Buscar

História da Educação I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade do Sul de Santa Catarina
Palhoça
UnisulVirtual
2006
História da Educação I
Disciplina na modalidade a distância
historia_educacao_I.indb 1historia_educacao_I.indb 1 11/9/2007 14:29:2611/9/2007 14:29:26
historia_educacao_I.indb 2historia_educacao_I.indb 2 11/9/2007 14:29:2911/9/2007 14:29:29
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina História da 
Educação I.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, 
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma 
linguagem que facilite seu estudo a distância. 
Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará 
sozinho. Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina 
também será acompanhada constantemente pelo Sistema 
Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir 
necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou 
Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA. Nossa equipe 
terá o maior prazer em atendê-lo, pois sua aprendizagem é nosso 
principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual. 
historia_educacao_I.indb 3historia_educacao_I.indb 3 11/9/2007 14:29:2911/9/2007 14:29:29
historia_educacao_I.indb 4historia_educacao_I.indb 4 11/9/2007 14:29:2911/9/2007 14:29:29
Karen Christine Rechia
Leonete Luzia Schmidt
Rosmeri Schardong
Palhoça
UnisulVirtual
2006
Design instrucional
Viviani Poyer
História da Educação I
Livro didático
historia_educacao_I.indb 5historia_educacao_I.indb 5 11/9/2007 14:29:2911/9/2007 14:29:29
Copyright © UnisulVirtual 2006
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
370.9
R24 Rechia, Karen Christine
História da educação : livro didático / Karen Christine Rechia, 
Leonete Luzia Schmidt, Rosmeri Schardong ; design instrucional 
Viviani Poyer. – Palhoça : UnisulVirtual, 2006.
120 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografi a.
ISBN 8560694-08-0
ISBN 978-85-60694-08-2 
1. Educação – História. I. Schmidt, Leonete. II. Schardong, 
Rosmeri. III.Poyer, Viviani. IV. Título.
Campus UnisulVirtual
Rua João Pereira dos Santos, 303
Palhoça - SC - 88130-475
Fone/fax: (48) 3279-1541 e
3279-1542
E-mail: cursovirtual@unisul.br
Site: www.virtual.unisul.br
Reitor Unisul
Gerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico
Sebastião Salésio Heerdt
Chefe de gabinete da Reitoria
Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor Administrativo
Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira
Campus Sul
Diretor: Valter Alves Schmitz Neto
Diretora adjunta: Alexandra Orsoni
Campus Norte
Diretor: Ailton Nazareno Soares
Diretora adjunta: Cibele Schuelter
Campus UnisulVirtual
Diretor: João Vianney
Diretora adjunta: Jucimara Roesler
 
Equipe UnisulVirtual
Administração
Renato André Luz
Valmir Venício Inácio
Bibliotecária
Soraya Arruda Waltrick
Coordenação dos Cursos
Adriano Sérgio da Cunha
Ana Luisa Mülbert
Ana Paula Reusing Pacheco
Cátia Melissa S. Rodrigues (Auxiliar)
Charles Cesconetto
Diva Marília Flemming
Itamar Pedro Bevilaqua
Janete Elza Felisbino
 Jucimara Roesler
Lilian Cristina Pettres (Auxiliar)
Lauro José Ballock
Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo
Luiz Otávio Botelho Lento
Marcelo Cavalcanti
Mauri Luiz Heerdt
Mauro Faccioni Filho
Michelle Denise Durieux Lopes Destri
Moacir Heerdt
Nélio Herzmann
Onei Tadeu Dutra
Patrícia Alberton
Patrícia Pozza
Raulino Jacó Brüning
Rose Clér E. Beche
Design Gráfi co
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro 
(coordenador) 
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Evandro Guedes Machado
Fernando Roberto Dias Zimmermann
Higor Ghisi Luciano
Pedro Paulo Alves Teixeira
Rafael Pessi
Vilson Martins Filho
Equipe Didático-Pedagógica
Angelita Marçal Flores
Carmen Maria Cipriani Pandini
Caroline Batista
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Cristina Klipp de Oliveira
Daniela Erani Monteiro Will
Dênia Falcão de Bittencourt
Enzo de Oliveira Moreira
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Ligia Maria Soufen Tumolo
Márcia Loch
Patrícia Meneghel
Silvana Denise Guimarães
Tade-Ane de Amorim
Vanessa de Andrade Manuel
Vanessa Francine Corrêa
Viviane Bastos
Viviani Poyer
Logística de Encontros Presenciais
Marcia Luz de Oliveira (Coordenadora) 
Aracelli Araldi
Graciele Marinês Lindenmayr
José Carlos Teixeira
Letícia Cristina Barbosa
Kênia Alexandra Costa Hermann
Priscila Santos Alves
Logística de Materiais
Jeferson Cassiano Almeida da Costa 
(coordenador)
Eduardo Kraus
Monitoria e Suporte
Rafael da Cunha Lara (coordenador)
Adriana Silveira
Caroline Mendonça
Dyego Rachadel
Edison Rodrigo Valim
Francielle Arruda
Gabriela Malinverni Barbieri
Gislane Frasson de Souza
Josiane Conceição Leal
Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Simone Andréa de Castilho
Vinícius Maycot Serafi m
Produção Industrial e Suporte
Arthur Emmanuel F. Silveira (coordenador)
Francisco Asp
Projetos Corporativos
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Secretaria de Ensino a Distância
Karine Augusta Zanoni
(secretária de ensino) 
Ana Paula Pereira 
Djeime Sammer Bortolotti 
Carla Cristina Sbardella
Grasiela Martins
James Marcel Silva Ribeiro
Lamuniê Souza
Liana Pamplona 
Maira Marina Martins Godinho
Marcelo Pereira
Marcos Alcides Medeiros Junior
Maria Isabel Aragon
Olavo Lajús
Priscilla Geovana Pagani
Silvana Henrique Silva
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(coordenador)
Ricardo Alexandre Bianchini
Rodrigo de Barcelos Martins
Edição – Livro Didático
Professoras Conteudistas
Karen Christine Rechia
Leonete Luzia Schmidt
Rosmeri Schardong
Design Instrucional
Viviani Poyer
Projeto Gráfi co e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Vilson Martins Filho
Revisão Ortográfi ca
B2B
Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
historia_educacao_I.indb 6historia_educacao_I.indb 6 11/9/2007 14:29:2911/9/2007 14:29:29
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Palavras das professoras conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – História da Educação: objetos, abordagens e fontes . . . . 17
UNIDADE 2 – As práticas educativas medievais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
UNIDADE 3 – Os colégios modernos e a pedagogia jesuítica . . . . . . . . . 65
UNIDADE 4 – A infância e a pedagogia moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Sobre as professoras conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 119
Sumário
historia_educacao_I.indb 7historia_educacao_I.indb 7 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
historia_educacao_I.indb 8historia_educacao_I.indb 8 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
Palavras das professoras
Caro estudante,
Os livros de História da Educação estão organizados de 
modo a abarcar o estudo dos tradicionais períodos históricos, 
começando pela Antiguidade, passando pela Idade Média e 
Moderna e chegando à Idade Contemporânea. Por tratar-se 
de um período extensivamente longo, acaba-se por fazer um 
estudo panorâmico.Mesmo seguindo alguns desses períodos, optamos em fazer 
algumas escolhas. Iniciamos o presente livro apresentando 
um pouco das atuais discussões que permeiam o campo de 
estudos e pesquisas em História da Educação. Veremos aí 
que é possível estudar a História da Educação sob diferentes 
abordagens e temas e a partir de diferentes fontes. 
Em seguida, você irá conhecer o contexto histórico da 
chamada Idade Média Ocidental, para situar e compreender 
algumas práticas educativas relacionadas a este período, como 
a educação feminina, a educação nas corporações de ofícios, a 
formação dos cavaleiros e a constituição das universidades.
Quanto à época moderna, optamos por enfocar aspectos 
da cultura escolar presentes nos colégios modernos e na 
pedagogia jesuítica, os quais ajudarão a compreender muitas 
das atuais características de nossas instituições de ensino.
Para fi nalizar, discutiremos a infância e a pedagogia moderna, 
apresentando alguns aspectos da trajetória histórica da 
infância. Também enfatizamos a constituição de uma nova 
concepção de infância na modernidade e como esta derivou na 
pedagogização dos conhecimentos e no disciplinamento dos 
sujeitos.
historia_educacao_I.indb 9historia_educacao_I.indb 9 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
Quanto às questões educacionais do período contemporâneo, 
século XIX e XX, acreditamos que, em outras disciplinas, você 
terá a oportunidade de discuti-las com mais propriedade.
Procuramos, no decorrer do livro, indicar fontes extras de 
pesquisa para que você possa, na medida do seu interesse e 
disponibilidade, aprofundar os temas apresentados.
Boa aprendizagem!
Professoras Karen, Leonete e Rosmeri
historia_educacao_I.indb 10historia_educacao_I.indb 10 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
Plano de estudo
O plano de estudos visa orientá-lo/la no desenvolvimento da 
Disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecerão 
o contexto da Disciplina e sugerirão formas de organizar o seu 
tempo de estudos. 
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva 
em conta instrumentos que se articulam e se complementam. 
Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação 
de metodologias e por meio das diversas formas de ação/
mediação.
São elementos desse processo:
o livro didático; 
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA; 
as atividades de avaliação (complementares, a distância 
e presenciais). 
Ementa
História da educação: objetos, abordagens e fontes. As práticas 
educativas medievais. Os colégios modernos e a pedagogia 
jesuítica. Educação e infância na modernidade.
Carga Horária
60 horas – 4 créditos.
