.5. Tratamento e controle da dor ................................................................................. 8 
 3.5.1. Opióides ...................................................................................................... 8 
 3.5.1.1. Tramadol ........................................................................................ 9 
 3.5.1.2. Meperidina ...................................................................................... 9 
 3.5.1.3. Morfina ......................................................................................... 10 
 3.5.1.4. Butorfanol ..................................................................................... 10 
 3.5.2. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) ................................................ 10 
 3.6. Prevenção da dor ................................................................................................ 11 
4.0. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 12 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 13 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
DOR E ANALGESIA NA CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS 
1.0. RESUMO 
A dor é um aspecto que vem tomando grande importância na área da medicina veterinária. Ela 
tem sido tratada como um dos cinco sinais vitais que o animal apresenta. Sua avaliação na 
clínica de pequenos animais, principalmente quando se fala de cães e gatos, é de extrema 
importância, pois como o animal não tem a capacidade de comunicar-se verbalmente cabe ao 
médico veterinário saber interpretar os sinais apresentados e os dados obtidos em uma 
anamnese minuciosa para correlacionar com a dor e assim poder tratar, retirando o animal de 
um estado de injúria provocado pela situação dolorosa. O objetivo deste trabalho é demonstrar 
a importância em avaliar a dor na clínica de pequenos animais e suas alterações no 
comportamento animal. 
Palavras-chaves – Fisiopatologia, comportamento, tratamento. 
2.0. INTRODUÇÃO 
 O primeiro conceito de dor foi criado em 1986 pela International Association for the 
Study of Pain (IASP), como “uma experiência sensorial e emocional desagradável, que é 
associada a lesões reais ou potenciais em termos de tais lesões” (MENEZES, 2004). A 
incapacidade que o animal apresenta em se comunicar não significa que ele está isento de dor 
e não necessite de tratamento adequado para aliviá-la (TRANQUILE et al., 2013). Os 
principais estímulos desencadeantes de sofrimento nos animais são a dor, ansiedade, medo, 
estresse, desconforto e injúria ou trauma (LUNA et al., 2008). 
 A dor foi, e continua sendo, uma das grandes preocupações da humanidade. Desde os 
primórdios da civilização de acordo com registros da pré-história e com diversos documentos 
descritos posteriormente, o ser humano procura esclarecer as razões que justificam a 
ocorrência da dor e desenvolver procedimentos destinados ao seu controle (ALVES NETO et 
al., 2009). O ser humano é capaz de reconhecer sua dor e através da comunicação verbal 
expressá-la. Já nos animais essa comunicação é ausente, assim eles sentem dor, mas não 
expressão verbalmente. Portanto devem ser interpretadas respostas fisiológicas e 
comportamentais (PADDLEFORD, 2001). 
 A dor é um sintoma clínico presente na maioria das doenças e é acompanhada do 
sofrimento levando à graves alterações deletérias (ALVES, 2006). Ela pode ser classificada em 
dor aguda e crônica, onde dor aguda tem a função de alerta, tendo um diagnóstico fácil. A dor 
crônica não tem função de alerta e acaba gerando estresse físico e emocional, seu diagnóstico 
é mais complicado (MENEZES, 2004). 
 O tratamento da dor ganhou, nas últimas duas décadas, um novo enfoque. Novas 
descobertas técnico-científicas, aliadas a uma maior preocupação ética em relação aos 
cuidados com os animais, fizeram com que a dor recebesse uma atenção especial e passasse 
a ser tratada como um sinal vital, devendo ser avaliada em qualquer exame clínico, 
quantificada e tratada (FANTONI, 1998). 
4 
 
