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08/09/2014 1 GENÉTICA HUMANA AULA 4 – HEREDOGRAMAS E HERANÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE • 5 anos após a redescoberta dos estudos de Mendel, W.C. Farabee interpretou corretamente o mecanismo da herança dominante de um defeito humano – a braquidactilia Braquidactilia, palavra oriunda do grego que significa curto+dedo, é uma anomalia genética que leva ao encurtamento dos dedos das mãos, resultante de um gene dominante Megan Fox, estrela de Hollywood, é portadora de Braquidactilia “... Esse caso demonstra que a lei funciona no homem, tanto como nas plantas e nos animais inferiores. Mostra-se aqui que o defeito é o caráter dominante... ... Metade dos descendentes tem o defeito. Isso está em perfeita concordância com a lei, que se baseia no princípio da pureza das células germinativas (gametas) e em sua produção em número iguais... ... Nenhum descendente normal de um genitor anormal teve prole anormal... 21 pessoas normais casaram-se com normais fora da família e tiveram 70 filhos(as) e nenhum era anormal....“ 08/09/2014 2 Herança Autossômica Dominante • Na herança autossômica dominante um fenótipo é expresso da mesma maneira em homozigotos e heterozigotos. • Toda pessoa afetada, representada em um heredograma, possui um genitor afetado, que por sua vez também possui um genitor afetado e assim por diante, como no heredograma abaixo: Ambos os sexos afetados Quase todas as gerações com afetados • Nos casamentos que produzem filhos com uma doença autossômica dominante, um genitor geralmente é heterozigoto para a mutação e o outro genitor, homozigoto para o alelo normal Resultados previstos a partir da união entre um indivíduo heterozigoto afetado e outro normal (recessivo). Cada filho desse casamento tem uma chance de 50% de receber o alelo defeituoso (A) do genitor afetado e, portanto expressar a característica (A/a), e uma chance de 50% de receber o alelo normal (a) e, assim não ser afetado (a/a). 08/09/2014 3 Critérios da Herança Autossômica Dominante 1) O fenótipo aparece em todas as gerações, e toda pessoa afetada tem um genitor afetado. 2) Qualquer filho de genitor afetado tem um risco de 50% de herdar o fenótipo. 3) Familiares fenotipicamente normais não transmitem o fenótipo para seus filhos. 4) Homens e mulheres têm a mesma probabilidade de transmitir o fenótipo aos filhos de ambos os sexos. ACONDROPLASIA Acondroplasia: palavra derivada do grego a=privação, chóndros=cartilagem e plásis=formação • Também chamada de nanismo acondroplásico, é uma das formas mais comuns de baixa estatura desproporcional, que ocorre devido ao impedimento do correto desenvolvimento dos ossos em comprimento. (é uma deficiência da ossificação, resultando em encurtamento e arqueamento dos membros) • Popularmente, os indivíduos portadores dessa condição são conhecidos como anões 08/09/2014 4 • Muitas vezes, a doença vem acompanhada por diversos problemas de desenvolvimento que leva à morte prematura, antes do primeiro ano de vida Hidrocefalia, devido ao estreitamento dos forames da base do crânio (forame magno) , com eventual retardo mental Distúrbios medulares (por vezes, paraplegia), consequentes da compressão óssea ou hérnia de disco Problemas respiratórios em conseqüência da obstrução da passagem do ar, de origem central (compressão da medula cervical) ou obstrutiva (estreitamento da nasofaringe, da traquéia e/ou caixa torácica). Os sintomas podem incluir ronco noturno, hiperextensão do pescoço durante o sono ou apnéia do sono; Obesidade. Este é um problema importante que pode piorar os problemas articulares e aumentar as chances de complicações cardiovasculares; Problemas dentários. • No entanto, quando esses problemas são inexistentes, sendo presente apenas o defeito de crescimento dos ossos longos, a esperança de vida desses indivíduos se iguala com o a população em geral. ASPECTOS CLÍNICOS • Os pacientes apresentam baixa estatura desde o nascimento, por terem os membros curtos, mas o tronco e a coluna vertebral têm tamanho quase normal. • A altura média dos adultos afetados é de 130cm nos homens e 120cm nas mulheres. • A cabeça é grande (megacefalia) e braquicefálica; a fonte é proeminente, a ponte nasal baixa e o nariz tem forma de botão, com narinas e ponta antevertidas. • O tronco apresenta lordose lombar acentuada; o ventre e as nádegas são proeminentes. 