Buscar

Temas Básicos Psicologia

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O PAPEL DO PSICOLOGO ESCOLAR.doc
Psicologia: ciência e profissão
versão impressa ISSN 1414-9893
Psicol. cienc. prof. v.4 n.1 Brasília  1984
  
O papel do psicólogo escolar
 
Carmem Silvia de Arruda Andaló
Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina
 
A Psicologia Escolar vem sendo considerada até agora como uma área secundária da Psicologia, vista como relativamente simples, não requerendo muito preparo, nem experiência profissional. Dentro da instituição-escola é pouco valorizada, até mesmo dispensável, haja vista a inexistência de serviços dessa natureza, enquanto os de Orientação educacional e Supervisão escolar são previstos e regulamentados por lei.
Essa perspectiva, que nos parece bastante equivocada e inadequada, talvez provenha do fato de que, historicamente, a área escolar tenha-se caracterizado como um desmembramento da área clínica, o que gerou a visão de uma Psicologia Escolar clínica.
Uma outra abordagem seria a da ação preventiva da Psicologia Escolar. Prevenir significa "antecipar-se a", "evitar", "livrar-se de", "impedir que algo suceda". No contexto da escola o que se pretenderia evitar ou impedir? A existência de problemas, de dificuldades ou fracassos?
A conotação por vezes encontrada, entretanto, parece ser a de evitar desajustes ou desadaptações do aluno. Maria Helena Novaes, ao defender a importância da formação adequada do psicólogo escolar e sua responsabilidade profissional, afirma que "dado o caráter sobretudo preventivo da atuação do psicólogo escolar, essa orientação (psicológica) merece tanto ou mais cuidado do que qualquer outra, pois tem como meta principal o ajustamento do indivíduo" (1-pg.24). Caberia aqui discutir e esclarecer a natureza de tal ajustamento.
Dada a possibilidade de se interpretar a perspectiva de prevenção como uma questão meramente adaptativa, é que, no presente artigo, procuramos analisar duas abordagens frequentemente encontradas com relação ao papel do psicólogo escolar, e propomos uma terceira alternativa, que é a deste profissional como agente de mudanças.
 
O PSICÓLOGO ESCOLAR CLÍNICO
Está implícita nessa visão de Psicologia Escolar uma vinculação com a área de saúde mental, onde os problemas são equacionados em termos de saúde x doença, o que na escola se retraduz como problemas de ajustamento e adaptação. O que nos parece estar subjacente, mas nem sempre claro, nessa perspectiva, é a idéia de que a escola como instituição é tomada como adequada, como cumprindo os objetivos ideais a que se propõe. Permanecem inquestionados, desta forma, o anacronismo dos currículos, dos programas, das técnicas de ensino-aprendizagem empregadas, bem como a adequação da relação professor-aluno estabelecida.
Esta é, portanto, uma visão conservadora e adaptativa, uma vez que os problemas surgidos ficam centrados no aluno, isto é, a responsabilidade dos insucessos e dos fracassos recai sempre sobre o educando. O papel do psicólogo escolar seria então o daquele profissional que tem por função tratar estes alunos-problema e devolvê-los à sala de aula "bem ajustados".
Na medida em que os problemas são equacionados em termos de saúde x doença, fica o papel do psicólogo investido de um caráter onipotente, uma vez que seria o portador de soluções mágicas e prontas para as dificuldades enfrentadas. Por outro lado, acaba por estabelecer uma relação de assimetria, verticalidade e poder dentro da instituição, uma vez que lhe é atribuída a decisão e o julgamento a respeito da adequação ou inadequação das pessoas em geral. São as duas faces de uma mesma moeda — de um lado o mágico, o salvador, e do outro, um elemento altamente persecutório e ameaçador. Essa dupla imagem que o psicólogo adquire ou transmite(?) em função deste tipo de abordagem ou da sua própria postura, leva, com freqüência, a uma atitude ambivalente e de resistência por parte da instituição escolar, que muitas vezes dificulta ou até impede a continuidade dos serviços de psicologia.
Uma outra conseqüência que nos parece importante denunciar nesta visão clínica, é a de que o professor, ao entregar o seu "aluno difícil" nas mãos de um profissional tido como mais habilitado que ele para lidar com a questão, se exime da sua responsabilidade para com este aluno. Passa então a considerá-lo como um problema que não é seu e que deveria ser solucionado fora do contexto de sala de aula, que é o seu ambiente de trabalho, a saber, no gabinete de Psicologia. Na realidade, porém, a criança que apresenta dificuldades, mesmo quando atendida por outros profissionais, enquanto aluna continua sendo problema do professor e da sua turma e como tal deve ser assumida.
É também frequente, no trabalho clínico dentro da escola, o uso de testes variados, desde as tradicionais medidas de QI até provas de personalidade, com elaboração de diagnósticos e orientação bastante minuciosas e aprofundadas. Ocorre, entretanto, que este trabalho todo se torna infrutífero e sem sentido, pois é comum as famílias se recusarem a aceitar a orientação, preferindo atribuir as causas do insucesso escolar à própria instituição, que é então acusada de ineficiente. É evidente que, ao buscar uma orientação psicológica, todo cliente passa por um processo, frequentemente longo e ambivalente, de lidar e aceitar as suas próprias dificuldades ou deficiências. Ora, na medida em que a escola toma a iniciativa de realizar esse processo, através do serviço de Psicologia, sem uma conscientização gradativa e espontânea da família a respeito do seu filho-problema, o resultado deverá ser ou um recusa de colaborar até mesmo na fase inicial de diagnóstico, ou uma rejeição clara e aberta da orientação oferecida.
Uma outra dificuldade é a de os dados obtidos através de exames psicológicos nem sempre revertem para a escola sob forma de orientações concretas e acessíveis. Num congresso sobre pré-escolas, realizado em julho de 1983, promovido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, na cidade de São José do Rio Preto, do qual participamos, recebemos veementes queixas de professores de qe, sob o pretexto de sigilo sobre os resultados dos testes psicológicos aplicados em seus alunos, só passíveis de serem manipulados por psicólogos, as escolas ficavam praticamente sem nenhuma informação a respeito dos exames realizados.
Lyons e Powers relatam que num estudo longitudinal com crianças de nível primário dispensadas do sistema escolar de uma grande cidade norte-americana por problemas de comportamento, foram avaliadas as contribuições dos psicólogos da seguinte forma: "Embora 263 escolas registrassem que o estudo psicológico havia sido de alguma forma útil aos pais e/ou professores, 144 escolas registraram que ele não tinha ajudado. Apenas uma escola deu uma razão para este fato, afirmando que o estudo psicológico era muito limitado."
Um outro impasse comumente enfrentado com relação aos exames psicológicos é o da dificuldade de se encontrar, em nosso meio, instituições que possibilitem a concretização das orientações dadas, de forma economicamente acessível à maioria da nossa população escolar. Desta maneira, o diagnóstico e a orientação realizados perdem a sua utilidade e portanto o seu sentido.
Um outro aspecto a se questionar é a instalação de Serviços de atendimento psicológico dentro da instituição-escola, com a intenção de oferecer Psicoterapia para os portadores de distúrbios emocionais e de conduta e Psicomotricidade para aqueles que apresentassem deficiências de ordem motora. Com relação à primeira hipótese, acreditamos ser totalmente inviável a sua realização dentro do contexto escolar por duas razões fundamentais:
1.  Como tal tipo de tratamento fica ligado, pelo senso comum, à doença mental, corre-se o sério risco de discriminar e estigmatizar aqueles alunos que se beneficiassem desta forma de assistência;
2. Como a escola é uma organização complexa, onde a privacidade é bastante restrita por ser um grupo onde as pessoas convivem
por longo tempo, diariamente por várias horas e durante anos, fica muito comprometida a questão de sigilo, não por parte do profissional, evidentemente, mas por parte dos próprios alunos.
Com relação à Psicomotricidade, visando atingir principalmente as populações de baixa renda, que não têm acesso a terapêuticas desta natureza, tem-se pensado num trabalho integrado com a área de Educação Física, no sentido de incluir, nessas aulas, exercícios de equilíbrio, coordenação motora ampla etc. Com relação aos aspectos de motricidade fina, a montagem de pequenos grupos de atendimento paralelo talvez pudesse ser levada a efeito dentro do próprio ambiente da escola.
Num nível mais sofisticado, a abordagem clínica pode transformar-se numa consultoria de saúde mental, com o enfoque básico voltado para a prevenção já mencionada no início deste trabalho. O psicólogo não se restringiria apenas à aplicação de testes e à realização de terapia dentro do contexto escolar, mas pretenderia "difundir a saúde mental, procurando alcançar um maior número possível de pais, administradores e professores, que por sua vez atingem o maior número possível de crianças".
 