 O objetivo deste trabalho é mostrar a importância em reconhecer a dor na clínica de 
pequenos animais, assim como mostrar a importância de tratá-la para que o animal não 
desenvolva patologia secundárias e não acometa auto-multilação. 
3.0. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1. Fisiologia da dor 
 Atualmente sabe-se que existe participação de grandes números de centros, vias 
nervosas e neurotransmissores nos mecanismos centrais e periféricos envolvidos no 
processamento da dor (FANTONI, et al, 2009). O componente fisiológico da dor é chamado 
nocicepção, que consiste dos processos de transdução, transmissão e modulação de sinais 
neurais gerados em resposta a um estímulo nocivo externo. De forma simplificada, pode ser 
considerado como uma cadeia de três neurônios, com o neurônio de primeira ordem originado 
na periferia e projetando-se para a medula espinhal, o neurônio de segunda ordem ascende 
pela medula espinhal e o neurônio de terceira ordem projeta-se para o córtex cerebral 
(KLAUMANN et al., 2008). 
 Na sequência dos eventos que originam o fenômeno sensitivo doloroso, o primeiro 
passo é a transformação dos estímulos ambientais, físicos ou químicos intensos em potenciais 
de ação, que são transferidos, das fibras nervosas do sistema nervoso periférico (SNP) para o 
sistema nervoso central (SNC). O processo de transdução dos eventos térmicos, mecânicos e 
químicos intensos em potenciais de geração e de ação nos aferentes primários são limitados à 
região da membrana axonal, que ocupa poucas centenasde micrômetros da terminação 
axonal distal e que constitui os nociceptores ou a terminação nervosa livre. O restante da 
membrana axonal não apresenta a propriedade de gerar os potenciais repetitivos frente aos 
estímulos naturais (ALVES NETO et al., 2009). Nocicepção é a recepção de sinais 
interpretados pelos nociceptores como estímulos nocivos aos tecidos. A dor implica na 
percepção de tais estímulos nocivos no córtex somatossensorial. Os nociceptores são ativados 
por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos. Alguns deles possuem especialidades, 
enquanto outros respondem a vários estímulos (nociceptores polimodiais) (TRANQUILLI et al., 
2013). 
 A porção terminal do axônio é especializada na transformação de eventos físicos e 
químicos que ocorrem nos tecidos em potencial de ação, interpretados como dolorosos após 
seu processamento no SNC. Os estímulos alteram as atividades das membranas desses 
receptores e o tipo de alteração varia com a natureza do estímulo ambiental (FANTONI et al., 
2002). 
 Os impulsos nociceptivos gerado pelos receptores são processados em lâminas do 
corno posterior da substância cinzenta da medula espinhal (CPME). A substância cinzenta 
5 
 
possui dez lâminas, que diferem entre si de acordo com o padrão arquitetônico de suas 
unidades celulares na medula espinhal (FANTONI et al., 2009). 
 Segundo Souza (2003) várias escalas podem ser empregadas para quantificar a dor de 
forma subjetiva na medicina humana e veterinária, sendo as mais frequêntes: 
 Escala simples descritiva ou categórica, com quatro ou cinco graus de severidade da 
dor (sem dor, fraca, moderada, grave e muito grave); 
 Escala numérica simples que determina valores numéricos para a dor; 
 Método de escore (através de um escore comportamental); 
 Escala análogo-visual. 
 
3.2. Classificação da dor 
 
 A dor é classificada em três categorias baseada no seu início de percepção e período 
de duração como dor aguda e crônica (SOUZA, 2003). A dor aguda é um sintoma de alguma 
doença, a dor crônica é uma doença propriamente dita, sendo nociva e independente ao 
estímulo que a gerou (KLAUMANN, 2008). 
 A dor aguda (Figura 1) é observada quando um estímulo resulta em injúria do 
organismo independente se o estímulo é traumático, cirúrgico ou infeccioso. Pode ser 
ocasionada por numerosos estímulos cujo caráter comum parece ser a priore, a forte 
intensidade (SOUZA, 2003). A dor passa a ser considerada crônica quando persiste por mais 
de 3 meses (FANTONI, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 1 – Esquema ilustrativo dos tipos de dores agudas. 
 Fonte: Souza (2002). 
 Dor 
 
 Somática Visceral 
 
 Dor superficial Dor profunda 
 
Primeira dor Segunda dor 
 Pele Tecido Conjuntivo Vísceras abdominais e torácica 
 Ossos 
 Músculos 
 Articulações 
6 
 
