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Campos et al 2002 Aprendizagem por interação

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Aprendizagem por interação: pequenas 
empresas em sistemas produtivos e 
inovativos locais
Renato Ramos Campos
S ílvio Ferraz Cário 
José Antonio Nicolau
Geraldo Vargas
Setembro, 2002
Coordenação do Projeto:
Helena M. M. Lastres, José Eduardo Cassiolato, 
Marina Szapiro, Sarita Albagli, Liz-Rejane Legey
Cristina Lemos e Maria Lúcia Maciel
Apoio Financeiro
Rede de Si
stemas Pro
dutivos e I
novativos 
Locais
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 2
Aprendizagem por Interação: Pequenas Empresas em Sistemas Produtivos e Inovativos 
Locais 
 
Renato Ramos Campos (Dr.Prof. Dept.Economia.UFSC) 
Sílvio Antônio Ferraz Cario (Dr.Prof. Dept.Economia.UFSC) 
José Antônio Nicolau (Dr. Prof. Dept.Economia.UFSC) 
Geraldo Vargas ((Mestre , pesquisador NEITEC/UFSC) 
 
 
Introdução. 
 
Este artigo considera a hipótese, amplamente difundida na literatura recente sobre pequenas 
empresas, de que a difusão das tecnologias de informação e comunicação, e a resultante 
flexibilização dos processos produtivos, está criando novas possibilidades de desenvolvimento 
para as pequenas e médias empresas. Estas novas possibilidades exigem também novas 
competências, como a capacidade para estabelecer relações inter-organizacionais, compartilhar 
conhecimentos e riscos, inserir-se em circuitos globais de informação, e beneficiar-se da divisão 
de trabalho em regiões geradoras de economias de aglomerações (Storper,1989; Rizzoni,1994; 
Spah,1999). 
 
O objetivo é analisar as possibilidades de desenvolvimento de processos de aprendizagem 
interativa pelas pequenas empresas que estão inseridas em sistemas locais de inovação. O 
referencial analítico apresentado na seção 2, apóia-se nas noções de capacidade dinâmica da 
firma, categorias do conhecimento, regime tecnológico e de sistema nacional de inovação, nos 
termos do enfoque neo-schumpteriano, e procura observar (a) os condicionantes dos processos 
de aprendizagem, (b) os recursos e competências do sistema local, e (c) as características dos 
padrões de aprendizagem das empresas inseridas no sistema local. Completa-se o referencial 
analítico, abordando-se as características das estruturas dos sistemas locais capazes de estimular 
as interações voltadas para processos de aprendizagem em pequenas empresas em sistemas 
locais do tipo acima referido. 
 
Na seção 3, apresentam-se casos empíricos ilustrativos da dinâmica de aprendizagem em 
pequenas empresas com base em três estudos de sistemas locais em Santa Catarina: indústria 
moveleira em São Bento do Sul, indústria têxtil-vestuário no Vale do Itajaí e indústria de 
software em Joinville. Na seção 4, apresentam-se as considerações finais deste trabalho.1 
 
 
2. Aprendizagem interativa em sistemas locais de inovação 
 
2.1. A capacidade dinâmica da firma, as características do conhecimento e o contexto local 
para os processos de aprendizagem 
 
A rapidez na mudança dos processos produtivos, estimulada pelos avanços nas tecnologias de 
informação e comunicação, tornou a capacidade de construir novas competências o principal 
fator para vantagens competitivas das firmas. A rápida e contínua mudança técnica provoca a 
formação e destruição do estoque de conhecimento especializado, exigindo contínua capacidade 
de aprendizado (Lundvall et al., 2001). A construção e reconstrução das habilidades 
organizacionais e tecnológicas estão relacionada à estruturação dos seus processos de 
 
1 Os autores agradecem a José Eduardo Cassiolato, Maria Helena Lastres e Marina Szapiro, pelas críticas e 
sugestões feitas a uma versão preliminar deste trabalho. 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 3
aprendizagem. A abordagem evolucionista considera a firma como um “repositório de 
conhecimento” (Nelson e Winter, 1982). Seu crescimento é determinado, por um lado, pelas suas 
próprias características internas, tais como as suas rotinas e os seus processos de busca e seleção 
(ibid.), os quais definem processos específicos de aprendizagem e as suas competências; e por 
outro lado, pelo ambiente em que a firma está inserida, em relação ao regime tecnológico, à 
estrutura produtiva, ao padrão de concorrência e ao contexto social. As firmas obtêm vantagens 
competitivas a partir de capacidades dinâmicas (Teece e Pisano, 1994) desenvolvidas em suas 
rotinas, criando ativos importantes como os valores, a cultura, as habilidades e as experiências 
organizacionais construídas em processos cumulativos e path dependent. 
 
O aprendizado, é então, um processo fundamental para a construção de novas competências e 
obtenção de vantagens competitivas, o qual, pela repetição, experimentação, busca de novas 
fontes de informação e outros mecanismos, capacita tecnologicamente as firmas e estimula as 
suas atividades produtivas e inovativas. O aprendizado desenvolve habilidades tanto em nível 
organizacional quanto individual, possuindo forte determinação social (Lundvall, 1992), e ocorre 
por ações estratégicas coletivas e individuais específicas em busca da compreensão e solução de 
problemas complexos, que resultam na criação de novas competências. Carlsson e Eliasson 
(1994) destacam a importância da competência econômica da firma, a qual consiste na 
“...habilidade de identificar, expandir, e explorar as oportunidades de negócios. A invenção e 
inovação conduzem à mudança econômica somente na medida em que os agentes são bem 
sucedidos em obter vantagens das oportunidades para as quais eles dão maior importância” (p. 
694).2 
 
Para Dogson (1996 p.55), a “aprendizagem pode ser descrita como as formas que as firmas 
constroem e organizam conhecimentos e rotinas em torno de suas competências e dentro de sua 
cultura, e adaptam e desenvolvem eficiência organizacional melhorando o uso dessas 
competências”. As formas de aprendizagem mais usuais observadas na literatura econômica 
combinam aspectos como a fonte do conhecimento e a estruturação organizacional interna da 
firma para desenvolvê-lo. 
 
O desenvolvimento de inovações por investimentos em pesquisa e desenvolvimento caracteriza 
esforços de aprendizagem que são realizados de forma estruturada pela firma através de seus 
departamentos de P&D. Além deste, os processos de aprendizagem que decorrem da 
cumulatividade da experiência na produção e suas conseqüentes inovações incrementais em 
produtos e processos podem caracterizar mecanismos informais ou não estruturados que também 
criam capacidades inovativas internas às firmas (learning by doing e learning by using), 
conforme desenvolvido por Arrow (1962) e Rosemberg (1979). Por outro lado, as fontes de 
conhecimento não se restringem unicamente a firma e combinam-se com fontes externas, como o 
sistema de ciência e tecnologia e outras firmas, como as fornecedoras ou usuárias dos produtos. 
As diversas relações com outras firmas e organizações podem estabelecer formas diversas de 
aprendizagem por interação (learning by interacting) estudadas por Lundvall (1992). A 
compreensão da dinâmica destas formas está relacionada às possibilidades de transferência de 
informações e conhecimentos, e às especificidades da dinâmica da inovação, que é condicionada 
pelo regime tecnológico. 
 
 
2 Os autores apontam quatro tipos de capacidades que determinam a competência econômica das firmas: (a) a 
capacidade seletiva, a qual possibilita à firma fazer escolhas inovadoras com relação a mercados, produtos, 
tecnologias, estrutura organizacional, etc.; (b) a capacidadeorganizacional e de coordenação a qual possui forte 
caráter tácito, sendo própria das pessoas e das organizações; (c) a capacidade técnica, que é a habilidade relativa às 
várias funções dentro da firma, como produção, marketing, engenharia, pesquisa e desenvolvimento; e (d) a 
capacidade de aprendizado que é uma forma de constante adaptação das habilidades. 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 4
Lundvall e Johnson (2001, p. 12) consideram o conhecimento como um recurso que não é nem 
completamente público, nem completamente privado,e cuja base é fragmentada. A propriedade 
pública ou privada do conhecimento cria mediações específicas para sua transferência, afetando 
as condições de acessibilidade e de uso do conhecimento.Essas mediações também são afetadas 
pelas características do conhecimento segundo suas categorias, o know-what (que se refere ao 
conhecimento sobre os fatos), o know-why (que se refere ao conhecimento sobre princípios e 
leis), o know-who, (que expressa uma combinação de informações e relações sociais) e o know-
how (que se refere às habilidades para fazer algo).3 
 
