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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA P1 - (1º ESTÁGIO) MATÉRIA: NEUROANATOMOFISIOLOGIA I PROFESSORA: GUILHERME JORGE STANFORD DANTAS SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) É constituído pelo encéfalo – massa nervosa situada na caixa craniana e pela medula espinhal – filamento nervoso que percorre o interior da coluna vertebral. No encéfalo, os corpos celulares dos neurônios situam-se na região superficial, constituindo a chamada substância cinzenta. Na região mais interna, situam-se os prolongamentos das células nervosas, que formam a substância branca. Na medula espinhal, esta disposição inverte-se a substância cinzenta situa-se internamente a medula, e a substância branca situa-se em posição externa. O encéfalo apresenta as seguintes regiões: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Todas as partes do encéfalo, bem como a medula espinhal, são envolvidas por três membranas de tecido conjuntivo, as meninges. O espaço entre as meninges e as cavidades do encéfalo e da medula é preenchido pelo liquido cefalorraquidiano (ou liquido cérebro-espinhal). O cérebro ocupa quase toda a caixa craniana. Sua superfície externa – o córtex cerebral - é dotada de uma série de sulcos e giros (circunvoluções) que aumentam consideravelmente sua superfície. O córtex governa as ações voluntárias do indivíduo, além de comandar atos inconscientes e abrigar centros nervosos relacionados aos sentidos, memória, pensamento e inteligência. O cérebro tem duas metades, os hemisférios cerebrais direito e esquerdo. A conexão entre os hemisférios é feita pelo corpo caloso. A região do cérebro composta pelos giros e sulcos é chamada de telencéfalo e localiza-se acima do corpo caloso, abaixo do corpo caloso fica localizada a região do cérebro chamada de diencéfalo, que é subdivido basicamente em tálamo e hipotálamo. O tálamo compreende duas massas ovóides encaixadas na base do corpo caloso. Acredita-se que o tálamo atue como uma estação integradora e retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. O tálamo parece também exercer um papel importante no estado de consciência, de alerta e de atenção, atuando no controle das emoções que acompanham a percepção sensorial. O hipotálamo localiza-se na base do cérebro. Apesar de relativamente pequena (tamanho de um grão de ervilha) essa região encefálica é importante na homeostase, isto é, no ajustamento do organismo as variações externas. Essa estrutura faz a integração entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas produtoras de hormônios. O outro componente do encéfalo é o tronco encefálico, que é composto pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. O mesencéfalo localiza-se logo após o tálamo e o hipotálamo. Está envolvido na recepção e na coordenação de informações sobre o grau de contração dos músculos e sobre a postura corporal. A ponte situa-se acima do bulbo. Atua como centro nervoso (relacionado com reflexos associados às emoções, como o riso e as lágrimas) e como condutora de impulsos nervosos. O bulbo (medula oblonga) situa-se logo acima da medula espinhal. Atua como centro nervoso e como condutor de impulsos nervosos. Como centro nervoso, comanda o ritmo cardiorrespiratório e certos atos reflexos, como deglutição, sucção, mastigação, vômito, tosse, piscar de olhos. O cerebelo situa-se abaixo do cérebro e atrás da ponte. Recebe informações de diversas partes do encéfalo, sobre a posição das articulações e o grau de estiramento dos músculos, bem como informações auditivas e visuais. Com base nessas informações, ele coordena os movimentos e orienta a postura corporal. Quando uma parte do corpo se movimenta, o cerebelo coordena a movimentação das outras partes corporais para manter o equilíbrio. MEDULA ESPINHAL Haste cilíndrica com cerca de 45 cm de comp. e 2,5 cm de diâmetro. Dispõe-se ao longo da coluna vertebral, alojada no canal formado pelas perfurações das vértebras. Exerce as funções de centro nervoso (sede de alguns atos reflexos) e como condutora de impulsos nervosos. GENERALIDADES ETIMOLOGIA : Etimologicamente, medula significa miolo e indica tudo o que está dentro. A medula espinhal é