O PSICÓLOGO ESCOLAR AGENTE DE MUDANÇAS
Uma outra alternativa que nos parece mais adequada e que não exclui, pelo contrário, se beneficia das contribuições da Psicologia clínica e da Psicologia acadêmica, seria a do psicólogo escolar como agente de mudanças dentro da instituição-escola, onde funcionaria como um elemento catalizador de reflexões, um conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a instituição.
Nessa perspectiva precisa-se, ao contrário do que se colocou no início deste texto, de um profissional experimentado, com preparo amplo e diversificado, uma vez que a Psicologia escolar é então encarada como uma área de intersecção entre a Psicologia clínica e a Psicologia organizacional, por trabalhar e lidar com uma instituição social complexa, hierarquizada, resistende à mudança e que reflete a organização social como um todo. Nessa perspectiva é importante considerar o indivíduo sem perder de vista, entretanto, sua inserção no contexto mais amplo da organização.
Um trabalho eficiente nessa linha teria que partir de uma análise da instituição, levando em conta o meio social no qual se encontra e o tipo de clientela que atende, bem como os vários grupos que a compõem, sua hierarquização, suas relações de poder, passando pela análise da filosofia específica que a norteia, e chegando até a política educacional mais ampla.
Em nosso trabalho prático junto às escolas, iniciamos geralmente por um levantamento da instituição onde pretendemos atuar. Procuramos caracterizá-la em seus aspectos organizacionais, tentamos detectar a ideologia subjacente aos objetivos expressos ou implícitos que a instituição contém. Começamos, assim, por um diagnóstico da realidade da escola e, a partir daí, planejamos nossa ação.
Temos procurado atuar junto ao corpo docente e discente, bem como junto à direção e à equipe técnica, tentando conscientizá-los da realidade da sua escola, refletindo com eles sobre os seus objetivos, sobre a concepção que subjaz ao processo educacional empregado, sobre as expectativas que têm de seus alunos, sobre o tipo de relação professor-aluno existente, enfim sobre a organização como um todo.
As queixas básicas comumente encontradas junto à instituição-escola referem-se à dispersividade e desatenção, desinteresse, apatia, agitação, baixo rendimento e fraco nível de aprendizagem, rebeldia e agressividade, bem como dificuldades na relação professor-aluno e entre os próprios educandos. Tais problemas têm aparecido na forma mais ou menos intensa em todos os graus, o que vem caracterizar uma crise aguda e profunda pela qual a instituição vem passando.
A tendência geral da escola é centrar as causas de tais dificuldades nos alunos. As medidas que vêm sendo utilizadas para tentar resolvê-las ou contorná-las resumem-se basicamente em:
1.    Encaminhar os "casos-problema" ao Serviço de Orientação Educacional ou ao Serviço de Psicologia, como se os profissionais destas áreas tivessem soluções mágicas e prontas para tais casos;
2. Criar mecanismos de controle cada vez mais rígidos e repressivos sobre o comportamento dos educandos através de inspetores de aluno, comunicações aos pais, reduções nas notas, multiplicação das avaliações etc.
Com relação aos Serviços de Orientação Educacional, com exceções evidentemente, temos observado alguns aspectos:
a. não conseguem dar vazão ao crescente número de casos difíceis encaminhados;
b.   buscam contatos com os pais, numa tentativa, na maioria das vezes infrutífera, de transferir a resolução dos problemas para o âmbito familiar;
c.  desenvolvem trabalhos junto ao corpo discente através de aulas tradicionais onde são desenvolvidos temas, com uma conotação quase sempre de caráter moral, discorrendo sobre a necessidade de "comportar-se bem, ser bom aluno, bom filho" etc., numa tentativa de fazer com que os educandos venham a preencher as expectativas que a instituição, especialmente os professores, têm deles.
Em nosso trabalho como psicólogos escolares, nessa perspectiva de agente de mudanças, temo-nos voltado basicamente para a constituição de grupos operativos com alunos, professores e equipe técnica, no sentido de encaminhar uma reflexão crítica sobre a instituição, incluindo o processo de ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno, as mudanças sociais que estão ocorrendo, evidenciando com isso, a defasagem cada vez maior que se estabelece entre a escola e a vida. Dessa maneira, procuramos desfocar a atenção sobre o aluno como única fonte de dificuldades, como o único responsável e culpado pela crise geral pela qual a escola passa, propiciando uma visão mais global e mais compreensiva desta crise, procurando considerar todos os seus aspectos e, conjuntamente, encontrar formas alternativas de enfrentá-la.
Parece-nos importante esclarecer que não excluímos nessa abordagem pesquisas voltadas para os processos dos indivíduos, pois de fato encontramos inúmeros casos onde as dificuldades encontradas são do próprio aluno e não da instituição. Tais casos necessitam de um enfoque mais clínico, que, quando se faz necessário, é levado a efeito, sem entretanto, perder-se de vista o aspecto institucional da questão.
Da oportunidade que temos tido de atuar na área de Psicologia escolar, esta vem-se configurando como um campo de ação extremamente rico, porém inexplorado, desvalorizado e até mesmo pouco conhecido, não só dentro das escolas, mas também dentro da própria categoria de psicólogos. O papel do psicólogo escolar acha-se portanto, mal delimitado e mal definido, e o que pretendemos aqui, com essas primeiras anotações, é encaminhar e aprofundar a discussão sobre esse tema.
 