Outro aspecto da característica do conhecimento reconhecidamente importante para os estudos 
dos processos de aprendizagem é a natureza tácita ou codificada do conhecimento. As 
possibilidades de transferência de conhecimento tácito estão relacionadas à demonstração e 
experiência “como na clássica relação mestre-aprendiz na qual o processo de aprendizagem 
depende da observação, imitação, prática e correção” (Gertler, 2001 p.2). Isto implica na 
necessidade do contato face-a-face e por conseqüência na proximidade espacial entre os agentes 
e na importância dos códigos de compartilhamento, fazendo com que o contexto social seja 
decisivo para as possibilidades de transferência. Essa percepção reforçou a importância dos 
estudos recentes sobre aglomerações industriais. De forma complementar ao enfoque de sistemas 
locais de inovação, novos estudos têm sugerido que “a habilidade dos trabalhadores ou das 
firmas para produzir e compartilhar conhecimento tácito depende da proximidade espacial ou 
afinidades culturais. Em particular depende da proximidade institucional – isto é, o 
compartilhamento de normas, convenções, valores, expectativas e rotinas que nascem da 
experiência comum emoldurada pelas instituições” (Gertler, 2001 p.15) 
 
A noção de conhecimento base como um dos elementos de um regime tecnológico, que também 
inclui as noções de oportunidade tecnológica, de condições de apropriabilidade dos resultados da 
introdução de inovações e de cumulatividade do conhecimento tecnológico no âmbito da firma e 
dos setores (Breschi e Malerba 1997), auxilia na compreensão de como as características do 
conhecimento podem impor requerimentos específicos para os processos de aprendizagem.Um 
conhecimento-base caracterizado pela natureza tácita, pela complexidade, pela especificidade e 
cuja fonte é bastante interdependente de usuários e fornecedores (ou seja, é sistêmico, no sentido 
de que a modificação em uma das partes afeta o conjunto), pode exigir processos de 
aprendizagem interativos mais intensos, nos quais a proximidade entre os agentes e as condições 
locais têm maior relevância. No outro extremo, um conhecimento-base com maior grau de 
codificação, simples, de aplicação genérica, e cuja fonte exige menor interdependência com 
fornecedores e usuários, os processos de aprendizagem por interação não exigem 
necessariamente o contato face a face e a proximidade entre os agentes não é tão relevante. Esta 
noção auxilia a compreensão por um lado, do conteúdo dos fluxos de informação para a 
aprendizagem interativa e, por outro, das condições para a interação no que se refere tanto à 
proximidade entre os agentes, quanto à forma da interação.4 
 
3 Nesta perspectiva, as mediações para a transferência de conhecimento nem sempre envolvem os mecanismos de 
mercado. Mesmo as mediações de transferência de conhecimento incorporado em equipamentos, que usualmente 
decorrem da compra do equipamento, envolvem a necessidade de transferência de informações sobre o uso, que é 
feita através de treinamento ou assistência técnica. Esses aspectos e as dificuldades para a venda e compra de 
informação, como a determinação de seu valor e a necessidade de restringir o uso da informação pelo comprador, 
tornam os processos de aprendizagem por interação a mais importante forma de mediação na transferência de 
informações. 
4 Os autores procuram relacionar o regime tecnológico à dinâmica de estruturas de mercados, identificando uma 
dinâmica tipo Marco I de Schumpeter, com menor número de firmas inovadoras e com estabilidade na hierarquia 
entre elas. No tipo Marco II, o número de inovadoras é maior e a hierarquia entre elas é mais instável. Para este 
trabalho a relevância da noção de regime tecnológico está principalmente na possibilidade de caracterizar 
condicionantes para a aprendizagem. 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 5
 
Em resumo, ao destacar as características do conhecimento e da dinâmica da inovação como 
fatores que configuram a dinâmica dos processos de aprendizagem no nível da firma e nas suas 
interações com agentes em contextos institucionais específicos, ressalta-se que as estratégias de 
aprendizagem da firma têm condicionantes estruturais. Considerando que as informações não 
fluem livremente no sistema econômico, tais condicionantes relacionam-se tanto às 
características do conhecimento que afetam a acessibilidade às informações e as possibilidades 
de sua transferência, quanto, de forma mais particular, às características de conhecimentos 
específicos que se combinam com regimes tecnológicos e que afetam a dinâmica da inovação. 
 
Outro elemento importante para a análise dos processos de aprendizagem, vistos como relações 
sociais, é o contexto social específico onde ocorrem os processos. Uma das contribuições 
importantes da noção de sistemas de inovação, delimitados localmente, com ênfase na 
aprendizagem interativa, é a referência que cria para a observação do contexto em que ocorre a 
aprendizagem. A realização dos processos de aprendizagem no interior de sistemas locais de 
inovações está relacionada à possibilidade de interações amplamente facilitadas pela existência 
de códigos comuns de comunicação e pelo compartilhamento de convenções e normas que 
reforçam a confiança entre os agentes. Um conjunto de atores articulados em processos de 
aprendizagem interativos dá aos sistemas de inovação a estrutura de rede e, enquanto tal, torna os 
atores e suas competências complementares entre si. 
 
Definindo de forma ampla como o conjunto de fatores econômicos, sociais, políticos e 
organizacionais que influenciam o desenvolvimento, difusão e uso das inovações, o enfoque de 
sistema local de inovação5 é compatível com a noção de que os processos de inovação são 
caracterizados pela aprendizagem interativa. As organizações6 e instituições são os principais 
componentes do sistema e as interações entre eles caracterizam a dinâmica localizada dos 
processos de aprendizagem. Para Edquist e Johnson, (1997, p. 47) as instituições são: "...um 
conjunto de hábitos comuns, rotinas, práticas estabelecidas, regras, ou leis que regulam as 
relações e interações entre indivíduos e grupos” e as organizações são “...estruturas formais com 
um propósito explícito e são criadas conscientemente. Elas são os jogadores ou atores” 7. O 
sistema pode ser delimitado quer pelas fronteiras espaciais (sistemas nacionais,regionais ou 
locais), quer pelas fronteiras dadas pela natureza da tecnologia e das estruturas produtivas 
(sistemas tecnológicos,sistemas setoriais) e reúnem diversos recursos tangíveis (capital natural e 
capital produtivo) e intangíveis (capital social e capital intelectual) (Edquist,1997, 2001 e 
Lundvall et al, 2001). 
 
5 Lundvall (1992) destaca os seguintes elementos de um sistema: (a) a dimensão nacional caracterizada pelas 
experiências histórica, linguagem e cultura que identificam as especificidades do ambiente; (b) a organização 
interna das firmas; (c) as relações interfirmas; (d) o papel do setor público; (e) as relações entre o sistema financeiro 
e o processo de inovação; (f) as características do sistema de pesquisa e desenvolvimento; e (g) os sistemas 
educacionais e de treinamento. 
6 As organizações podem ser classificadas de acordo com suas atividades mais relevantes nos seguintes grupos: 
organizações produtivas, de ensino, financeiras, de infra-estrutura tecnológica (serviços tecnológicos, de pesquisa 
básica e aplicada, de informações técnicas e de áreas especializadas), de coordenação, ou órgãos públicos (Vargas, 
2001). 
7 O conceito de instituição que tem sido empregado nos trabalhos mais recentes, de acordo com Edquist (2001), é o 
de regras do jogo, ao passo que as organizações são os jogadores (seguindo a conhecida conceituação de D. North). 
Entretanto, a noção de instituições como princípios estruturadores (Stein, 1997), seja das estruturas sociais 
formais (firmas e outras organizações legalmente constituídas), seja das estruturas informais (comunidades de 
diferentes tipos),é mais abrangente, mas compatível com o enfoque de “regras do jogo” e também apropriada a uma 
abordagem não reducionista dos sistemas de inovação. As instituições são fundamentais para um sistema local de 
inovação no exercício de funções como o gerenciamento, administração, coordenação, redução do risco e dos 
conflitos (Edquist, 2001). 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 6
 
Apesar de o sistema local estar imerso no ambiente institucional nacional, as configurações 
locais tendem a exibir "calibragens" diferenciadas em aspectos institucionais sensíveis e 
definidores dos padrões locais de concorrência e de cooperação, tais como: níveis salariais e 
relações trabalhistas (associadas à atuação de sindicatos); ações produtivas conjuntas (projetos, 
consórcios etc.) por parte de diferentes atores (confiança gerada por associações empresariais ou 
pela coordenação do poder público); menores custos de intermediação financeira (através de 
ocorrências como organizações locais de crédito, responsabilidade solidária dos mutuários etc.); 
grau de fiscalização tributária e ambiental (restringindo a competição à esfera produtiva). 
 
A noção de sistema local de inovação no enfoque neo-schumpeteriano destaca a importância do 
local, pelas especificidades que se formam em espaços geográficos e institucionais particulares, 
criando possibilidades únicas para interações e desenvolvimento de competências dos agentes 
nos processos inovativos. Neste sentido afasta-se das definições mais gerais de aglomerações 
(distritos/cluster) industriais, cuja ênfase recai sobre os processos cooperativos e externalidades 
estáticas decorrentes da proximidade. 
 