08/09/2014 5 • Os membros são muito curtos, principalmente os segmentos proximais • As mãos são pequenas, em tridente: O terceiro e quarto dedos ficam um pouco afastados, de modo que, ficando polegar normalmente separado, a mão espalmada termina em três grupos de dedos • Os dedos são curtos (em especial as falanges médias e proximais) • Nas crianças pequenas, há excesso de pele nos membros, o que se evidencia pela formação das pegas cutâneas exageradas ASPECTOS GENÉTICOS • A acondroplasia é produzida por gene autossômico dominante de penetrância completa, de modo que todos os portadores do gene apresentam a doença • Trata-se de uma mutação no nucleotíteo de número 1.138 do gene mapeado em 4p16.3. O alelo normal é responsável pela síntese do receptor 3 do fator de crescimento de fibroblastos (células que controlam o crescimento e a diferenciação celular) • Tem incidência de 1 afetado por 12.000 nascidos vivos • A maioria é esporádica (90%), resultado de nova mutação, em outras palavras, é o primeiro caso da família • Praticamente todos os acondroplásicos são heterozigotos. O gene da acondroplasia é letal em homozigose (ou seja, em dose dupla, acarreta a morte do feto). 08/09/2014 6 ACONSELHAMENTO GENÉTICO • Em relação à futura prole de um portador da acondroplasia, existe uma probabilidade de 50% de filhos afetados. • Quando dois heterozigotos se casam, o risco de que o filho também seja heterozigoto é 50% e de que seja homozigoto com malformações letais é 25%. NEUROFIBROMATOSE A neurofibromatose ou doença de von Recklinghausen caracteriza-se por áreas de hipo ou hiperpigmentação (manchas café-com-leite) na pele, associadas a tumores benignos subcutâneos que ocorrem ao longo dos trajetos dos nervos periféricos, geralmente diminutos, mas que podem se desenvolver na idade adulta, dando início a complicações neurológicas resultantes de compressão. O fenótipo é variável, sua evolução é progressiva e imprevisível. Normalmente, esses tumores surgem entre os 10 e os 15 anos de idade, na pele ou em outras partes do corpo. Não é uma doença rara, e tem sido descrita em indivíduos de todas as raças, com ligeira predileção pelo sexo masculino. Alterações cognitivas e esqueléticas são frequentes nas fases avançadas da doença. Aproximadamente, 10% dos afetados têm eplepsia e outro tanto, retardo mental. Os tumores tornam-se malignos em cerca de 5% dos casos. 08/09/2014 7 http://anatpat.unicamp.br http://anatpat.unicamp.br 08/09/2014 8 Apresentam-se clinicamente sob duas formas: 1) Neurofibromatose tipo 1 (NF1): além das manchas e dos neurofibromas cutâneos, pode haver: Formação de neurofibromas nos nervos dos olhos, podendo resultar em perda da visão, Formação de neurofibromas na região da virilha ou nos nervos dos órgãos sexuais, causando impotência permanente mesmo em indivíduos “saudáveis” Outros problemas como deficiência de concentração e dificuldade de fala podem estar presentes. A NF1 pode desencadear diversas doenças ou até levar a morte caso surgem neurofibromasem regiões vitais, como coração ou o cérebro. 2) Neurofibromatose tipo 2 (NF2): caracterizada pelo crescimento de múltiplos tumores no sistema nervoso que geram desequilíbrio e perda de audição, aparecendo normalmente no início da vida adulta. ASPECTOS GENÉTICOS • A doença é condicionada por um gene autossômico dominante de penetrância praticamente completa e expressividade extremamente variável. • Sua incidência na população geral é de 1 a cada 4.000 – é uma das doenças autossômicas dominantes mais frequentes na espécie humana. • Aproximadamente 50% dos afetados são o resultado de mutações novas comprometendo um gene (NF1): localizado na banda q11.2 do cromossomo 17 (17q 11.2), cujo alelo normal parece ser um supressor de tumor. (NF2): localizado no cromossomo 