3.3. Alterações comportamentais 
 
 Como os animais não tem a capacidade de comunicar-se verbalmente o que irá 
descrever sua dor será o comportamento, assim variando de animal para animal. O que pode 
ser sinal de dor em um paciente, já em outro pode não ser (PADDLEFORD, 2001). Os gatos 
manifestam dor de forma distinta dos cães e o reconhecimento da dor nos felinos é difícil 
(SOUZA, 2003). 
 Segundo Fantoni (1998) e Paddleford (2001) a mudança de comportamento é o 
principal sinal que o animal apresenta dor, as mais comuns são: 
 Vocalização: animal fica uivando, gemendo e quando se aproxima do local machucado 
chora constantemente ou o animal pode ficar em silêncio total. 
 Inquietação: se o animal é muito agitado e começa a ficar quieto ou se é quieto e fica 
muito agitado. 
 Automutilação: animal fica lambendo, mordendo, coçando área afetada. 
 Apático: animal não responde quando tocado. 
 Andar e postura anormal: animal andando torto, rígido, andando pouco, sem balançar a 
cauda, deitado ou sentado de maneira anormal, dificuldade de se manter em posição 
normal. 
 Apetite: diminuição da ingestão de alimentos e água. 
 Se o animal estiver com uma dor discreta, ela é tolerada, assim não causa alteração no 
comportamento. Na dor moderada o animal fica sem apetite, com isso perde peso, fica mais 
agressivo ou com medo, fica inquieto, mudando sempre de posição, apresenta postura 
anormal e expressa facialmente ansiedade. E a dor intensa é uma dor intolerável, animal fica 
quieto e/ou choramingando, podendo ocasionar automutilação (PADDLEFORD, 2001). 
 
3.4. Alterações fisiológicas 
 
 Durante muito tempo a avaliação da dor aguda era realizada apenas fisiologicamente, 
como, por exemplo, avaliação das frequências cardíaca e respiratória, pressão sanguínea 
arterial e alteração da conformidade da pupila. Atualmente sabe-se que estes parâmetros 
colaboram para a avaliação da dor, mas podem ser enganosos, já que não sofrem alterações 
específicas relacionadas com a dor (FANTONI, 2011). 
 Os processos dolorosos acarretam uma série de alterações fisiológicas que podem ser 
gravemente deletérias (FANTONI et al., 2009). A estimulação nociceptiva produz respostas 
reflexas suprassegmentais medidas pelos centros circulatórios e respiratórios bulbares, por 
7 
 
núcleos hipotalâmicos de função neuroendócrina (relacionada com o sistema simpático) e por 
estruturas do sistema límbico. Essas respostas incluem hiperventilação, aumento do tônus 
simpático neural hipotalâmico e da liberação de catecolaminas e outros hormônios endócrinos 
(TRANQUILLI et al., 2013). 
 Os avanços laboratoriais permitem que métodos objetivos, como a mensuração de 
cortisol, catecolaminas e glicose contribuam para o reconhecimento da dor em felinos e, 
também, pela concentração plasmática da β-endorfina, um opióide endógenos derivado do 
pro-opiomelanocortico, liberado primeiramente pela adenoipófise (SOUZA, 2003). 
 A diminuição na ingestão de água e comida levam a perda de peso, catabolismo 
proteico e até mesmo desidratação. Estes sinais são muito importantes para auxiliar o 
profissional a reconhecer a adequação do protocolo de analgesia. A dor interfere sobremaneira 
no eixo neuroendócrino com aumento nos níveis de aldosterona (causando retenção de sódio 
e desequilíbrio hidroeletrolítico), cortisol (levando a hiperglicemia) e catecolaminas 
(responsável por alterações cardíacas, como arritimias e aumento no consumo de oxigênio 
pelo miocárdio) (FANTONI et al., 2009). 
 Em razão da elevação do tônus simpático neural e da liberação de catecolaminas há o 
aumento do débito cardíaco, resistência periférica, pressão arterial, trabalho cardíaco e 
consumo de oxigênio pelo miocárdio. Além disso, há incremento na secreção de cortisol, 
hormônios adrenocorticotróficos (ACTH), glucagon, monofosfato cíclico de adenosina, 
hormônios antidiuréticos e de crescimento, renina e outros hormônios catabólicos. Existe a 
diminuição simultânea de hormônios anabolizantes, insulina e testosterona. Essas respostas 
características de respostas relacionadas ao estresse, causam aumento da taxa de glicose, 
ácidos graxos livres, lactatos e cetonas sanguíneos, bem como elevação da taxa metabólica e 
do consumo de oxigênio. Essas respostas mobilizam o substrato para os órgãos centrais e 
tecidos lesionados, ocasionando estado catabólico e balanço nitrogenado negativo. A 
magnitude e a duração dessas mudanças serão coincidentes com a intensidade do dano 
tecidual e pode durar dias e, por conta disso, a perda de peso e de massa muscular torna-se 
clinicamente evidente (TRANQUILLI et al., 2013). 
 Ainda é possível que o sistema nociceptivo sofra alterações nos mecanismos de 
percepção e condução dos impulsos, denominados neuroplasticidade. A neuroplasticidadepode aumentar a magnitude da percepção da dor e pode contribuir para o desenvolvimento de 
síndromes dolorosas crônicas (KLAUMANN et al., 2008). 
 Segundo Souza (2003) nos felinos as principais alterações fisiológicas, quando o 
animal está com dor, são: 
 Taquipneia; 
 Taquicardia; 
 Hipertensão; 
 Pupilas dilatadas; 
8 
 
 Salivação; 
 Apatia; 
 Anorexia; 
 Diminuição do hábito de higiene. 
 