Portanto a noção de sistema produtivos ou inovativos locais implica na existência de 
organizações e instituições em espaços delimitados, com algum nível de articulação sistemática 
entre os agentes, que possibilite o upgrading de suas capacidades produtiva e inovativa. A 
ênfase recai na relação entre proximidade dos agentes e interações para a aprendizagem, 
considerando a natureza social do processo de aprendizagem e a natureza tácita do conhecimento 
que afetam as possibilidades para desenvolvimento de competências no nível da firma. O 
conceito de sistemas locais de inovação procura ampliar a análise para aspectos além das 
questões setoriais e da cadeia produtiva, privilegiando a análise de interações para a 
aprendizagem e que podem levar à introdução de novos produtos e processos (inovação). 
Considera-se que estas são essenciais para garantir a competitividade dos agentes individual e 
coletivamente e apresentam forte especificidade local. (Cassiolato e Szapiro,2002) 
 
Os elementos relacionados às características do conhecimento e do regime tecnológico que 
condicionam os processos de aprendizagem, e os elementos do contexto social no qual interagem 
os agentes, podem servir para definir um referencial analítico para a observação de processos de 
aprendizagem em sistemas locais. A próxima seção deste trabalho procura explicitar este 
referencial. 
 
2.2 - A configuração do sistema local de inovação e a dinâmica dos processos de 
aprendizagem: o referencial analítico 
 
Preliminarmente, nesta abordagem ampla do conceito de sistema local de inovação, e 
considerando os elementos do sistema, destaca-se que a sua aplicação para análise de casos 
empíricos não se restringe nem à observação exclusiva do sistema de ciência e tecnologia, nem 
apenas às questões relacionadas ao desenvolvimento de capacitações em setores de alta-
tecnologia com inovações baseadas principalmente no desenvolvimento científico (Lundvall et 
al., 2001) 
 
Em recente revisão da utilização do conceito em análises empíricas, Lundvall (2001) sugere que 
é útil destacar duas dimensões dos sistemas de inovação: “uma refere-se à estrutura do sistema – 
o que é produzido no sistema e que competências são mais desenvolvidas ? A segunda refere-se 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 7
ao conjunto institucional [no sentido de “regras do jogo”] – como a produção , a inovação e a 
aprendizagem acontecem ?”(p.11)8 
 
Para a análise dos processos de aprendizagem em sistemas de inovação, a primeira dimensão 
implica em considerar os condicionantes dos processos de aprendizagem dados pelas 
características do conhecimento e dos regimes tecnológicos e a configuração das estruturas 
locais que estimulam as interações para a aprendizagem. A configuração das estruturas define os 
recursos e competências locais. A segunda dimensão deve captar a forma como ocorrem os 
processos de aprendizagem interativa, considerando os mecanismos de aprendizagem presentes 
no interior dos sistemas, as estratégias de aprendizagem das empresas, os estímulos derivados 
dos recursos e competências locais, a intensidade das interações, e a capacidade de estímulo 
para a aprendizagem dada pelas “regras do jogo” do sistema. 
 
Considerando os condicionantes dos processos de aprendizagem e a configuração da estrutura do 
sistema local de inovação que pode proporcionar estímulos à aprendizagem, a análise dos 
processos de aprendizagem pode ser feita a partir da avaliação dos seguintes elementos: 
 
I) A identificação dos condicionantes da aprendizagem através de variáveis que identifiquem a 
complexidade dos processos, e os estímulos à atividade inovativa: 
 
Quanto ao nível de complexidade dos processos de aprendizagem: 
· o grau de complexidade das informações, 
· o grau de dificuldade de acesso às informações (propriedade da informação e a 
tacitividade do conhecimento), 
· as exigências de capacitação prévia para absorção das informações. 
 
Quanto aos estímulos à atividade inovativa: 
· as oportunidades tecnológicas, 
· as condições de apropriabilidade, 
 
II) A avaliação dos recursos e competências do sistema local para os processos de aprendizagem, 
observado através dos seguintes elementos: 
 
Quanto à possibilidade de obtenção de informações: 
· a presença no arranjo das principais fontes de informação, 
· a existência de organizações de apoio à aquisição e difusão de informações. 
 
Quanto às características das relaçõesentre os agentes produtivos 
· o nível de especialização e complementaridade proporcionado pela estrutura produtiva, 
· a presença de empresas estruturadoras das atividades produtivas locais, 
· as relações verticais e horizontais entre as empresas locais (fluxos de compra e venda e 
processos de terceirização envolvendo as empresas locais), 
· existência de projetos cooperativos para desenvolvimento de inovações. 
 
Quanto aos estímulos proporcionados pelas organizações (locais/ estaduais/ federais) 
· as características das políticas para as atividades industriais e setoriais, 
 
8 Em abordagem compatível com essa, voltada para a avaliação das possibilidades de capacitação tecnológica em 
aglomerações industriais, Bell e Albu (1999) desenvolvem a noção de “sistemas de conhecimento”, definidos pelos 
fluxos de conhecimentos, pelos estoques de conhecimentos e pelos sistemas organizacionais para promoverem as 
mudanças em produtos, processos ou na organização da produção. 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 8
· a presença de órgãos e as políticas específicas para desenvolvimento de capacidade 
inovativa, 
· a presença de órgãos e de políticas de financiamento, 
· a presença de órgãos e de políticas de fiscalização e regulação (ambientais e outras). 
 
Quanto às ações de estímulo a cooperação entre os atores locais: 
· a presença de entidades associativas e suas ações dirigidas para a cooperação em 
atividades tecnológicas, e de estímulo à inovação, 
· a presença de consórcios locais que estimulem as relações das empresas com fontes de 
informação tecnológica, 
· a existência de projetos cooperativos de abrangência local que estimulem a capacitação 
tecnológica. 
 
Quanto ao capital social e intelectual e o sistema educacional 
· os aspectos das origens e os fatores culturais locais que estimulam o conjunto das 
interações entre os agentes, 
· as características dos recursos humanos locais quanto a habilidade, 
disponibilidade,mobilidade, 
· a infra-estrutura educacional : organizações e características da formação dos recursos 
humanos, 
 
III) Observação das estratégias de aprendizagem das empresas. Uma vez identificados os 
principais padrões de aprendizagem das empresas (conforme indicado no item “a”) e conhecidos 
os recursos e competências locais (conforme indicado no item “b”) a análise volta-se para a 
avaliação das estratégias de aprendizagem das empresas, em duas dimensões. A primeira relativa 
ao esforço interno às empresas, observados através dos investimentos e rotinas de aprendizagem. 
A segunda busca identificar a intensidade das interações da empresa com as fontes de 
informações locais, através da natureza e intensidade dos fluxos de informações com os agentes, 
e a observação de estratégias específicas de cooperação para o desenvolvimento de capacitação 
tecnológica, considerando: 
 
Quanto às formas dos processos de aprendizagem nas empresas: 
· formas não estruturadas, expressas em rotinas de produção das firmas, 
· formas estruturadas em departamentos de P&D, 
· importância da relação com os fornecedores como fonte de informações, 
· importância da relação com clientes como fonte de informações, 
· importância da relação com organizações do sistema tecnológico como fonte de 
informações. 
 
Quanto ao esforço interno para a aprendizagem: 
· desenvolvimento de habilidades para selecionar e desenvolver novas tecnologias, 
· investimentos com impactos sobre a capacitação tecnológica 
 
Quanto às iterações para aprendizagem: 
· a intensidade e a natureza das relações com instituições de tecnologia para 
desenvolvimento de capacitações, 
· a intensidade das relações com as principais fontes de informação tecnológica, 
· a colaboração entre firmas para desenvolvimento de produto e aperfeiçoamento de 
equipamentos 
 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 9
 
Para compreender as possibilidades de aprendizagem interativa em pequenas empresas inseridas 
em aglomerações industriais, o esquema analítico proposto sugere a observação de dois aspectos: 
(a) quais as características das estruturas locais quanto às suas possibilidades de estimular as 
interações , e (b) quais as características dos processos de aprendizagem preponderantes nas 
empresas 
 
Destacam-se portanto condicionantes para os processos de aprendizagem de duas ordens, uma 
relativa à dinâmica produtiva e inovativa articulada às características do conhecimento e do 
regime tecnológico preponderantes no sistema local, e outra relativa aos recursos e capacidades 
que podem ser proporcionadas no nível local. No entanto o uso dos recursos e capacidades locais 
para os processos de aprendizagem depende , em parte, do modo de governance que coordena as 
interações dentro do sistema. 
 
O modo de governance refere-se genericamente à coordenação das interações entre os agentes, 
indicando relações assimétricas no interior de sistemas locais, exercidas através de mecanismos 
extra-mercado. Na abordagem de Humphrey e Schmitz (2000) o modo de governance pode 
variar de formas interativas baseadas em menores níveis de assimetrias entre os agentes (network 
governance) à formas que envolvem níveis diferenciados de subordinação (quase-hierarchy ou 
hierarchy governance ). 
 
O quadro a seguir esquematiza os principais elementos e relações do referencial analítico. 
 