Bibliografia
NOVAES, M. H. - Psicologia escolar. Petrópolis. Vozes Ed. 1980.
PATTO, H. S. - Introdução à Psicologia escolar. São Paulo. Queiroz Ed. 1981. 
ESTUDO DIRIGIDO temas básicos 1.doc
ESTUDO DIRIGIDO
CURSO DE PSICOLOGIA- UNIVERSO- 
Disciplina: TEMAS BÁSICOS
Professora: Luciana Gáudio M. Frontzek
Nome do aluno (a):
Com base nas aulas e nos textos: código de ética e capitulo 1 e 2 do livro psicologias da Ana Bock (ambos no xerox), respondam:
São deveres fundamentais dos psicólogos; Marque v ou f
A- Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional
B- Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo tudo o que foi feito sempre para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário
 C- Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda e forma de divulgação do material privativo do psicólogo sejam feitas conforme os princípios deste Código
Segundo o código de ética do psicólogo é permitido ao mesmo;
Marque v ou f
Propor tratamento aos homossexuais
Sugerir serviços de outros psicólogos se, por motivos justificáveis não puder continuá-los
Exercer técnicas alternativas como búzios e tarô no consultório de psicologia
Ao psicólogo é vedado: Marque v ou f
Emitir documentos com fundamentação técnica científica 
Induzir pessoas ou organização a recorrer aos seus serviços
 Promover o combate a discriminação e a violência 
Em qual situação é permitido a quebra de sigilo psicológico: Marque v ou f
Quando houver conflito de ordem ética em que sua decisão seja baseada pela busca do menor prejuízo
Quando o psicólogo achar conveniente de acordo com seus próprios critérios 
Quando o paciente solicitar
Qual a diferença de senso comum e ciência?
Conceitue subjetividade
Conceitue paradigma
Por que as características do senso comum são mais subjetivas do que objetivas?
Por que as características do senso comum são mais qualitativas do que quantitativas?
Quais são as duas vertentes da historia da psicologia?
Quem foi Wundt?
Escreva sinteticamente sobre o que acreditavam os estruturalistas e os funcionalistas: 
A psicologia dialoga com diversos saberes e, ao mesmo tempo em que compartilha campos de conhecimentos diversos ela vai construindo o que é especifico, exclusivo da própria psicologia. Embora a atuação do psicólogo seja cada vez mais inter, multi e intradisciplinar, este fato não enfraquece sua identidade, pelo contrário, a fortalece pois cria os limites do que é da psicologia. Tendo em vista estas considerações podemos dizer que a psicologia e uma disciplina que tem como característica:
a complexidade epistemológica e metodológica
ser centrada no discurso epistemológico das ciências exatas
epistemologia única
Referencia-se em outros saberes, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica
ESTUDO DIRIGIDO temas básicos 2.doc
ESTUDO DIRIGIDO
CURSO DE PSICOLOGIA- UNIVERSO- 
Disciplina: TEMAS BÁSICOS
Professora: Luciana Gáudio M. Frontzek
Nome do aluno (a):
Com base nas aulas e nos textos: 
1_ Descreva as principais atribuições, áreas de atuação e no que focam do:
A- Psicólogo escolar
B- Organizacional
C- Social
2- O que é psicologia comunitária?
3- Se tivermos dúvidas quanto à prática de algum exercício dentro da psicologia o que devemos fazer?
4- Em que situações o sigilo pode ser quebrado (consulte o código)
5- Práticas como astrologia, búzios, tarô entre outros são compatíveis com a psicologia? Explique porque:
6- fale sobre a multiplicidade da psicologia analisando o seguinte trecho;
A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico.
7- A Psicologia Organizacional e do Trabalho, com seus mais de 100 anos de atuação, tem procurado se desenvolver e acompanhar as transformações do mundo social, do mundo do trabalho, das organizações e da própria Psicologia, mas tem enfrentado, principalmente, problemas éticos e políticos, que se misturam e se interpenetram, impossibilitando muitas vezes, o exercício pleno das atividades do psicólogo organizacional e do trabalho. Esse exercício fica prejudicado por quais motivos na sua opinião?
Quem foram os “pais” intelectuais da psicologia?
Qual o foco das seguintes abordagens clinicas: Psicanálise, behavorismo, humanismo?
O psicólogo clínico deve possuir uma abordagem teórica que conduza seu trabalho?
O psicólogo clínico pode complementar sua atividade profissional colocando quais técnicas no consultório? 
É importante fazer terapia para trabalhar com psicologia clínica? Justifique sua resposta:
 O nascimento da Psicologia científica na Europa e no Brasil deu-se em que data e contexto?
aula5 historia da psicologia 2007.ppt
*
*
*
Profissionalização da Psicologia:
Do laboratório para os testes psicológicos
*
*
*
O Laboratório de Wundt em Leipzig, 1879
*
*
*
Augustusplatz em Leipzig em 1880
Autor desconhecido.
*
*
*
Augustusplatz em 2007
*
*
*
Prédio da Universidade de Leipzig, primeiro local do Instituto de Psicologia - Laboratório de Psicologia Experimental
*
*
*
Herder Institut, Universidade de Leipzig, 2007
*
*
*
Wilhelm Wundt em seu aniversário de 70 anos e seus colaboradores 
Da esquerda pra direita, primeira fila: Eleonore Wundt, Erich Mosch, Oswald Külpe, Gustav Störring, August Kirschmann, ??; 
Fila do meio: Emil Kraepelin, Wilhelm Wundt, Sophie Wundt, Reinecke; 
Fila de baixo: Max Wundt, Wilhelm Wirth 
*
*
*
Wilhelm Wundt e seus colaboradores, Foto ~1908 (Da direita pra esquerda: Ottmar Dittrich, Wilhelm Wirth, Wilhelm Wundt, 
Otto Klemm, Friedrich Sander) 
*
*
*
Wilhelm Wundt
*
*
*
www.psych.uni-halle.de/.../chapters/wundt.htm
Fonte das fotos antigas:
*
*
*
Da Experimentação para a Avaliação Psicológica
Laboratório de Wundt “substitui experimentação fisiológica pela experimentação direta de eventos mentais através do método da introspecção”.
*
*
*
*
*
*
Experimentação >> Teste
Experimentação: pretende descobrir a natureza de uma função psíquica (qual é seu mecanismo, quais são as leis que regem tal função...)
Teste: permite calcular em que medida um sujeito possui uma determinada função, a qual é comparada com a média do grupo dos indivíduos submetidos ao mesmo instrumento.
*
*
*
Psicometria
Campo que prima por medir e estudar quantitativamente os fenômenos psíquicos;
Esse processo conduz à elaboração de escalas estatísticas utilizadas em muitos testes.
*
*
*
Testes Psicológicos
Nomenclatura usada para diferentes tipos de instrumentos
“Teste psicotécnico” - exemplo de nomenclatura não aceita de forma unânime no contexto da psicologia acadêmica
*
*
*
Testes Psicológicos
Testes objetivos: 
Herdeiros da psicologia diferencial de Galton
Testes “expressivos” e projetivos:
Herdeiros de outra vertente da psicologia - a “psicologia dos estados mórbidos”
*
*
*
Testes Objetivos
Instrumento que mensura quantitativamente um determinado comportamento, traço de personalidade, função cognitiva e/ou intelectual.
Seu resultado independe do julgamento subjetivo do avaliador.
*
*
*
Testes Objetivos
Tipos:
Testes de Inteligência
Testes de aptidão
Testes de interesse
Testes de personalidade
*
*
*
Testes de Inteligência
Hermann Ebbinghaus (1850-1909)
Sílabas sem sentido
Investigação precisa e experimental sobre a memória após ler Elementos de Psicofísica de Fechner.
Escreve artigo sobre a aplicação de testes de inteligência em escolas
Modelo: Provas de completar lacunas
*
*
*
Testes de Inteligência
Francis Galton (1822 - 1911)
International Health Exibition - Londres
Influência das descobertas de Charles Darwin
Análise das raças em termos de adaptação (dons especiais se perpetuam nas famílias - sugere aprimorar a linhagem do Homo Sapiens Sapiens)
Inclinação para a quantificação: inventa o Coeficiente de Correlação (Karl Pearson será seu sucessor)
*
*
*
James McKeen Cattell
EUA: “movimento dos testes” 
Interesse em medir diferenças individuais
Pioneiro no uso do termo “Teste Mental”
Medidas da capacidade intelectual por meio de testes de tempo de reação e discriminação sensorial (Galton)
*
*
*
Exemplos de testes de Cattell
Julgamento de 10s
Divisão de uma linha de 50cm
Número de letras repetidas com uma só audição
*
*
*
Alfred Binet
Laboratório de Psicologia Fisiológica na Sorbonne
Aluno de Charcot
Modelo de laboratório no Brasil
Criador da primeira escala psicométrica do desenvolvimento da inteligência - incentivo do governo francês.
Escala Binet-Simon (1905/08)- bateria de testes que permite a classificação de indivíduos em níveis distintos de desenvolvimento mental.
*
*
*
Escala Binet-Simon
As concepções teóricas de Binet que davam sustentação à sua escala foram totalmente ignoradas quando entraram nos EUA:
Recurso prático e aproximativo para identificar crianças com problemas de aprendizagem e/ou ligeiramente retardadas, com fins de indicar estudo especial e não de criar uma hierarquia para enquadrá-las;
A escala não mede inteligência, a qual não é definida como inata e tampouco se constitui como uma teoria do intelecto
Os resultados obtidos na escala servem para enfatizar possibilidades de aprimoramento das capacidades a partir de uma escola especial adequada.
*
*
*
*
*
*
Nível Intelectual Geral - Quociente de Inteligência
IC - IM = NIG
 (Nível Intelectual Geral da criança)
William Stern em 1912 modifica a escala e propõe quociente intelectual geral 
	QI = IM/IC x 100
Henry Goddard nos EUA: criador do termo “débil mental” (feeble-minded), criou taxonomia hierarquizada a partir da escala de Binet: 
débeis mentais = indivíduos com IM de 8-12 anos
 imbecis = IM de 3-7 anos
idiotas = IM < 3 anos.
*
*
*
Deslocamento de função da Escala de Binet
Finalidade em Binet: indicar nível médio de desenvolvimento mental da criança
Nova finalidade: concepção biológica de inteligência: QI como função de aptidão hereditária.
Retorno do pensamento de Galton: eugenia
*
*
*
Exemplos de testagem de Binet
Uma criança de 3 anos deveria estar apta a:
Mostrar nariz, olhos e boca;
Repetir dois algarismos;
Enumerar objetos de uma figura;
Dar nome e sobrenome;
Repetir uma frase de 6 sílabas.
Uma criança de 6 anos deveria estar apta a:
Comparar 2 objetos de memória;
Contar de 20 a 0;
Indicar omissões de partes de figuras;
Dizer o dia da semana e do mês;
Repetir 5 algarismos.
*
*
*
Cattell (EUA) x Binet (França)
Para Binet: a melhor maneira de fazer testagem dos processos mentais superiores era medindo-os direta e globalmente
Para Cattell: melhor fazê-lo através das faculdades sensoriais simples (como o tempo de realção e concentração)
*
*
*
Clark Wissler em Columbia
1901: Clark Wissler, em “As correlações dos testes físicos e mentais”, utilizou valores obtidos por Cattell. O artigo concluiu que as correlações existentes entre os vários testes de execução sensorial e mental aplicados nos estudantes da universidade eram desprezíveis. 
Esse artigo decretou a vitória de Binet sobre Cattell.
*
*
*
Testes de Aptidão
Binet concebia inteligência como aptidão unitária e a media objetivamente para obter um escore.
Thurstone, nos EUA: estabelece inter-relações entre os testes de aptidões. 
Técnicas estatísticas de Análise Fatorial (Pearson em 1901 e Thurstone, posteriormente)
Atuação de psicólogos na seleção e classificação de pessoal militar: I Guerra Mundial
Diagnosticar capacidade da pessoa no desempenho de dada tarefa.
Ex: teste de aptidão mecânica: mensura rapidez nos movimentos, destreza manual, coordenação motora fina...
*
*
*
*
*
*
Próxima aula:
Texto: “Influências Médicas” de Hearnshaw (traduzido) material está no xerox ou no “polígrafo” de História da Psicologia Questões norteadoras:
1. Descreva o contexto histórico/cultural europeu no século XIX.
2. Descreva os denvolvimentos na área da Psicologia no século XIX.
3. Nesse período, localize a medicina e a filosofia com relação ao estudo da mente.
4. Descreva como se explicavam as doenças mentais.
5. Localize os principais conceitos de psiquiatria da época.
6. Busque traçar relações entre a teoria psicanalítica e o contexto histórico em que surge.
ESTUDO DIRIGIDO temas básicos 1 1º-2016.doc
ESTUDO DIRIGIDO
CURSO DE PSICOLOGIA- UNIVERSO- 1º SEMESTRE 2016
Disciplina: TEMAS BÁSICOS
Professora: Luciana Gáudio M. Frontzek
Nome do aluno (a):
Com base nas aulas e nos textos: 
1- Cite as principais proibições ao psicólogo descrito no código de ética:
2- Se tivermos dúvidas quanto à prática de algum exercício dentro da psicologia o que devemos fazer? Quais órgãos podemos consultar?
3- Em que situações o sigilo pode ser quebrado (consulte o código)
4- Práticas como astrologia, búzios, tarô entre outros são compatíveis com a psicologia? 
5-Explique o que devemos fazer se alguma pessoa atendida diz que quer matar alguém.
6- Porque não devemos impor nossas ideologias a pessoa atendida?
7_ Cite as diferenças e semelhanças entre psiquiatria e psicologia:
8- porque não devemos atender parentes ou pessoas próximas?
9- o código de ética foi fundamentado em qual declaração?