assim denominada por estar dentro do canal espinhal ou vertebral. CONSIDERAÇÕES : A medula é uma massa alongada, cilindróide, de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral, sem ocupá- lo completamente e ligeiramente achatada ântero- posteriormente. Tem calibre não- uniforme, por possuir duas dilatações, as intumescências cervical e lombar, de onde partem maior número de nervos através dos plexos braquial e lombossacral , para inervar os membros superiores e inferiores, respectivamente. Seu comprimento médio é de 42 cm na mulher adulta e de 45 cm no homem adulto. Sua massa total corresponde a apenas 2% do Sistema Nervoso Central humano, contudo inerva áreas motoras e sensoriais de todo o corpo, exceto as áreas inervadas pelos nervos cranianos. Na sua extremidade rostral, é contínua com o tronco cerebral (bulbo) aproximadamente ao nível do forame magno do osso occipital. Termina ao nível do disco intervertebral entre a primeira e a segunda vértebras lombares. A medula termina afilando- se e forma o cone medular que continua com o filamento terminal- delgado filamento meníngeo composto da pia- máter e fibras gliais. Algumas estruturas são de extrema importância na fixação da medula, como o ligamento coccígeo que se fixa no cóccix, a prória ligação com o bulbo, os ligamentos denticulados, a emergência dos nervos espinhais e a continuidade da dura- máter com o epineuro que envolve os nervos. IMPORTÂNCIA : A medula espinhal recebe impulsos sensoriais de receptores e envia impulsos motores a efetuadores tanto somáticos quanto viscerais. Ela pode atuar em reflexos dependente ou independentemente do encéfalo. Este órgão é a parte mais simples do Sistema Nervoso Central tanto ontogenético ( embriológico), quanto filogeneticamente (evolutivamente). Daí o fato de a maioria das conexões encefálicas com o Sistema Nervoso Periférico ocorrer via medula. EMBRIOLOGIA DESENVOLVIMENTO MEDULAR : Aproximadamente na terceira semana do desenvolvimento pré- natal, o ectoderna do disco embrionário, o folheto que está em contato com o meio externo e que origina o sistema nervoso, situado acima da notocorda, se espessa formando a placa neural. Sabe- se que para a formação desta placa e a formação e desenvolvimento do tubo neural, tem importante papel a ação indutora da notocorda e do mesoderma. A placa neural cresce progressivamente e torna- se mais espessa, adquirindo um sulco longitudinal denominado sulco neural, que se aprofunda para formar a goteira neural. Os lábios desta goteira se fundem para formar o tubo neural. Um grupo de células migra para formar a crista neural que dá origem aos gânglios dorsais e autonômicos, medula supra- renal e outras estruturas, também não- neuronais. As células na parede do tubo neural se dividem e diferenciam, formando uma camada ependimária que engloba o canal central e é envolvida por zonas intermediária ( manto) e marginal de neurônios primitivos e células gliais. A zona do manto se diferencia em duas regiões, uma placa alar e uma placa basal. A placa alar contém principalmente neurônios sensitivos e a placa basal formada, na maioria, por neurônios motores. Essas duas regiões são demarcadas pelo sulco limitante, um sulco na parede do canal central. A placa alar se diferencia na coluna cinzenta dorsal e a placa basal se transforma na colunacinzenta ventral. A substância cinzenta da medula origina- se, portanto, da zona intermediária do neuroepitélio, o manto. Já a substância branca tem origem da zona mais externa, marginal, onde ficam contidos os prolongamentos das células do manto. Depois de serem formados os neurônios, a partir das células precursoras, os neuroblastos; as células precursoras da glia ( glioblastos ou espongioblastos) originam a macróglia, formada de oligodendrócitos e astrócitos. Os oligodendrócitos formados a partir da camada marginal e, portanto, presentes na substância branca, responsáveis pela mielinização dos axônios do SNC, o que caracteriza a cor da substância branca. Os astroblastos oriundos dos glioblastos e precursores dos astrócitos, conforme sejam formados na zona intermediária ou na zona marginal se diferenciam em astócitos protoplasmáticos ( presentes na substância cinzenta) ou fibrosos ( presentes na substância branca), que são diferentes morfologicamente. No final da quarta semana, o SN deixa de ser nutrido pelo âmnio e passsa a receber nutrientes do sistema vascular formado, oriundo do mesoderma. Com o advento da vascularização surgem os microgliócitos, células que constituem a micróglia e que são derivadas dos monócitos ( céllulas de defesa presentes no sangue). Uma camada de revestimento de células ectodérmicas envolta da medula primitiva forma as duas meninges internas: a aracnóide e a pia- máter. O revestimento externo mais espesso, a dura- máter, é formado de mesênquima. RELAÇÃO COM O CANAL VERTEBRAL Noções: A medula está revestida pelo canal vertebral ósseo e os nervos espinhais emergem pelos forames intervertebrais. C1 emerge entre o atlas e o osso occipital, de C2 a C7 emergem acima de sua vértebra correspondente e C8 emerge entre a sétima vértebra cervical e a primeira torácica. Todos os nervos torácicos, lombares e sacros emergem abaixo de sua vértebras correspondentes. No adulto, a extemidade caudal da medula espinhal- o cone medular- fica situada entre a primeira e a segunda vértebras lombares. Os nervos cervicais emergem lateralmente, contudo, quanto mais caudal o nível de emergência, mais o nervo cursa pelo interior do canal vertebral, antes de sair pelos forames intervertebrais. No embrião, inicialmente, todos os nervos espinhais emergem lateralmente. À medida que prossegue o desenvolvimento, a partir do 4 o mês de vida intra- uterina, a coluna vertebral cresce mais rapidamente que a medula espinhal, provocando um deslocamento dos segmentos medulares em relação aos locais de emergência dos nervos espinhais do canal vertebral. Estes fenômenos são mais pronunciados na parte caudal, onde as raízes nervosas descem quase verticalmente antes de emergirem da medula, formando a cauda eqüina, que é uma estrutura abaixo de L2, constituída de raízes nervosas e meninges (os envoltórios do SNC) e da Cisterna lombar- o líquor presente neste espaço. Há, portanto, como conseqüência da diferença de ritmos de crescimento entre a coluna e a medula, um afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes. Embora a medula termine próximo ao nível das primeira e segundas vértebras lombares, o saco da dura- máter continua até o nível da segunda vértebra sacral (S2). O cone medular dá origem ao filamento terminal ( filamento terminal interno) que se estende até a base do saco dural. Este filamento atravessa o saco dural, formando o ligamento coccígeo ( filamento terminal externo ou filamento da dura- máter espinhal), que fixa tanto a medula como o saco dural, cheio de líquido, à base do canal vertebral. Entre L2 e S2 só há o filamento terminal e as raízes que formam a cauda eqüina. Importância: Clinicamente, a área entre L2 e S2 tem importância para a coleta do líquido cefalorraquidiano e para a administração de anestésicos espinhais. A topografia vertebromedular é importante para o diagnóstico, prognóstico e tratamento de lesões da medula. Assim, uma regra prática diz que os segmentos medulares de C2 a T10 correspondem aos processos espinhosos acrescidos de duas unidades, que os cinco segmentos lombares correspondem aos processos espinhosos T11 e T12 e que os cinco sacrais correspondem ao processo espinhoso L1. MACROSCOPIA MORFOLOGIA: A superfície da medula é marcada por uma série de sulcos longitudinais, que a percorrem em toda a sua extensão: sulco mediano posterior, contínuo, internamente, com o septo mediano posterior, que é uma membrana glial. Na superfície anterior fica a fissura mediana anterior com profundidade de 2 a 3 mm, na qual se invagina a pia- máter ( meninge mais interna). O seu assoalho é a comissura branca anterior. Nas superfícies laterais ficam o sulco lateral posterior ( local de entrada das raízes dorsais) e o sulco lateral anterior ( local de emergência das fibras das raízes ventrais). Na medula cervical, segundo o autor Ângelo Machado, e estendendo- se dos níveis cervicais superiores até os torácicos médios, de acordo com o Burt, existe ainda o sulco intermediário posterior, situado entre o mediano posterior e o lateral posterior e que continua em um septo intermédio posterior, uma membrana glial, no