 
 
 
 
 
(A) Inclui os elementos indicados no item I (p.8) 
(B) Inclui os elementos do sistema local que definem os recursos e competências locais 
indicados no item II (p.8) 
Dinâmica Produtiva e 
Inovativa 
(A) 
· Tamanho das empresas 
· Diversidade de capacidade 
tecnológica 
· Especialização e 
Complementaridade 
· Infra-estrutura de serviços 
tecnológicos e ensino 
· Externalidades locais 
 
(B) 
 
G 
O 
V 
E 
R 
N (C) 
A 
N 
C 
E 
· Estímulos para 
inovação 
· Complexidade dos 
processos de 
aprendizagem 
 
 
 (D) 
 
FORMAS DE 
APRENDIZAGEM 
 
 
· Intensidade nas 
interações para 
aprendizagem 
· Estratégias de 
aprendizagem das 
empresas · Proximidade 
· Valores/códigos comuns 
· Cooperação 
(B) 
Políticas para Promoção de Sistemas Produtivos Locais de MPME 
Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – www.ie.ufrj.br/redesist 10
(C) Governance é um elemento da estrutura do sistema local que determina as formas de 
interação entre os agentes e portanto afeta as formas de aprendizagem no local, 
mediatizando as possibilidades de uso dos recursos locais 
(D) Inclui os elementos indicados no item III (p.9) 
 
 
3 - A aprendizagem em pequenas empresas nos sistemas locais de inovação: têxtil-
vestuário, moveleira e software em Santa Catarina. 
 
A apresentação dos casos ilustrativos apóia-se em estudos realizados em 2000 no programa de 
pesquisa da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais e em dissertações 
orientadas pelos professores que integram o NEITEC.Para cada caso são analisadas as 
características da dinâmica inovativa e produtiva dos setores predominantes que condicionam os 
processos de aprendizagem e a configuração dos sistemas, apresentando os recursos e 
competências locais. No momento seguinte analisa-se em cada caso as características e 
possibilidades da aprendizagem interativa nas pequenas empresas. 
 
3.1 - Sistema local de inovação têxtil-vestuário do Vale do Itajai. 
 
3.1.1 - A dinâmica da produção e inovação e os recursos do sistema local 
 
As atividades desenvolvidas dentro da cadeia têxtil-vestuário são bastante diversificadas, 
implicandoem inter-relações entre fases produtivas sucessivas, cujos produtos são insumo para 
a etapa seguinte, ou são produtos para consumo final. Assim, a indústria produtiva têxtil-
vestuário envolve uma gama diversificada e inter-relacionada de conhecimentos de diversas 
áreas. O regime tecnológico no setor têxtil-vestuário não estimula significativamente os 
processos inovativos. Este fato decorre de um padrão tecnológico bastante estável, sendo a sua 
base de conhecimento pouco complexa e bastante difundida através da codificação em manuais e 
outras publicações, determinando baixas as condições de apropriabilidade. Dada a maturidade da 
tecnologia no setor, as oportunidades tecnológicas são pequenas e as inovações desenvolvidas no 
setor são fundamentalmente incrementais As oportunidades originadas “fora” da indústria, tais 
como as tecnologias voltadas para o tratamento de informações, exigem uma estrutura 
organizacional e tecnológica adequada para o aprendizado e a construção de novas competências 
nas firmas. Dessa forma, uma série de inovações organizacionais foram se estabelecendo em 
cada etapa do processo produtivo dando maior flexibilidade e eficiência às atividades das firmas, 
viabilizadas principalmente pelos avanços na informática e nas comunicações, permitindo maior 
agilidade na integração das diversas fases de produção. A introdução de técnicas organizacionais 
como “just in time”, “kan-ban”, células de produção etc. também foi fundamental para 
incrementar ainda mais a flexibilidade das firmas. Estas novas práticas organizacionais exigem 
uma mão-de-obra mais qualificada para operar máquinas, equipamentos e sistemas 
organizacionais mais complexos. Assim, dois movimentos são constatados: por um lado, a 
redução de mão-de-obra menos qualificada e, por outro lado, a contratação de pessoas com 
maior nível de escolaridade (Campos et al., 2000). 
 
Quanto aos condicionantes do padrão de concorrência global da indústria têxtil-vestuário, 
Gereffi (1999) destaca dois movimentos principais: a desverticalização da cadeia nas etapas de 
produção e a reverticalização nas etapas de comercialização, decorrentes fundamentalmente das 
inovações que determinaram melhoramentos nos insumos e equipamentos, o que determinou 
maior flexibilidade produtiva em nível mundial. Assim, houve um movimento de deslocamento 
de algumas etapas mais simples da produção para os países com menores custos de mão-de-obra 
(principalmente na Ásia), ficando o desenvolvimento dos produtos (marcadamente o “design”) 
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nos países de origem dos grandes produtores. Neste contexto, a cadeia têxtil-vestuário no Brasil, 
dados os processos de abertura comercial e liberalização cambial implementados nos anos 90, 
partiu para a implementação de estratégias marcadamente defensivas e conservadoras, tais como 
o abandono e/ou redirecionamento de linhas de produtos, a redução da produção, redução dos 
níveis hierárquicos das empresas, busca pela terceirização como uma forma de redução de 
custos, entre outros. Os investimentos ocorridos para a modernização não chegaram a determinar 
um “salto” de modernização da cadeia têxtil-vestuário que a capacitasse para inserir-se 
competitivamente no mercado mundial. 
 
No Vale do Itajaí, em Santa Catarina, há um importante aglomerado de firmas envolvidas nas 
atividades têxteis (produtos de cama, mesa, banho e tecidos planos) e de vestuários (produtos de 
malha e confecções)9. Além das firmas que dedicam-se aos produtos finais, há firmas 
fornecedoras que desenvolvem atividades complementares na cadeia produtiva. Há também no 
local uma diversidade de organizações envolvidas em atividades de apoio e suporte às atividades 
produtivas e inovativas da cadeia e contribuem para o desenvolvimento do sistema local. 
 
Dentre os recursos intangíveis, a origem histórica-cultural comum dos agentes, - onde grande 
parte dos indivíduos do Vale do Itajaí são de origem germânica, descendentes de migrantes no 
século XIX que já possuíam algumas qualificações enquanto operários e artesãos, - favoreceu o 
desenvolvimento de firmas na região do Vale do Itajaí, tais como a Hering Têxtil, Karsten, 
Cremer, Têxteis Renaux, Buettner, Teka, Artex entre outras. A origem comum dos agentes 
viabilizou interações em um clima de maior confiança gerado pelo mútuo reconhecimento da 
“identidade” entre os indivíduos, facilitando as trocas de informações e a mobilidade de 
trabalhadores com importantes conhecimentos tácitos e competências entre as firmas da região. 
As habilidades da mão-de-obra local relacionadas às atividades produtivas e inovativas no setor 
têxtil-vestuário no Vale do Itajaí determinam importantes vantagens competitivas para o local, e 
foram construídas em um processo histórico específico do desenvolvimento do sistema local, 
pelas interações entre os agentes com competências diversas e um sistema de conhecimento 
aberto a fontes de informações externas (nacionais ou estrangeiras). 
 
Dentre os recursos tangíveis disponíveis no sistema local do Vale do Itajaí, os recursos naturais 
na região do Vale do Itajaí são pouco relevantes para as atividades da indústria, uma vez que 
uma das principais matérias-primas, o algodão, é fornecido por agentes de fora do sistema local. 
Na estrutura industrial local destaca-se que, no segmento de vestuário, cerca de 85% (Fiesc, 
2000) das empresas são pequenas, dedicando-se em grande parte ao fornecimento de produtos 
menos diferenciados e a oferta em mercados regionalizados. Já no segmento têxtil, as pequenas 
empresas são responsáveis principalmente pelo fornecimento de serviços complementares. 
Embora exista o fornecimento local de uma variedade de insumos, equipamentos, acessórios, 
serviços etc., os principais para as atividades da indústria são de fornecedores externos ao arranjo 
(Campos et al., 2000). Entre os principais produtos destacam-se principalmente os de cama, 
mesa e banho, as confecções de malha e os artigos hospitalares, com qualidade reconhecida 
nacionalmente. 
 
Dentre as organizações de ensino há, na Região do Vale do Itajaí, um grande número de escolas 
municipais, estaduais e particulares de ensino básico e técnico. Há também várias organizações 
de ensino superior destacando-se a Furb e a Febe. Quanto ao ensino técnico deve-se destacar a 
presença de unidades do Senai, com diversos cursos específicos às atividades têxteis-vestuários. 
Há diversas organizações de infra-estrutura tecnológica estabelecidas na região que fornecem 
importantes serviços tecnológicos, o Cepetex mantém um laboratório para análise de fios; a Furb 
 
9 Dadas as semelhanças e inter-relações entre as atividades têxteis e de vestuário, os dois segmentos serão tratados 
como um único: o setor têxtil-vestuário. 
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mantêm o curso de química têxtil, e o Senai presta importantes serviços tecnológicos através do 
Laboratório de Ensaios Físicos e Químicos Têxteis de Brusque. 
 
Dentre as organizações de coordenação destaca-se, em Blumenau, o Sintex (Sindicato das 
Indústrias Têxteis) e a Acib (Associação Comercial e Industrial de Blumenau) Também é 
importante a atuação do Fórum de Desenvolvimento Regional do Médio Vale do Itajaí, 
coordenado pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Furb e a Fiesc, através da Câmara Têxtil, que 
possui programas específicos para as atividades da indústria. 
 