10- O que o código fala sobre divulgação de serviços psicológicos?
11- como o código se posiciona em relação a preconceito e violência?
12- Porque podemos ser punidos se falarmos algo em publico que não esta de acordo com o código?
13- Quais sãos dos documentos que o psicólogo pode emitir?
14- Com quantas consultas o psicólogo pode emitir cada um dos documentos citados na questão anterior:
15- Qual a diferença entre psicologia e autoajuda?
16- Diferencie senso comum de saber cientifico:
16- Qual saber é mais confiável, o científico ou o do senso comum? Justifique sua resposta:
o que pode fazer o psicologo organizacional.doc
Psicologia: ciência e profissão
versão impressa ISSN 1414-9893
Psicol. cienc. prof. v.10 n.1 Brasília  1990
 O que pode fazer o psicólogo organizacional*
  Antônio Virgilio Bittencourt BastosI; Ana Helena Caldeira Galvão-MartinsII
IProf. Adjunto de Departamento de Psicologia/UFBA 
IIPsicóloga Coordenadora de RH da Prefeitura de Camacari/BA
 A profissão do Psicólogo tem sido objeto freqüente de reflexão, discussão e estudos por parte dos profissionais que a exercem. Estes estudos buscam não só compreender os determinantes histórico-sociais que moldaram o perfil de atuação do psicólogo brasileiro, hoje, como também questionar a sua prática, na perspectiva de construção de um modelo de atuação mais condizente com o potencial de conhecimentos gerados pela Psicologia e com a realidade sócio-política em que ela se insere.
Certamente, como assinalam Pena e Schneider (16), o exercício da Psicologia (aqui entendido como aplicação de conhecimentos psicológicos a problemas humanos) antecede a própria teorização em Psicologia e à sua regulamentação enquanto profissão — esta, na realidade, representa o auge de um processo em que a sociedade reconhece e delimita a especificidade de um grupo ocupacional já atuante e socialmente inserido. Três vertentes distintas marcam as origens da Psicologia enquanto ciência e profissão no Brasil. Uma primeira ligada à produção científica nas Faculdades de Medicina do Rio e Bahia que não tardaram a gerar trabalhos de assistência psicológica a psicopatas, em hospícios. Esses "médicos-psicólogos" (17) não só introduziram entre nós idéias de estudiosos europeus (Freud, Koller), como enveredaram pela aplicação de provas de nível mental, aptidões e outros
testes. Uma segunda vertente é a pedagógica, sendo a Escola Normal de São Paulo e, particularmente, o prof. Lourenço Filho exemplos do que havia, entre nós, de mais avançado na compreensão dos fenômenos psicológicos relacionados com a questão educacional. Também aqui observa-se uma nítida predominância da atividade de criar e aplicar instrumentos de mensuração psicológica. A terceira vertente tem origem com os trabalhos do engenheiro Roberto Mange, de seleção e orientação de ferroviários. Os estudos de psicotécnica - psicologia aplicada ao trabalho, teve amplo desenvolvimento não só no IDORT, mas sobretudo no ISOP, criado por Myra e Lopez no Rio de Janeiro. Todos esses trabalhos foram criando uma massa crítica de profissionais e conhecimentos psicológicos, processo sem dúvida acelerado com a introdução da matéria psicologia em cursos universitários (início dos anos 30) e o surgimento dos primeiros cursos de especialização. "Na década de 40 a Psicologia é amplamente reconhecida, tanto como disciplina científica quanto instrumento para solução de problemas humanos" (12:52).
O surgimento de uma profissão, assim, é produto de uma maturidade dos conhecimentos a serem equacionados, o que ocorre ao longo do processo social que, também, cria as condições que permitem a sua solução (13). Em conseqüência, é nítido o fato de que a legislação regulamenta práticas profissionais existentes e consolidadas, geralmente sem uma visão em perspectiva da evolução futura dos conhecimentos na área; assim aconteceu em relação à regulamentação da profissão de psicólogo, cuja legislação define para o novo profissional duas grandes funções: a de ensinar psicologia e o exercício da profissão de psicólogo, cujas atividades privativas seriam a realização de diagnóstico psicológico, orientação e mensuração psicológica para processos de seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento (Lei 4119, art. 13 lº). Tais atividades, evidentemente, guardam estreita relação com o que efetivamente se fazia em termos de aplicação de Psicologia no Brasil. Consolidaram-se, portanto, três grandes áreas de atuação do psicólogo, além do ensino: a clínica, escolar e a industrial.
O desenvolvimento dessas três áreas após 1962 não é absolutamente uniforme. Como assinala Gil (12), as áreas de uma aplicação de Psicologia ao trabalho e à educação, embora com uma tradição maior, não foram devidamente contempladas no currículo dos cursos de formação de psicólogos (agora exigência para o exercício profissional) que enfatizavam nitidamente a formação clínica, dentro de um modelo de profissional liberal. Talvez neste ponto se encontre o início do processo em que a dimensão clínica da formação do psicólogo gera uma imagem social da profissão que é responsável pela crescente demanda por este mesmo tipo de atuação. Carvalho (6) expõe, de forma clara, como o processo de formação reproduz o modelo de profissional socialmente dominante. Vários levantamentos, em diversos pontos do país, mostram a elevada concentração de profissionais na área clínica assim como a forte tendência a considerá-la a área mais interessante e desejável, mesmo entre aqueles que atuam em outras áreas. O que acontece, especificamente, na área inicialmente intitulada Psicologia Industrial e que hoje tem uma conceituação mais ampliada de Psicologia do Trabalho ou Organizacional?
Embora seja a área que, depois da clínica, absorve maior contingente de psicólogos - (23,6% no mais recente levantamento realizado pelo Conselho Federal de Psicologia, Bastos, 2), observa-se que o seu crescimento é lento apesar do processo de industrialização e urbanização que viveu o país a partir da décda de 60, como coloca Codo (9). Mais do que um crescimento lento, a atuação do psicólogo nas organizações é alvo de constantes críticas, na sua maioria voltadas para o seu papel, tido como intermediando relações sociais de exploração e discriminação. A área organizacional é vista como a que é procurada por aqueles que optam por uma melhor remuneração ou que "precisam sobreviver" ou "precisam trabalhar", mas que não produz grandes realizações pessoais. Está implícito, nessas percepções, a imagem que o próprio psicólogo tem de sua identidade enquanto profissional, produto de um processo de formação reconhecidamente distorcido.
Uma das distorções apontadas por Carvalho (7) é o que denominou conceito limitado de atuação psicológica: o que as instituições formadoras oferecem, a imagem social que a profissão gera, as expectativas que os alunos trazem ao entrarem nas universidades e o que o profissional leva ao se inserir no mercado de trabalho, realidade, não cobrem todo o potencial de atuação do psicólogo e de aplicação dos conhecimentos já gerados pela Psicologia. Quanto aos psicólogos organizacionais, Zanelli (19:31) os caracteriza como "reprodutores de objetivos técnicos, sem poder de intervenção nos processos decisórios organizacionais", apoiando-se em um estudo de Malvezzi que conclui pela inexistência, entre estes profissionais, de uma visão dos processos organizacionais. Em conseqüência, apesar da importância e complexidade do subsistema psicossocial na organização, os psicólogos geralmente têm se limitado a intervenções superficiais e "não se preocupam em profundidade, com o processo organizacional, como algo multideterminado" (19:31).
Tal quadro conduz Batitucci (3) a, de maneira enfática, afirmar a necessidade de uma formação mais abrangente e integrada dos processos organizacionais, única maneira de romper a atuação fragmentada e geralmente limitada à aplicação de testes para seleção, o que restringe o mercado de trabalho pela imagem negativa que produz nas próprias organizações "... a empresa não estava buscando um aplicador de testes, mas um profissional de recursos humanos, alguém que, pelo menos, tivesse familiaridade com desenvolvimento de pessoal, avaliação de desempenho, acompanhamento de pessoal, turn over, absenteísmo, acidentes, moral, motivação, sistemas gerenciais, etc" (3:141).
Embora haja, ainda hoje, uma concentração elevada dos psicólogos que atuam na área organizacional em atividades de recrutamento e seleção, como afirma Neri(15), ao longo do tempo, os psicólogos abriram espaços, muito mais em função da sua competência pessoal do que a partir dos critérios legais e profissionais, já que, a "rigor a única atividade privativa do psicólogo do trabalho é a aplicação e avaliação de testes psicológicos" (15:155/56). A ampliação do leque de atuação dos psicólogo nas organizações é também produto de mudanças ocorridas no âmbito das organizações cuja crescente complexidade gerou mudanças no trato com os aspectos dos recursos humanos. Como afirma Mendonça (14),exercer apenas admissões, pagamentos, demissões e registros de caráter legal foi uma fase pioneira, tais atividades expandiram-se para funções mais amplas, inclusive, desenvolvimento e pesquisa. Schein (18) descreve como, de um contato inicial apenas com o processo de seleção, o psicólogo foi se envolvendo com outros problemas organizacionais que culminaram no trato da pesquisa na organização como um todo. Atualmente o que está colocado como tarefa para o psicólogo organizacional é que trate dos problemas com que se ocupou tradicionalmente interrelacionando-os e vinculando-os ao sistema social da organização; que trate, ainda, de novas questões oriundas do conhecimento das características sistêmicas das organizações. Houve, assim, um deslocamento da preocupação centrada nos indivíduos para o sistema e seu desenvolvimento. O impacto das concepções sociológicas e antropológicas, o desenvolvimento da psicologia social, o avanço das ciências físicas e biológicas com as noções de multicausalidade, forças auto-reguladoras e circuito de feedback, além de mudanças tecnológicas e nas interações dos fatores humanos e tecnológicos nas organizações, são fatores levantados pelo mesmo autor para explicar as alterações observadas nesta área da Psicologia.
Nessa mesma perspectiva, Camacho (5) inclui no
novo papel do profissional de RH, a necessidade de uma visão ampla dos processos organizacionais que o possibilite sugerir políticas e estratégias de intervenção.
Esta preocupação está presente também em Borges-Andrade (4), ao enfatizar a necessidade de uma competência política, aliada à competência técnica, como requisitos indispensáveis dos profissionais que atuam na área do treinamento, o que, certamente, pode ser estendido às diversas áreas de RH.
A definição do psicólogo como profissional de recursos humanos na organização, coloca, em decorrência, o problema do trabalho interdisciplinar e a necessidade de integração com os demais profissionais. Galli (10) afirma que, embora existam equipes formalmente compostas, os profissionais de RH, majoritariamente, trabalham de forma individual não interdepedente e não integrada. "Os problemas que hoje enfrentamos, dizem respeito ao fato de que nossas preocupações se situam em definir papéis, em reforçar a nossa identidade particular" (10:35).
A nova realidade do exercício profissional na área, - o trabalho multiprofissional, ampliação do espaço efetivamente ocupado, a aproximação das instâncias decisórias nas organizações, o surgimento de novos instrumentos e tecnologias, — está a exigir uma definição mais abrangente do profissional que enseje, no âmbito das instituições formadoras, uma discussão dessa nova realidade.
Tais considerações implicam, necessariamente, esforços no sentido de definição ou caracterização do que efetivamente faz o psicólogo nas organizações, com o objetivo de mapear esse processo de transição, e de se extrair subsídios para revisão do processo de formação desse profissional. A análise do trabalho do profissional tem, como afirma Galvão (11), o potencial de fo.rnecer os elementos necessários à identificação dos objetivos curriculares, desde que elaborada com um nível de detalhamento suficiente para fixação dos objetivos gerais, dos objetivos específicos das disciplinas e dos seus pré-requisitos indispensáveis. Construir uma análise da ocupação do psicólogo organizacional, dentro da perspectiva de um instrumento para subsidiar avaliação e reformulação curriculares, foi o objetivo central do nosso trabalho. Tal perspectiva conduz, necessariamente, a que a descrição do profissional extrapole o que ele já faz efetivamente, buscando aproximar-se de um modelo ou padrão desejável de atuação do profissional, não se restringindo a uma simples descrição ou fotografia do que existe.
 
