Buscar

Hermenêutica Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AÇÃO DIRETA DE INCOSTITUCIONALIDADE 4874
REQUERENTE: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE INDÚSTRIA- CNI
REQUERIDO: CONGRESSO NACIONAL
RELATOR: MIN. VIVYANNE SÁ
Trata- se de uma ação demandada pela Confederação Nacional de Indústria- CNI em que ostenta e assegura a inconstitucionalidade do que interpreta- se da parte final do art. 7° do inciso XV, da lei n° 9.782/99 e a Resolução da Diretoria Colegiada 14/2012 atribuindo a ANVISA competência normativa para que de maneira imaterial e total possa extinguir adição de insumos ao cigarro. Tal proibição, segundo a CNI, viola a Constituição Federal ferindo os princípios de isonomia, da segurança jurídica, bem como o da proporcionalidade e ainda a liberdade do consumidor.
Considerando o art. 8°, em seu parágrafo 1°, incisos X e XI, da lei n° 9.782/ 99:
Art. 8º  Incumbe à Agência, respeitada a legislação em vigor, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública.
§ 1º  Consideram-se bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária pela Agência:
“X - cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco;
XI - quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obtidos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos a fontes de radiação.
É concedida a Agência Nacional de Vigilância Sanitária competência normativa para regular de maneira geral e abstrata a restrição do uso de aditivos nos produtivos fumígenos, considerando que tais substâncias são sujeitas a fiscalização oriunda da ANVISA. Ainda lhe é garantido o poder de polícia e poder executório. Também lhe é demandado poder para se necessário promover o fechamento de locais que ponham em risco a ordem da saúde pública. 
Segundo o parecer do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel:
“Não há dúvida de que é possível a elaboração de normas com caráter geral e abstrato pelas agências reguladoras, inovando no ordenamento jurídico, intervindo nos diversos setores da economia e atuando de maneira criativa, e não, simplesmente, reproduzindo os comandos legais, desde que pautada no conjunto de princípios, diretrizes e standards destinados à sua área de atuação pelo legislador ordinário e pela Constituição da República.”
Em conformidade com o texto Constitucional, o Sistema Único de Saúde (SUS) é também responsável pela execução do direito garantido a sociedade, o direito À saúde. Em seu art. 200, caput e inciso II a Constituição Federal inclui a ação de vigilância sanitária como utensílio para SUS no que refere- se às medidas plausíveis para a manutenção da saúde O art. 6° da lei n° 9.782/99 relata que:
“A Agência terá por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e de fronteiras.”
Assim a ANVISA, parte do órgão do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, deve garantir à saúde da coletividade por meio de suas fiscalizações em substâncias produzidas e comercializadas. Em nada considera- se perda econômica proveniente por tais medidas, pois, os gastos causados pelos danos das chamadas substâncias aditivas são superiores aos possíveis lucros oriundos de sua comercialização. Tão pouco causa perda ao consumidor, afinal, são muitas as doenças e mortes decorrentes do uso de tais substâncias, causando um déficit na economia do país. 
Tratando- se do que o requerente afirmou em sua petição inicial, como sendo o poder normativo da AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA uma violação da liberdade do consumidor, tem- se uma falácia. Observando os males causados pela nicotina, em que, com sua inalação contínua o cérebro acostuma- se, fazendo com que o indivíduo aumente a dose do consumo cada vez que inalado, buscando a satisfação adquirida inicialmente, tornando- se dependente químico, constata- se que a ANVISA não viola o direito mencionado quando restringe o seu uso. Afinal, no contexto ser livre implicará na escolha em usar ou não usar, bem como decidir quando usar e quando parar de usar tal substância. Sensatez essa que não será possível diante de um vício. Um dependente químico não tem livre escolha, afinal sua decisão estará atrelada a algo que ele necessita. 
O ordenamento constitucional brasileiro asseste como fundamento da República no art. 1° inciso IV da Constituição Federal e como princípio da ordem econômica no art. 170 caput da Carta Magna, a livre iniciativa. Compreendendo ser um espaço de pleno exercício econômico que independe da aceitação do Estado. Essa atuação de iniciativa será desempenhada na produção de bens passíveis de consumo, bem como os serviços. Tendo conhecimento da sensibilidade e acessibilidade no tratar de atividades lícitas. Contudo, tal princípio não sofre violação. Pois não há proibição na comercialização dos produtos fumígenos, mas, respalda- se que toda atividade de ordem econômica que vai de encontro aos direitos à saúde, ao meio ambiente, aos direitos do consumidor e outros, sofrerá restrições e fiscalizações limitando- as. Assim, a coletividade terá seu bem estar garantida contra aqueles que visam apenas lucrar independente dos danos causados a sociedade.
Postos em substâncias dos elementos derivados do tabaco, os aditivos diminuem o sabor desagradável da nicotina, escondem o mau cheiro e ainda inibem parte da fumaça advinda do cigarro, diminuindo a irritação que aquela provoca para o não fumante. Conquistando assim um maior número de novos fumantes, em especial crianças e adolescentes.