3.1.2 - Aprendizagem nas pequenas empresas 
 
Na indústria têxtil-vestuário, as principais fontes de informações para novos conhecimentos e 
construir novas competências são os fornecedores de equipamentos e insumos e osconsumidores. No caso das pequenas empresas têxteis-vestuários do Vale do Itajaí, os 
consumidores proporcionam informações sobre o desempenho de produtos e serviços, e a 
consulta a publicações especializadas ou participação em feiras comerciais e em cursos de 
treinamento as orienta quanto às tendências da moda, características das cores e desenhos. As 
máquinas e equipamentos para o processo produtivo são adquiridos através de importação, ou de 
produtores nacionais, em grande parte por intermédio de representantes comerciais estabelecidos 
no local. Deve-se destacar que estas relações com clientes e fornecedores são bastante informais, 
o que não define processos de aprendizagem devidamente estruturados. 
 
As pequenas empresas concentram-se principalmente no segmento de vestuários, podendo 
estabelecer relacionamentos com firmas maiores principalmente através de serviços 
complementares de facção. No segmento têxtil, as pequenas firmas interagem com empresas de 
médio e grande portes através do fornecimento de produtos e serviços complementares (como o 
tingimento) sem maiores complexidades tecnológicas. O processo de imitação de produtos 
locais, nacionais ou estrangeiros é uma prática bastante comum entre estas firmas. Dentre as 
formas de incorporação de novas tecnologias, as empresas menores utilizam principalmente a 
aquisição de máquinas no mercado nacional. As atividades de treinamento e as interações com 
as organizações de infra-estrutura tecnológicas e com as outras firmas locais são bastante 
reduzidas nas firmas de pequeno porte da região. 
 
Para as pequenas empresas, então, os processos de aprendizagem mais usuais são o “learning-by-
doing”, onde no próprio processo produtivo desenvolvem-se soluções e melhoramentos para os 
processos e produtos, e o “learning-by-interacting” a partir das interações com os fornecedores, 
através de representantes comerciais estabelecidos no local, obtendo assim informações que 
possibilitam às pequenas firmas adequações e melhoramentos nos seus processos produtivos e 
produtos. 
 
Conforme exposto, constata-se que há uma estrutura bastante diversificada de recursos no Vale 
do Itajaí que podem estimular as atividades produtiva e inovativa da indústria têxtil-vestuário. 
Mas, como foi constatado no trabalho de Campos et al (2000), tais recursos são utilizados com 
maior intensidade pelas médias e grandes firmas, uma vez que estas são as que interagem mais 
com as organizações de infra-estrutura tecnológica, de coordenação e outras estabelecidas no 
local para desenvolver atividades mais relevantes para o estímulo à inovação. Já as pequenas 
firmas utilizam-se dos recursos locais para poucas atividades complementares, tais como alguns 
testes, certificação, treinamento, ensino e financiamento. 
 
Não se verifica, então, em volume significativo, interações por intermédio de processos de 
aprendizagem estruturados que gerem fortes estímulos e insumos essenciais para o 
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processamento de novos conhecimentos e inovações, possibilitando a construção de novas 
competências seja através do desenvolvimento de novos produtos ou de estratégias comerciais 
mais arrojadas. Assim, as maiores vantagens das pequenas empresas no sistema local do Vale do 
Itajaí são a origem histórica-cultural dos agentes que lhes viabiliza interações num clima de 
maior confiança; as habilidades e experiências dos agentes que se traduzem em uma mão-de-
obra satisfatoriamente qualificada e em grande volume; a existência de representantes comerciais 
dos fornecedores de máquinas e equipamentos; e a proximidade com médias e grandes firmas 
que possibilita, em certa medida, o fornecimento de algumas complementariedades, além dos 
órgãos associativos que estimulam a circulação de informações no local e coordenam programas 
cooperativos. 
 
3.2 - Sistema local de inovação moveleiro de São Bento do Sul 
 
3.2.1 - A dinâmica da produção e inovação e os recursos do sistema local 
 
A indústria de móveis é um segmento produtivo tradicional da indústria de transformação 
caracterizada pela reunião de diferentes processos de produção que utilizam matérias-primas 
diversas (madeira, metal e outros) para a geração de diferentes tipos de produtos destinados à 
residência e escritório. Possui uma estrutura industrial com forte presença de pequenas empresas, 
grande absorção de mão-de-obra, pequena participação no valor adicionado da indústria em geral 
e os móveis de madeira, (retilíneo e torneado) são responsáveis pela maior participação no valor 
total da produção da indústria. A demanda é muito segmentada e varia de forma positiva com a 
renda e pelo comportamento de alguns setores como construção civil, por exemplo. 
 
A indústria de móveis tem uma dinâmica marcada por uma tecnologia estável, reduzidas 
oportunidades tecnológicas, pela natureza incremental das inovações e reduzidas condições de 
apropriabilidade em decorrência do frágil sistema proteção e da facilidade de difusão 
tecnológica. O conhecimento é codificado e pouco complexo. Estas condições e as reduzidas 
barreiras à entrada possibilitam a presença de empresas de menor porte na indústria. 
 
Em Santa Catarina, a principal região produtora de móveis encontra-se na micro-região do Alto 
Vale do Rio Negro, formada pelos municípios de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo 
Alegre. Esta região possui uma forte identidade sócio-cultural em face da descendência comum 
de imigrantes de origem germânica, poloneses e austríacos. Com a disponibilidade na região de 
recursos florestais as pequenas marcenarias criadas nas primeiras décadas do século XX deram 
origem às principais empresas locais entre as quais Indústria Zipperer (1923), Weihermann 
(1925), Rudinick (1935), Artefama (1945) Móveis Pirane (1960), Móveis Neumann (1970), 
Móveis Clement (1984) e Polska (1987). Neste processo formou-se um capital intelectual 
constituído pelo conhecimento tácito e habilidade técnica na produção de móveis madeira 
 
Segundo o Sindicato das Indústrias de Construção e Mobiliário de São Bento do Sul existem 
cerca de 330 empresas que empregam em torno de 12.000 pessoas e produzem móveis 
residenciais de madeira, em grande parte derivada de pinus, sendo os segmentos mais 
importantes o de móveis para dormitórios, salas e copa. Há predominância de micro e pequenas 
empresas, cerca de 85% do total, que juntamente com as demais, 14 % médias e 1% grandes, 
destinam 70% da produção de móveis para o mercado externo. O que representa 50% das 
exportações brasileiras. Além destas, existem empresas fornecedoras de insumos, de máquinas e 
equipamentos complementares, prestadoras de serviços, representantes de empresas 
importadoras, agentes de exportação, e outras, bem como a presença de 12 organizações de apoio 
educacional, comercial, financeiro e tecnológico (Denk, 2000). 
 
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O elevado grau de verticalização, sugere baixos níveis de complementariedade produtiva local. 
As grandes empresas internalizam a maioria das etapas produtivas, desde a secagem e o pré-
processamento da madeira até a fabricação e montagem do móvel. São poucas as etapas 
terceirizadas e entre estas destacam-se a fabricação de embalagens, a lustração, e a produção de 
alguns assessórios. Em relação aos principais insumos, há um sistema regular de abastecimento 
de madeira garantido pelas áreas de reflorestamento das grandes e médias empresas para auto-
consumo e por empresas que adquirem de terceiros madeira seca para fornecimento às pequenas 
empresas. O fornecimento de insumos químicos como cola, verniz e tinta, é realizado por 
representantes comerciaisdas principais empresas produtoras. 
 
A natureza do processo produtivo na indústria de móveis permite a convivência de máquinas e 
equipamentos de várias gerações, cuja diversidade tecnológica está mais presente nas pequenas 
empresas por apresentarem menor capacidade de investimentos. Mesmo considerando esta 
característica, a reestruturação produtiva levada a cabo nos 90 conduziu a maior atualização do 
parque de máquinas e equipamentos, pois foram intensas as aquisições de moldureiras, 
otimizadores de corte, centro de usinagem, fresadoras, furadeiras múltiplas, e prensa de 
laminação no mercado internacional, em grande parte, da Itália e Alemanha, feitas junto a 
representantes locais de fornecedores multinacionais. A aquisição de equipamentos menos 
sofisticados tecnologicamente é realizada junto às empresas nacionais que produzem máquinas e 
equipamentos convencionais tais como, lixadeiras, seccionadeiras, destopadeiras e furadeiras, 
estufas de secagem, cabines de pinturas, e sistema de exaustão. 
 
Estão presente no arranjo produtivo moveleiro entidades associativas tais como: a Associação 
Comercial e Industrial de São Bento do Sul – ACISBS, Associação Regional das Pequenas 
Empresas de Móveis – ARPEM, Associação dos Exportadores de Móveis – AEM -, Sindicato 
das Indústrias de Móveis – SINDUSMOBIL, Escritório Nacional do Programa Nacional para 
Incremento das Exportações – PROMOVEL, Vice-Presidência do Setor de Móveis da Federação 
das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC e Sub-seção do Serviço Brasileiro de Apoio 
às Pequena e Média Empresas – SEBRAE. Dentre as várias ações desenvolvidas, cita-se o 
envolvimento na realização de feiras de produtos e de fornecedores de máquinas e insumos para 
móveis (Promosul). Da mesma forma, é significativo o esforço associativo para estimular a 
participação das empresas em programas nacionais de exportação (Promóvel), em. programas de 
incentivo à modernização produtiva, à formação de consórcios, à obtenção de certificado de 
qualidade, e ao desenvolvimento de design para móveis (PBD). 
 
