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a seguir, cada uma com funções distintas, porém devem trabalhar em perfeita harmonia para obtenção da geometria e propriedades do material desejado. Figura 7 - Representação da fieira • O cone de entrada (a) possui um ângulo geralmente maior que o cone de trabalho (b) facilitando assim a penetração do lubrificante. • O cone de trabalho (b), também chamado de ângulo critico, é o lugar que ocorre à deformação plástica do material através de compressão indireta imposta pela ferramenta. • O cilindro de calibração é o responsável pelo ajuste dimensional, geometria e acabamento superficial do material. • O cone de saída, por sua vez, permite a saída livre do fio. Figura 8 - Diferentes modelos de matrizes UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 19 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA A tabela a seguir indica o grau do ângulo do cone de trabalho de acordo com o material a ser trefilado e os esforços exigidos no processo como, por exemplo, redução de seção e alongamento do comprimento (%) com a utilização de fieira de diamante (industrial ou natural). Redução de seção %: 5 a 8 8 a 16 12 a 16 16 a 25 25 a 35 35 a 45 Alongamento %: 5 a 9 9 a 14 14 a 19 19 a 23 33 a 54 54 a 69 Materiais trefilados Ângulos do cone de redução da fieira conforme redução seção e alongamento acima Aços não ligados C > 0,4% 6º 8º 10º 12º 15º 18º Aços ligados em geral a seco Latão 7º 9º 11º 14º 17º 20º Bronze Aços não ligados C < 0,4% a seco Aços não ligados C < 0,4% 8º 10º 12º 15º 18º 22º Ferro Latão 9º 11º 13º 16º 19º - Bronze Aços não ligados C < 0,4% Aço Inox Trefilação a quente 10º 10º 12º 12º 14º - Tungstênio Ligas de Alumínio duro 10º 12º 14º 17º 20º - Níquel Arames para resist. Elétricas Cobre 12º 14º 16º 19º 22º - Liga de Alumínio Arames Alumínio 14º 16º 18º 21º 24º - Prata Ouro Zinco Chumbo Tabela 2 - Ângulo critico para matriz de diamante UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 20 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA 7. Comportamento Tensão x Deformação A grande maioria dos materiais metálicos submetidos a uma tensão de tração relativamente baixa apresenta uma proporcionalidade entre a tensão aplicada e a deformação, conforme relação a seguir: σ=E.ε Equação 1- Relação de proporcionalidade Esta relação de proporcionalidade foi obtida a partir da analogia com a equação da elasticidade de uma mola (F=k.x) que é conhecida por lei de Hooke. A constante de proporcionalidade E, denominada módulo de elasticidade ou módulo de Young, fornece uma indicação da rigidez do material (resistência do material à deformação elástica) e depende fundamentalmente das forças de ligação atômica, ou seja, quanto maior a rigidez do material a ser trefilado, maior será o esforço submetido na matriz. No Sistema Internacional (SI), os valores de E são expressos em gigapascal (GPa). A tabela a seguir apresenta o módulo de elasticidade para alguns metais à temperatura ambiente. Tabela 3 - Módulo de elasticidade (E) para diversos metais UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 21 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA A figura a seguir faz uma comparação do comportamento elástico de um aço e do alumínio através do diagrama de σ x ε (Adaptada de ASKELAND & PHULÉ). Figura 9 - Comparação do comportamento elástico de um aço e do alumínio 8. Mecânica de Trefilação Quando se deseja alongar uma barra cilíndrica, é possível tracioná-la como em um ensaio de tração. No entanto, se a deformação desejada exigir uma aplicação de tensão acima da tensão máxima ou resistência máxima a tração (σtração máx.), a barra sofrerá estricção e o produto obtido não mais será satisfatório. Nestes casos, é possível impor a deformação desejada através da trefilação. É óbvio que a tensão necessária para trefilar o material (σtref.) deve estar abaixo do limite de escoamento da barra que já passou pela fieira, para que esta não seja simplesmente tracionada. Observa-se na figura 10 que a fieira muda o estado de tensões no material em relação à tração pura, pela imposição de tensões de compressão (compressão indireta). A consequência disto é um aumento do cisalhamento máximo (δmáx.) sem necessidade do aumento da tensão de trefilação (σtref.). Figura 10 - Detalhe da variação de tensão dentro da fieira UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 22 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA A deformação plástica ocorrerá com mais facilidade dentro da ferramenta cônica e não haverá perigo de ocorrer estricção e fratura na barra já trefilada, devido a valores excessivos de tensões. Essa deformação também pode ser representada graficamente através do círculo de Mohr, que estuda a variação das tensões em um corpo em diferentes planos de ação. A geometria da fieira tem grande influência sobre a força de trefilação para que a qualquer passe de redução dado no material exista uma geometria de trabalho ideal que produz um esforço de tração mínimo em relação ao limite de escoamento do material. A trefilação realizada na temperatura ambiente (ou próximo disto) aumenta sensivelmente a resistência mecânica por encruamento. Conforme aumenta a resistência mecânica (limite de escoamento e limite máx. de tração) perde-se em ductilidade (capacidade de deformação plástica), além de geração de tensões residuais e distorção interna na estrutura. Muitas vezes, especialmente para materiais mais resistentes, torna-se necessário um tratamento térmico de alivio de tensões. A tabela a seguir faz uma comparação referente às propriedades mecânicas entre produtos laminados a quente e trefilados a frio. Tabela 4 - Comparação de produtos laminados a quente e trefilados a frio UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 23 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA Quanto maior for o grau de redução da seção transversal por passe, maior será o grau de encruamento do material trefilado, por isso, devemos distribuir a redução necessária em vários passes e em menores esforços. Porém na medida em que a quantidade de passes aumenta, as componentes de atrito entre o material e a fieira também aumentam fazendo com que haja um carregamento e encruamento heterogêneo localizado na superfície, cujos efeitos devem ser analisados e considerados. À medida que o material é trefilado a frio, este encrua cada vez mais até um máximo, que é quando o limite de escoamento praticamente iguala-se ao valor do limite de resistência atingindo assim a região “X” conforme demonstrado na Figura 11. Figura 11 - Diagrama explicativo Um critério para evitar que o processo de trefilação encrue exageradamente o material seria dimensionar o processo de modo que a tensão de trefilação (σtref.) seja menor do que o limite de escoamento final do material após a matriz (σysFim) de modo que: σtref. ≤ C x σysFim Equação 2 - Tensão de trefilação Onde: C = 80% (Shey em Button, 2002) ou C = 75% (Schaeffer, 1999) UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA UNISANTA Faculdade de Engenharia Mecânica / Produção Página: 24 de 54 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA Levando em consideração todos os fatores que possam ser de fundamental importância na obtenção das características do produto final (desde dimensões, formas geométricas e propriedades mecânicas), podemos destacar os principais