3.5. Tratamento e controle da dor 
 
O tratamento da dor é feito por intervenções farmacológicas, incluindo os analgésicos e 
os fármacos adjuvantes (FANTONI, 1998). Para um tratamento da dor é necessário criar uma 
estratégia com antecedência, pensando em quais agentes a serem escolhidos, relacionando 
com a dor que o animal está sentindo (FANTONI, 2009). 
Para saber o grau de dor que o animal está sentindo é empregada à escala da dor 
(Figura 2), onde o proprietário escolhe um número de 0 a 10 que melhor indique a dor que o 
paciente esta sentindo, sendo que 0 significa ausência de dor e 10 a pior dor possível, como 
mostra a figura abaixo (FANTONI, 2011). 
 
 Figura. 2 – Escala analógica que mostra o nível de dor sentida pelo animal. 
Fonte: Fantoni et al (2009). 
 
Juntamente com a escala da dor, deve ser feita a escolha dos agentes analgésicos 
(Tabela 1) e também levar em consideração os mecanismos de ação dos diferentes fármacos. 
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), funcionam no local da lesão, assim, diminuindo 
a inflamação. Os opióides são para tratamento da dor de origem visceral (FANTONI, 2009). 
Tabela 1 – Agentes analgésicos utilizados em animais. 
Classe Exemplos 
Opioides 
AINE 
Morfina, fentanila, metadona 
Meloxicam, codeína, nalbufina 
 
 Quando esses fármacos passam a não fazer a analgesia correta, substitui-se os 
opióides fracos pelos mais fortes (FANTONI, 1998). 
3.5.1. Opióides 
 Os opióides são considerados os mais potentes analgésicos conhecidos (SOUZA, 
2003). São analgésicos com agentes de alta eficácia e muita segurança, eles se ligam em 
9 
 
receptores específicos no SNC e medula espinhal. Os receptores de maior importância são o 
mu (μ) e o kappa (К). Os analgésicos potentes, como sulfetanila, fentanila e remifentanila, são 
usados no período transoperatório, promovendo importante depressão respiratória, e possuem 
a duração de ação curta. Em alguns procedimentos que causam dor intensa-torturante no 
animal precisa de opióides potentes, como a fentanila, no pós-operatório, neste caso, 
raramente, ocorre depressão respiratória (FANTONI, 2009). 
 Os opióides bloqueiam a transmissão dos estímulos dolorosos atuando sobre vários 
receptores pré e pós-sinápticos no gânglio da raiz dorsal, inibindo a transmissão destes 
impulsos para o corno posterior da medula espinhal e para centros superiores. Os opióides 
também atuam sobre a transmissão neural em diferentes locais da própria medula espinhal. 
No sistema nervoso central, estes fármacos interagem com os receptores localizados, 
principalmente, no tálamo e no giro pós-central no córtex cerebral, que são duas regiões 
contendo elevadas densidades destes receptores (SOUZA, 2003). 
 O efeito adverso dos opiódes mais preocupante é a depressão respiratória, que é 
dose-dependente, porém de baixa incidência em cães e gatos (FANTONI, 2009). 
 Nos processos inflamatórios, os opióides atuam inibindo a adenilciclase, evitando a 
sensibilização das prostaglandinas nos receptores nociceptivos periféricos, aumentado desta 
forma o limiar ao estímulo do nociceptor. Além de os opióides ainda atuarem diminuindo a 
liberação de neurotransmissores (SOUZA, 2003). 
 
3.5.1.1. Tramadol 
 É um analgésico agonista tipo opióide de ação central, atua no receptor µ, no tálamo, 
hipotálamo e sistema límbico. Sendo absorvido rapidamente pela via oral, tendo período de 
latência de 20 a 30 min, com meia vida de 35 min, meia vida de eliminação de 5 horas e 
também é eliminado pelo leite (MASSONE, 2011). 
 O tramadol é capaz de bloquear impulsos vindo da medula espinhal, por ação mista, 
assim sendo considerado um opióide atípico, podendo ter efeito minimizado pela ioimbina, com 
menos efeitos adversos, como depressão respiratória, apresenta excelente analgesia no pós-
operatório (FANTONI et al., 2012). 
 Para animais, o tramadol é indicado para o tratamento de dor moderada a grave. Seu 
efeito analgésico é parecido com o da meperidina, sua utilização é indicada em casos de dor 
aguda como para o tratamento de pós-operatório imediato, como nos casos de dor crônica 
resultante de osteoartrite e de dor neuropática (NATALINI, 2007). 
 