„
„
„
historia_educacao_I.indb 11historia_educacao_I.indb 11 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
12
Objetivos
Identifi car as concepções de História que implicam em diferentes 
abordagens acerca da História da Educação, bem como analisar 
o uso de diferentes fontes de pesquisa nesta área, assim como a 
ampliação e multiplicidade de temas ou objetos de pesquisa nas 
últimas décadas.
Conhecer as práticas educativas medievais e modernas.
Identifi car as principais características da pedagogia 
jesuítica.
Analisar alguns modos de tratamento dispensados à 
infância em diferentes períodos históricos.
Compreender o processo de pedagogização dos 
conhecimentos e disciplinarização dos sujeitos na 
modernidade.
Reconhecer as diferenças entre as formas educacionais no 
tempo e em sociedades distintas.
Relacionar o panorama histórico com as idéias 
pedagógicas e suas aplicações educacionais.
Identifi car os sujeitos/grupos sociais que foram atingidos 
ou excluídos pelas instituições educacionais ao longo do 
tempo.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o Livro Didático desta 
Disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos 
resultados que você deverá alcançar ao fi nal de uma etapa de 
estudo. Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de 
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento 
de habilidades e competências necessárias à sua formação. 
Unidades de estudo: 4
„
„
„
„
„
„
„
historia_educacao_I.indb 12historia_educacao_I.indb 12 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
13
Nome da disciplina
Unidade 1 - IHistória da Educação: objetos, abordagens e fontes 
Nesta unidade, pretende-se discutir concepções de História 
que implicam em diferentes abordagens acerca da História da 
Educação. Também abordar-se-á o uso de diferentes fontes de 
pesquisa nesta área, assim como a ampliação e multiplicidade de 
temas ou objetos de pesquisa nas últimas décadas. idéias.
Unidade 2 – As práticas educativas medievais
O estudo desta unidade lhe proporcionará conhecer o contexto 
histórico da Idade Média, bem como algumas práticas educativas 
desenvolvidas nesse período, como a educação das mulheres, a 
educação dos cavaleiros e a educação nas corporações de ofícios. 
Você estudará, ainda, a formação das universidades medievais.
Unidade 3 – Os colégios modernos e a pedagogia jesuítica
Esta unidade iniciará discutindo a constituição e as características 
dos colégios modernos no século XVI, bem como a pedagogia 
jesuítica, sistematizada a partir da Ratio Studiorum (1599), e sua 
infl uência na constituição de um determinado modelo de escola e 
sujeito.
Unidade 4 – A infância e a pedagogia moderna 
Nesta unidade, você verá as principais características que 
a pedagogia e a escola moderna adquiriram em função das 
novas concepções sobre a criança desenvolvidas no período. 
Para entender a concepção de infância do período moderno, 
você iniciará o estudo desta unidade vendo como a infância foi 
tratada em diferentes momentos históricos. Verá que a partir do 
Renascimento institui-se uma nova concepção de infância que 
resultará num processo de pedagogização dos conhecimentos e 
disciplinarização dos sujeitos.
historia_educacao_I.indb 13historia_educacao_I.indb 13 11/9/2007 14:29:3011/9/2007 14:29:30
14
Universidade do Sul de Santa Catarina
Agenda de atividades/ Cronograma
Verifi que com atenção o EVA, organize-se para acessar 
periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos 
seus estudos depende da priorização do tempo para a 
leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e 
da interação com os seus colegas e tutor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço 
a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina 
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades 
relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
„
„
„
historia_educacao_I.indb 14historia_educacao_I.indb 14 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
15
Nome da disciplina
Atividades 
Avaliação a Distância 1
Avaliação a Distância 2
Avaliação Presencial 1
Avaliação Presencial 2 (2ª. chamada)
Avaliação Final (caso necessário)
Demais atividades (registro pessoal)
historia_educacao_I.indb 15historia_educacao_I.indb 15 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
historia_educacao_I.indb 16historia_educacao_I.indb 16 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
UNIDADE 1
História da educação: objetos, 
abordagens e fontes
Objetivos de aprendizagem
„ Identifi car as concepções de História que implicam em 
diferentes abordagens acerca da História da Educação.
„ Analisar o uso de diferentes fontes de pesquisa nesta 
área, assim como a ampliação e multiplicidade de temas 
ou objetos de pesquisa nas últimas décadas.
Seções de estudo
Seção 1 Concepções de História e de História da 
Educação.
Seção 2 Abordagens teórico-metodológicas para a 
escrita da História.
Seção 3 Fontes e objetos para a História da 
Educação.
1
historia_educacao_I.indb 17historia_educacao_I.indb 17 11/9/2007 14:29:3111/9/200714:29:31
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade introdutória, pretende-se discutir com você 
algumas questões relacionadas ao debate contemporâneo em 
torno da História da Educação. Para isso iniciaremos analisando 
os “termos” educação, história e história da educação. 
Em seguida, traçaremos um rápido perfi l das principais 
tendências historiográfi cas que marcaram e têm marcado o 
campo da História da Educação, para, na seqüência, abordarmos 
a questão dos possíveis objetos e fontes a serem explorados pela 
área.
Acreditamos que é importante para o estudo da História da 
Educação situar-se, mesmo que de forma aproximativa, de 
algumas questões atuais que têm norteado sua discussão. 
Destacamos que a área da História da Educação ou o campo 
da História da Educação tem passado, nos últimos tempos, 
por profundas discussões que, por um lado, contribuem para o 
avanço teórico-metodológico e para as novas possibilidades de 
investigação, mas, por outro, difi cultam, em função das inúmeras 
questões que fi cam em aberto.
SEÇÃO 1 - Concepções de História e de História da 
Educação
Acreditamos que, para iniciarmos nossas discussões, seja 
interessante você refl etir um pouco sobre os termos educação, 
história e história da educação. Assim, gostaríamos que nos 
espaços, a seguir, você registrasse seu conhecimento sobre:
historia_educacao_I.indb 18historia_educacao_I.indb 18 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
19
História da Educação I
Unidade 1
O que é educação?
O que é história? 
O que é história da educação?
Não temos aqui a pretensão de esgotar a discussão sobre tais 
termos, principalmente devido a seus múltiplos sentidos, mas 
apenas problematizá-los. Quando realizamos essa atividade de 
sondagem com nossas turmas presenciais, é bastante comum 
relacionar-se o termo educação com escola e ensino e história 
com o estudo do passado. Embora isso não seja incorreto, é 
preciso ampliar essa compreensão. Não pretendemos 
oferecer respostas prontas e acabadas, já que esses 
termos/conceitos são historicamente construídos, ou 
seja, ligados à prática social e, portanto, variáveis no 
tempo e no espaço histórico-social.
Assim, quanto à educação, podemos dizer, dentre 
inúmeras outras formas, que é o processo de 
formação do ser humano, um processo que ocorre 
no decorrer da sua existência e em diferentes espaços formais e 
não formais. Como diria Carlos Rodrigues Brandão, “ninguém 
escapa da educação”.
historia_educacao_I.indb 19historia_educacao_I.indb 19 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
Quanto à História, Ghiraldelli Jr. diz que há, “entre outros, 
dois signifi cados básicos. Ele se refere tanto aos processos de 
existência e vida real dos homens no tempo como ao estudo 
científi co, à pesquisa e ao relato estruturado desses processos 
humanos.” (1994, p. 11).
Gostaríamos, ainda, de destacar que, embora o ensino tradicional 
de história enfatize fatos isolados e apenas alguns indivíduos 
como promotores da história, em nosso entender ela é construída 
cotidianamente pelos grupos humanos, num tempo e espaço 
determinados, componentes do que se chama o processo 
histórico.
Nesse sentido, o poema, a seguir, do escritor alemão Bertold 
Brecht (1898-1956) nos dá um pouco essa dimensão e nos 
alerta para estarmos atentos a outras histórias e a outros sujeitos 
históricos.
PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ 
Quem construiu a Tebas de sete portas? 
Nos livros estão nomes de reis. 
Arrastaram eles os blocos de pedra? 
E a Babilônia várias vezes destruída 
Quem a reconstruiu tanta vezes? Em que casas 
Da Lima dourada moravam os construtores? 
Para onde foram os pedreiros, na noite em que 
a Muralha da China fi cou pronta? 
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo 
Quem os ergueu? Sobre quem 
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio 
Tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo 
na lendária Atlântida 
Os que se afogavam gritaram por seus escravos 
Na noite em que o mar a tragou. 
O jovem Alexandre conquistou a Índia. 
Sozinho? 
César bateu os gauleses. 
Não levava sequer um cozinheiro? 
historia_educacao_I.indb 20historia_educacao_I.indb 20 11/9/2007 14:29:3111/9/2007 14:29:31
21
História da Educação I
Unidade 1
Mas se a História não é um conjunto de explicações e de certezas 
sobre fatos e acontecimentos do passado, há outra(s) forma (s) de 
escrevê-la?
Segundo Veiga, historiadores como Jacques Le Goff e Peter 
Burke, entre outros, observam que a historiografi a que se 
consolidou no século XIX foi aquela caracterizada pela narrativa 
dos eventos políticos. Isto porque, naquele momento, muitos 
Estados/Nação estavam sendo constituídos, criados.
Neste contexto, ainda conforme Veiga, a História como disciplina 
escolar foi organizada na perspectiva pragmática da formação 
do cidadão, bem como na utilização dos registros ofi ciais para a 
escrita da História, como critério de cientifi cidade. 
Peter Burke diz que, apesar de existirem outros estudos 
históricos que contemplassem outros objetos “a história política 
era considerada (ao menos no âmbito da profi ssão) mais real ou 
mais séria que o estudo da sociedade ou da cultura”. (apud Veiga, 
2003, p. 20).
A idéia predominante na época era de que o 
conhecimento produzido a partir de fontes ofi ciais, 
com base somente no conteúdo de documentos 
escritos, assegurava a História, baseada na escrita dos 
historiadores, como verdade absoluta. 