A recente criação do Centro Tecnológico do Mobiliário – CTM em 1998, com a função de 
desenvolver atividades voltadas às áreas de educação, serviços laboratoriais, assistência técnica e 
tecnológica, pesquisa aplicada e difusão de informação tecnológica para o setor 
madeira/moveleiro constitui uma importante instância para o desenvolvimento de capacitação 
local. Apesar desta condição, até o presente as empresas têm recorrido ao CTM apenas para 
testes e ensaios nos laboratórios físico-químico e físico-mecânico, e cursos de curta e média 
duração, dentre os quais: marcenaria, operação de máquinas para madeira, desenho de móveis, 
afiação de ferramentas, pintor de móveis, torneiro em madeira, secagem de madeira, etc. 
(Correia, 2000). É significativa a presença de organizações de ensino para a formação e 
qualificação de trabalhadores tais como: o Serviço Nacional da Indústria - SENAI/CTM, a 
Escola Técnica Tupy; a Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – 
UDESC, que oferece curso superior de tecnólogo em móveis e a Universidade da Região de 
Joinville – UNIVILLE que mantém cursos superior na área de administração, economia e 
ciências contábeis. 
 
 
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3.2.2 - Aprendizagem nas pequenas empresas 
 
Considerando as características dos processos produtivos, os melhoramentos tecnológicos podem 
ocorrer por mudanças nas rotinas de produção que solucionem problemas técnicos, otimizem 
processos redutores de tempo de produção, e adaptem a tecnologia nas várias etapas produtivas 
(learning by doing). Nas relações com seus clientes as sinalizações de mudanças a partir da 
utilização dos produtos contribuem para aperfeiçoar os produtos, alterando design, estética, 
pintura, etc. Da mesma forma, as relações com fornecedores de máquinas realizadas a partir de 
trocas de informações, treinamentos fornecidos após compra, serviços de manutenção, visitas 
técnicas freqüentes; assim como, as relações com fornecedores de insumos, nas quais os fluxos 
de informações sobre as especificações físico- química e mecânica, possibilitam às firmas 
compartilharem conhecimentos que provocam mudanças técnicas (learning by interacting). 
 
A ocorrência de processo de learning by doing no interior das pequenas e médias empresas 
manifesta-se a partir da experiência e habilidade da mão-de-obra, com intensidade diferenciada 
em todas etapas da produção (serraria, secagem, tornearia, montagem, pintura e acabamento). 
Nas pequenas empresas, o desenvolvimento do processo de aprendizagem por interação 
(learning by interacting), através das suas relações com fornecedores de máquinas e 
equipamentos, realiza-se com intensidade na forma de cursos e treinamento oferecidos pelos 
fornecedores e de visitas técnicas freqüentes. Este processo ocorre de forma contínua desde os 
anos 80, quando a produção passou a direcionar-se para o mercado externo com exigência de 
produtos com maior conteúdo tecnológico, e intensificou-se nos anos 90 diante da abertura 
econômica e de política cambial favorável que levou grande parte das pequenas empresas a 
atualizar as plantas industriais e desenvolver com mais intensidade processos interativos com 
seus fornecedores. No âmbito das relações com os fornecedores de insumos, as especificações 
físico-químicas requeridas para os móveis conduzem as pequenas empresas a manterem contatos 
freqüentes com os produtores de colas, tintas, vernizes, em face de parte dos seus produtos 
dirigirem-se para mercados que apresentam climas diferenciados e mudanças bruscas de 
temperatura. Também são frequentes as interações com os fornecedores de MDF e HDF, visando 
a utilização de derivados da madeira que reduzem as perdas no processo produtivo. 
 
Nas pequenas empresas exportadoras, (aproximadamente 50% desta categoria) a aprendizagem 
através das interações com os clientes não são significativas uma vez que as especificações dos 
produtos são determinadas pelos importadores através dos agentes de exportações. A rígida 
exigência de cumprimento das condições estabelecidas torna a interação passiva e dependente, 
dificultando maiores trocas de informações que permitam maiores desenvolvimento do processo 
de aprendizado interativo. Para o restante das PEs que destinam a produção para o mercado 
interno, existe a possibilidade de aperfeiçoar e aproveitar as evoluções dos produtos a partir de 
sugestões dos clientes, porém não ocorre com intensidade considerável em face das empresas 
não possuírem canais de comunicação relevantes e do desinteresse dos produtores em atender 
demandas especificas. 
 
Neste contexto, os principais processos de aprendizagem existentes nas pequenas empresas são o 
learning by doing e learning by interacting Estes processos, por seu turno, são estimulados 
considerando que no local existem valores culturais homogêneos que auxiliam no 
compartilhamento de experiências; a habilidade e qualificação da mão-de-obra local; infra-
estrutura educacional com cursos técnicos e superiores específicos para a indústria moveleira; 
infra-estrutura tecnológica que possibilita as empresas demandarem serviços, informação, 
educação e pesquisa tecnológicas; capacidade de coordenação de projetos locais; presença de 
representantes e fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, de escritórios de agentes de 
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exportação e órgãos públicos de apoio; além de infra-estrutura local de energia, transporte e 
comunicação. 
 
3.3 – O Sistema local de inovação das pequenas empresas de software em Joinville 
 
3.3.1 - A dinâmicada produção e inovação e os recursos do sistema local 
 
A capacitação local para o desenvolvimento de programas de computador deve ser 
compreendida no contexto das oportunidades abertas pela difusão mundial da tecnologia de 
informação. A estrutura dessa indústria apresenta segmentos concentrados ao lado de segmentos 
fragmentados, observando-se a presença de grandes corporações com produtos de mercado 
mundial e que definem a trajetória produtiva e tecnológica para toda a indústria, ao mesmo 
tempo em que se multiplicam espaços periféricos para a atuação de micro, pequenas e médias 
empresas no sentido de multiplicação desses produtos através da criação de programas 
aplicativos para a infinidade de situações da vida econômica que podem ser informatizadas. 
Pode-se, portanto, distinguir dois diferentes sistemas de inovação interligados (Breschi e 
Malerba, 1997): enquanto a dinâmica do núcleo da indústria pode ser compreendido de acordo 
com o modelo Schumpeter II (população de inovadores pequena e estável), a franja de empresas 
de pequeno e médio enquadra-se melhor no modelo Schumpeter I (população de inovadores 
grande e mutante). 
 
Dessa forma, na trajetória produtiva e tecnológica da indústria de informática observa-se a 
presença de produtos ou "plataformas" (de hardware e software) dominantes (Bresnahan e 
Greenstein ,1999), formando o núcleo da indústria, sendo as mais notáveis a plataforma 
mainframe IBM 360, da IBM, lançada em meados da década de 1960, e a plataforma PC liderada 
pela Intel e Microsoft, difundida a partir da década de 1980. Nesse segmento, além da pequena e 
relativamente estável população de firmas inovadoras, o regime tecnológico exibe características 
específicas como (ibid.): (a) alta oportunidade e elevada taxa de inovação tecnológica; (b) 
condições de entrada indireta ou lateral de novas firmas de segmentos próximos, dado que a 
cumulatividade tecnológica das firmas existentes dificulta a entrada direta; (c) interações entre 
produtores e usuários organizadas em torno de plataformas, as quais são constituídas por muitos 
componentes compatíveis entre si, podendo ter ou não uma firma dominante; (d) as condições de 
apropriabilidade são dadas pela realização de upgradings sucessivos na plataforma dominante. 
Nesse contexto, as grandes empresas líderes atuam no mercado procurando transformar suas 
soluções em produtos dominantes, passando a explorar, então, as vantagens proporcionadas pelas 
economias de escala do mercado mundial. Para tanto, passam a envolver na construção de redes 
de vendas e suporte, marca reconhecida e, no caso do segmento de software, licenciamento de 
programas de uso geral para usuários finais (planilhas, processadores de texto, etc.) e de produtos 
básicos (bancos de dados, ferramentas, sistemas operacionais) para empresas que desenvolvem 
aplicativos nas diferentes setores (Nicolau et all, 2000). 
 
Por outro lado, o segmento vertical e periférico da indústria de software reúne empresas do porte 
variado, havendo espaços locais e setoriais para a atuação de micro e pequenas empresas, 
mediante o atendimento especializado de clientes, o desenvolvimento de produtos que 
incorporam funções específicas e ocupando outros espaços deixados pelas empresas líderes, 
cujas linhas de produtos não atendem todas as necessidades. Nesse segmento, são importantes, 
além do monitoramento e atualização tecnológica em termos de plataformas e soluções 
dominantes lançadas pelo segmento central da indústria, os conhecimentos das áreas de 
aplicação, na medida em que os programas de computador, na verdade, constituem-se na 
interface entre a tecnologia microeletrônica e as atividades específicas dos diferentes setores de 
atividade. Nesse segmento de softwares aplicativos, a característica de cumulatividade e 
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apropriabilidade em torno de uma plataforma (neste caso, um software) também pode ser 
encontrada, na medida em as empresas têm geralmente um produto principal, que procuram 
difundi-lo o mais amplamente possível e lançam sucessivas versões aperfeiçoadas desse produto. 
Nesse aspecto, o caso de Joinville, onde desenvolve-se indústria especializada em aplicativos na 
área de gestão de empresas, é ilustrativo. 
 