interior do funículo posterior. O padrão básico da morfologia, presente desde o embrião, é mantido no adulto, com a substância cinzenta ocupando posição central e apresentando a forma de uma borboleta ou de um H. A substância branca circundante, de situação periférica é formada, em sua maior parte, por fibras nervosas de curso longitudinal, a maioria mielínicas, que ascendem da medula para o encéfalo ou descem deste para os diferentes níveis da medula espinhal. Há também fibras espino- espinhais intersegmentares que ascendem ou descendem por distâncias variáveis. Tais fibras formam o fascículo próprio. Assim, os segmentos cervicais contêm maior número de fibras, além de maior área de secção transversa da substância branca que os níveis lombares. Estas fibras longitudinais podem ser agrupadas de cada lado em três funículos ou cordões: funículo anterior ( entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior), o funículo lateral ( entre os sulcos lateral anterior e posterior) e o funículo posterior ( entre o sulco lateral posterior e o mediano posterior). Este funículo é dividido pelo sulco intermédio posterior e pelo septo de mesmo nome em fascículo grácil, de situação medial, e cuneiforme, mais lateral. A substância cinzenta, por outro lado, é composta de duas porções simétricas unidas na linha mediana por conexão transversa ( comissuras) de substância cinzenta que contém o diminuto canal central ou seu remanescente. Nela, pode- se distinguir três colunas ou cornos: anterior, posterior e lateral. Esta última, entretanto, só aparece na medula torácica e lombar superior, sob a forma de uma projeção triangular lateral. Há vários critérios para a divisão da substância cinzenta. Um deles considera duas linhas que tangenciam os contornos anterior e posterior do ramo horizontal do H, dividindo esta substância em coluna anterior, posterior e substância cinzenta intermédia, que pode ser dividida em substância cinzenta intermédia central e lateral. De acordo com este critério, a coluna lateral faz parte da substância cinzenta intermédia lateral. CANAL CENTRAL: O canal central da medula ou canal do epêndima se estende por todo o comprimento da medula durante o desenvolvimento. É revestido por células ependimárias e segundo o autor Jack de Groot, este canal é cheio de líquido cefalorraquidiano, contradizendo o Ângelo Machado que afirma que este canal não apresenta líquor. Ele se abre em cima na parte inferior do quarto ventrículo. Em adultos,este canal é muito estreito e parcialmente obliterado e geralmente desaparece, exceto nos níveis cervicais. INTUMESCÊNCIAS: A medula espinhal, cilíndrica, ligeiramente achatada no sentido ântero- posterior, não apresenta calibre uniforme, devido a duas dilatações características: as intumescências cervical (formada pelos segmentos medulares de C3 a T1) e lombosacra (formada pelos segmentos medulares de L1 a S3), situadas nos níveis de origem dos nervos espinhais que inervam, respectivamente, os membros superior e inferior. Estas intumescências são produzidas pelo maior número de neurônios na substância cinzenta da medula e, portanto, de fibras nervosas que entram ou saem destas áreas e que são necessárias para a inervação dos membros superiores e inferiores. Os nervos do plexo braquial originam- se na intumescência cervical enquanto os nervos do plexo lombossacral originam- se na intumescência lombar. SEGMENTAÇÃO: Em toda a sua extensão,a medula apresenta padrão ordenado e segmentar de 31 nervos espinhais ( 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo)- padrão segementar esse que não se reflete na sua organização interna. Não existem limites nítidos entre os segmentos na própria medula. NERVOS ESPINHAIS: Cada segmento da medula pertence a quatro raízes: uma raiz ventral e uma dorsal das metades esquerda e direita. O primeiro segmento cervical não apresenta raízes dorsais em 50% das pessoas. Cada um dos trinta e um pares de nervos espinhais tem uma raiz ventral e uma dorsal e cada raiz é composta de uma a oito radículas. Consiste, portanto, em feixes de fibras nervosas. Na raiz dorsal do nervo espinhal típico, próximo à junção com a raiz ventral, localiza- se o seu gânglio, uma intumescência que