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada 
Naufragou. Ninguém mais chorou? 
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. 
Quem venceu além dele? 
Cada página uma vitória. 
Quem cozinhava o banquete? 
A cada dez anos um grande Homem. 
Quem pagava a conta? 
Tantas histórias. 
Tantas questões. 
(disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/bronze.pdf>)
A Historiografi a constitui-
se num campo de estudo 
sobre a própria forma 
de se produzir e escrever 
a História. Esta forma 
está associada a quem 
escreve e, portanto, leva 
em conta a sociedade e 
época na qual o indivíduo 
está inserido. (verbete 
Historiografi a, In: 
Dicionário de Conceitos 
Históricos, 2005, pp. 189-
193). Para compreender 
melhor a trajetória 
deste conceito, acessar 
<http://eaprender.ig.com.
br/ensinar.asp?RegSel=15
0&Pagina=6#materia>
O Brasil passa a ser 
constituído enquanto 
Estado/Nação a partir de 
1822, com a proclamação 
da independência. Anterior 
a esta data, ele era uma 
colônia pertencente e 
administrada por Portugal.
historia_educacao_I.indb 21historia_educacao_I.indb 21 11/9/2007 14:29:3211/9/2007 14:29:32
22
Universidade do Sul de Santa Catarina
Este tipo de História, voltada predominantemente para os fatos 
políticos e organizada de maneira cronológica, tendo como 
sujeitos os “personagens ilustres” e os “heróis” eleitos de cada 
época (possivelmente aquela História que muitos de nós 
aprendemos na escola), vai sendo questionada e dando lugar 
a outras concepções.
Isso não signifi ca que a História factual e política tenham 
deixado de existir e nem mesmo que não tenham sua 
importância. O problema, conforme os historiadores, diz 
respeito ao método ou a abordagem utilizada para escrever a 
História, questão que você verá na seção 2, desta unidade.
Quanto à História da Educação, uma primeira questão a 
destacar é que ela surgiu no fi nal do século XIX, na Europa, 
como uma disciplina dos Cursos Normais, ou seja, dos cursos que 
formavam professores. No Brasil, também a disciplina História 
da Educação foi gerada no interior das escolas normais, estando 
sempre acompanhada de perto pela Filosofi a da Educação. 
Segundo Lopes,
(...)essa associação com a Filosofi a da Educação 
contribuiu para que uma das vertentes mais pesquisadas 
na História daEducação fosse exatamente a história das 
idéias pedagógicas e a fonte privilegiada para esse tipo de 
investigação fosse a obra dos grandes pensadores. (2005, 
p. 28)
Reforça, ainda, Lopes (2005, p, 29) que “o fato de a trajetória 
da História da Educação estar relacionada à Pedagogia e ao 
ensino difi cultou sua constituição como uma área de pesquisa 
propriamente dita.” 
- Agora, sugerimos que você, antes de dar continuidade à leitura, 
refl ita um pouco sobre a seguinte quest ão:
História da educação é um campo que pertence à 
História ou à Educação? 
historia_educacao_I.indb 22historia_educacao_I.indb 22 11/9/2007 14:29:3211/9/2007 14:29:32
23
História da Educação I
Unidade 1
Existem diversos entendimentos entre os historiadores da 
educação sobre o lugar da História da Educação em relação à 
História. Para uns, ela é defi nida como uma especialização da 
História, para outros como um objeto, para outros, ainda, como 
um sub-campo. 
Para melhor compreender, a História da Educação foi retirada 
do campo da História e convertida em abordagem ou em enfoque. 
“O que signifi cou não ter sido instituída como especialização 
temática da História, mas como ciência da educação ou como 
ciência auxiliar da educação” (WARDE, 1990, p.3-11). 
Segundo ela, esse processo que retira a História da Educação do 
campo da História e que a inseriu entre as ciências da educação 
está associado ao processo que a transformou em disciplina 
escolar, nos cursos de formação de professores, a partir dos 
anos 30. Nesse processo, ela foi separada do campo da História 
e, ao mesmo tempo, colocada em segundo plano no campo da 
educação.
O fato de ser transformada em disciplina escolar com objetivos 
institucionais e de formação de professores e pedagogos foi o que 
impediu, até muito recentemente, a constituição da História da 
Educação “como campo de investigação historiográfi ca capaz 
de se auto delimitar e de defi nir, a partir de sua própria prática 
disciplinar, dinâmicas de constituições de questões, temas e 
objetos.” (CARVALHO, 1997, p.6).
É importante ressaltar que é muito recente a 
consolidação da História da Educação como campo 
de investigação científi ca no Brasil, e que, talvez até 
em função disso, exista ainda pouco diálogo entre 
historiadores e historiadores da educação. 
De acordo com Veiga (2003, p. 19), essa ausência 
de diálogo difi culta o entendimento da educação 
como objeto de investigação da História e permite 
que ela continue a ser vista como sub-campo ou 
especialização da História. 
Contudo, apesar de se constituir historicamente e inicialmente 
como uma disciplina escolar, a História da Educação tem-se 
consolidado, nas duas últimas décadas, cada vez mais como um 
campo de estudos e pesquisas.
historia_educacao_I.indb 23historia_educacao_I.indb 23 11/9/2007 14:29:3211/9/2007 14:29:32
24
Universidade do Sul de Santa Catarina
Se durante muitos anos essas pesquisas restringiram-se à 
análise do pensamento pedagógico e das políticas educacionais, 
devido também a grande infl uência da Filosofi a, nos últimos 
anos, devido à infl uência da Nova História, como veremos 
na próxima seção, e à aproximação com outras áreas de 
conhecimento, como a Antropologia e a Lingüística, outras 
temas de pesquisa têm sido investigados e ampliaram nosso 
conhecimento sobre a História da Educação. 
Veiga observa que a educação tem apresentado um campo 
muito vasto de temáticas e o papel da História da Educação 
deve ser o de investigar e tornar visível diferentes objetos: a 
escola, o professor, os alunos, materiais escolares, processos e 
formas de aprendizagem, entre tanto outros. 
Os temas de pesquisa no âmbito da História da Educação 
acompanharam e acompanham diferentes correntes teórico-
metodológicas. Assim, julgamos importante discutir, na próxima 
seção, algumas das perspectivas que orientaram e têm orientado 
as pesquisas nesse campo.
Seção 2 - Abordagens teórico-metodológicas para a 
escrita da História
Para você compreender melhor o que foi falado até agora, é 
necessário um breve panorama sobre principais infl uências na 
historiografi a, ou seja, na forma de “contar” a História. 
A primeira infl uência que destacamos é o Positivismo. 
Doutrina surgida no século XIX e associada a Augusto Comte 
compreendia a ciência como domínio da natureza e sinônimo de 
progresso. Portanto, o conhecimento científi co deveria basear-se 
na observação dos fatos e na experimentação, para a elaboração 
de leis gerais.
Neste sentido, para demonstrar a evolução do homem na história 
da humanidade, elabora a lei dos três estágios: o teológico, o 
metafísico e o positivo. No primeiro estágio, a explicação dos 
Figura: Pintura Grega
Fonte: http://paginas.terra.com.
br/arte/mundoantigo/grecia
Auguste Comte (1798-1857) 
nasceu em Montpellier, de 
família modesta ‘eminentemente 
católica e monárquica’, discípulo 
e secretário (e depois decidido 
antagonista) de Saint-Simon. 
Leitor dos empiristas ingleses, 
de Diderot, d’Alambert, Turgot 
e Condorcet. É o iniciador do 
positivismo francês e o pai ofi cial 
da sociologia. Ver mais sobre 
Comte e a lei dos três estágios em 
<http://socio.tropo.litica.vilabol.
uol.com.br/personalidades/
augustecomte.htm> 
historia_educacao_I.indb 24historia_educacao_I.indb 24 11/9/2007 14:29:3211/9/2007 14:29:32
25
História da Educação I
Unidade 1
fenômenos era atribuída a elementos sobrenaturais, no segundo, 
a explicação foi legada a entidades abstratas e no terceiro 
e último – o positivo – a fonte para elucidar estes mesmos 
fenômenos passaria a ser a razão.
Mas o que nos interessa aqui são algumas características 
do Positivismo que vão repercutir na forma de escrever a 
História. Como Comte acreditava ser possível compreender a 
sociedade e os indivíduos que a compõem através da razão, 
acabou projetando lógica semelhante à da elaboração das 
leis naturais para a História, atribuindo ao historiador 
os critérios de objetividade e neutralidade, utilizados nas 
ciências físicas e naturais.
Seguindo essa concepção, o conhecimento do passado 
torna-se fundamental para o entendimento do presente e, 
conseqüentemente, para a projeção do futuro: 
“Assim, o verdadeiro espírito positivo consiste, 
sobretudo, em ver para prever, em estudar o que é, a 
fi m de concluir disso o que será, segundo o dogma 
geral da invariabilidade das leis naturais.” (COMTE, 
1983, p. 50). 
Assim, a noção de História preconizada por esta doutrina 
enfatizava as fontes/documentos escritos, pois só eles portariam 
a verdade histórica. Grande parte desta documentação remete a 
fatos políticos, que por sua vez deveriam ser descritos com base 
numa leitura supostamente objetiva do documento. Ou seja, seria 
possível compreender os fatos “como eles realmente aconteceram”. 
(BURKE).
A História numa abordagem positivista ou tradicional, realça 
sujeitos históricos como governantes, grandes homens e “heróis” 
selecionados por uma elite política e econômica de cada época. 
Os fatos históricos são colocados numa linha de tempo linear, 
dividida por períodos políticos.