3.5.1.2. Meperidina 
 É um fármaco que requer mais cuidados, deve ser feita pela via intramuscular, pois 
pela intravenosa causa taquicardia e grande liberação de histamina, é destruída rapidamente 
10 
 
pelo fígado, reduz pressão arterial e venosa, é aplicada em cães em doses de 1 a 5 mg/kg e 
em gatos não ultrapassar 1,5 mg/kg (MASSONE, 2011). 
 É um agonista puro com afinidade pelo receptor µ, que possui ótima analgesia quando 
comparada com a morfina, se associar à acepromazina no pré-anestésico, produz sedação 
eficiente e analgesia profilática, podendo ser aplicada em animais de risco. Tem sido muito 
utilizada no tratamento de dor pós-operatória tanto em gatos e em cães, tendo ausência de 
efeitos adversos gastrintestinais e renais, suas grandes vantagens é que possui baixo efeito 
adverso, rápido início de ação e ótima ação sedativa. (FANTONI et al., 2002). 
 
3.5.1.3. Morfina 
 A morfina é um protótipo dos analgésicos opiódes e correlatados, com o qual todos os 
outros agentes são comparados (FONTONI et al., 2002). Usada como medicação pré-
anestésica em cães, como analgésico por infusão contínua e nas analgesias espinhais 
epidural ou subaracnóide (NATALINI, 2007). 
 Em bloqueios nociceptivos seletivos feitos com morfina epidural, causa um alívio da dor 
prolongada, ausência de paralizia motora ou fraqueza muscular e de efeitos hemodinâmicos 
importantes (TRANQUILLI et al., 2013). Produz boa analgesia, pela afinidade ao receptor µ, e 
a meia-vida desse agente é de 3 a 4 horas, em uma dose de 0,1 a 0,2 mg/kg pela via 
parenteral (FANTONI et al., 2002). 
 
3.5.1.4. Butorfanol 
 É um agente opióide do tipo agonista-antagonista. Sua ação mista é resultado do efeito 
agonista dos receptores ƙ, promovendo analgesia, e efeito antagonista nos receptores µ, 
podendo antagonizar efeitos agonistas µ como a morfina e meperidina (FANTONI et al., 2002). 
 Essas propriedades são vantajosas, em decorrência da menor depressão respiratória 
que produz, porém o efeito analgésico pode ser menos intenso e complementação com outros 
fármacos pode ser necessária em caso de dor grave (FANTONI at al., 2002). 
 
3.5.2. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) 
 Os AINEs são um grupo de fármacos efetivos para o tratamento de dor operatória, é 
necessário fazer a dose e o intervalo de administração corretos para cada espécie, deve levar 
em consideração que após uma aplicação do AINE deve esperar de 45 a 60 minutos para que 
o efeito dos analgésicos estejam presentes. Os principais são: 
 Carprofeno: é o mais usado no tratamento de dor pós-operatória, tem uma boa ação 
analgésica e anti-inflamatória que causa poucos efeitos adversos. 
 Meloxicam: tem uma potente ação anti-inflamatória, baixa toxidade renal e 
gastrointestinal, pode ser utilizado antes ou depois da cirurgia (FANTONI, 2009). 
11 
 