Dados da ANVISA registraram que 90% dos adeptos ao fumo começaram tal prática entre 9 e 15 anos de idade, sendo que 58% destes alegaram preferência em consumir cigarros com sabores. Com substâncias aditivas no cigarro, haverá ainda mais atrativos para crianças e adolescentes aderirem às práticas de fumantes, comprometendo assim, por meio de substâncias químicas o desenvolvimento saudável daqueles, pois em fase de desenvolvimento o jovem passa a ter mais probabilidade de viciar- se, bem como aderir ao consumo de outras drogas, tornando- se dependente e comprometendo a sua saúde futura.
Segundo a doutrina os diretos fundamentais de crianças e adolescentes deverão ser garantidos pelo Estado, fundamentando- se no art. 227 da Constituição Federal e nos artigos 3° e 4° do Estatuto da Criança e Adolescente (Lei Federal n° 8069/90). Aonde grifa- se que o Poder Público deve também garantir a saúde e assegurando- lhe os direitos fundamentais promover um bom desenvolvimento mental, entre outros.
O Portal da Saúde do Governo Federal destaca pesquisas feitas por institutos aonde apontam 50 tipos de diferentes doenças ocasionados por derivados do tabaco. Em relato o Instituto Nacional do Câncer publicou que:
“Segundo a Organização Mundial de Saúde o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis. Dessas, o tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral). Além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras doenças, tais como - tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras doenças. O consumo de tabaco e seus derivados mata milhões de indivíduos a cada ano. Estima-se em 8 bilhões as mortes atribuídas ao tabaco para o ano de 2030, se nenhuma ação efetiva de controle do tabaco for implementada.”Os riscos de adesão de tais enfermidades tornam- se bem maiores considerando que os aditivos fazem com que os cigarros fiquem ainda mais viciantes devido aumentarem o poder da nicotina.
O consumo do cigarro, bem como de aditivos às substâncias fumígenas derivadas do tabaco desencadeiam diversas doenças graves, por fim, a morte. Restringir tais aditivos é comprometer- se com melhoria da saúde pública, reduzindo o precoce consumo por parte dos jovens. Reiterando que a doutrina considera violado o princípio da proporcionalidade não apenas quando o Estado atua de maneira excessiva, porém, há tal violação quando há deficiência no exercício estatal. Permitir o uso de aditivos fere o princípio da proporcionalidade, na medida em que a indústria do cigarro objetiva- se viciar o jovem, ascendendo assim os lucros industriais. Tornando ineficaz a luta pelas doenças provenientes do tabagismo. Pois de um lado combate- se as doenças e do outro permite o uso de substâncias que provocam tais males. 
Defender o direito à saúde é imprescindível para garantir o direito fundamental à vida. A Resolução da Diretoria Colegiada 14/2012 perfeitamente contribui com o que expõe a Teoria do Interesse Público, considerando os princípios da razoabilidade e mutuamente atendendo o interesse comum. Juntamente com outros princípios, inclusive o da legalidade, preza- se por aquele que se sobressairá no caso concreto. A RDC 14/2012 prevalece pela proporcionalidade considerando que adéqua- se por objetivar dirimir a adesão dos aditivos entre crianças e jovens, maiores alvos do vício à nicotina, à atração proveniente do cigarro. Faz- se necessária considerando não haver outra solução eficaz para estabelecer maiores possibilidades de jovens e crianças resistirem à prática fumante. Indubitavelmente, ganha vantagem a RDC, pela proporcionalidade em exatidão, pois, o dispêndio que ela produz em proibir o uso de aditivos no cigarro não há de comparar- se com o provento na saúde que ela proporciona especialmente aos que tornam- se dependentes ainda na adolescência.
Tendo em vista os fatos apresentados, julgo improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.874.
REFERÊNCIAS:
BRASILIA .Constituição da República Federativa do Brasil DOU n°191-A, de 05 de outubro de 1988.Vade Mecum. Vade Mecum, 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
MARMELSTEIN, Curso de Direito Fundamental. 2ed. São Paulo: Atlas, 2009
VADE, Mecum. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2015
Disponível em: <http://melloadvocacia.adv.br/site/?p=579>, acesso em 04 de Junho de 2015.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Laboratorios/Assuntos+de+Interesse/Legislacao/Resolucao+da+Diretoria+Colegiada+-+RDC >, acesso em 04 de Junho de 2015.
Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/links-de-interesse/317-tabagismo/9257-quais-sao-as-doencas-causadas-pelo-uso-do-cigarro>, acesso em 04 de Junho de 2015.
Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,teorias-da-regulacao-intersecao-entre-as-teorias-do-interesse-publico-e-a-teoria-institucionalista,46467.html,> acesso em 04 de junho 2015.
Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo/tabagismo>, acesso em 04 de junho de 2015.
Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/>, acesso em 04 de junho 2015
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp>, acesso em 04 de junho 2015.

Outros materiais