contém corpos de neurônios. Cada nervo espinhal se divide para formar o ramo primário posterior e o ramo primário anterior. O posterior inerva a musculatura do tronco e as áreas associadas das costas. O anterior, geralmente maior que o posterior, participa na formação dos plexos braquial e lombossacral ao nível das intumescências cervical e lombar, respectivamente. Nas regiões torácicas, ele permanece segmentar, como nervos intercostais, inervando a musculatura costal e abdominal das superfícies anterior e lateral do corpo. Os nervos espinhais originam também os ramos comunicantes que os unem ao tronco simpático. Apenas os nervos torácicos e lombares superiores contêm um ramo comunicante branco, mas o ramo cinzento está presente em todos os nervos espinhais. Os ramos brancos ligam a medula ao tronco simpático, sendo constituídos de fibras pré- ganglionares, além de fibras viscerais aferentes. Já os cinzentos são constituídos de fibras pós- ganglionares. Os nervos espinhais originam também os ramos meníngeos ou meníngeos recorrentes que são muito pequenos e transportam inervações sensitivas e vasomotoras para as pequenas meninges. Raiz Ventral: Transporta axônios dos neurônios motores alfa de grande diâmetro para as fibras musculares estriadas extrafusais; os axônios do neurônio motor gama, mais delgado, que inervam as fibras intrafusais; as fibras autonômicas pré- ganglionares nos níveis torácio, lombar superior e mediossacro ( S2- S4); e alguns axônios aferentes que se originam de células nos gânglios da raiz dorsal e transmitem informações sensoriais das vísceras torácicas e abdominais. Raiz Dorsal: Cada raiz dorsal ( exceto geralmente C1) contém fibras aferentes das células nervosas em seu gânglio. As fibras maiores ( Ia) provêm de fusos musculares e participam nos reflexos espinhais; as de tamanho médio ( A- beta) transportam impulsos de mecanoceptores na pele e articulações. A maioria dos axônios nas raízes dorsais tem pequeno calibre (C, não- mielinizados; A- delta, mielinizados) e transportam informações sobre estímulos nocivos ( ex.: dor) e térmicos. Tipos de fibras nervosas: a) Fibras eferentes somáticas: estas fibras motoras inervam os músculos estriados esqueléticos. b) Fibras aferentes somáticas: estas podem ser exteroceptivas que transmitem impulsos de temperatura, dor, pressão e tato ou proprioceptivas conscientes ou inconscientes. Estas fibras originam- se em células pseudo- unipolares nos gânglios da raiz dorsal. Os ramos periféricos destas células ganglionares são distribuídos para as estruturas somáticas. Os ramos centrais transmitem impulsos sensitivos por meio das raízes dorsais para a coluna cinzenta dorsal e para os tratos ascendentes da medula espinhal. Os fascículos grácil e cuneiforme ascendem sem fazer sinapse na medula. c) Fibras eferentes viscerais: São as fibras autonômicas simpáticas e parassimpáticas. As fibras simpáticas dos segmentos torácicos e de L1e L2 são distribuídas por todo o corpo para as vísceras, glândulas e músculo liso. As fibras parassimpáticas, presentes nos três nervos sacrais médios ( S2- S4), dirigem- se para as vísceras pélvicas e abdominais inferiores. d) Fibras aferentes viscerais: Estas fibras transmitem informações sensitivas das vísceras, passando pelo ramo comunicante branco e possuindo seus corpos celulares no gânglio da raíz dorsal. No entanto, evidências recentes sugerem que as fibras aferentes viscerais penetrem na medula por meio das raízes ventrais. DERMÁTOMOS: A formação dos somitos durante o desenvolvimento embrionário estabelece um padrão segmentar de inervação para o adulto. Um nervo espinhal segmentar inerva cada somito. A divisão e a migração de somito e das estruturas dele derivadas, que acontecem depois, determinam, em grande parte, o padrão da inervação do adulto. Cada somito forma um esclerótomo, um miótomo e um dermátomo. O primeiro forma os elementos do esqueleto axial. O miótomo forma o músculo estriado e o dermátomo contribui para o tecido conjuntivo subcutâneo. No adulto, o padrão da inervação reflete esta organização segmentar. Cada segmento cutâneo é um dermátomo. Segundo o Ângelo, o dermátomo é um território cutâneo inervado por fibras de uma única raiz dorsal, recebendo o nome da raiz que o inerva. Já conforme o Burt, existe superposição com cada nervo fornecendo parte da inervação para cada um dos dermátomos imediatamente adjacentes. Deste modo, no ambiente clínico, a perda de um nervo espinhal é de difícil detecção pela determinação da perda da sensibilidade cutânea. LESÕES MEDULARES LESÃO DOS NERVOS ESPINHAIS: As raízes dos nervos espinhais são vulneráveis à compressão, em decorrência de alterações degenerativas nas articulações da coluna vertebral (espondilose) e do prolapso dos discos intervertebrais. Os discos intervertebrais prolapsados, na medula cervical, provocam dor no pescoço, com radiação para o braço e mão, acompanhada de parestesia, fraqueza e atrofia dos músculos que correspondem à distribuição radicular, perda da sensibilidade da pele que corresponde à distribuição dermatomérica, bem como perda dos reflexos tendinosos, servidos pela raiz em questão. Os discos intervertebrais lombares prolapsados causam dor nas costas e radiação da dor para as pernas, o que é conhecido como ciática. Um grande disco lombossacral prolapsado pode causar paralisia da bexiga e incontinência, exigindo neurocirurgia imediata. . SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR: Fraqueza ou paralisia de músculos específicos, hiperreflexia e hipertonia ( paralisia espástica), decorrente de lesão das áreas motoras do córtex cerebral ou nas vias motoras descendentes. SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR: Fraqueza (paresia) ou paralisia ( plegia) de músculos individuais com hiporreflexia, hipotonia e hipotrofia ( paralisia flácida), decorrente da lesão dos neurônios motores da coluna anterior da medula. POLIOMIELITE:Doença viral, caracterizada pela destruição dos neurônios motores da coluna anterior, levando à Síndrome do neurônio motor inferior. TABES DORSALIS: Manifestação tardia da infecção sifilítica do Sistema Nervoso Central. Afeta principalmente as raízes dorsais dos nervos espinhais em sua divisão medial que contém as fibras dos fascículos grácil e cuneiforme. Conseqüentemente, têm- se perda da propriocepção consciente, do tato epicrítico, da sensibilidade vibratória e estereognosia (capacidade de perceber com as mão a forma e o tamanho de um objeto). A perda da propriocepção leva a uma marcha instável, caracterizada por elevação exagerada e oscilante das pernas (ataxia sensorial) exacerbada quando os olhos estão fechados (sinal de Romberg). HEMISSECÇÃO DA MEDULA: Produz no homem um conjunto de sintomas conhecido como síndrome de Brown- Séquard, caracterizada por perda ipsilateral da propriocepção consciente e tato epicrítico ( fascículo grácil e cuneiforme), aparecimento também ipsilateral de sinais da lesão do neurônio motor superior e perda contralateral das sensibilidade térmica e dolorosa. TRANSECÇÃO: Ocorre choque medular, ou seja, plegia e anestesia nos níveis abaixo a lesão. Se a causa for por compressão, os movimentos voluntários podem ser restituídos. Porém, se a trasecção for abrupta, tais movimentos serão irreversivelmente comprometidos. Em ambos os casos, tanto os reflexos somáticos quanto os viscerais são conservados. SIRINGOMIELIA: Doença na qual há formação de uma cavidade no canal central da medula, levando a uma destruição das fibras da substância cinzenta intermediária central e da comissura branca, provocando uma perda da sensibilidade térmica e dolorosa dos membros superiores. Entretanto, há preservação do tato leve e propriocepção, recebendo isto a denominação de perda sensorial dissociada. A Siringomielia acomete com mais freqüência a intumescência cervical, resultando no aparecimento dos sintomas na extremidade superior dos dois lados. COMPRESSÃO POR TUMOR: Normalmente, como ocorre com a siringomielia, o trato Espino-talâmico lateral é afetado, pela sua proximidade com o canal central e com a comissura anterior. Como as fibras responsáveis pela inervação sacral estão lacalizadas mais lateralmente, há a preservação de tais fibras numa compressão a partir do canal central, o que não ocorre numa compressão em direção a ele. CORDOTOMIA: Procedimento cirúrgico utilizado no tratamento da dor refratária a analgésicos através da destruição seletiva dos tratos