Uma das características desta concepção de História é que 
muitas vezes possibilita um olhar de cima, excluindo-se uma 
série de sujeitos, temas e grupos sociais que escapam a esta 
abordagem. Então, nesta perspectiva, a História da Educação 
estaria associada, devido ao tipo e à forma de trabalho, 
Figura: Augusto Comte
Fonte: www.si-educa.net
Para conhecer os 
diferentes tipos de 
fontes/documentos e suas 
defi nições, bem como suas 
formas de abordagens ao 
longo do tempo, consultar 
PINSKY, Carla B. (org.) 
Fontes históricas. São 
Paulo: Contexto, 2005. 
Por História tradicional 
entende-se que 
“(...) tradicional é a 
característica de uma 
história de classe 
dominante (ou que em 
algum momento esteve 
nopoder do Estado).” 
(CERRI, disponível em 
<http://www.rhr.uepg.
br/v2n2/cerri.htm>). 
historia_educacao_I.indb 25historia_educacao_I.indb 25 11/9/2007 14:29:3311/9/2007 14:29:33
26
Universidade do Sul de Santa Catarina
com as fontes/documentos, a um panorama político-
institucional no tocante à legislação da política educacional, 
ao pensamento pedagógico, etc:
A maneira como a história se organizou enquanto ciência 
e disciplina escolar se confunde com a própria história 
da educação, que durante muito tempo vinculou-se a 
uma interpretação essencialmente política, linearizada, 
confundida com a história das idéias pedagógicas, (...). 
(VEIGA apud FARIA FILHO, 1998, p. 7) 
Essa visão de História, portanto, legitimava/legitima a ordem 
vigente. 
Mas qual é o seu contexto de surgimento? 
É importante conhecermos o contexto histórico para que 
compreendamos o signifi cado e o crescimento de tais teorias. 
Conforme já falamos no início da seção, o século XIX, ao 
menos no Ocidente, foi perpassado por discussões acerca dos 
pressupostos da razão e do conhecimento científi co. 
A classe burguesa, que já havia consolidado seu poder econômico, 
almejava conquistar ou garantir também o poder político. Por ser 
uma classe que se opunha à velha ordem ou ao Antigo Regime, 
possuía a simpatia de alguns pensadores e grupos. A sociedade 
européia, no curso da Revolução Industrial, apresentava uma 
dicotomia básica, ou seja, a divisão de duas classes sociais: os 
capitalistas e os proletários. 
O estabelecimento das fábricas nas cidades, a mecanização, bem 
como a descoberta de novas fontes de energia, dinamizaram a 
produção industrial, promovendo uma concentração de mão-
de-obra nas cidades. Na busca de matérias-primas e de mercado 
consumidor para tal produção, os países europeus expandem-se 
para a Ásia e África, confi gurando o que se denomina como 
Imperialismo ou Neocolonialismo do séc. XIX. 
Voltando à sociedade européia, percebe-se que essa massa 
trabalhadora vivia em condições subumanas, com jornadas de 
Para compreender melhor as 
defi nições sobre Antigo Regime, 
Revolução Industrial e Imperialismo 
ou Neocolonialismo do séc. XIX, 
acesse o site: <http://www.
historianet.com.br>.
historia_educacao_I.indb 26historia_educacao_I.indb 26 11/9/2007 14:29:3311/9/2007 14:29:33
27
História da Educação I
Unidade 1
trabalho que poderiam chegar a 18 horas diárias, sem direitos 
trabalhistas, com a presença do trabalho infantil e feminino e 
precárias condições de moradia, saúde e alimentação. É neste 
panorama que surge o Positivismo, legitimando a ordem vigente, 
assim como outra corrente teórica, antagônica na maior parte dos 
aspectos, com base nos estudos de Karl Marx. 
Marx vai estudar profundamente a oposição das classes 
ao longo da História – que chamará de luta de classes – e a 
constituição do capitalismo. A teoria marxista é chamada de 
Materialismo histórico e dialético, toma como objeto de estudo 
a sociedade burguesa, porém do ponto de vista do trabalho e dos 
trabalhadores. Como explica Aranha (1996, p. 141):
(...) no lugar das idéias estão os fatos materiais: no 
lugar dos heróis, a luta de classes. A história se faz 
com os fatores materiais, econômicos e técnicos que 
correspondem às condições em que os homens se reúnem 
para produzir sua existência no trabalho. 
Portanto, é nas contradições entre as classes antagônicas e do 
desenvolvimento das próprias forças produtivas de cada época, 
que se percebe a superação de uma classe sobre a outra, de um 
modelo, ou modo de produção sobre o outro. 
É claro que estamos simplifi cando as idéias de tal teoria, no 
entanto, o que nos interessa aqui, é compreender a visão de 
História advinda de tal teoria. Por isso, podemos compreender 
que a História é movimento, pois pressupõe a ação de indivíduos 
reais, a partir de certas condições materiais de vida, no sentido 
de superá-las. A imagem do passado, portanto, também 
é construída a partir dos interesses de uma classe, dessa 
forma, a História não é neutra, nem objetiva, como dizia o 
Positivismo.
Karl Marx (1818-1883) 
nasceu na Alemanha. 
Sua existência foi 
dedicada à luta da 
classe trabalhadora. 
A revolução russa de 
1917, que criaria a 
União Soviética (URSS), 
a revolução chinesa 
de 1949, a revolução 
cubana de 1919 são 
alguns exemplos de 
revoluções que se diziam 
inspiradas em suas 
idéias. Disponível em 
<http://socio.tropo.
litica.vilabol.uol.com.
br/personalidades/
karlmarx.htm>.
Figura: Karl Marx
Fonte: www.unifi cado.com.br
historia_educacao_I.indb 27historia_educacao_I.indb 27 11/9/2007 14:29:3311/9/2007 14:29:33
28
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tal noção de História, por ser calcada no 
desenvolvimento de processos materiais, ou de modos 
de produção, traduz-se numa visão economicista 
e linear, pois a “linha da História”, numa sucessão 
de superação dos modos de produção, levaria ao 
Comunismo (esta linearidade também está presente 
na lei dos três estágios de Comte). 
De qualquer forma, desloca-se o foco do político 
para o econômico e ao mesmo tempo, permite-se, ao 
considerar a classe trabalhadora como fundamental, 
uma “história vista de baixo”. 
Assim, a História, como a História da Educação, também 
constituiu outros campos de estudo e conhecimento da realidade, 
a partir desta teoria. Nessa linha, a educação pode ser vista 
como a reprodução da sociedade ou a sua superação, através da 
conscientização de uma classe oprimida.
A última corrente que abordaremos aqui, no sentido de 
compreender as formas de escrever a História e, portanto, a 
História da Educação, como falamos no início da seção, é a Nova 
História. 
A Nova História e suas derivações, que são muitas e trataremos 
apenas de uma delas, a História Cultural – é uma corrente 
dentro da própria História, diferente das duas anteriores. 
A expressão Nova História passou a ser amplamente 
conhecida através da obra “La nouvelle historie”, do 
historiador francês Jacques Le Goff (1978).
No entanto, é necessário que voltemos no tempo, pois ela é fruto 
de todo um movimento anterior. Na década de 20, do século 
XX, um grupo de historiadores franceses promove uma espécie 
de reação à História excessivamente política e as suas principais 
propostas podem ser assim resumidas: 
Em primeiro lugar, a substituição da tradicional 
narrativa de acontecimentos por uma história-problema. 
Em segundo lugar, a história de todas as atividades 
humanas e não apenas da história política. Em terceiro 
historia_educacao_I.indb 28historia_educacao_I.indb 28 11/9/2007 14:29:3411/9/2007 14:29:34
29
História da Educação I
Unidade 1
lugar, visando completar os dois primeiros objetivos, a 
colaboração com outras disciplinas, tais como a geografi a, 
a sociologia, a psicologia, a economia, a lingüística, a 
antropologia social e tantas outras. (BURKE, 1992, pp. 
11-12).
Muitas destas propostas foram apresentadas numa publicação 
criada em 1929, chamada Revista dos Annales, tendo a 
frente Marc Bloch e Lucien Febvre. Ao privilegiar a História 
econômica e social, este movimento, segundo o historiador Peter 
Burke, pode ser percebido em três gerações e a última seria a dos 
anos 70. Essa geração pode ser vista como uma continuidade, em 
certos aspectos, mas também como ruptura com as anteriores.
Quais características são fundamentais nesta nova 
forma de ver e escrever a História?
Veja a seguir:
Se a História deve considerar todas as atividades 
humanas, tudo tem história, portanto, novos temas foram 
incorporados à historiografi a, como: a morte, as festas, a 
infância, o corpo, a alimentação, os odores, a família etc.
Uma “história vista de baixo”, que leve em conta as 
pessoas comuns, desconhecidas, em seu contexto de 
tempo e espaço.
A abertura para outros documentose fontes - não só 
os escritos – como fotografi as, pinturas, histórias orais, 
objetos, etc. Muitos são os registros necessários se 
pensarmos nas atividades e experiências humanas.
A História é construída a partir do ponto de vista de 
quem a escreve e das fontes selecionadas ou disponíveis 
no momento. Portanto, não é possível contar a História 
como ela realmente aconteceu. 
„
„
„
„
Para saber mais sobre o 
movimento dos Annales 
e seus desdobramentos, 
acesse: <http://www.
ohistoriador.hpg.ig.com.br/
annales.htm> e também 
<http://www.historianet.
com.br/conteudo/default.
aspx?codigo=607> 
historia_educacao_I.indb 29historia_educacao_I.indb 29 11/9/2007 14:29:3411/9/2007 14:29:34
30
Universidade do Sul de Santa Catarina
Não há uma única verdade em um contexto histórico, 
assim como também o historiador não é neutro e 
detém um ponto de vista (relacionado às idéias de sua 
época e ao lugar que ocupa).