Nas últimas duas décadas, vem-se desenvolvendo no Estado de Santa Catarina algumas 
aglomerações produtoras de software de uso vertical, em especial os produtos voltados à 
informatização da gestão de empresas. As mais expressivas são as localizadas nas cidades de 
Florianópolis, Blumenau e Joinville, sob o estímulo, no primeiro caso, da universidade federal 
local e de outras entidades do setor público, e, nos dois outros casos, das empresas industriais e 
comerciais. Nesta seção, analisam-se os processos de aprendizagem principais de pequenas 
empresas no sistema local de Joinville10. 
 
As atividades de desenvolvimento de software tiveram início em Joinville na década de 1970 
através da formação de centros de processamento de dados nas maiores empresas e de bureaux 
de serviços para atender empresas menores. Esses investimentos iniciais foram importantes na 
criação de capacitação local de recursos humanos no segmento de informática aplicada à gestão 
empresarial. Na década de 1980, a tendência mundial de migração para plataformas de menor 
porte (mini e microcomputadores) criou demanda estimulando o surgimento da indústria de 
software. No nível local, os anos 80 marcaram o surgimento das principais empresas de software 
hoje existentes, criadas por profissionais egressos de empresas industriais, que, assim, 
terceirizaram a atividade. Nos anos 90, observou-se a expansão das atividades de formação de 
recursos humanos (cursos superiores), o adensamento da malha de empresas e a criação de uma 
organização de coordenação (Fundação Softville). Dessa forma, o aglomerado cresceu a partir 
dos estímulos da indústria local, que passou a estimular a abertura de cursos universitários na 
área, diferentemente do que se observou em Florianópolis, que registrou movimento inverso. O 
aglomerado de Joinville é composto por duas empresas de médio porte (uma com 200 e outra 
com cerca de 600 funcionários) e por um número estimado de 30 empresas de pequeno porte 
formalmente registradas e de atividade ininterrupta (dados de 1999), ocorrendo, assim, forte 
concentração das atividades, faturamento e pessoal ocupado nas duas empresas maiores. 
 
3.3.2 - Aprendizagem nas pequenas empresas 
 
Dada a pequena expressão dos ativos tangíveis, as condições de aprendizagem são amplamente 
potencializadoras do sucesso no mercado de software, no sentido de que os produtos da indústria 
resultam quase que inteiramente da dinâmica de aprendizagem. Os conhecimentos envolvidos 
nas atividades de desenvolvimento de software podem ser reunidos em dois grandes conjuntos: 
os conhecimentos gerais e os conhecimentos específicos. Os conhecimentos gerais são os 
conhecimentos codificados da disciplina, ensinados nas escolas de informática e cursos de 
pequena duração (linguagens de programação, softwares básicos sobre os quais são construídos 
os aplicativos, ferramentas de desenvolvimento etc.) e os conhecimentos tácitos gerais 
aprendidos nas empresas, mediante learning by doing (rotinas internas: metodologia de 
desenvolvimento dos produtos, relação com o mercado etc.). 
 
Os conhecimentos específicos são os conhecimentos de soluções de informática para a área de 
aplicação determinada, incluindo tanto conhecimentos de informática (softwares especializados e 
soluções específicas de informática), como conhecimentos dos processos produtivos concretos a 
serem informatizados. Esses conhecimentos específicos são particularmente necessários ao 
 
10 A fonte principal de informaçãoé a pesquisa de campo realizada em 1999 com financiamento do PNUD/IPEA 
(ver Nicolau et all (2000)). 
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desenvolvimento de produtos novos. A aprendizagem ocorre, principalmente, mediante interação 
com fornecedores externos de tecnologia e com usuários dos produtos. 
 
a) Estrutura local para aprendizagem dos conhecimentos gerais 
 
As condições para a aprendizagem dos conhecimentos gerais são dadas, no caso em estudo, em 
primeiro lugar, pela expressiva oferta de cursos de informática existentes na cidade. A pesquisa 
de campo identificou a existência de sete cursos superiores em informática, seis deles criados na 
década de 90, ao lado da extinção de três cursos de 2o grau que funcionavam nos anos 80. Essa 
estrutura de cursos superiores é responsável pela oferta de cerca de 500 vagas/ano, a maior parte 
delas focados em sistemas de informação empresarial, numa nítida vinculação com o mercado de 
trabalho. Complementando a oferta de cursos mais avançados, passa a ser prática corrente no 
final dos anos 90 e no ano 2000 a oferta de cursos de pós-graduação (especialização e mestrado) 
para turmas especiais de alunos em áreas como engenharia de produção, computação e 
automação. Além desses cursos de longa duração, cursos de curta duração completam a estrutura 
formal de formação de recursos humanos, sendo utilizados principalmente para o ensino de 
linguagens e de softwares determinados, que, em geral, se apresentam como novidade na área. 
 
Essa estrutura de formação de recursos humanos é utilizada tanto pelas micro e pequenas 
empresas, como pelas empresas de porte médio. Entretanto, a empresa de maior porte já partiu 
para solução própria, lançando um curso superior (do tipo sequencial) em convênio com 
instituição de ensino local baseado, em grande parte, no software de gestão integrada de sua 
propriedade. 
 
Em segundo lugar, a qualificação básica para desenvolvimento de software é complementada 
pelos conhecimentos tácitos obtidos nas empresas mais organizadas (pequenas e, principalmente, 
nas médias), tais como a aprendizagem de programas específicos (plataformas), licenciados junto 
a fornecedores mundiais, sobre os quais são desenvolvidos os softwares aplicativos e o 
conhecimento das rotinas gerais utilizadas para o desenvolvimento de produtos. É com esses 
conhecimentos básicos, codificados e tácitos, que ex-funcionários e ex-alunos criam micro-
empresas. 
 
Ou seja, foi a experiência adquirida, inicialmente nos CPDs das empresas industriais de maior 
porte, e depois nas próprias softhouses, que se constituiu, ao longo da trajetória do sistema local 
nos anos 80 e 90, na principal origem dos fundadores de novas empresas de software em 
Joinville. Atualmente, com a consolidação dos cursos superiores como principal instrumento de 
formação profissional e com a atuação de organizações de apoio (incubadoras, projeto Gene), a 
abertura de micro-empresas por alunos egressos desses cursos já passa a configurar-se como uma 
segunda fonte importante de criação de micro-empresas. Essas empresas, portanto, são criadas a 
partir de projetos específicos e dos conhecimentos gerais detidos por pessoas que atuam no local. 
 
A estrutura local de recursos humanos quanto à escolaridade pode ser avaliada a a partir de um 
levantamento amostral efetuado em 1999, cobrindo um contingente de aproximadamente 1000 
pessoas ocupadas em 14 empresas de software. A pesquisa mostrou que cerca de 80% dos 
funcionários possuíam pelo menos curso superior incompleto. A qualificação escolar distribui-se 
de forma desigual entre os diferentes tamanhos de empresas, com vantagem para as micro e 
pequenas empresas. Nessas empresas, o processo de desenvolvimento é menos rotinizado e mais 
dependente do trabalho dos proprietários, que normalmente possuem nível de escolaridade mais 
elevado. Cerca de 42% de pessoal ocupado nas micro-empresas é constituído por sócios e 
proprietários e 27% por trabalhadores temporários. Nas empresas médias, a quase totalidade de 
pessoal ocupado é formada por funcionários permanentes. 
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b) Interação usuário-produtor e a aprendizagem de conhecimentos específicos 
 
No sistema local de Joinville são muito baixas as interações das médias empresas com as micro e 
pequenas empresas locais. Por outro lado, as interações entre micro e pequenas empresas são 
mais significativas, referindo-se a (a) troca de informações e (b) ações para capacitação de 
recursos humanos, havendo também casos isolados de ações conjuntas em marketing e 
desenvolvimento de produtos. As principais fontes de atualização tecnológica, apontadas na 
pesquisa, são pela ordem de importância: (a) revistas de divulgação nacional; (b) relações com 
usuários; (c) internet; (d) associações de classe; (e) técnicos contratados; (f) revistas de 
divulgação internacional. É digno de nota como mecanismo de informação e coordenação a 
edição semanal de jornal eletrônico local sob a responsabilidade da Fundação Softville. Esta 
realidade demonstra a ausência de canais mais qualificados para a capacitação tecnológica das 
pequenas empresas locais, o que pode ser associado às circunstâncias de que as instituições de 
ensino ainda estão em processo de estruturação e de qualificação de seu corpo docente e à baixa 
interação com as empresas de maior prote. Para o desenvolvimento de produtos, além dos 
recursos internos da empresa, são utilizadas ações nas áreas de (a) contratação de pessoal 
especializado, (b) desenvolvimento junto a clientes e (c) licenciamento de tecnologia no exterior. 
 