espinotalâmicos. Em certos casos de dor decorrente principalmente do câncer, aconselha- se a cordotomia, seccionando o trato espinotalâmico lateral. PATOLOGIAS ASSOCIADAS ESCLEROSE MÚLTIPLA: Doença imune, com lesão do fascículo cuneiforme da medula cervical, levando à perda da propriocepção das mãos e dos dedos, com perda da destreza e da estereognosia. ATAXIA DE FRIEDREICH: Doença degenerativa hereditária, na qual os tratos espinocerebelares são desorganizados, causando incoordenação dos braços (tremor de intenção) e marcha oscilante de base alargada ( ataxia). PARAPARESIA ESPÁSTICA HEREDITÁRIA: Distúrbio degenerativo hereditário, levando à rigidez da marcha, paraparesia, hiper- reflexia e resposta plantar extensora. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP) È formado por vários gânglios nervosos e uma rede de nervos, que se espalham ao longo do organismo. Esses nervos podem ser: cranianos (quando partem do encéfalo) ou espinhais (quando partem da medula espinhal). A espécie humana possui 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinhais De acordo com o sentido em que transmite o impulso nervoso, os nervos classificam-se em: a) sensitivos (aferentes): transmitem impulsos dos órgãos receptores até o SNC; b) motores (eferentes): transmitem impulsos nervosos do SNC para os órgãos efetuadores. c) mistos: possuem fibras nervosas sensitivas e motoras. Todos os nervos espinhais são mistos. No homem, verifica-se que cada nervo espinhal é formado a partir de duas raízes: uma dorsal, que é sensitiva, e uma ventral, que é motora. Essas raízes unem-se logo após saírem da medula. Os corpos celulares dos neurônios que formam a raiz sensitiva situam-se próximo à medula, porem fora dela, formando os gânglios espinhais. O corpo celular dos neurônios da raiz ventral situa-se na substância cinzenta da medula. Esquema da medula espinhal e dos nervos espinhais Os Atos Reflexos Atos reflexos são respostas involuntárias a um estímulo sensorial e são comandados pela substância cinzenta da medula e do bulbo. São realizados antes que o cérebro tome conhecimento deles. Um ato reflexo bem conhecido é o reflexo patelar: um toque no joelho faz a perna levantar-se, sem que tomemos consciência desse movimento. O toque estimula fibras sensitivas de um nervo raquidiano, que transmite esse estímulo até a substância cinzenta da medula. Nessa região, o estímulo é transformado em ordem motora, que é transmitida aos músculos através da fibra motora do mesmo nervo raquidiano. O trajeto percorrido pelo impulso recebe o nome de Arco Reflexo. Divisão Funcional do SNP O SNP é dividido em voluntário (ou não autônomo) e autônomo (ou involuntário). SNP Voluntário Tem por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo, sendo formado por fibras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos estriados esqueléticos. SNP Autônomo (SNPA) Tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, urinário e endócrino. O SNPA é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do SNC aos músculos lisos e a musculatura estriada do coração. O SNPA é dotado de duas estruturas: vias aferentes (sensitivas) e vias eferentes (motoras). O sistema nervoso autônomo (SNA) é a parte motora do sistema visceral. Subdivide-se em SNA simpático e SNA parassimpático. Os sistemas simpático e parassimpático agem de maneira antagônica: se o simpático estimula uma função, o parassimpático tende a freá-la, e vice-versa. As fibras simpáticas liberam nos órgãos sobre os quais atua um mediador químico denominado noradrenalina, sendo por isso chamadas de adrenérgicas. As fibras parassimpáticas liberam como mediador químico a acetilcolina, sendo por isso também denominadas de colinérgicas. O sistema simpático é formado por dois cordões nervosos com diversos gânglios centrais. Desses gânglios partem os nervos simpáticos. Os gânglios comunicam-se com os nervos raquidianos através dos ramos comunicantes. O sistema parassimpático é formado por nervos parassimpáticos. Estes, não se comunicam nem com os gânglios centrais do sistema simpático nem com os nervos espinhais. Os centros nervosos situam-se no encéfalo e na porção inferior da medula.
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