Nesta concepção, vários objetos e abordagens conquistam 
espaço, como o cotidiano, as mentalidades, a historia social e, 
atualmente, a partir das discussões acerca da cultura no campo 
historiográfi co e principalmente metodológico, como a História 
Cultural. Dentre estes campos de investigação, Pesavento aponta 
a História das cidades, da literatura, da imagem das identidades, 
do tempo presente, da memória e da historiografi a. (apud 
FONSECA, 2003, p. 53). 
No campo educacional, esta tendência da História está expressa 
em recentes pesquisas na área. Um dos historiadores da História 
Cultural que tem sido muito utilizada na História da Educação 
é Roger Chartier devido as suas pesquisas sobre a História da 
leitura e dos impressos. Neste sentido, você já percebeu que a 
História Cultural vai infl uenciar e, até mesmo, renovar os objetos 
e abordagens nesta área, como veremos na seção a seguir.
Seção 3 - Fontes e objetos para a História da Educação 
O que vem a sua mente quando aparece a palavra 
fonte? Registre a seguir:
Se lhe veio à cabeça a palavra nascente ou, até mesmo, o lugar 
onde nasce, brota ou emerge a água, ou se você pensou em 
algo referente ao mencionado, não está errado(a). Fonte é o 
lugar de onde sai algo, ou melhor dizendo, fonte é a origem 
Para saber mais acerca das idéias 
e pesquisas deste historiador que 
tem infl uenciado muitos trabalhos 
em História da Educação no Brasil, 
leia estas duas entrevistas: http://
pphp.uol.com.br/tropico/html/
textos/2479,1.shl e <http://www.
multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/
rm_entrevista_conteudo.asp?idio
ma=1&idMenu=4&label=Entrevist
as&v_nome_area=Entrevistas&v_
id_conteudo=51218>. 
historia_educacao_I.indb 30historia_educacao_I.indb 30 11/9/2007 14:29:3411/9/2007 14:29:34
31
História da Educação I
Unidade 1
de alguma coisa. E é por isso que o conhecimento produzido 
sobre a História da Educação também sai de alguma fonte, 
também tem origem.
Para deixar mais clara esta questão, buscamos junto a alguns 
autores que vêm estudando a História da Educação nas últimas 
décadas, algumas contribuições sobre seu entendimento sobre 
fontes, bem como exemplos de fontes por eles utilizados para 
produção da historiografi a educacional. 
Com relação à palavra ‘fonte’, Saviani (2004, pp. 5-7) diz que 
ela apresenta, via de regra, duas conotações. Uma signifi ca ponto 
de origem, o lugar onde brota algo que se projeta e se desenvolve 
indefi nidamente e inesgotavelmente. Outra indica a base, o ponto 
de apoio, o repositório dos elementos que defi nem os fenômenos 
cujas características busca-se compreender.
Ele observa que, como ponto de origem, fonte é sinônimo 
de nascente que corresponde também à manancial, o qual, 
entretanto, no plural, já se liga a um repositório abundante de 
elementos que atendem à determinada necessidade. No entanto, a 
palavra nascente, assim como manancial, é usada apenas para se 
referir ao ponto de origem de um curso ou corrente de água. 
O mesmo autor observa que, no caso da História, não se pode 
falar em fontes naturais já que todas as fontes históricas, por 
defi nição, são construídas, isto é, são produções humanas (salvo 
quando a questão for relativa a uma possível História natural, que 
não é o caso aqui – observação do autor). Além disso, é preciso 
considerar que, a rigor, a palavra fonte é usada em História com 
sentido analógico. Ou seja, não se trata de considerar as fontes 
como origem do fenômeno histórico considerado. 
As fontes estão na origem, constituem o ponto de 
partida, a base, o ponto de apoio da construção 
historiográfi ca que é a reconstrução, no plano do 
conhecimento, do objeto histórico estudado. Assim as 
fontes históricas não são a fonte da história, ou seja, não é 
delas que brota e fl ui a história. Elas enquanto registros, 
enquanto testemunhos dos atos históricos, são a fonte do 
nosso conhecimento histórico. (SAVIANI, 2004, p.5)
historia_educacao_I.indb 31historia_educacao_I.indb 31 11/9/2007 14:29:3411/9/2007 14:29:34
32
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ainda segundo Saviani, a analogia não se limita apenas ao caráter 
de origem, também o caráter de inesgotabilidade transpõe-se 
analogicamente para a historiografi a. Ou seja, sempre que a 
elas retornamos, tendemos a encontrar novos elementos, novos 
signifi cados, novas informações que nos tinham escapado nas 
vezes anteriores.
De acordo com ele, podemos distinguir as fontes entre 
aquelas que se constituem de modo espontâneo e 
aquelas que produzimos intencionalmente.
As primeiras são aquelas que encontramos nos vários 
tipos de acervos com as mais diferentes formas. São 
documentos, vestígios, indícios que foram acumulando ou que 
foram guardados. Entre eles estão a multidão de papéis existentes 
nas bibliotecas e nos arquivos públicos ou privados, as inúmeras 
peças guardadas nos museus, dentre muitos outros objetos que 
adquirem o estatuto de fonte diante do historiador, na medida em 
que estes buscam neles respostas às questões levantadas. 
As segundas são aquelas que os educadores ou historiadores 
preservam para que, no futuro, novos pesquisadores possam 
compreender seu passado que é o nosso presente. Entre estas 
fontes encontram-se tanto materiais de trabalho como de 
pesquisa. Além disso, há ainda as fontes produzidas a partir de 
registros de testemunhos orais, nos quais nos apoiamos em nossa 
investigação. 
Falando de História de instituições escolares, por exemplo, 
Werle (2004, p.14) diz que seus conteúdos resultam, em parte, da 
descoberta do pesquisador junto aos arquivos e outras formas de 
apropriação obtidas através de depoimentos orais ou escritos e de 
outros meios de expressão. 
Mas nem sempre foi assim. É importante relembrar, como já 
vimos na primeira seção, que a História da Educação confi gurou-
se primeiramente como disciplina escolar e, como nos coloca 
Fonseca:
(...) teve sua trajetória marcada pelas relações 
estabelecidas com o conhecimento produzido em outros 
historia_educacao_I.indb 32historia_educacao_I.indb 32 11/9/2007 14:29:3411/9/2007 14:29:34
33
História da Educação I
Unidade 1
campos, como a fi losofi a e a Psicologia. Tratava-se de 
elaborar um conjunto de saberes sobre a história das 
idéias pedagógicas que tivesse função prática na formação 
dos professores e pedagogos. (In: VEIGA, 2003, p. 56)
O estudo das idéias pedagógicas acabou caracterizando as 
pesquisas nesta área. Um outro tipo de análise, mas na mesma 
concepção, ocupa lugar de destaque em obras de História 
da Educação no Brasil, por exemplo, que é a organização 
dos sistemas de ensino associada às políticas educacionais do 
Estado. A fonte ou documento utilizado por esta abordagem 
era unicamente o registro escrito, notadamente a evolução da 
legislação educacional. 
Lembre-se do que já vimos sobre a concepção 
positivista e perceba as semelhanças!Ainda no Brasil, Ghiraldelli jr. aponta que nos anos 80, 
Dermeval Saviani e seu grupo na Unicamp, numa perspectiva 
marxista, fazem questionamentos à condução dos planos e do 
campo de pesquisa da História da Educação:
(...) ora eram construídos a partir de uma visão 
determinada, ora seguiam um ecletismo em que 
passava-se em revista as instituições educacionais e/ou 
doutrinas pedagógicas da Grécia Antiga até a época 
contemporânea. (GHIRALDELLI Jr, 2003. p. 242.) 
A trajetória da História da Educação é marcada pelas concepções 
que esboçamos na seção anterior. Aproxima-se atualmente da 
História Cultural, como campo de investigação e muitas vezes 
é vista como uma dimensão do universo cultural em estudo. 
Alguns historiadores, dentre eles Pierre Nora e Roger Chartier 
(que já citamos anteriormente), pesquisaram temas relacionados 
a este campo como os livros e a leitura, a escolarização, entre 
outros, numa abordagem diferente, tanto da tradição positivista, 
quanto da marxista.
historia_educacao_I.indb 33historia_educacao_I.indb 33 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
34
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como exemplos de fontes que os historiadores da educação vêm 
se apoiando nos últimos tempos para produzir o conhecimento 
sobre a área podem ser citados:
documentos (ofi ciais ou não); 
legislação; 
arquivos institucionais públicos e privados dentre eles os 
escolares; 
arquivos pessoais (como baú de memórias, ou seja, 
informações que uma pessoa guarda como fotos, diários, 
correspondências, dentre outros); 
dados estatísticos; 
literatura; 
produção bibliográfi ca; 
livros didáticos; 
pinturas e outras obras de arte; fotografi a; 
memórias (entrevistas e histórias de vida); 
arquitetura de prédios escolares; objetos escolares (desde 
tinteiros até cadernos e mobílias existentes no interior de 
uma escola).
Conforme Fonseca, na História da Educação no Brasil, por 
exemplo, novos temas têm sido considerados, como a História da 
leitura e dos impressos escolares, “a história da profi ssão docente, 
os processos de escolarização, a cultura escolar e as práticas 
educativas e pedagógicas.” (FONSECA, 2003, p.61) Em alguns 
casos, antigos temas ou pesquisas, como as idéias pedagógicas e o 
sistema escolar têm sido revistos. 
Um exemplo disto são alguns estudos atuais sobre o período 
colonial que, ao invés de focarem apenas na escolarização formal 
relacionada à presença dos jesuítas e depois à administração 
pombalina, levam em conta outros processos educativos. Estes 
processos educativos, que podemos chamar de não formais, 
geralmente abarcavam uma população que estava à margem da 
escola, por condições fi nanceiras ou preconceito.