 Na clínica de felinos o emprego de AINEs ficou por muito tempo restrito, em função das 
particularidades metabólicas dos gatos, devido a deficiência de algumas enzimasda família 
glicoroniltransferase e pela propensão da hemoglobina felina sofrer oxidação e, em virtuda, 
dos efeitos adversos relacionados a toxidade gastroentestinal, renal e homeostática (SOUZA, 
2003). 
 A farmacocinética dos AINEs varia muito entre as espécies. Após a administração oral, 
variação de concentrações plasmáticas, entre as espécies, dependem, em parte, do tamanho 
do trato gastroentestinal e do tempo de esvaziamento gástrico, os quais afetam as taxas de 
absorção, biotransformação e eliminação (TRANQUILI et al., 2013). Os AINEs são substâncias 
que, além de apresentarem propriedades antiinflamatória e antipirética destacam-se na maioria 
das vezes, pelo alto poder analgésico que possuem, sendo indicados para o tratamento da dor 
de grau leve a moderado (SOUZA, 2003). 
 Os AINEs diminuem a inflamação, pois bloqueiam a enzima cicloxigenase responsável 
pela transformação de ácido araquidônico em substâncias que desencadeiam o processo 
inflamatório, como prostaglandina, tromboxana e prostacilcinas. Esse mecanismo explica por 
que esses agentes causam analgesia em processos que cursam com inflamação (FANTONI, 
et al, 2009). 
 O controle da dor é feito para trazer o máximo de conforto para o paciente e diminuir as 
alterações fisiológicas indesejáveis. Deve-se deixar o animal em local limpo e seco, manter o 
ambiente quente, agradável e tranquilo evitando barulhos que assustam o paciente 
(PADDLEFORD, 2001). 
 Segundo Saliba (2011) e Tranquilli (2013) o controle da dor pode ser feito por: 
 Analgesia preemptiva: é aplicação de técnicas analgésicas antes do paciente sujeito a 
dor, ela não elimina dor pós-operatória, mas ajuda durante a cirurgia. 
 Analgesia multimodal: é aplicado duas ou mais classes farmacológicas para ter um 
ótimo controle da dor, diminuindo o risco de causar inflamação. 
 Anestésicos locais: são capazes de causar diminuição da sensibilidade, motricidade e 
função autonômica. 
 
3.6. Prevenção da dor 
 A analgesia preventiva pode ser considerada a medicina veterinária preventiva para a 
dor. Diversos estudos demonstram que a dor patológica, ou seja, aquelas que levam a 
alterações neuroplásticas do sistema nervoso central, causando hiperalgia, alodinia e dor 
neuropática, pode ser melhor tratada ou mesmo evitada se os analgésicos forem utilizados 
antes que o estímulo doloroso ocorra (NATALINI, 2007). 
 Da mesma maneira que o uso profilático de antibióticos previne a infecção, é adequado 
e recomendado administrar analgésicos para prevenir a provável ocorrência da dor. Os 
argumentos contrários (por exemplo, para evitar a depressão respiratória induzida por opióides 
12 
 
ou porque o alívio da dor aumentaria o risco de automutilação) não são válidos e devem ser 
analisados com cuidado, antes de se decidir pela interrupção dos analgésicos (TRANQUILLI et 
al., 2013). 
 Tais modalidades analgésicas é apropriada para intervenção nas quais se sabe que um 
estímulo doloroso será produzido (Ex: cirurgias e exames diagnósticos invasivos e mais 
cruentos). Em geral, devem ser utilizadas duas ou mais técnicas para a obtenção de analgesia 
preventiva e o uso de um único fármaco não é recomendado para a analgesia preventiva 
correta (NATALINI, 2007). 
4.0. CONCLUSÃO 
 Frente a diversas apresentações da dor está o desafio de o profissional, Médico 
Veterinário, saber avaliar os sinais clínicos apresentados pelo animal e correlacionar com os 
dados obtidos com o proprietário durante a anamnese para que ele possa fazer o tratamento 
do animal que está sofrendo um processo doloroso, como ter conhecimento de como realizar 
uma analgesia preemptiva antes de algum procedimento que irá lhe causar um estímulo 
doloroso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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do Agreste Meridional Pernambucano. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Unidade 
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ALVES NETO, O., COSTA, C. M. C., SIQUEIRA, J. T. T., TEIXEIRA, M. J. Dor: Princípios e 
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FANTONI, D. Tratado da dor na clínica de pequenos animais / Denise Fantoni – Rio de 
Janeiro : Elsevier, 2011. SALIBA, R. ; HUBER, R. ; DUARTE, J. 
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NATALINI, C. C. Teoria e técnica em anestesiologia veterinária. Porto Alegre: Artmed, 
2007. 
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[tradução de José Jurandir Fagliari] – 2.ed. – São Paulo : Roca, 2001. 
SALIBA, R.; HUBER, R.; PENTER, J. D. Controle da dor em pequenos animais. Disponível 
em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/5255/9161>. Acessado 
em: 01 de setembro 2013. 
SOUZA, H. J. M. Coletâneas em Medicina e Cirurgia felina. Rio de Janeiro: L.F. Livros de 
Veterinária, 2003. 
TRANQUILLI, W. J.; THURMON,J. C.; GRIMM, K.A. Anestesiologia e analgesia veterinária. 
São Paulo: Roca, 2013.

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