Na verdade, o que se observou nos 20 anos de trajetória foi o rápido crescimento das duas 
empresas de maior porte (que passaram a figurar entre as líderes no país no segmento de gestão 
empresarial), não alavancando, com seu crescimento, as pequenas empresas. Ao crescer, as 
empresas passam a articular-se principalmente com atores externos ao local (principalmente 
usuários, fornecedores e parceiros), mantendo vínculos locais apenas com a estrutura de 
formação de pessoal e não se constituindo em ponte para as pequenas empresas, obrigando-as à 
dura luta em busca de sua inserção no mercado. As explicações podem ser buscadas na forma 
pela qual características do regime tecnológico e o grau de complexidade do sistema local 
condicionam o processo de aprendizagem. 
 
Em primeiro lugar, deve-se ter claras as possibilidades abertas no sistema local para as pequenas 
empresas, tendo por exemplo a trajetória das empresas maiores e mais antigas do local. Essas 
empresas nasceram e se estruturaram junto com o desenvolvimento de seu produto - um software 
aplicativo desenvolvido inicialmente para um cliente determinado. Aí, a relação usuário-produto 
foi mutuamente enriquecedora e envolveu a aprendizagem de conhecimentos específicos: a 
nascente empresa de software teve de aprender, junto ao futuro usuário, os processos gerenciais a 
serem informatizados (que incluem conhecimentos gerais codificados de gestão empresarial e 
conhecimentos tácitos resultantes da experiência do cliente). Essa aprendizagem, geralmente, 
exigiu o deslocamento de funcionários para junto do usuário. O desenvolvimento de soluções de 
informática exigiu também capacitação específica do produtor em informática, que então, teve 
que contratar pessoal habilitado, investir em pesquisa ou articular-se com agentes externos. Uma 
vez desenvolvido o software para o primeiro usuário, a relação de aprendizagem inverteu-se: o 
produtor, para vender seu produto a novos clientes, passou a treinar e modificar as rotinas 
administrativas dos novos usuários. Assim, a empresa de softwarecresceu à medida em que 
expandia as vendas de seu produto para um mercado crescentemente extra-local, e o produto foi 
sendo aperfeiçoado em sucessivas versões. Cresceu, com isso, o quadro de pessoal necessário 
para criar as novas versões e, principalmente, para dar suporte aos clientes que adquiriram seu 
produto. O sucesso do produto no mercado explica, dessa forma, o rápido crescimento das 
maiores empresas locais, dado o custo praticamente nulo de reprodução dos programas já 
desenvolvidos. 
 
Este, parece-nos, continua sendo o principal caminho para a criação e crescimento de pequenas 
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empresas no sistema local. Mas, as oportunidades atuais de aprendizagem são mais escassas e 
menos evidentes do que as existentes nos anos 80, quando muitas empresas industriais locais 
demandavam programas de gestão. Dessa forma, a ausência de estruturas especializadas que 
identifiquem e estimulem as interações usuário-produtor dificulta a aprendizagem e a criação e 
expansão de pequenas empresas. 
 
Em segundo lugar, o processo de desenvolvimento de software não exclui a possibilidade de 
parcerias, que de fato ocorrem na indústria, e podem ser compreendidas, no contexto setorial, 
pela necessidade de encontrar soluções rapidamente com vista a ocupar os espaços que se abrem 
no mercado. Entretanto, a estrutura atual do sistema local de Joinville não parece oferecer, ainda, 
complementaridades de competências que seja estimuladoras de parcerias entre empresas locais 
de software, o que pode explicar o "descolamento" das empresas médias locais em relação ao 
conjunto de pequenas empresas. Assim, a abertura de pequenas empresas por ex-funcionários, 
juntamente com os contatos informais, constitui-se no único canal de interação e aprendizagem 
entre pequenas e médias empresas de software no sistema local. 
 
 
4. Considerações finais 
 
Nos casos analisados, as características da dinâmica da produção e inovação são determinantes 
importantes das interações para aprendizagem que ocorrem no interior do sistema. Tais 
interações são estimuladas pela proximidade entre os agentes, estabelecendo códigos comuns e 
habilidades locais, e criando externalidades que acabam por desenvolver formas locais 
associativas básicas que se consolidam historicamente. No entanto, estas formas associativas 
nem sempre são suficientes para a criação de um círculo virtuoso de capacitação tecnológica nas 
pequenas empresas. O que se procura destacar aqui é que, nestes casos, as motivações dos 
agentes para ações coletivas, voltadas para a criação de capacidades técnicas e de aprendizagem 
em sistemas locais, dependem da natureza dos processos de aprendizagem dada pelas 
características do conhecimento e do regime tecnológico. Estas características poderão então 
motivar os agentes para o uso dos recursos e competências locais, dependendo das características 
do modo de governance que é construído. 
 
O quadro abaixo procura resumir as principais características observadas nos casos estudados: 
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Sistemas Locais 
TÊXTIL-
VESTUÁRIO 
MÓVEIS SOFTWARE 
Dinâmica inovativa (A) 
Estímulos para inovação Fracos Fracos Médio 
Complexidade dos processos de 
aprendizagem 
Pouca 
complexidade 
Pouca 
complexidade 
Média 
complexidade 
Recursos e competências do sistema local (B) 
Infra-estrutura de serviços tecnológicos e 
de ensino 
Oferta de serviços 
tecnológicos 
Ampliação do 
sistema de ensino 
formal específico 
Oferta de serviços 
tecnológicos e 
sistema de ensino 
formal específico 
Desenvolvimento 
do sistema de 
ensino formal 
específico 
Complementariedade/especialização Média Média Baixa 
Tamanho das empresas/diversidade nas 
competências 
Muitas pequenas 
Heterogênea 
Muitas pequenas/ 
Heterogênea 
Principalmente 
pequenas/ pouco 
heterogênea 
Externalidades da aglomeração local Importantes Importantes Importantes 
Experiência associativa local e 
Coordenação 
Impacto mais 
reduzido sobre as 
pequenas empresas 
Impacto importante 
sobre as pequenas 
empresas 
Forte 
Processos de aprendizagem em pequenas empresas (D) 
Intensidade das interações com 
fornecedores e clientes Media Média Alta 
Intensidade das interações com Centros 
tecnológicos locais 
Fraca Fraca Fraca 
Intensidade das interações com outras 
empresas locais (interações horizontais) 
Fraca Fraca Fraca 
Estruturação do esforço interno às 
empresas 
Não-estruturado Não estruturado 
Parcialmente 
estruturado 
Esforço de investimento com efeitos 
sobre a capacitação 
Reduzido Médio Reduzido 
Formas predominantes de aprendizagem 
Learningby doing 
Interações com 
fornecedores 
Imitação de 
produtos 
Learning by doing 
Interação com 
fornecedores 
Competências para 
cumprir 
especificações de 
produtos 
Learningby doing 
Interação com 
clientes 
Desenvolvimento e 
Aperfeiçoamento do 
produto 
 
Nas pequenas empresas em sistema locais com preponderância de setores tradicionais, com 
heterogeneidade no tamanho das empresas, com grande variedade nas capacidades das empresas, 
com pouca especialização e complementaridades produtivas locais e reduzidos estímulos da 
dinâmica econômica para as atividades inovativas, o padrão básico de aprendizagem nas 
pequenas empresas tende a ser o learning by doing. 
 
Nessa forma de aprendizagem, em setores tradicionais, os processos são realizados nas rotinas de 
produção das empresas, nem sempre de forma estruturada, o grau de complexidade dos fluxos de 
informações é reduzido, as informações são codificadas, a importância da proximidade com as 
fontes de informações é menor, e nem sempre há dificuldade para acesso às principais fontes de 
informações. 
 
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Neste padrão de aprendizagem o know-what, pode ser o principal estímulo para a busca de 
interação pelas empresas, considerada a facilidade para a imitação, e a facilidade de propagação 
decorrente da proximidade entre os agentes. O know-what, pode também estimular interações 
para a aprendizagem através, por exemplo, do efeito-demonstração, facilmente observável em 
aglomerações. Em sistemas locais, a confiança e as relações pessoais podem facilitar a 
localização de competências específicas. A difusão local de know-who, tende a criar demandas 
para serviços locais, podendo estimular especializações que provoquem o adensamento da 
estrutura local. No entanto, é importante observar que o resultado dos processos de 
aprendizagem interativa, ao se consubstanciar em alguma capacidade da empresa, se transforma 
em know-how. Essa é uma categoria de conhecimento criada dentro da empresa, que possui 
elevada dimensão tácita e, em condições de baixa apropriabilidade, tende a não estimular trocas 
de experiência com os demais agentes. 
 
Os processos de aprendizagem por interação nas pequenas empresas decorrem de relações de 
compra e venda e a absorção de informações relevantes para a capacitação tecnológica são 
complementares e respondem a pressões típicas dos processos competitivos do setor produtivo 
que predomina no sistema. Na relação com compradores, as variações na moda, no caso do 
vestuário, e o cumprimento de especificações de design para exportação, no caso dos móveis, 
indicam mais uma atitude passiva pressionada pela concorrência do que decisões das empresas 
para ampliação de suas capacitações Na relação com fornecedores o esforço de capacitação 
indica ser

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