„
„
„
„
„
„
„
„
„
„
„
Para saber mais sobre os jesuítas 
e sua atuação no Brasil, acesse: 
<http://www.pedagogiaemfoco.
pro.br/heb02.htm> e <http://
www.cimi.org.br/?system=news&a
ction=read&id=1643&eid=259>.
Marquês de Pombal é o nome com 
que fi cou conhecido Sebastião 
José de Carvalho e Melo, político e 
verdadeiro dirigente de Portugal 
durante o reinado de José I, como 
1º. Ministro. A partir de 1756, 
realizou um programa político 
de acordo com os princípios 
do Iluminismo, porém às suas 
reformas opuseram-se os jesuítas 
e a aristocracia. Num atentado 
contra a vida do rei em 1758, 
conseguiu implicar os jesuítas, 
expulsos em 1759. Disponível 
em <http://www.netsaber.com.
br/biografi as/ver_biografi a.
php?c=891>.
historia_educacao_I.indb 34historia_educacao_I.indb 34 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
35
História da Educação I
Unidade 1
Este tipo de estudo, ao invés de considerar apenas os 
escolarizados formalmente, permite-nos vislumbrar outras formas 
educativas relacionadas aos indígenas, mestiços, brancos pobres 
e aos negros escravos ou livres. Neste caminho, são trazidas à 
tona informações sobre o aprendizado profi ssional, a circulação 
de artistas e artesãos que traziam consigo saberes e técnicas. 
A pesquisa sobre este período amplia-se, levando em conta as 
especifi cidades e as culturas que circulavam naquele momento 
histórico.
Um outro objeto de investigação tem sido ressaltado, refere-
se à própria História da infância. Um dos trabalhos pioneiros 
e marcantes neste sentido é o do historiador francês Philippe 
Ariès, “História Social da Criança e da Família”. (1981). Neste 
trabalho, ele analisa a trajetória da construção da noção moderna 
de infância. Mostra a criação de um “sentimento de infância”, 
voltado à proteção e diferenciação em relação ao adulto, o que 
antes não ocorria. Ele inova não só na temática, como também 
na escolha das fontes. Ao contrário de outras tendências, utiliza a 
iconografi a (imagens), diários, inscrições de túmulos, etc. 
Apesar de algumas críticas, pois o trabalho centrou-se 
nesta construção a partir das elites, contribuiu para 
chamar a atenção para o conceito de infância e para a 
ampliação das fontes e da análise.
Outros livros organizados nesta temática como “História das 
crianças no Brasil (PRIORE, 1991), “História social da infância 
no Brasil” (FREITAS, 1997) e “Infância e educação infantil” 
(Kuhlmann, 1998), nos mostram os mais diferentes objetos e 
fontes para a História da Educação. Em todos estão presentes 
diversas visões sobre a infância e os lugares atribuídos às crianças 
em cada contexto histórico.
Como exemplo de trabalho com fontes orais, mais 
especifi camente com histórias de vida de professoras aposentadas, 
temos o trabalho organizado por Maria Teresa de Assunção 
Freitas, “Memórias de professoras: história e histórias” (2000). 
Neste projeto, as histórias de vida foram cruzadas com uma 
Figura: Livro de Philippe 
Áries – História Social da 
Criança e da Família
Fonte: www.
livrariacultura.com.br
historia_educacao_I.indb 35historia_educacao_I.indb 35 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
36
Universidade do Sul de Santa Catarina
história maior, trazendo elementos para a compreensão da 
História da Educação local (Juiz de Fora) e nacional.
Assim, os objetos de análise relacionam-se à formação de 
professores, à prática pedagógica, à leitura e à escrita, às 
bibliotecas e às políticas públicas e à própria vida cultural da 
cidade. Os objetos foram defi nidos a partir de suas falas e 
recordações.
Um outro componente que tem sido transformado em objeto 
de investigação são os manuais didáticos. Ao invés de serem 
utilizados só como fonte para a compreensão de outras questões, 
como os processos de escolarização, a construção de culturas 
escolares, a história de uma disciplina, têm sido analisado em 
seu processo de produção, sua circulação, seu uso e também nas 
apropriações que os diferentes grupos sociais faziam deles.
Para estudar a escolarização no século XIX no Brasil, por 
exemplo, quando utilizávamos somente as fontes tradicionais, 
como a legislação da época, tudo nos levava a crer que havia uma 
ausência do Estado, através da falta de políticas públicas para 
a educação e infância. No entanto, quando levamos em conta 
outras fontes, como cadernos escolares, mapas de matrícula, 
relatórios de profi ssionais envolvidos nesta organização escolar, 
percebemos que havia uma tentativa de viabilizar um sistema 
público de ensino, ao menos para a população livre.
Você deve ter percebido, até agora, que estes novos 
olhares sobre a História da Educação, relacionados 
à renovação da historiografi a, mas também à 
aproximação com outras áreas, como a Antropologia 
e a Sociologia (só para citar duas áreas) têm 
contribuído com novas fontes e objetos de estudo, 
até então desconsiderados. Por isso, podemos 
visualizar a educação num contexto mais amplo, 
também relacionada a temas que, anteriormente, não 
apareciam.
É nesta perspectiva que estaremos conduzindo as demais 
unidades deste livro. Agora, para praticar os conhecimentosconquistados nesta unidade, realize, a seguir, as atividades 
propostas. 
historia_educacao_I.indb 36historia_educacao_I.indb 36 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
37
História da Educação I
Unidade 1
Atividades de auto-avaliação
Efetue as atividades de auto-avaliação e, a seguir, acompanhe as 
respostas e comentários a respeito. Para melhor aproveitamento do seu 
estudo, realize a conferência de suas respostas somente depois de fazer 
as atividades propostas.
1) Referente ao conhecimento de História da Educação é correto afi rmar:
a) ( ) O conhecimento produzido a partir de fontes ofi ciais era visto, até 
muito recentemente, como forma de garantir a cientifi cidade.
b) ( ) No Brasil, a História da Educação foi transformada em disciplina nos 
cursos de formação de professores e de pedagogos a partir de 1930.
c) ( ) A fotografi a e as obras de arte nunca foram consideradas fontes 
historiográfi cas.
2) Construa um quadro síntese com as informações da Seção 2:
TENDÊNCIAS PRINCIPAIS REPRESENTANTES IDÉIAS CENTRAIS
historia_educacao_I.indb 37historia_educacao_I.indb 37 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
38
Universidade do Sul de Santa Catarina
3) Realize a atividade sugerida a seguir na sua cidade e depois socialize 
com o grupo na ferramenta Exposição no EVA:
Visite uma biblioteca ou arquivo público e identifi que alguma 
fonte/documento referente à educação em outras épocas: notícia 
de jornal, cartilhas, livros didáticos, leis.
Realize uma entrevista com alguém que você conheça, com mais 
idade, acerca da sua vida escolar.
Localize fontes iconográfi cas como fotos, desenhos e outras 
imagens relacionadas à sua vida escolar ou à da sua família.
Anote suas impressões nas linhas a seguir:
Síntese
Na primeira seção desta unidade, você teve contato com termos 
como educação, História e História da Educação.Você pode 
perceber que podemos conceituar a Educação, dentre inúmeras 
outras formas, como o processo de formação do ser humano, um 
processo que ocorre no decorrer da sua existência e em diferentes 
espaços formais e não formais.
Podemos dizer, também, que a noção de História sofreu 
mudanças ao longo do tempo: desde uma concepção baseada 
„
„
„
historia_educacao_I.indb 38historia_educacao_I.indb 38 11/9/2007 14:29:3511/9/2007 14:29:35
39
História da Educação I
Unidade 1
na ênfase aos fatos isolados, dispostos de maneira linear e 
cronológica e com apenas alguns indivíduos como promotores 
da História, até uma outra perspectiva, na qual ela pode ser 
entendida como uma construção de acordo com o ponto de vista 
de quem a escreve (o historiador). 
Assumida esta imparcialidade na escrita da História, leva-se 
em conta a História dos grupos humanos, em tempos e espaços 
determinados, compondo o que se chama de processo histórico. 
Você também aprendeu que a História da Educação, surgiu no 
fi nal do século XIX, na Europa, como uma disciplina dos Cursos 
Normais, ou seja, dos cursos que formavam professores. Assim 
como no Brasil, cuja disciplina foi gerada no interior das Escolas 
Normais, estando sempre acompanhada de perto pela Filosofi a 
da Educação. 
No entanto, devido à aproximação com as novas tendências da 
História e de outras áreas do conhecimento, tem-se consolidado, 
nas duas últimas décadas, cada vez mais como um campo de 
estudos e pesquisas.
Na seção 2, ao apontarmos as correntes que infl uenciaram/
infl uenciam a História da Educação, você pode notar as 
principais diferenças entre elas e as contribuições na forma de 
olhar e escrever a História e a História da Educação. 
O Positivismo ao lançar um olhar de “cima para baixo”, exclui 
uma série de sujeitos, temas e grupos sociais que escapam a esta 
abordagem. Nesta perspectiva, a História da Educação estaria 
associada, devido ao tipo e à forma de trabalho com as fontes/
documentos, a um panorama político-institucional no tocante à 
legislação da política educacional e ao pensamento pedagógico.
Já no Marxismo, a educação pode ser vista como a reprodução 
da sociedade ou a sua superação, através da conscientização de 
uma classe oprimida. No campo educacional, esta tendência da 
História está expressa em recentes pesquisas na área. No viés da 
Nova História, notadamente da História Cultural, a História da 
Educação infl uencia e até mesmo renova os objetos e abordagens 
nesta área, apesar de ser um campo ainda muito recente de 
estudos. 
historia_educacao_I.indb 39historia_educacao_I.indb 39 11/9/2007 14:29:3611/9/2007 14:29:36
40
Universidade do Sul de Santa Catarina
Por fi m, você descobriu que há muitas fontes possíveis de serem 
utilizadas nas novas pesquisas em História da Educação, além 
dos documentos ofi ciais e da legislação, como as entrevistas 
orais, fotos, diários pessoais, pinturas, a arquitetura escolar, entre 
outros. 