Como foi elaborada a descrição
Para elaboração da análise ocupacional, trabalhou-se com uma amostra intencionalmente escolhida de sete Psicólogos que atuam nas diferentes subáreas de recursos humanos e que atendiam aos seguintes critérios: dedicação à área desde a sua gradução ou experiência acumulada de pelo menos três anos na área ou curso de especialização na área de Recursos Humanos. As organizações em que trabalhavam os sujeitos foram diversificadas quanto à sua natureza jurídica, tendo-se trabalhado com uma instituição privada do setor financeiro, uma empresa multinacional na área metalúrgica, e uma empresa estatal, todas de grande porte, além de um órgão de recursos humanos da administração pública centralizada.
Para a coleta e análise de dados foi utilizado o procedimento descrito por Galvão (11). Num primeiro momento, cada sujeito descrevia as suas atividades sem interferência do entrevistador. Num segundo momento, os dados levantados previamente com os diversos sujeitos, eram organizados em quadros provisórios de descrição das atividades (QPA) e o entrevistador discutia com cada sujeito a descrição que estava sendo apresentada naquele momento. As alterações sugeridas geravam novos QPA's. Assim os produtos individuais eram transformados em sucessivas sistematizações coletivas. O número de entrevistas para cada sujeito variou nos dois momentos da investigação em função da condição do entrevistado contribuir para detalhar as atividades e aprimorar a organização dos dados que lhe eram apresentados.
Na análise dos dados coletados e elaboração dos sucessivos QPAs, categorizaram-se os comportamentos em três níveis de complexibilidade crescentes denominados OPERAÇÕES, TAREFAS e FUNÇÕES. As funções foram definidas como conjuntos de tarefas, e essas como conjunto de operações, relativas a um determinado cargo na organização (no caso, o de psicólogo). Há, portanto, uma relação de inclusão das operações em relação às tarefas e destas em relação às funções. Para se criar estes subconjuntos e conjuntos de atividades observaram-se os critérios lógicos da teoria dos conjuntos descritos por Galvão (11), a saber: relação de pertinência de cada elemento aos subconjuntos, onde se analisa a natureza da atividade; a relação de inclusão estrita, onde se analisa a complexidade da atividade de cada subcconjunto ao conjunto; a relação de equivalência, onde se analisa a natureza, complexidade e composição entre subconjuntos que compõem o conjunto e, finalmente, a relação de seqüência ou estabelecimento de uma ordem cronológica entre as atividades do mesmo nível de complexidade.
A formação de cada QPA, agrupando as atividades nos diferentes níveis de complexidade, era discutida com cada sujeito, permitindo arranjos progressivamente mais próximos dos critérios lógicos mencionados. Esses critérios aplicados sistematicamente nos sucessivos QPA's conduziram à identificação dos conjuntos de atividades que compõem a presente análise ocupacional.
 
