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Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 1 Esquistossomose Doença Parasitária de evolução crônica. Sinonímia: Xistose, barrida d’água e doença dos caramujos, doença de Manson Pirajá da Silva. Agente Etiológico: Schistosoma mansoni (Classe Trematoda – Família Schistossomatidae – Gênero Schistosoma) Hospedeiros o Definitivo: Homem (reproduz-se sexuadamente e elimina ovos do S.mansoni pelas fezes). o Intermediário caramujos gastrópodes aquáticos ( Família Planorbidae – Gênero Biomphalaria, reprodução assexuada do helminto). Caramujos pulmonados e hermafroditas: habitam coleções de águas doce, com pouca correnteza ou parada. Modo de Transmissão: ovos de S.mansoni, eliminados pelas fezes do hospedeiro definitivo. Na água eclodem liberando a larva ciliada Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 2 (miracídeo), que irá infectar o caramujo. Em 4 a 7 semanas a larva abandona o caramujo (cercaria), ficando livre nas águas. Contaminação: Contato humano com águas infectadas pelas cercarias. Após infecção, cercarias se desenvolvem para a forma parasitária primária (esquistossômulo), que migra até atingir coração e pulmão, alcançando o fígado onde evoluem para formas adultas. Nos vasos portais mesentéricos vai haver cópula seguida de ovoposição. Período de Incubação: 1 a 2 meses após a infecção. Período de transmissibilidade: o Homem elimina ovos viáveis a partir de 5 semanas após a infecção e por um período de 6 a 10 anos, podendo ser até mais de 20 anos. o Hospedeiro intermediário elimina cercarias após 4 a 7 semanas da infecção pelos miracídeos, eliminando cercarias por toda a vida, por um período que dura aproximadamente 1 ano. Suscetibilidade e imunidade: qualquer pessoa é suscetível. Obs: pessoas continuamente expostas não desenvolvem infecção com grandes cargas parasitárias. Manifestações Clínicas: o Fase Inicial: penetração das cercarias através da pele, predominam manifestações alérgicas nos indivíduos hipersensíveis. o Formas agudas Assintomática: pode ser confundida com outras doenças da infância. Sintomática: manifestações pruriginosas na pele (dermatite cercariana). Febre de Katayama (pode ocorrer após 3 a 7 semanas de exposição). Linfodenopatia, febre, cefaleia, anorexia, dor abdominal, diarreia, náusea, vômito e tosse seca. Exame físico: hepatoesplenomegalia. o Fase Tardia Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 3 Formas crônicas: inicia-se 6 meses após a infecção e pode durar vários anos. Podem surgir sinais de progressão da doença para diversos órgãos (hipertensão portal e pulmonar, ascite, ruptura de varizes no esôfago). Obs: manifestações clínicas variam com localização, resposta do indivíduo e tratamento instituído. Formas Hepatointestinal Presença de diarreia e epigastralgia. Exame físico: fígado palpável, com nodulações nas fases mais avançadas ou fibrose se Symmers. Hepática Assintomática. Exame físico: fígado palpável e endurecido. Ultrassonografia: fibrose hepática. Hepatoesplênica Compensada Presença de hipertensão portal. Esplenomegalia e varizes no esôfago. Sinais e sintomas inespecíficos: dores abdominais atípicas, alterações das funções intestinais, sensação de peso e desconforto no hipocôndrio esquerdo. Exame físico: fígado endurecido, predomínio do lado esquerdo e baço aumentado, endurecido e indolor a palpação. Hepatoesplênica Descompensada Forma mais grave: responsável pelos óbitos. Diminuição acentuada do estado funcional do fígado, hemorragia digestiva e isquemia hepática. Fatores associados: hepatite viral e alcoolismo. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 4 Outras formas clínicas Forma vasculopulmonar. Formas ectópicas mais graves: neuroesquistossomose, presença de ovos e de granulomas esquistossomóticos no SNC. Diagnóstico Laboratorial Básico: exames coproscópicos (técnicas quantitativas de sedimentação, Kato - Katz). Exames Complementares: Ultrassonografia (diagnóstico de fibrose de Symmers), biópsia retal e hepática (não indicada na rotina). Diagnóstico Diferencial Dermatite cercariana: confundida com doenças exantemáticas, dermatite por larvas de helmintos e dermatite por produtos químicos. Esquistossomose aguda: febre tifoide, malária, hepatites virais, estrongiloidíase, amebíase, mononucleose, brucelose e doença de Chagas aguda. Esquistossomose crônica: confundida com parasitoses intestinais como amebíase e doenças que cursam com hepatoesplenomegalia: calazar, leucemia e cirrose. Tratamento: Praziquantel Oxaminiquina Características Epidemiológicas Doença de ocorrência tropical e de baixa letalidade quando tratada. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 5 Leishmaniose Leishmaniose Visceral Doença crônica e sistêmica que quando não tratada pode evoluir ao óbito em 90% dos casos. Sinonímia: Calazar, esplenomegalia tropical, doença do cachorro, febre Dundun. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 6 Agente Etiológico: protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. Reservatórios: o Cão (principal fonte de infecção). o Ambiente Silvestre: raposas e marsupiais. Vetores: Lutzomyia longipapis, a principal – adapta-se facilmente ao peridomicílio e a variadas temperaturas, encontrada no interior dos domicílios e abrigos de animais domésticos. o Atividade dos flebotomíneos: crespucular e noturna. Intra e peridomicílio encontrada próxima a uma fonte de alimento. o Conhecidos popularmente como mosquito palha. Modo de transmissão: picada dos vetores infectados pela Leishmania (L.) chagasi. Não ocorre transmissão de pessoa a pessoa. Período de incubação: o De 10 dias a 24 meses. o Média entre 2 a 6 meses. o No cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses. Suscetibilidade e imunidade: o Crianças e idosos são