Também descobriu que, a partir destas novas fontes, é possível 
levantar outros objetos de pesquisa, como a História da profi ssão 
docente, os processos de escolarização, a cultura escolar, as 
práticas educativas e pedagógicas, o conceito de infância, etc. 
Dessa forma, a História da Educação constitui-se como um 
campo vasto de pesquisas, incluindo processos educativos 
e grupos sociais que, na maior parte das vezes, não eram 
mencionados.
Saiba mais
Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você 
poderá pesquisar os seguintes livros:
ARIÉS, Philippe. A História Social da Criança e da Família. 
2ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
BURKE, Peter. A Revolução Francesa da historiografi a: a 
Escola dos Annales, 1929-1989. São Paulo: UNESP, 1991.
FONSECA, Th ais Nívia de L.; VEIGA, Cynthia G. História 
e Historiografi a da Educação no Brasil. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2003.
SAVIANI, Dermeval. Breves considerações sobre Fontes 
para a História da Educação. In: LOMBARDI, José 
Claudinei e NASCIMENTO, Maria Isabel Moura (org). 
Fontes, História e historiografi a da educação. Campinas-SP: 
Autores Associados, 2004.
historia_educacao_I.indb 40historia_educacao_I.indb 40 11/9/2007 14:29:3611/9/2007 14:29:36
UNIDADE 2
As práticas educativas 
medievais
Objetivos de aprendizagem
„ Compreender o contexto histórico das práticas 
educativas medievais.
„ Identifi car os sujeitos e grupos sociais, que foram 
atingidos ou excluídos pelas instituições ou associações 
educativas.
„ Compreender o signifi cado e a importância de situações 
pedagógicas não formais. 
„ Estabelecer critérios de comparação entre as formas 
educacionais do período medieval e as atuais.
Seções de estudo
Seção 1 Idade Média: um breve contexto histórico.
Seção 2 A educação das mulheres.
Seção 3 A educação dos cavaleiros medievais.
Seção 4 A educação nas corporações de ofício.
Seção 5 A educação nas Universidades.
2
historia_educacao_I.indb 41historia_educacao_I.indb 41 11/9/2007 14:29:3611/9/2007 14:29:36
42
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
O estudo desta unidade lhe proporcionará conhecer o contexto 
histórico da chamada Idade Média Ocidental, para situar e 
compreender as práticas educativas relacionadas a este período.
Você conhecerá lugares e sujeitos das práticas educativas. É 
o caso, por exemplo, da educação feminina, nas corporações 
de ofícios, na formação de cavaleiros e na constituição das 
universidades.
Você perceberá, também, que havia uma defi nição das classes 
sociais bastante rígida e hierarquizada, no entanto, no campo 
educacional, muitas vezes elas estavam juntas, como no caso das 
escolas monásticas e das universidades.
Muitas vezes, a educação abrange espaços não formais, ou 
melhor, não é escolarizada, como é o caso da maioria das 
mulheres e dos aprendizes nas corporações de ofício.
Assim, entre diferentes sujeitos e grupos sociais, entre métodos 
emateriais pedagógicos, através de diferentes fontes e objetos - 
como você já viu na primeira unidade - esperamos que você entre 
em contato e também construa um conhecimento acerca das 
práticas educacionais neste período. 
historia_educacao_I.indb 42historia_educacao_I.indb 42 11/9/2007 14:29:3611/9/2007 14:29:36
43
História da Educação I
Unidade 2
SEÇÃO 1 - Idade Média: um breve contexto histórico
Foi no século IV a.C. que a educação se institucionalizou 
com a fundação das primeiras escolas: Isócrates abriu a sua 
escola em 393 a.C. e Platão fundou a Academia em 
387 a.C.
Ao conquistarem o mundo da Antiga Grécia, os 
romanos “absorveram” o melhor da sua cultura, 
acrescentando-lhe a disciplina e o respeito pela 
lei (tipicamente romana). Construíram escolas de 
infl uência grega (o ginásio, a escola de cálculo e de 
gramática) e escolas de direito.
A partir dos fi nais do século II da nossa era, o Império 
Romano, então cristianizado, entrou em decadência devido a 
vários fatores (tais como as crises na sucessão imperial, a crise 
econômica e social e o “perigo bárbaro”).
Quando, em 476, a autoridade imperial deixou de existir no 
Ocidente, os “bárbaros” já se haviam fi xado nas regiões da 
Europa que antes devastaram. Estes povos eram, na sua maioria, 
pagãos, mas os seus chefes acabaram por se converter ao 
catolicismo. 
Tendo sido a única que resistiu e sobreviveu às 
grandes invasões, mantendo a sua organização e 
servindo de apoio às populações aterradas, a Igreja 
Católica tornou-se a instituição mais importante da 
Idade Média.
Certamente você já ouviu falar no termo Idade Média, e deve 
lembrar de ter estudado na escola, nas aulas de História, ou talvez 
por cenas de fi lmes, com cavaleiros, castelos e donzelas na torre. 
Além disso, você pode ter lido sobre a infl uência e os desmandos 
da Igreja Católica neste período, 
Figura: Mural de Palau 
– Calades Barcelona
Fonte: www.odesenho.
no.sapo.pt
Os romanos chamavam 
de bárbaros todos os 
povos que não possuíam 
a mesma língua, os 
mesmos costumes e 
organização política, social 
e econômica que eles. 
Estas diferenças podem 
ser observadas no fi lme 
“Asterix e Obelix contra 
César”. 
historia_educacao_I.indb 43historia_educacao_I.indb 43 11/9/2007 14:29:3611/9/2007 14:29:36
44
Universidade do Sul de Santa Catarina
Independente da sua fonte de informação, você 
é convidado a registrar no espaço, a seguir, suas 
impressões sobre o período histórico em questão. 
Esse é o momento para fazer uma pausa e refl etir 
sobre o assunto!
Você deve ter percebido que muitas das referências que registrou 
acima dizem respeito à história européia, não abarcam o 
Brasil, por exemplo, ou outros lugares do mundo. Pois bem, 
esta expressão “Idade Média” é bastante eurocêntrica e leva 
em conta uma periodização política, conforme a história 
positivista, que é uma das formas de escrever a história, como 
você viu na Unidade 1 desta disciplina. 
Dentro desta concepção de História, os marcos cronológicos do 
período conhecido como Idade Média, são os seguintes:
Início: 476 d.C. - Queda do Império Romano do 
Ocidente, com sede em Roma.
Final: 1453 d.C. – Queda do Império Romano do 
Oriente, com sede em Constantinopla, tomada pelos 
turcos.
Ainda dentro desta classifi cação, há mais duas divisões, 
que muitas vezes são utilizadas: a Alta Idade Média, que 
compreenderia a formação dos povos germânicos até a 
estruturação do Feudalismo e a Baixa Idade Média, comumente 
descrita a partir do movimento das cruzadas, caracterizadas pelo 
ressurgimento e expansão das cidades e do comércio.
– Gost aríamos de deixar claro que est e recorte cronológico de “mil 
anos”, bem como o espaço geográfi co (Europa) será levado em conta 
nest a unidade, devido às pesquisas e ao material bibliográfi co 
„
„
Considera-se o eurocentrismo como 
uma visão de mundo que tende a 
colocar a Europa (assim como sua 
cultura, seu povo, suas línguas, etc.) 
como o elemento fundamental 
na constituição da sociedade 
moderna, sendo necessariamente a 
protagonista da história do homem. 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/
Eurocentrismo>
historia_educacao_I.indb 44historia_educacao_I.indb 44 11/9/2007 14:29:3711/9/2007 14:29:37
45
História da Educação I
Unidade 2
para os est udos em Educação. No entanto, não nos ateremos a 
uma seqüência cronológica para abordarmos as demais seções dest a 
unidade e sim, às práticas educativas associadas a temas, como 
a educação monást ica, nas corporações de ofícios, a educação das 
mulheres, dos cavaleiros medievais e a formação das universidades.
Dito isto, vamos compreender melhor o panorama histórico 
deste período. Tomando o Século V como ponto de partida 
e a Europa como espaço geográfi co, identifi camos a crise do 
sistema escravista como um dos principais fatores da fragilidade 
econômica e social em que se encontrava o Império Romano do 
Ocidente naquele momento:
A divisão do Império em duas partes no fi nal do século 
IV também contribuiu para esse processo: O Império 
Romano do Oriente, com capital em Constantinpla 
ainda conseguiu manter uma atividade comercial com 
outras regiões do Oriente, enquanto que o Império 
Romano do Ocidente, com capital em Milão, vivenciou 
o aprofundamento constante da crise. (disponível em 
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.
aspx?codigo=144)
Algumas medidas administrativas foram empreendidas, como 
o estabelecimento das Villae, no entanto, estas unidades eram 
voltadas à autosufi cência, o que contribuiu ainda mais para a 
fragmentação do território do Império e para a ruralização. 
Devido a estes fatores, entre outros, a presença dos “povos 
bárbaros” constante nas fronteiras do Império Ocidental, 
acentuou-se, constituindo-se num movimento migratório de 
invasão, até o coração do Império.
Dentre os “invasores bárbaros”, destacamos os povos germânicos 
(vândalos, ostrogodos, visigodos, anglo-saxões e francos), devido 
à formação de reinos - dentro do que era a área do Império 
Romano - e da própria organização econômica e social, que 
transplantaram para as áreas ocupadas, mesclando com outros 
costumes vigentes. Dentre estes povos, ressaltamos os francos, 
por sua importância na formação do Feudalismo e na aliança 
com a Igreja Católica, como você verá a seguir.