O psicólogo organizacional. Um modelo de atuação.
As atividades levantadas, embora agrupadas em três níveis de complexidade, serão, aqui, apresentadas apenas a nível de FUNÇÕES e TAREFAS; em alguns casos, para tornar mais clara a natureza da tarefa, mencionaremos as OPERAÇÕES que a integram. Iniciaremos, contudo, oferecendo uma visão global do possível papel dos psicólogos nas organizações, fixando as linhas mestras de uma atuação técnica e politicamente conseqüentes.
É importante assinalar, ainda, que as organizações variam quanto à dimensão e estrutura da área de recursos humanos. A diversidade existente, geralmente, implica diferenciação nas atribuições dos profissionais de RH. Aqui optamos por descrevê-las na sua dimensão mais abrangente. 
 
Objetivo gerais da atuação do psicólogo organizacional
Elaborada a descrição das atividades nos níveis mencionados, estabelecemos alguns objetivos gerais para atuação do psicólogo organizacional, agrupando funções afins, na tentativa de oferecer uma visão mais abrangente desse profissional. A seguir, podemos ver os quatro objetivos gerais da atuação do psicólogo numa organização.
 
 
Observe-se que tais objetivos cobrem as ações principais da área de recursos humanos, explicitando que os profissionais que nela atuam (embora possam e devam ter subáreas de maior especialização) não podem prescindir de uma visão global da área e dos seus fins na organização. Essa visão é que confere à sua atuação um caráter não ritualesco e fragmentado. Tal perspectiva atende, assim, às preocupações de Mendonça (14) quando discute um possível papel do profissional de RH. Incorpora, também, as modificações que já vêm se processando ao longo do tempo, em que o psicólogo não limita sua atuação aos processos de seleção de pessoal, mas tem se responsabilizado, crescentemente, por tarefas e/ou desafios que a situação de trabalho coloca aos recursos humanos nas organizações. Fica explícito, também, nos objetivos citados a natureza interdisciplinar de área de RH, como afirmado por diversos autores (5;10;14;18). Tal área não pode ser vista como domínio exclusivo de qualquer uma das inúmeras profissões que nela atuam, sendo indispensável, pela multidimensionalidade dos problemas que abarca, a visão convergente de diferentes formações e enfoques na análise de uma mesma questão. O fato de o psicólogo integrar uma equipe multiprofissional deve balizar a análise das atividades que compõem o conjunto de funções e tarefas a ser apresentado a suguir, de modo a
que se tenha sempre em mente que muitas decisões por ele tomadas o são, ou o devem ser, num contexto de discussão com outros profissionais da equipe (administradores, economistas, pedagogos, assistentes sociais, médicos, advogados, sociólogos, etc). Um terceiro ponto a ser enfatizado a partir dos objetivos expostos, é que, além de uma apreensão global dos problemas humanos na organização, o psicólogo não pode ser um mero aplicador de técnicas e procedimentos aprendidos alhures; a sua dimensão como pesquisador é parte integrante e importante no perfil apresentado, como bem reclamam Borges - Andrade (4), Zanelli(19), entre outros. Tal dimensão, explícita no primeiro objetivo, permeia os demais. 
 
Funções e tarefas do psicólogo organizacional
Relacionadas à consecução do objetivo A, foram definidas as funções e respectivas tarefas que se observam no Quadro 1
 
 
Este objetivo, que aproxima o psicólogo das instâncias decisórias da organização, rompe o papel que Zanelli(19) denominou de "reprodutores de objetivos técnicos" (p. 31) e explora a dimensão científica que toda formação do psicólogo deve ter. O fato de lidar com o comportamento humano — tanto na sua dimensão individual quanto social — deve credenciar o psicólogo ao manejo de métodos e técnicas de investigação dos problemas psicossociais inevitáveis em quaisquer contextos de trabalho. A função-1 refere-se à dimensão do profissional enquanto pesquisador, na sua tarefa de produzir conhecimento ou tecnologia. Autores como Aquino (1), Mendonça (14) enfatizam a necessidade de que o profissional de RH reveja seu modelo de atuação, considerado inadequado ao cenário das relações de trabalho no Brasil hoje. Tal revisão requer a construção de um corpo sistemático de conhecimento sobre o comportamento do trabalhador brasileiro nas organizações; em conseqüência, a análise das práticas e instrumentos mais comuns na área. Necessidades como essas impõem que o psicólogo detenha uma formação científica sólida que o capacite a romper a forma acrítica com que reproduz teorias e práticas geradas em outros contextos sociais.
A função-2 descreve exatamente o trabalho voltado para a compreensão dos problemas humanos e sociais no âmbito das organizações (a exemplo de conflitos intergrupais, liderança, competição, motivação, satisfação, abasenteísmo, etc), tanto ao nível de grupos quanto sistêmico. À medida que o adequado atendimento das necessidades psicossociais do trabalhador se torne um imperativo para as organizações, essa função do psicólogo provavelmente ganhará mais relevo e importância. Deve-se frisar que, como se observa ao nível das tarefas que integram esta função, tais estudos têm natureza eminentemente aplicada e buscam fornecer elementos confiáveis à tomada de decisão que afetam a vida do trabalhador; não se trata, aqui, do desenvolvimento de pesquisa pura, o que integraria o papel do psicólogo enquanto pesquisador.
A função-3 particulariza um tipo de estudo/pesquisa mais freqüentemente realizado pelo psicólogo e voltado para a descrição das atividades envolvidas na execução do trabalho. Tal função foi inserida no objetivo A, considerando-se a natureza básica deste tipo de trabalho para todas as demais subáreas de atuação do psicólogo organizacional. Assim, a análise ocupacional, análise de função ou tantos outros nomes que recebe tal atividade é vista como um instrumento básico para outras atividades como treinamento, avaliação de desempenho, elaboração de planos de cargos e salários, reforma administrativa, planejamento ambiental, saúde ocupacional, etc. Existem, certamente, muitas maneiras, metodologias e padrões de apresentação do produto desta função, como salientou Galvão (11); daí que, ao nível de tarefas, fica explícito que o objetivo para o qual se realiza a análise do trabalho condiciona a metodologia empregada e as características do produto apresentado. Optou-se, no entanto, por definir a presente função apenas pela atividade de descrever o próprio exercício do trabalho; tal descrição, quando acrescida de outros elementos, torna-se instrumentos específicos de outras funções do psicólogo (ex: análise ocupacional, análise comportamental de tarefas, análise profissional gráfica, análise de função, etc).
O objetivo B compreende o núcleo central de ações da maioria dos órgãos de RH, que é desenvolvimento e aprimoramento de pessoal, a ele vinculando-se as funções e tarefas constantes do Quadro 2.
 
 
Em larga medida, o conceito de DRH confunde-se com este núcleo de qualificação, o que, sem dúvida, deve ser considerado um conceito limitado; em muitos casos, desenvolvimento de recursos humanos é restringido às ações de treinamento — (função 4) — que, engloba as tarefas de levantar necessidades (uma das fontes é a própria avaliação de desempenho, colocada como função 5), planejar, aplicar e avaliar programas de qualificação de pessoal. Nessa função, em que o psicólogo atua em interface estreita principalmente com o pedagogo, fica explícito o seu papel como o do profissional que, dominando os processos básicos de aprendizagem e mudança de comportamento, é capaz de planejar condições para que eles ocorram satisfatoriamente, objetivo perseguido em quaisquer ações de treinamento; fica, também, nítida a sua atuação enquanto investigador habilitado a planejar condições para avaliar a eficiência e eficácia de processos de intervenção, nas experiências educativas. As atividades incluídas nesta função não se restringem, entretanto, à dimensão psicopedagógica do treinamento; há um conjunto de ações voltadas para criar as condições que viabilizem a concepção e execução das experiências de qualificação.
A função 5 refere-se ao planejamento e execução de avaliação de desempenho do trabalhador; embora aqui inserida, tal função também subsidia as ações de implantação e atualização de planos de cargos e salários, a ser vista mais adiante. Tal inclusão neste objetivo prende-se ao pressuposto de que qualquer avaliação de desempenho deve pautar-se pela ótica do desenvolvimento e aprimoramento profissional e pessoal do trabalhador, não se reduzindo a simples instrumento de controle burocrático ou de produtividade.
As funções 6 e 7 relacionam-se com a preparação de mão-de-obra para ocupar, oportunamente, o quadro da organização. Tratando-se o estágio como experiência de aprendizagem (como deveriam ser, e não simples exploração de mão-de-obra mais barata), o psicólogo deve ter uma atuação efetiva na seleção e acompanhamento do estagiário, responsabilidade bem ampliada quando se trata do estudante de psicologia (função 7). Nesse caso, mais do que acompanhar, cabem-lhe as tarefas de planejar e avaliar a experiência, além de fornecer modelo de atuação profissional tanto nos aspectos técnicos quanto em termos de postura ética. O adequado exercício desta função reveste-se de grande importância para a formação oferecida pelas instituições conveniadas, na medida em que as organizações possam fornecer-lhes feedback do nível em que vêm qualificando os estudantes para a situação de trabalho.
Relacionadas ao objetivo C — de apoio, valorização e assistência psicossocial ao trabalhador, foram deduzidas as funções e tarefas vistas no Quadro 3 (na próxima página).
 