22 (22q) 08/09/2014 9 • Não existe uma terapia específica para a doença. Portanto, o tratamento é freqüentemente direcionado para a prevenção ou o tratamento de suas complicações. • As lesões cutâneas podem ser removidas cirurgicamente. A radioterapia apresenta valor terapêutico. Todavia, o laser com dióxido de carbono e a dermoabrasão têm sido utilizados satisfatoriamente nas lesões extensas. • O aconselhamento genético é de extrema importância para todos os pacientes com neurofibromatose, pois Com relação à futura prole de um portador, existe uma probabilidade de 50% de filhos afetados. Quando dois heterozigotos se casam, o risco de que o filho também seja heterozigoto é 50% e de que seja homozigoto com malformações letais é 25%. DOENÇA DE HUNTINGTON • A doença de Huntington, também chamada de “coréia de Huntington”, é uma doença degenerativa progressiva do sistema nervoso. • Estima-se que sua prevalência encontre-se entre 5 a 10 casos por 100.000 habitantes. A idade média do surgimento da doença é de 40 anos, apesar de já ter sido observada aos 2 anos de idade e aos 80 anos de idade. • Os sinais clínicos mais comuns da doença são os movimentos involuntários (discinesia) dos braços, pernas e rosto, acometendo também aspectos da personalidade e habilidades mentais. • Além desses sintomas, o paciente pode apresentar depressão, disartria, fala indistinta, dificuldade de mastigar e deglutir alimentos e perda da visão periférica. • O diagnóstico baseia-se no quadro clínico característico, alterações neuroanatômicas identificadas por exames de imagens, histórico familiar e exame genético. 08/09/2014 10 ASPECTOS CLÍNICOS Alterações motoras, cognitivas e comportamentais • Atualmente ainda não há um tratamento preventivo ou curativo para a doença de Huntington, sendo que este é apenas sintomático. • O tratamento com certos fármacos, como bloqueadores dos receptores dopaminérgicos (fenotiazinas ou haloperidol), pode controlar os movimentos involuntários e alguns dos distúrbios comportamentais. No entanto, esses medicamentos podem induzir um quadro tardio de discinesia superposta ao distúrbio crônico, devendo ser utiliza apenas em situações absolutamente necessárias. • Indica-se o tratamento dessa doença apenas em casos incapacitantes, utilizando-se mínimas doses de algum desses medicamentos, em dias alternados. • O uso de agentes antidepressivos e ansiolíticos pode ser benéfico para alguns pacientes. 08/09/2014 11 ASPECTOS GENÉTICOS • O gene da Doença de Huntington tem uma seção específica em que o material genético, ou DNA, contém um número anormal de repetições nucleotídicas (nucleotídios são os blocos construtores do DNA e são representados pelas letras C, A, G e T). • Na maior parte das pessoas o padrão repetido CAG ocorre 30 ou menos vezes. Na DH ele ocorre mais de 36 vezes. • Pela análise do DNA de uma pessoa, e contando o número de repetições do CAG, é possível dizer se a pessoa é portadora ou não do gene da DH. • Entretanto, o teste não pode predizer a idade da manifestação clínica da doença. O padrão de herança é autossômico dominante de penetrância completa. Deste modo, a progênie de um indivíduo afetado, possui 50% de probabilidade de apresentar a doença. Transmissão genética da doença de Huntington Na herança autossômica dominante um fenótipo é expresso da mesma maneira em homozigotos e heterozigotos. Toda pessoa afetada, representada em um heredograma, possui um genitor afetado, que por sua vez também possui um genitor afetado e assim por diante Ambos os sexos afetados Quase todas as gerações com afetados 08/09/2014 12 Próxima aula: Padrão de herança autossômica recessivo • Efeitos da consanguinidade • Descrição clínica de erros inatos do metabolismo (albinismo, fenilcetonúria e galactosemia) • Importância da triagem neonatal e implementação de dieta específica como preventivo da manifestação de sintomas Leitura: OTTO, P. G. ; OTTO, P. A.; FROTA-PESSOA, O. Genética Humana e Clínica. 2ª ed. São Paulo: Ed. Roca, 2004. Seção VI – Herança Recessiva (p. 187)
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