Villae eram grandes 
residências senhoriais 
que possuíam termas 
para os banhos, 
habitações para os 
trabalhadores (com 
os seus próprios 
banhos), e todos os 
edifícios essenciais 
ao funcionamento da 
exploração (lagares, 
olarias, tecelagens, 
forjas, estábulos, e 
mesmo templos). O ideal 
deste tipo de exploração 
era a auto-sufi ciência. 
<http://www.geocities.
com/alex221166/h_a_
10_por.html>
historia_educacao_I.indb 45historia_educacao_I.indb 45 11/9/2007 14:29:3711/9/2007 14:29:37
46
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Quem eram os francos?
A palavra franco signifi cava “livre” na língua franca. Os francos 
formavam uma das várias tribos germânicas que adentraram o 
espaço do império romano. Era um grupo oriundo do oeste da 
Europa, que ocupou a região da Gália (aproximadamente a atual 
França). 
O reino franco passou por várias partilhas e repartições, já que os 
francos dividiam suas propriedades entre os fi lhos sobreviventes, 
e concebiam o reino como uma grande extensão de uma 
propriedade privada. 
A conversão ao Cristianismo, de um dos reis da Dinastia 
Merovíngia, já no século V, facilita a consolidação do Reino 
Franco e a ascenção da Igreja Católica. O fortalecimento da 
relação entre a Igreja e o Reino caracterizou-se, principalmente, 
pelas doações de terra, conversões e proteção. Durante a Dinastia 
Carolíngea, o rei franco Carlos Magno (séc. X), é coroado pelo 
papa e defende o território europeu do avanço dos muçulmanos 
árabes (“os inféis”). Consolidando-se,deste modo, a aliança com 
a Igreja Católica.
O que é feudalismo?
O feudalismo foi um modo de produção baseado nas relações 
servo-contratuais (servis) de produção. Tem suas origens na 
desintegração da escravidão romana. Com a decadência e a 
destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do 
século V d.C. (de 401 a 500), como conseqüência das inúmeras 
invasões dos povos bárbaros e das más políticas econômicas dos 
imperadores, várias regiões da Europa passaram a apresentar 
baixa densidade populacional e baixo desenvolvimento urbano. 
Isso ocorria devido às mortes provocadas pelas guerras, às 
doenças e à insegurança existentes logo após o fi m do Império 
Romano. A partir do século V d.C., entra-se na chamada 
Idade Média, mas o sistema feudal somente passa a vigorar em 
Figura: Fases do Feudalismo
Fonte: www.culturabrasil.pro.br
historia_educacao_I.indb 46historia_educacao_I.indb 46 11/9/2007 14:29:3711/9/2007 14:29:37
47
História da Educação I
Unidade 2
alguns países da Europa Ocidental a partir do século IX d.C., 
aproximadamente.
O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e 
as invasões bárbaras em diversas regiões da Europa 
favoreceram sensivelmente as mudanças econômicas 
e sociais que vão sendo introduzidas, principalmente 
na Europa Ocidental, e que alteram completamente o 
sistema de propriedade e de produção característicos 
da Antigüidade.
Em suma, com a decadência do Império Romano e as invasões 
bárbaras, os nobres romanos começaram a se afastar das cidades 
levando consigo camponeses (com medo de serem saqueados ou 
escravizados). Já na Idade Média, com vários povos dominando 
a Europa Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre 
os descendentes de nobres romanos, que eram donos de 
pequenos agrupamentos de terra. No entanto, foi da “mistura” 
de instituições romanas e instituições “bárbaras” que surgiu o 
Feudalismo. 
Surge uma classe social caracterizada como a nobreza 
feudal, detentora de terras – a terra representa a riqueza 
– cuja manutenção consistia na concessão de terras a outros 
senhores, muitas vezes em troca de proteção. 
Assim, os que concediam a terra eram 
chamados de suseranos, e quem recebia era 
chamado de vassalo. 
Em grandes propriedades de terra os senhores 
feudais estabeleciam-se em locais estratégicos. 
Os castelos eram fortalezas que serviam como 
quartel-general para cavaleiros antes de seus 
ataques aos inimigos. Além de tudo, eram 
as moradias dos nobres e os locais onde essas 
poderosas famílias se alimentavam, se divertiam e recebiam seus 
convidados. Para seus senhores, era uma forma de apresentar aos 
demais nobres, ao clero e aos visitantes de regiões distantes toda 
a sua riqueza e infl uência. Além disso, representavam, para os 
moradores das vilas ou feudos, um centro de decisões políticas, 
cobrança de impostos e justiça. Todo sistema de tributos era 
organizado em função do uso da terra pelos servos, mas também 
Figura: Castelo de 
Dromoland, na Grã-
bretanha, construído no 
século XVI . 
Fonte: <http://www.
planetaeducacao.
com.br/new/colunas2.
asp?id=167>
historia_educacao_I.indb 47historia_educacao_I.indb 47 11/9/2007 14:29:3711/9/2007 14:29:37
48
Universidade do Sul de Santa Catarina
do uso das ferramentas e dos locais como os moinhos, serrarias, 
carpintaria pertencente ao senhorio feudal. 
Os servos não tinham a propriedade da terra. No entanto, 
eram obrigados a permanecer nela. Não eram escravos, pois 
não podiam ser vendidos. A base do sistema feudal eram estas 
relações servis de produção. Os servos deviam várias obrigações 
como a talha, a corvéia e as banalidades, entre outras.
Era uma sociedade dividida em grupos com pouca mobilidade 
entre eles. Composta fundamentalmente pelos nobres, clero e 
servos. Nas camadas pobres, havia também os vilões. 
No livro de Paulo Miceli, “O Feudalismo”, observamos que a 
nobreza e o clero compunham a camada dominante dos senhores 
feudais, ou seja, aqueles que tinham a posse legal da terra e do 
servo e que dominavam o poder político, militar e jurídico. 
O fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi 
o ressurgimento das cidades e do comércio. Muitos camponeses 
passaram a comercializar produtos nas feiras e cidades, nas quais, 
muitas vezes se estabeleciam, em busca de melhores condições de 
vida.
E o papel da Igreja Católica?
A igreja cristã primitiva na região do Mediterrâneo foi 
organizada sob cinco patriarcas: os bispos de Jerusalém, 
Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma.
O Bispo de Roma era tido pelos outros Patriarcas como “o 
primeiro entre iguais”, embora o seu estatuto e infl uência 
tenham crescido quando Roma era a capital do império, com as 
disputas doutrinárias ou procedimentais a serem freqüentemente 
remetidos a Roma para obter uma opinião. Entretanto, quando a 
capital se mudou para Constantinopla, a sua infl uência diminuiu. 
Constantinopla tornava-se a residência do Imperador e do 
Senado. Uma série de difi culdades entre as partes divididas do 
Império (ocidente e oriente), no tocante à religião como disputas 
doutrinárias, Concílios disputados, a evolução de ritos separados 
Pela talha, o servo devia uma parte 
da sua produção ao senhor feudal. 
A corvéia consistia no trabalho nas 
terras do senhor (manso senhorial), 
em alguns dias por semana. 
Os pagamentos que os servos 
faziam aos senhores pelo uso 
do forno, do moinho, do celeiro, 
chamavam-se banalidades. 
(disponível em: http://www.
historiadomundo.com.br/idade-
media/feudalismo)
Os vilões eram homens livres que 
viviam no feudo, deviam algumas 
obrigações aos senhores, como por 
exemplo, as banalidades, mas não 
estavam presos à terra, podendo 
sair dela quando o desejassem. 
(disponível em: http://www.
historiadomundo.com.br/idade-
media/feudalismo).
historia_educacao_I.indb 48historia_educacao_I.indb 48 11/9/2007 14:29:3811/9/2007 14:29:38
49
História da Educação I
Unidade 2
e se a posição do Papa de Roma era ou não de real autoridade ou 
apenas de respeito, levaram à divisão em 1054. 
A Igreja dividiu-se entre a Igreja Católica Apostólica Romana 
no Ocidente e a Igreja Ortodoxa Oriental no Leste (Grécia, 
Rússia e muitas das terras eslavas, Anatólia, Síria, Egipto, etc.). 
A esta divisão chama-se o Grande Cisma.
A grande divisão seguinte da Igreja Católica - e talvez a mais 
signifi cativa, pois promoveu a fundação de outras igrejas - 
ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante a 
qual se formaram muitas outras religiões no Ocidente. Durante 
a Idade Média, a Igreja enfrentou movimentos contestadores de 
sua doutrina, abusos fi nanceiros e despreparo do clero. No início 
do século XVI, teve início a Reforma Protestante, movimento 
religioso liderado pelo monge alemão Martinho Lutero que 
rompeu a unidade da Igreja Católica na Europa. Várias Igrejas 
reformadas surgiram na Alemanha, Suíça, França e Inglaterra 
com seguidores entre todas as camadas da sociedade européia.
O período medieval caracterizou-se pela 
predominância da Igreja como a maior instituição 
feudal do Ocidente europeu, exercendo hegemonia 
ideológica e cultural na época. Atuando em todos os 
níveis da sociedade, estabeleceu normas, orientou 
comportamentos e soube imprimir nos homens e 
mulheres deste período uma cultura religiosa. 
Essas questões afetaram o sistema de educação. Durante muito 
tempo não houve nenhuma instituição educacional, a não ser as 
escolas episcopais, mantidas pelos bispos. O propósito da maioria 
das escolas era formar monges e clérigos e, desde muito cedo, a 
criança era colocada em contato com os textos sagrados. Dessa 
forma, a Igreja adquiriu o controle da educação, tendo o clero 
como a elite intelectual e suas escolas como as únicas instituições 
culturais atuantes.
Por volta dos séculos X e XI, assiste-se às

Outros materiais