 
Essas funções exploram, em parte, o fato do psicólogo ser um profissional da saúde e um especialista em relações sociais podendo, nestes dois planos, desenvolver ações que contribuam para preservar a saúde (física e mental), o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e inter-grupais propícias à consecução dos fins organizacionais. Na função 8 o psicólogo, junto aos demais profissionais da área de saúde ( médicos, enfermeiros, assistentes sociais), planeja e implementa ações em dois planos distintos: (1) ao nível preventivo, quando faz planejamento ambiental, quando acompanha o desenvolvimento de doenças ocupacionais e analisa as condições ambientais que as geram; quando contribui na segurança e higiene no trabalho; (2) no nível remediativo
ao conceber e efetivamente oferecer serviços na área de saúde mental. A função 9 refere-se à assistência psicossocial, quer intervindo em problemas individuais e de relações intra e intergrupais, quer desenvolvendo programas de higiene mental, quer facilitando o acesso do trabalhador aos benefícios sociais ou programas específicos da organização em que atuam. Finalmente, na função 10, aparece uma nova dimensão do trabalho do psicólogo — a sua participação na equipe que estabelece relação entre a organização e as entidades de classe trabalhistas. O aparecimento desta nova área e sua crescente importância é produto das transformações sociais maiores que trazem para o contexto organizacional a força do trabalhador enquanto categoria; a nova realidade de democratização e de aumento da consciência política do trabalhador exige , dos profissionais que se responsabilizam por essa tarefa, habilidade política para tornar efetivas as negociações, numa tentativa de encontrar pontos de consenso entre forças sociais naturalmente antagônicas no modelo sócio-econômico vigente no pais.
O objetivo D é composto pelas funções e tarefas que integram o Quadro 4 (abaixo à esquerda).
 
 
Neste objetivo está incluída a subárea tradicionalmente ocupada pelo psicólogo e, em grande parte, responsável pela imagem mais difundida do psicólogo organizacional — o recrutamento e seleção de pessoal (função-12). Na função 11 - movimentação de pessoal, o psicólogo atua no sentido de equacionar problemas internos de adaptação ao trabalho e de suprimento de problemas internos de adaptação ao trabalho e de suprimento de carência de pessoal com recursos humanos já existentes na organização. Na função-13, geralmente em trabalho de equipe com administradores e economistas, o psicólogo participa da elaboração de planos de cargos e salários, conjunto de instrumentos básicos que podem nortear uma administração de recursos humanos baseada em normas e princípios transparentes. Finalmente a função 14 é encontrada apenas quando o psicólogo ocupa a coordenação geral da área de recursos humanos, situação em que lhe cabe supervisionar, e não executar, as tarefas relativas a registros, cadastro e pagamento de pessoal; deve-se ressaltar que a execução de tais tarefas fica sob responsabilidade de outros profissionais que atuam na área, especialmente administradores e economistas. Considerações finais
Nossa tentativa de operacionalização de uma concepção mais abrangente do profissional, incorporando mudanças que vêm ocorrendo na área de Recursos Humanos das organizações e conseqüente alteração no papel até então desempenhado pelos profissionais que a integram, resultou na proposta de um modelo de atuação (um tipo ideal) para o psicólogo nas organizações, por incorporar dados empíricos do que fazem efetivamente alguns profissionais e reflexões conjuntas do quê e como poderiam/deveriam fazer.
O objetivo de realizar uma análise ocupacional do psicólogo organizacional, tendo em vista repensar a formação oferecida pelas instituições de ensino, determinou o nível de detalhamento atingido no trabalho original (três níveis de decomposição — FUNÇÃO, TAREFA, OPERAÇÃO) e a metodologia empregada. Neste sentido, a descrição pode servir de instrumento de avaliação dos cursos existentes e elaboração de currículos. Nesse ponto reside a contribuição mais significativa do trabalho; numa realidade em que os cursos são estruturados com base em percepções divergentes e não explicitadas de quem é o psicólogo, a tentativa de concretizar, no papel, as suas atribuições, é um passo indispensável para as discussões e debates que certamente ocorrerão.
Como em todo trabalho, existem limites e problemas que cabem aqui apontar. Tecnicamente é possível aprimorar a descrição feita, perseguindo-se, por exemplo, um nível de complexidade mais homogêneo. A utilização dos critérios desenvolvidos por Galvão (11) pode gerar novos subconjuntos de atividades, tanto ao nível das funções quanto das tarefas. Vale ressaltar que embora não tenhamos apresentado, aqui, o detalhamento a um 3º nível de decomposição das atividades (operações), estudos desenvolvidos por Galvão (11) indicam a importância das especificações das operações nas análises do trabalho quando se tem como objetivo subsidiar elaboração ou reformulação curricular. São as operações que fornecem os elementos necessários à definição dos objetivos específicos das disciplinas e norteiam, mais precisamente, a elaboração das ementas e programas disciplinares. Ao nível de função e tarefas obtêm-se, apenas, orientações gerais para uma proposta curricular com a fixação do elenco de disciplinas, mas não necessariamente, a concepção formadora de todo o curso na sua especificidade.
Um segundo ponto é que a descrição apresentada é "um modelo" e não "o modelo" de atuação do psicólogo na organização; como um estudo exploratório, limitado a poucos casos, é bem possível que atividades já desempenhadas por outros profissionais não tenham sido descritas; que contextos organizacionais diversos determinem alterações nas atividades levantadas; que existam questionamentos na forma de grupamento das funções em relação aos objetivos apesar da tentativa de apresentá-las de modo abrangente e desvinculado do contexto específico do sujeito entrevistado. Tais problemas certamente aparecerão à medida que a descrição elaborada seja discutida mais amplamente cumprindo este trabalho, assim, a sua função precípua de incentivar e trazer para bases mais operacionais, a discussão sobre quem é chamado o "lobo mau da Psicologia".
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AQUINO, C.P. de Administração de Recursos Humanos — São Paulo, Atlas, 1988.
2. BASTOS, A.V.B. Áreas de atuação — em questão nosso modelo profissional. In. CFP. Quem é o Psicólogo Brasileiro?, São Paulo: Edicon, Educ, 1988. p. 163-192.
3. BATITUCCI, M.D. Psicologia Organizacional: uma saída para uma profissão em crise no Brasil. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, RJ, 30 (1-2): 137-156, jan/jun, 1978.
4. BORGES-ANDRADE, J.E. A Formação e Competência do Profissional de Treinamento. Comunicação apresentada no XVII SEMINÁRIO) BRASILEIRO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL, s/d (mímeo).
5. CAMACHO, J. Psicologia organizacional. São Paulo, EPU, 1984.
6. CARVALHO, A.M.A. A profissão em perspectiva Psicologia 8 (2): 1-17, 1982.
7. - Modalidades alternativas de trabalho para Psicólogos Recém-formados. São Paulo, IPUSP (dat), 1983.
8. - e KAVANO, E.A. Justificativa de opção por área de trabalho em Psicologia: uma análise de imagem de profissão em psicólogos recém-formados. Psicologia 8 (3): 1-18, 1982.
9. CODO, W. O papel do psicólogo na organização industrial (notas sobre o lobo mau em Psicologia). In. SILVIA T.M. LANE e W. CODO (orgs) Psicologia Social — o homem em movimento. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 195-202.
10. GALLI, T.M. Recursos Humanos num contexto multidisciplinar: desafios e dilemas do psicólogo organizacional Psico, Porto Alegre, 1 (2): 34-39, jul/dez, 1980.
11. GALVÃO, A.H.C. O analista de ocupações: uma proposta de descrição de suas atividades ao subsidiar currículo. Mestrado em Educação, UF-BA,BH, 1982.
12. GIL, A.C. O psicólogo e sua ideologia. Tese de Douramento apresentada a FESPSP, São Paulo, 1982.
13. MELLO, S.L. Psicologia e Profissão em São Paulo, São Paulo, Ática, 1975.
14. MENDONÇA, J.R.A. Anotações para um possível papel posssível do profissional de RH — uma volta atrás. In: Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos — teoria e prática. Salvador, UFBA, ISP, 1982.
15. NERI, A.A. Psicologia de Trabalho: reflexão de um professor (s.n.d.) mimeo.
16. PENNA, A.G. e SCHNEIDER, E. Formação e Exercício da Profissão do Psicólogo. Arq. Brasileiro de Psicologia Aplicada, Rio de Janeiro, FGV 25(1), jan/nov/1973.
17. PESSOTI; I. Dados para uma história da Psicologia no Brasil. Psicologia, 1 (1): 1-14, 1975.,
18. SCHEIN, E. Psicologia organizacional. Rio de Janeiro, Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1982.
19.
ZANELLI, J.C. Formação e atuação em Psicologia Organizacional. Psicologia — ciência e profissão. Conselho Federal de Psicologia, ano 6, nº 1, 1986.
 