mais suscetíveis. o Indivíduos infectados: pequena parcela desenvolve a doença. o Indivíduos que desenvolvem imunossupressão: quadros de LV além do período habitual de incubação. Características epidemiológicas: doença endêmica, surtos frequentes. Inicialmente limitada a áreas rurais e pequenas localidades urbanas. Encontra-se em franca expansão para grandes centros. Últimos 10 anos houve periurbanização e urbanização da LV. o Maior suscetibilidade em criança: Estado de relativa imaturidade imunológica celular. Agravado pela desnutrição. Comum nas áreas endêmicas. Maior exposição ao vetor no peridomicílio. o Adulto: Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 7 Repercussão significativa na epidemiologia da LV. Formas frustas. Manifestações Clínicas o Doença crônica sistêmica: febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia. o Pode evoluir para óbito quando não tratada. o Infecção inaparente ou assintomática: pacientes com infecção inaparente não são notificados e não devem ser tratados. Suspeita clínica: febre e esplenomegalia associada ou não à hepatomegalia. Complicações: Otite média, piodermites, infecções dos tratos urinário e respiratório. Caso não haja tratamento com antimicrobianos o paciente poderá desenvolver um quadro séptico comevolução fatal. Hemorragias são secundárias à plaquetopenia. Hemorragia digestiva e icterícia. o Identificar pacientes de LV com mais chance de evoluir para situações de maior gravidade e para óbito é de fundamental importância. Adotar ações profiláticas e terapêuticas adequadas e reduzir a letalidade. Modelo de Prognóstico: pontuação maior que 4 : apresenta maior risco de evoluir para óbito. Diagnóstico Laboratorial: o Diagnóstico imunológico (RIFI), teste rápidos imunocromatográficos. o Diagnóstico de certeza: encontro de formas amastigotas do parasito, material obtido preferencialmente da medula óssea, do linfonodo ou do baço. o Diagnóstico diferencial: enterobacteriose de curso prolongado, malária, brucelose, febre tifoide, esquistossomose hepatoesplênica, doença de Chagas aguda. Coinfecção Leishmania – HIV o Oferecer sorologia para HIV para todos os pacientes com LV independente da idade. o Tríade clássica: hepatoesplenomegalia, febre e pancitopenia. Observada em 75% dos casos. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 8 o Condições em que portadores de HIV/Aids devem ser investigados para LV: febre, associada à hepatomegalia, esplenomegalia ou citopenias e em pacientes expostos à área de transmissão. Tratamento: escore clínico maior ou igual a 4: tratamento deve ser realizado em âmbito hospitalar. Para demais casos a hospitalização é opcional. o Tratamento engloba: terapêutica específica, hidratação, antitérmicos, antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional. o Antimonial pentavalente: diminui risco de hospitalização. o Anfotericina B. Medidas de Controle: o Dirigidas aos cães: controle da população canina errante, uso de telas em canis individuais ou coletivos. Leishmaniose Tegumentar Americana Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. Sinonímia: Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do oriente. Agente Etiológico: protozoário do gênero Leishmania Reservatórios: descritas em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésticos. Vetores: são insetos denominados flebotomíneos, conhecidos popularmente como mosquito palha. Suscetibilidade e imunidade: universal e não confere imunidade ao paciente. Período de Incubação: Em média 2 meses, pode apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (2 anos). Características Epidemiológicas: Inicialmente considerada uma zoonose de animais silvestres, mas nas últimas décadas apresentou mudanças no seu comportamento. Manifestações clínicas: se manifesta sob duas formas o Leishmaniose cutânea: lesões indolores, com formato arredondado e ovalado, apresentando base eritematosa, Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 9 infiltrada e de consistência firme, bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e com granulações grosseiras. o Leishmaniose mucosa: lesões destrutivas localizadas na mucosa, em geral nas vias aéreas superiores. Doença Cutânea: pápulas que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura, podem ser únicas e múltiplas, mas indolores. Também pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. Forma Mucosa: secundária ou não a cutânea. Caracteriza-se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Destruição dos tecidos importantes: perfuração do septo nasal e/ou palato. Complicações: Infecção secundária às úlceras. Lesões na boca e faringe. Lesões avançadas da laringe. Lesões conjuntivais. Miiases podem surgir e meningite. Diagnóstico Laboratorial: o Parasitológico: pesquisa de amastigotas em esfregaço da lesão ou imprint de fragmentos de tecido do paciente. o Imunológicos: ELISA. o Molecular: PCR. o Recomenda-se a confirmação do diagnóstico por método parasitológico antes do início do tratamento. Diagnóstico Diferencial forma cutânea: sífilis, hanseníase, tuberculose, histoplasmose, piodermites, picadas de inseto, úlceras decorrentes de anemia falciforme, granuloma por corpo estranho, carninoma basocelular e espinocelular. Diagnóstico diferencial forma mucosa: hanseníase virchoviana, sífilis terciária, perfuração septal traumática ou por uso de drogas, rinite alérgica e sinusite. Coinfecção Leishmania – HIV o A LTA pode modificar a progressão da doença pelo HIV o A imunodepressão causada por esse vírus facilita a progressão da LTA. o Não há perfil clínico definido associado à coinfecção em pacientes portadores de HIV. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 10 o Oferecer sorologia para HIV para todos os pacientes com LTA, independente da idade. Tratamento: Antomonial pentavalente, não havendo resposta satisfatória anfotericina B e o isotionato de pentamidina. Sífilis Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 11 É uma doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência. Agente etiológico: uma bactéria chamada Treponema pallidum. Período de Incubação: média de três semanas pode variar de dez a noventa dias. Transmissão: o A transmissão do agente se dá de pessoa a pessoa. o A penetração do treponema é realizada por pequenas abrasões decorrentes da relação sexual, na maior parte dos casos. A transmissão pode ocorrer, também, através da transfusão de sangue contaminado, pela via transplacentária para o feto e pela contaminação do último no canal de parto. Classificação o Via sexual (sífilis adquirida) o Verticalmente (sífilis congênita) o Transplacentária Quadro clínico A sífilis é uma doença crônica que, em sua história natural, evolui por estágios, alternados entre sintomáticos e assintomáticos. Qualquer órgão do corpo humano pode ser afetado, inclusive o sistema nervoso central. o Sífilis Primária o Sífilis Secundária o Sífilis Terciária o Sífilis Latente Sífilis Primária Lesão característica: cancro duro. Localiza-se na maioria dos casos (95%) na genitália ou adjacências. Cancro duro: úlcera redonda, indolor, superfície limpa, firme à palpação, recoberto por material seroso e com base lisa e amarelada. Cancro duro surge no local da inoculação em média três semanas após a infecção. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 12 No homem é mais comum no prepúcio, glande, meato uretral ou mais raramente intra-uretral. Na mulher é mais frequente nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino. As lesões da sífilis primária podem ocorrer no interior do trato genital, o que as torna difíceis de serem notadas. O cancro regride espontaneamente em período que varia de quatro a cinco semanas sem deixar cicatriz. Podendo ocorrer também linfonodomegalia. Sífilis Secundária Após período de latência que pode durar de seis a oito semanas, a doença entrará novamente em atividade. Na pele, as lesões ocorrem por surtos e de forma simétrica. Máculas de cor eritematosa, cutâneo-mucosas, não ulceradas. Regiões palmares e plantares é bem característico. Na face, as pápulas tendem a agrupar-se em volta do nariz e da boca, simulando dermatite seborréica. Nos negros, as lesões faciais fazem configurações anulares e circinações (sifílides elegantes). Condiloma lato ou plano: lesão característica da sífilis secundária, extremamente infectante. Na região inguinocrural,as pápulas sujeitas ao atrito e à umidade podem tornar-se vegetantes e maceradas, sendo ricas em treponemas e altamente contagiosas (condiloma plano). Sífilis Latente É o período após o final do estágio secundário da doença, durante o qual não há manifestações clínicas. Teste sorológico reativo é o único meio de estabelecimento do diagnóstico. A latência é dividida em fases inicial e tardia. o A latência inicial compreende o primeiro ano após a infecção secundária, e é mais frequente a recidiva da doença secundária no paciente não-tratado, pode ocorrer infecção Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 13 de um parceiro e a mulher grávida tem risco de transmitir a doença para o feto. o O paciente na latência tardia (mais de 1 ano no período de latência) tem risco decrescente de transmissão para o parceiro e para o feto à medida que a latência progride. Sífilis Secundária. 2 a 6 semanas após o cancro primário. Condiloma lato ou plano. Máculas eritematosas, pápulas, pústulas (sifílides). Alopécia. Áreas cutâneas despigmentadas (leucoderma sifilítico). Não existe sinal externo de infecção. Testes sorológicos positivos. 30% dos casos – cura espontânea. 30% dos casos – sífilis persiste latente. 40% dos casos evolui para terciária. Sífilis Terciária Os pacientes nessa fase desenvolvem lesões localizadas envolvendo pele e mucosas, sistema cardiovascular e nervoso. Formação de granulomas destrutivos (gomas) e ausência quase total de treponemas. As lesões são solitárias ou em pequeno número, assimétricas, endurecidas com pouca inflamação, bordas bem marcadas, policíclicas ou formando segmentos de círculos destrutivas. Sistema cardiovascular: o Mais comum é a aortite (70%), principalmente aorta ascendente, e na maioria dos casos é assintomática. o As principais complicações da aortite são o aneurisma, a insuficiência da válvula aórtica e a estenose do óstio da coronária. Lesões oftalmológicas: o Atrofia do nervo óptico e alterações pupilares. Neurossífilis Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 14 o Tabes Dorsalis: lesão das raízes dorsais da medula, perda da propriocepção consciente, perda do tato epicrítico, perda da sensibilidade vibratória e da esterognosia. o Paralisia geral: Neurossífilis parética ou demência paralítica, 15 a 20 anos após infecção inicial. Meningoencefalite crônica e progressiva. Alterações cognitivas iniciais que evoluem invariavelmente para demência. Sífilis Congênita É o resultado da disseminação hematogênica T. pallidum da gestante infectada para o concepto por via transplacentária. 70-100% nas fases primária e secundária, A contaminação do feto pode ocasionar abortamento, óbito fetal e morte neonatal em 40% dos conceptos infectados ou o nascimento de crianças com sífilis. o Baixo peso ao nascer, rinite, hepatoesplenomegalia, rash cutâneo, anemia, lesões ósseas. Diagnóstico o Provas Diretas. o Encontram sua indicação na sífilis primária e secundária em lesões bolhosas, placas mucosas e condilomas. o Exame em campo escuro. o Pesquisa direta com material corado. o Imunofluorescência direta. Provas Sorológicas. VDRL (Venereal Disease Research Laboratory). Exame do líquor. Tratamento: Penicilina. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 15 Gonorréia A gonorreia ou blenorragia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Ela atinge tantos homens quanto mulheres, sendo que 70% das mulheres assintomáticas quando diagnosticadas geralmente já existem sequelas ou disseminação. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 16 Acomete primariamente as membranas mucosas do trato genital inferior e menos frequente aquelas do reto, orofaringe e conjuntiva. É uma das DSTs mais comuns em países desenvolvidos. A doença atinge normalmente jovens adultos com vida sexual ativa, entre 15 e 30 anos de idade. A transmissão da doença pode ser através do sexo ou também através do parto, passando de mãe para filho. Os grupos de risco incluem pacientes com vida sexual ativa, homens, pessoas com múltiplos parceiros sexuais e neonatos. Período de Incubação: 2 a 5 dias. Os sintomas são diferentes de acordo com a região do corpo atingida. A gonorreia normalmente causa uretrite, secreção semelhante a pus pela uretra, aumento do corrimento vaginal, micção dolorosa, dor pélvica, sintomas de infecção de garganta, coceira anal e conjuntivite (em neonatos). Uretrite gonocócica: dor e queimação retal piora a micção. 1 a 2 dias após fim da incubação desenvolve secreção abundante viscosa e fracamente purulenta, acompanhada de eritema e edema na borda do meato retal. Se não tratada progride para uretra posterior e próstata. Após 2 meses gonorreia crônica. A doença é normalmente diagnosticada coletando-se material da uretra, ânus ou garganta e analisando em laboratório para verificar a bactéria causadora dos sintomas. Quando não tratada adequadamente, a gonorreia pode causar infertilidade em homens e mulheres, além de outras complicações como disseminação para outros órgãos, cistite, infecções nas articulações etc. A bactéria tem se mostrado resistente a antibióticos e isso tem preocupado as autoridades em saúde. O tratamento é feito à base de antibióticos, normalmente da classe das fluoroquinolonas, como o ciprofloxacino. É importante que uma vez diagnosticado, o parceiro seja igualmente tratado para a gonorreia. Manter hábitos de higiene genital e educação sexual também previnem o contágio. Outra medida importante é o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 17 Amebíase Protozoose que atinge o trato gastrointestinal humano. Causada pelo patógeno Entamoeba histolytica. Sinonímia: disenteria amebiana. Agente Etiológico: protozoário com mobilidade dependente de pseudópodes (trofozoíto). Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 18 o Parasita o cólon humano e é considerado patogênico para o ser humano. o Pode se apresentar na forma de cisto (forma infectante) ou trofozoíto (forma que gera lesão). o Produção de enzimas líticas. o Os trofozoítos podem ser confundidos com macrófagos, visto que são estruturas de tamanho similar a estes e apresentam citoplasma amplo, vacuolado, frequentemente com hemácias no seu interior. Reservatório: homem. Modo de transmissão: o Direta: pela contaminação das mãos e consequentemente ingestão de cistos existentes em dejetos da pessoa infectada. o Indireta: por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. Período de Incubação: 1 a 4 semanas, podendo chegar a 1 ano. Transmissibilidade: dura enquanto persistir a infecção. Imunidade: o Humoral: Produção de IgA como resposta local, produção de IgG como resposta sistêmica e sistema do complemento. o Celular: neutrófilos, macrófagos, linfócitos T auxiliares e citotóxicos. Manifestações Clínicas: A infecção intestinal pode ser assintomática ou expressar-se com quadro de diarreia mucossanguinolenta. Formação de úlceras características: colo estreito e base larga assumindo aspecto de casa de botão. Frequentemente comunicam- se por túneis na submucosa. o Disenteria: sangue, muco, febre, anorexia, fadiga, diarreia aquosa, dor abdominal, prolapsoretal, tenesmo. o Leucocitose: neutrofilia e desvio acentuado para a esquerda. o Amebíase extra- intestinal: disseminação mais comum para o fígado, pelo sistema porta hepático. Disseminação menos comum para pulmões, SNC e outros órgãos. Complicações: o Hemorragias: anemia. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 19 o Perfuração da parede intestinal e peritonite. o Ameboma do cólon (lesões circunscritas por espessamento fibroso da parede intestinal). o Apendicite amebiana. o Colite fulminante (lesões de toda a espessura da parede intestinal). o Complicações extra intestinais: abscesso hepático, pulmonar ou cerebral, necrose hepática, pericardite. Característica Epidemiológica: doença de distribuição universal. Terceira causa de morbidade e mortalidade depois da malária e esquistossomose. As áreas endêmicas são de clima favorável e piores condições socioeconômicas, com condições precárias de higiene. Notificação não compulsória. Fatores de Risco: Baixa condição socioeconômica, higiene precária, falta de suprimento de água tratada, viagem a regiões endêmicas. Diagnóstico Clínico: análise dos principais sintomas. Na amebíase extra-intestinal pode ser feita a palpação do fígado. É necessário exame laboratorial para confirmação. Diagnóstico Laboratorial: Exame de fezes, exames sorológicos, sigmoidoscopia/colonoscopia, hemograma. Tratamento: metronidazol, tinidazol, ornidazol. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 20 Giardíase Protozoose que atinge, principalmente, a porção superior do intestino delgado. Causada pelo patógeno Giardia Lamblia. Sinonímia: Enterite por Giardia, gastroenterite por Giardia, duodenite por giárdia, lambliose, giardose. Agente Etiológico: pode-se apresentar na forma de cisto (forma infectante) ou trofozoíto (forma que gera lesão). É um protozoário flagelado que parasita o intestino delgado (duodeno e jejuno proximal) é considerado patogênico para o ser humano. o Trofozoíto adere-se à superfície epitelial através de um disco ou placa sugadoras. o Agride às microvilosidades dos enterócitos. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 21 o Desconjuga sais biliares. o Associa-se a outros microorganismos (bactérias). o Compete por nutrientes com o hospedeiro. Reservatório: homem, cães, gatos e castores. Modo de transmissão: o Direta: pela contaminação das mãos e consequentemente ingestão de cistos existentes em dejetos da pessoa infectada. o Indireta: por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. Período de Incubação: entre 1 a 4 semanas, com média de 7 a 10 dias. Transmissibilidade: dura enquanto persistir a infecção. Imunidade o Humoral: Produção de IgA como resposta local, produção de IgG como resposta sistêmica e sistema do complemento. o Celular: macrófagos, linfócitos T auxiliares. o A infecção é frequente em crianças e diminui após a puberdade pelo desenvolvimento da imunidade adquirida. Manifestações Clínicas: Geralmente é assintomática. o Infecções sintomáticas: Forma aguda: diarreia com fezes amolecidas e claras, acompanhadas de dor e distensão abdominal (enterite aguda). Forma crônica: fezes amolecidas com aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal. Presença de infiltrado inflamatório com hipertrofia das vilosidades da mucosa intestinal. Complicações: emagrecimento acentuado, desnutrição em virtude do comprometimento da absorção intestinal, estetorreia devido a desconjugação de sais biliares. Características Epidemiológicas: doença de distribuição mundial, mais prevalente em países subdesenvolvidos. No Brasil ocorre principalmente em crianças. Conhecida como diarreia dos viajantes. Notificação não é compulsória. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 22 Fatores de Risco: Baixa condição socioeconômica, higiene precária, falta de suprimento de água tratada, viagem a regiões endêmicas. Diagnóstico Clínico: análise dos principais sintomas. É necessário exame laboratorial para confirmação. Diagnóstico Laboratorial: Identificação de cistos ou trofozoitos no exame direto de fezes ou no fluido duodenal através de aspiração. Em raras ocasiões poderá ser realizada biópsia duodenal, com identificação de trofozoitos Diagnóstico Diferencial: Enterites causadas por protozoários, bactérias e outros agentes infecciosos. Enterobiose Enterobius vermiculares Parasita exclusivamente o homem. Sinonímia: oxiurose, oxiuríase, caseira. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 23 Filiforme e de cor branca. Macho e Fêmea (fêmea maior que o macho). Período de transmissibilidade: dura enquanto as fêmeas grávidas expulsam ovos na pele perianal. Período de Incubação: de 2 a 6 semanas. A sintomatologia aparece quando existe grande número de vermes. Após 6 horas ficam maduros e permanecem por 20 dias. Habita intestino grosso humano. Cosmopolita. Comum na infância. Não é de notificação compulsória. Patologia: ficam fixados na mucosa (não penetram) processo inflamatório (catarral) prurido mais ou menos intenso. Quadro Clínico: assintomático o Sintomático Coceira na região perianal (noturno e irritabilidade). Inespecíficos: vômito, dor abdominal, tenesmo. Quadro Clínico: Infecção Secundária Associada: inflamação e pontos hemorrágicos. Aparelho Genital Feminino o Migração Errática Prurido e corrimento vaginal. Onanismo. Salpingite, ooforite e granulomas peritoneais. Diagnóstico: Método Simples o Método de Hall (swab). o Metódo de Graham (fita gomada). o Amostra de unhas. Tratamento: pomoato de pirantel, mebendazol, albendazol, nitazoxanida, ivermectina. Profilaxia: melhorar hábitos de higiene pessoal, lavar as mãos, manter as unhas aparadas rente ao dedo, evitar coçar a região anal desnuda, evitar levar as mãos à boca, tratar os pacientes e todos os membros da família, trocar de roupas, toalhas de banho diariamente, manter limpas as instalações sanitárias. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 24 Tricuríase Sinonímia: tricocefalíase. Trichuris trichiura – Trichocephalus trichiuris. Homem, macacos e porcos são infectados. Geohelmintose. Macho e fêmea (fêmea maior do que macho). 15 a 20 dias para embrionar e tornar-se infectante. Contaminação: oro-fecal. Atinge ceco e porções proximais do intestino grosso. Patogenia: penetram 60% da porção anterior do seu corpo na mucosa intestinal simples erosões e ulcerações múltiplas anemia diarreia crônica hipotonia muscular relaxamento do esfíncter anal prolapso retal. Quadro Clínico: Assintomático o Sintomático Diarreia crônica. Cólica Abdominal. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 25 Náuseas e vômito. o Infecção Intensa Disenteria aguda (amebiana). Tenesmo. Prolapso Retal. Dignóstico: Exame de fezes (Kato-Katz, qualitativo de lutz). Clínico: presuntivo, exceto em prolapso retal. Prognóstico: Sem tratamento pode caminhar para o óbito Profilaxia: lavar as mãos, não defecar ao ar livre, sistemas de tratamento de esgoto, lavar, descascar ou cozinhar todos os vegetais crus e frutas antes de comer. Tratamento: Albendazol, nitazoxanida, ivermectina, suplemento de ferro em pessoas com anemia,mebendazol. Teníase Taenia solium e Taenia saginata. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 26 Período de transmissibilidade: verme adulto vive de 3 a 10 anos, podendo liberar proglotes ao longo de todo este período. Patogenia: Espoliação de nutrientes. Inflamação pela fixação do escólex com possível ocorrência de hemorragia. Quadro Clínico: Assintomático o Sintomático Dor abdominal. Fraqueza. Vômitos. Perda de Peso. Diarreias. Obstrução Intestinal. Reações alérgicas. Diagnóstico: exame clínico o Exame Parasitológico simples: Exame genérico (3 meses após a infecção). o Tamização das fezes: T.solium: 7 a 16 ramificações dendríticas. T.saginata: 15 a 30 ramificações dicotômicas. Tratamento: Praquizantel e Niclosamida. Profilaxia e Controle: Evitar carnes mal passadas, diagnóstico e tratamento de indivíduos infectados. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 27 Ascaridíase Ascaris lumbricoides. Sinonímia: Lombriga Intestinal. Cosmopolita. Brasil: regiões com problemas de saúde pública. Macho e fêmea (fêmea maior que o macho). Ovos: possuem 3 camadas . o Interna ou membrana vitelina: impermeável. o Média de natureza quitinosa transparente. o Membrana externa grossa e superfícies mamilonadas. Patogenia: Larvas lesões hepáticas e pulmonares (infecção maciças). o Hepáticas: focos hemorrágicos e de necrose fibrosados. o Pulmonares: edemaciação dos alvéolos, com infiltrado eosinofílicos, febre, bronquite, pneumonia e tosse. Quadro Clínico: Aparecimento de lesões depende: número de larvas, tecido onde se encontra, sensibilidade do hospedeiro. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 28 o Dispneia, sibilância e dor retroesternal (síndrome de Loeffler). o Anorrexia, dor abdominal, distensão abdominal, cólicas, náuseas, vômito e diarreia pode ocorrer por má absorção, causando desnutrição a longo prazo, déficits cognitivos em crianças. Complicações: o Suboclusão ou oclusão intestinal “bolo de áscaris”. o Presença de Parasitas em locais como: Apêndice cecal. Vias biliares. Vesícula biliar, ocasionando icterícia. Ducto pancreático, causando pancreatite aguda. No fígado, causando abcesso hepáticos. Árvore brônquica, ocasionando obstrução e levando a insuficiência respiratória. Intestino pode ser perfurado e causar peritonite. Diagnóstico: Laboratorial e Parasitológico (encontro de ovos no material fecal, técnica de Kato-Katz). Tratamento: Albendazol, Mebendazol, Levamisole. Profilaxia: Melhoria de condições sanitárias, educação sanitária, tratamento de todos os indivíduos infectados, filtração de água pra consumo, lavagem adequada de alimentos, lavagem das mãos antes das refeições. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 29 Ancilostomíase e Necatoríase Ancylostoma duodenale e Necator americanos. Sinonímia: Amarelão. Necatodiose causada por geohelmintos. Intestino delgado, principalmente duodeno. Maioria são assintomáticos. Restante apresenta anemia e desnutrição. Principalmente em populações rurais pobres. Regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo. Período de Incubação: 30 a 45 dias. Família: Ancylostomidae – classe Nematoda. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 30 No homem: Necator americanos – lâminas ou placas cortantes. o Ancylostoma duodenale – dois pares de dentes. Em cães e gatos: Ancylostoma brasiliensis e Ancylostoma ceylanicum (dermatite serpiginosa ou larva migrans cutânea). Infecções zoonóticas: leves e autolimitadas. Necator americanos: fêmeas maiores que os machos e sobrevida de 3 a 10 anos, faz ovoposição. A. duodenale: fêmeas maiores que os machos, faz ovoposição e sobrevida de 1 a 3 anos. Patogenia: Fase invasiva – penetração das larvas na pele podendo causar lesões traumáticas mínimas. Fase de migração pulmonar – larvas rompem os capilares, com pequenas hemorragias até atingirem os alvéolos Fase de fixação dos vermes – fixam à mucosa intestinal e produzem erosões e ulcerações com necrose tecidual. Patogenia: perda de sangue intenso devido à grande carga parasitária e deslocamento dos helmintos que trocam de lugar a cada 4 a 8h. Vermes ingerem e digerem sangue da mucosa lesionada e inibem a coagulação. Quadro Clínico: Podem ter desde infecção assintomática até quadros graves de desnutrição, anemia e anasarca. Menor gravidade em adultos do que em crianças. Infecção intensa: > 12.000 ovos/g de fezes. o Fase 1: prurido ou queimação local com lesões eritomato- máculo-papulosas e edema (dermatite urticariforme). o Fase 2: tosse seca, dispneia, rouquidão, náuseas, vômitos, broncoespasmo, febre baixa ou moderada, ou até síndrome de Loeffler. o Fase 3: menor gravidade: vômitos, anorexia, constipação ou diarreia e dor abdominal/ maior gravidade: infecção aguda intestinal: dor abdominal, náusea, vômitos, anorexia ou diarreia (desenvolve em 1 mês após a infecção). o Forma crônica: Dores epigástricas. Anorexia, bulimia ou perversão (geofagia e malácia). Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 31 Diarreia, melena, constando maior gravidade em crianças até 5 anos de idade. Anemia, levando a cansaço fácil, sonolência, fadiga e lipotimias. o Infecções crônicas graves: crianças podem ter deficiência no seu desenvolvimento físico, intelectual e cognitivo. o Acometimento do aparelho circulatório, os sintomas cardíacos: dispneia, taquicardia, palpitações e dores anginosas. o Quadros mais avançados: cardiomegalia, insuficiência respiratória, sopros cardíacos, hepatomegalia, dor no hipocôndrio direito, anasarca, hipoproteinemia. Diagnóstico: o Clínico: não é possível ter certeza de diagnóstico em dados epidemiológicos. o Laboratorial Técnicas coprológicas de flutuação e concentração (kato-katz). Para avaliação da anemia: hemograma e pesquisa de sangue nas fezes: Leucocitose na fase aguda. Tratamento: mebendazol, albendazol, pomoato de pirantel. Tratamento da anemia: suplementação oral da administração de sulfato ferroso. Profilaxia: Melhoria de condições sanitárias, educação sanitária, tratamento de todos os indivíduos infectados, vacina. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 32 Doença de Chagas Antropozoonose. Elevada prevalência. Expressiva morbimortalidade. Curso clínico básico. o Fase aguda (clinicamente aparente ou não). o Fase crônica (forma indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva). Sinonímia: Tripanossomíase americana. Agente Etiológico: protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (flagelado da família Trypanosomatidae). o Caracterizado: presença de flagelo único e uma mitocôndria. o No sangue dos vertebrados apresenta-se sob a forma tripomastigota. o Nos tecidos apresenta-se na forma de amastigotas. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 33 Reservatórios: Centenas de espécies de mamíferos (silvestres e domésticos). Ex: quatis, gambás, tatus e algumas espécies de morcegos. É um sistema ecológico (parasito é transmitido na natureza e se mantém). Vetores: Insetos (mais importante é o Triatoma infestans – recentemente eliminado do Brasil). oPopularmente: barbeiro, chupão, procotó ou bicudo. o Machos e fêmeas hematófagos. o Ovoposição: 10 a 30 dias após a cópula. o Fêmea fecundada e alimentada realiza postura por todo seu período de vida adulta. o Não há transmissão vertical do T.cruzi no vetor. Modo de Transmissão: Vetorial: contato do homem com as excretas contaminadas dos triatomíneos. Defecam após o repasto, eliminam formas infectantes do parasito. Penetram pelo orifício da picada, mucosas ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar. o Vertical: via transplacentária. Em qualquer fase da doença (aguda ou crônica). Transmissão durante a gestação ou no momento do parto. Possibilidade de transmissão pelo leite na fase aguda da doença. o Via oral: alimentos contaminados com o parasito (seja o triatomíneo ou suas fezes). Carne crua ou mal cozida de caça ou alimentos contaminado pelas secreções das glândulas anais de marsupiais infectados. Associada aos surtos de Chagas aguda. Não adoção de boas práticas de higiene na manipulação dos alimentos e invasão humana de habitat silvestres. o Transfusional: países não endêmicos e países latino- americanos em controle da transmissão vetorial. No Brasil efetividade do controle dos serviços de hemoterapia, maior qualidade do sangue para transfusão, significativo impacto no controle da transmissão transfusional do T.cruzi. o Por transplante de órgão: a fase aguda apresenta-se mais grave pela terapia imunossupressora. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 34 o Por acidentes laboratoriais: exposição às fezes de triatomíneos contaminados ou sangue contendo formas infectantes do parasito. Período de Incubação: varia de acordo com a forma de transmissão: o Vetorial: 4 a 15 dias. o Transfusional: 30 a 40 dias. o Vertical: em qualquer período da gestação ou durante o parto. o Oral: 3 a 22 dias. o Transmissão acidental: aproximadamente 20 dias. Período de transmissibilidade: maioria dos infectados por T.cruzi alberga o parasito no sangue, nos tecidos e órgãos durante toda a vida. Reservatório: para os vetores com os quais tiver contato. Principais reservatórios são outros mamíferos. Manifestações Clínicas: forma aguda (inicial) e forma crônica. Fase aguda (inicial): predomina o parasito em número elevado na corrente sanguínea. Manifestações mais características: febre constante e inicialmente elevada, podendo apresentar surtos vespertinos ocasionais, manifestações de síndrome febril pode persistir até 12 semanas. Mesmo não tratada e não diagnosticada evolui com desaparecimento espontâneo da febre e outras manifestações clínicas, para a fase crônica. Quadro mais grave pode evoluir para o óbito. E possível neste fase detectar anticorpos IgM. Gradativamente redução da parasitemia e aumento gradual de IgG (da 4ª à 6ª semana). Sintomatologia inespecífica: prostação, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de linfonodos, exantema cutâneo de localização variável com ou sem prurido e de aparecimento fugaz, irritação em crianças menores, com choro fácil e copioso. Sintomatologia específica: miocardite difusa com vários graus de gravidade, pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco, manifestações sindrômicas de insuficiência cardíaca, derrame pleural, edema de face, de membros inferiores ou generalizado, tosse, dispneia, dor Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 35 torácica, palpitações, arritmias, hepatoesplenomegalia, de leve a moderada intensidade. o Sinais de porta de entrada: característicos da transmissão vetorial (SINAL DE ROMAÑA – edema bipalpebral unilateral por reação inflamatória à penetração do parasito, na conjuntiva e adjacências). o Chagoma de inoculação: lesões furunculoides, não supurativas, nos membros, tronco e fase, por reação inflamatória à penetração do parasito, descamativa após duas a 3 semanas. o Picada de triatomíneo: pode causar reações alérgicas locais ou sistêmicas, não necessita necessariamente infecção por T.cruzi. o Quadros clínicos graves: meningoencefalite o Doença de Chagas aguda por transmissão oral (diferenças na evolução clínica). o Exantema cutâneo. o Hemorragia Digestiva (hematêmese, hematoquezia, melena). o Icterícia, aumento de aminotransferases. o Insuficiência cardíaca. o Morbimortalidade: mais elevada na transmissão oral que observada nos casos agudos por transmissão vetorial. Fase crônica: parasitemia baixa e intermitente. Inicialmente assintomática, sem sinais de comprometimento cardíaco e digestivo. o Forma indeterminada: paciente assintomático, sem sinais de comprometimento do aparelho circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de tórax). Do aparelho digestivo (avaliação clínica e radiológicas normais de esôfago e cólon). Pode pendurar por toda a vida do indivíduo infectado. Pode evoluir para forma cardíaca, digestiva ou associada (cardiodigestiva). Forma cardíaca: quadros de miocardiopatia e ICC. 30% dos casos crônicos (responsável pela maior frequência dos óbitos). Radiografia de tórax (cardiomegalia). Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 36 Forma digestiva: megacolón e/ou megaesôfago em cerca de 10% dos casos. Lesões de plexos nervosos (destruição neuronal simpática), alterações na motilidade e morfologia. Manifestações que sugerem megaesôfago: disfagia (sintoma mais frequente), regurgitação, epigastralgia, dor retroesternal à passagem de alimento, odinofagia e etc. Megacolón: constipação intestinal, meteorismo, distensão abdominal, volvos e torções de intestinos e fecalomas. Forma associada ou mista (cardiodigestiva): concomitância de lesões compatíveis com as formas cardíacas e digestivas. Diagnóstico Laboratorial: Fase aguda: métodos parasitológicos diretos (pesquisa a fresco de triatomíneos – ideal a coleta em período febril e em 30 dias do início dos sintomas). Métodos de concentração (micro-hematócrito e creme leucocitário, casos sintomáticos com mais de 30 dias de evolução, devido ao declínio da parasitemia). Lâmina corada de gota espessa e esfregaço (menor sensibilidade, usada na Amazônia Legal, concomitância com o diagnóstico da malária). Métodos sorológicos (não são os mais indicados para diagnóstico de fase aguda) (ELISA). o Detecção de anticorpos anti T.cruzi da classe IgG: necessária duas coletas com intervalo mínimo de 21 dias entre uma e outra. o Detecção de anticorpos anti T.cruzi da classe IgM: resultados falsos positivos em várias doenças febris. o Fase crônica: diagnóstico essencialmente sorológico (elevada sensibilidade e especificidade). Ex: HAI, ELISA, IFI. Confirmação: pelo menos dois testes (distintos) reagentes, sendo o ELISA um deles. Parasitemia pouco evidente (testes parasitológicos tem baixa sensibilidade). Diagnóstico diferencial: Fase aguda: Leishmaniose visceral, malária, dengue, febre tifoide, toxoplasmose, mononucleose infecciosa, esquistossomose aguda. Também que podem cursas com eventos Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 37 íctero – hemorrágicos: leptospirose, dengue, febre amarela, hepatites virais e rickettsioses. Tratamento: Benznidazol, Nifurtimox o Eficaz: na maioria dos casos agudos, objetivos: curar infecção, prevenir lesões orgânicas ou sua evolução, diminuir possibilidade de transmissão de T.cruzi. Características Epidemiológicas: Epidemiologia alterada: ações de controle, mudanças ambientas, econômicas e sociais, concentração da populaçãoem áreas urbanas. Febre Maculosa Sinonímia: Febre de São Paulo, febre do carrapato, pintada, febre que pinta ou febre chitada. Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 38 A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, podendo cursar desde formas atípicas sem exantema até formas graves com elevada taxa de letalidade. Distribuição no Brasil e no mundo: A doença é semelhante a outra rickettsiose (febre das montanhas rochosas) de ocorrência nos EUA. No Brasil, há registros da doença desde 1929, nos estados de Minas Gerais e São Paulo principalmente e ocorrendo também no Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina e mais recentemente nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Agentes causadores (patógeno e vetores): Rickettsia rickettsii, bactéria gram-negativa intracelular obrigatória. A febre maculosa brasileira se apresenta sob a forma de casos esporádicos em áreas rurais e urbanas, relacionados com contato com carrapatos, quer em atividades de trabalho ou lazer. A doença é adquirida pela picada do carrapato infectado com riquétisias e a transmissão geralmente ocorre quando o inseto permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4-6 horas. A doença não se transmite de pessoa a pessoa. Os principais vetores são os carrapatos do gênero Amblyomma e entre estes destaca-se o A. cajennense, A. aureolatum e A.dubitatum. OA.cajennense, popularmente conhecido como carrapato estrela ou carrapato de cavalo, tem ampla dispersão por todo território nacional. O período de incubação ocorre entre 2 a 14 dias. Quanto ao período de transmissibilidade, os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses. A partir de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados, através da transmissão vertical (transovariana), da transmissão estádio-estádio (transestadial) ou da transmissão através da cópula, além da possibilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não-infectados em animais com suficiente riquetisemia. Diagnóstico: o Clínico (principais sintomas): Febre de início súbito, cefaleia, mialgia e história de picada de carrapatos e/ou frequentado área sabidamente de transmissão de FMB nos últimos 15 dias. o Laboratorial (exames realizados): A cultura com isolamento da rickettsia é o método diagnóstico ideal. A reação sorológica de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígenos específicos para R. rickettsii, é o mais utilizada. Deve ser considerado como confirmatório um aumento de 4 vezes no título em uma segunda amostra colhida, pelo menos, 2 semanas após Resumo AF Infectologia Gabriela Carvalho Abreu Página 39 a primeira. Outros métodos utilizados são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a imunohistoquímica. Tratamento: Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da antibioticoterapia administrado pelos médicos, antes mesmo da confirmação laboratorial, tem assegurado maior recuperação dos pacientes. Em adultos, os medicamentos são utilizados via oral, em esquemas mantidos até 3 dias após o término da febre. Nos casos graves, a droga escolhida tem administração endovenosa. Prevenção: Quanto mais rápido uma pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o risco de contrair a doença. Nos casos de contato com áreas com presença de carrapatos, recomenda-se o uso de mangas longas, botas e de calça comprida com a parte inferior dentro das meias, todos de cor clara para facilitar a visualização dos carrapatos, devendo após a utilização, colocar todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos mesmos.
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