ORIENTAÇÕES PARA TRABALHO temas básicos.doc
ORIENTAÇÕES PARA TRABALHO EM GRUPO
ATENÇÃO: A data do trabalho é sorteada previamente para que vocês tenham tempo hábil para pesquisá-lo e elaborá-lo para apresentação. É responsabilidade de cada grupo saber o dia da sua própria apresentação. Se houver dúvidas perguntem com antecedência. Em hipótese alguma a pontuação será a mesma se a apresentação não for feita no dia acordado sem justificativa plausível. 
PARTE ESCRITA:
-Sempre colocar em formatação acadêmica, com texto justificado, parágrafo 1,5, Letra Times new Roman, tamanho 12. Colocar nome do grupo, título do trabalho, Nome da professora, período, data e nome da Instituição.
- Respeitar o numero de laudas proposto.
-Jamais COPIEM da internet se a produção tem que ser própria.. Se você não se esforçar para fazer do jeito que sabe, o professor perderá a oportunidade de conhecer sua real percepção ou a sua dificuldade para auxiliá-lo e você não irá aperfeiçoar sua escrita e capacidade de critica. 
- Nunca deixem de citar a fonte do que escreverem.
- Se houver cópia integral da internet, sem ser citada a fonte e se for um texto copiado no lugar de uma produção própria a pontuação será zero mesmo que se tenha escrito algo próprio em algum momento. 
APRESENTAÇÃO:
- Vocês podem (e devem) usar a criatividade.
- Não leiam o que vão apresentar o tempo todo, usem lembretes curtos e leiam o mínimo possível, só se for necessário uma passagem ou se esquecer algum ponto. Procure explicar com suas próprias palavras. 
- Para fazer apresentações em slides sejam também sintéticos e não encham os slides de textos. 
- Prestem atenção no tempo programado para o grupo e realizem a apresentação dentro deste tempo.
- Sempre tenham uma cópia do material com mais de uma pessoal do grupo para evitar danos no pen drive ou esquecimento.
-O horário estabelecido para apresentação de cada grupo deve ser respeitado.
Temas básicos
Trabalho em grupo: cada grupo irá pesquisar sobre uma forma de se exercer a psicologia que não seja tradicional (hospitalar, jurídica, organizacional, escolar). O grupo irá consultar o CRP-MG se aquela forma de psicologia é legalizada e irá entender o que o psicólogo faz naquela modalidade.
O grupo irá fazer uma parte escrita contendo o que é pedido acima e o conteúdo será a exposição do tema encontrado e a relação critica que o grupo faz com a matéria. Mínimo de uma lauda e máximo de 5. 
Texto organizacional.doc
 
Responsabilidade do psicólogo nos campos da psicologia organizaciona1.doc
Responsabilidade do psicólogo nos campos da psicologia organizacional
A psicologia organizacional, o próprio nome já diz, é a psicologia atuando nas organizações e nas múltiplas relações que elas produzem. Ela não possui uma abordagem teórica especifica e, seguindo uma tendência atual da interdisciplinaridade, tem grande diálogo com conceitos da administração. Este é um ponto positivo porque se trata de um campo de atuação para o psicólogo com uma abertura intelectual que possibilita somar, associar e fazer o melhor proveito da grande gama de conhecimento disponível. O psicólogo organizacional foca o ser humano nas suas relações de trabalho mas, ao fazer isso perpassa pela subjetividade e sua constituição enquanto ser humano. Afinal, é incoerente a idéia de que o profissional deve ser totalmente neutro e deixar sua individualidade fora da organização. Todos nós sabemos que é preciso delimitar espaços (profissional, familiar, ect) mas sabemos também que as pessoas não são máquinas insensíveis e muitas vezes estes espaços se misturam causando transtornos para o individuo e para a empresa. Não seria mais coerente então caminhar na construção de uma lógica que abranja as questões do principal elemento de uma empresa: o trabalhador? Vimos com a evolução histórica do trabalho que muita coisa mudou mas ainda é sutil o movimento de privilegiar a pessoa. Na atualidade encontramos iniciativas tímidas como as de propiciar espaços para o relaxamento do funcionário, salas de descanso ou ginástica e outros do gênero. Entretanto a empresa não perde o lucro de vista e como está ficando cada vez mais evidente de que, quanto mais o trabalhador estiver bem, melhor ele produzirá, muitas destas medidas constituem apenas um paliativo. Não há uma consciência consistente o suficiente da importância do bem estar moral e físico do trabalhador. Devemos ter em vista que “o sujeito humano não é o individuo, sempre mais ou menos massificado. Ë aquele que sabe ser frágil, descentrado (do fato da existência do subconsciente), que tem um foro interior, a que respeita, que tenta interessar-se pelas exigências, na maioria dos casos contraditórias do seu id; de seu ego; de seu superego; do seu ideal de ego; é aquele que constrói uma identidade maleável, sempre inacabada, um si mesmo, arranjo provisório do enigma complexo, que é a personalidade, que faz esforços para compreender as determinações de que ele é objeto, e que ‘possui a sua parcela de originalidade e autonomia’(Freud), que lhe permite ser (...) um criador de história. Ser criador de história não é quere rivalizar com Bill Gates, é imprimir sua marca, por insignificante que ela seja, na vida social, familiar, sobre os locais de seu trabalho e do fazer, lembrando-se das dívidas contraídas com a geração futura. Ele realiza o seu trabalho, com outros, porque ele compreendeu que não passa de um elemento de uma história coletiva que o ultrapassa e que ele ajudou a criar não obstante”. (DAVEL, P.21) 
Este é um campo muito fértil para a atuação do psicólogo porque são muitas as questões referentes à saúde mental do individuo no contexto da sua interação com o trabalho. O caminho natural da maioria das pessoas é passar uma boa parte das suas vidas trabalhando e é o trabalho que vai dizer do progresso e da cultura daquela sociedade. As relações de trabalho determina o modo de organização social ao mesmo tempo em que é também determinado por esta. Dessa forma, na medida em que a estrutura social se movimenta as organizações do trabalho também se transformam. Estas mudanças causam vários impactos no trabalhador pois, na maioria das vezes não conteplam o seu bem estar e sua saúde mental e física. Neste contexto o psicólogo teria uma profunda importância como agente facilitador de um processo que visa “humanizar” as relações de trabalho. O verbo teria está no passado porque na verdade o psicólogo ainda não desempenha este papel satisfatoriamente. O psicólogo possui um campo de atuação muito aquém da sua capacidade de contribuir em vista da lógica capitalista atuante que não privilegia o ser humano e sim o lucro.
As relações de trabalho, como já foi mencionado, envolve questões dinâmicas e complexas tais como a cultura, a subjetividade e a ética. Para pensarmos a subjetividade moderna numa organização recorremos ao escritor Frans Kafka em sua obra Metamoforse (Kafka, 1967). “Quando Gregor Samsa acordou esta manhã, após um sonho intranqüilo, viu-se na sua cama transformado num mostruoso inseto”. O personagem da história é um representante dos milhões de “insetos” subordinados a um estado paternalista-assistencialista que privilegia um modelo capitalista repressor que norteia as relações de trabalho. Esta metamorfose diz das transformações que vão acontecendo nos vínculos construídos pelo sujeito com os vizinhos, a famila, o meio, o patrão, enfim. Como bem sintetizou Volnovich ; “Kafka define a subjetividade do homem frente ao estado paternalista, como profundamente degradante e degradada, envolvendo nela não apenas Gregor Samsa, mas todo conjunto social que o rodeia”. (p.62)
Já a ética representa um questionamento constante porque ela deveria permear estas relações sociais em acordo
com os valores adotados para o bem comum e não é o que acontece na prática. “Por séculos a pergunta sobre as possibilidades éticas do capitalismo, no sentido em que hoje podemos entender tal questão, não vieram do seu interior. Isto pode ter mudado. Não que o capitalismo, tornado hegemônico por obra de inesperados desmoronamentos históricos, defronte-se com a obrigação de auto-justificar-se. Mas a proveniência das questões éticas parece ser dupla. Certamente de espaços exteriores ao funcionamento da economia capitalista: da academia, da política, das diversas formas da vida social. Mas igualmente desde o interior do próprio capitalismo: por uma aparentemente estranha razão que não é senão extra-ética: a ética a serviço do lucro”. (ZAJDSZNAJDER, p.42).
O psicólogo organizacional deve ter em vista todas estas questões aqui abordadas e precisa conquistar seu lugar na construção das formas de relação do trabalho no futuro. Há várias direções que o momento atual nos aponta. “Os modos mais recentes, segundo Codo, estão fundados num tripé qualidade, participação e saúde mental, que conseguem dar respostas a processos mais antigos, sustentados pela universalização das relações de troca, pela transformação de trabalho em força de trabalho (divisão Taylor-Fordista do trabalho) e pela institucionalização da luta de classes (dualismo paranóico socialismo-capitalismo). É nesse tripé qulaidade-participaçào e saúde mental que o circuito entre produtor-seu produto, produtor-consumidor, pode ser fechado para chegar à recuperação dos vínculos entre trabalhador e sua própria identidade”. (DAVEL, p.25)
Das tendências atuais como reegenharia, qualidade total, globalização, reestruturação tecnológica, produtiva e gerencial emerge uma preocupação comum e essencial à nós, psicólogos: o elemento humano. O psicólogo organizacional pode contribuir, e muito, para deslocar o “saber-fazer” para o “saber-ser” mudando o foco no recurso humano máquina para atenção no ser humano subjetivo. Para isso a dimensao humana na empresa contemporânea deve ter fundamentos baseados na confiança, na responsabilidade, na ética, na colaboração, cooperação, engajamento, criatividade, iniciativa

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais