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UNICEUMA	FILOSOFIA DO DIREITO	ACADÊMICO MAURO DOS ANJOS
QUESTIONÁRIO DE FILOSOFIA
explique a indeterminação do "objeto da filosofia" e a impossibilidade da caracterização da filosofia.
"A filosofia não é viver para pensar, é pensar para viver, pois a filosofia é sendo". Caracterizar a filosofia, é ter a compreensão do significado da filosofia, do que ela representa em termos de conhecimento. O objeto da filosofia, na verdade, ela não possui objeto definido, porque seu objeto é indefinido, mas na verdade, o que existe como objeto da filosofia é a totalidade, no sentido da filosofia ter a capacidade de ir além das particularidades das ciências, ela consegue ir além da fragmentariedade do saber, e por isso, o objeto da filosofia é a totalidade. Essa totalidade, objeto da filosofia, se configura com um modo de questionamento, como uma atitude que todo ser humano tem diante da realidade, diante dos valores, das crenças, das ideias, dos pré-conceitos. O que vai caracterizar a filosofia em relação as outras ciências, é exatamente essa atitude de questionamento, essa atitude crítica diante dos valores sociais, das ideias, das crenças que são formadas pela sociedade, pelo senso comum. Identificar o objeto da filosofia, para identificar aquilo que vai caracterizar a filosofia, precisamos da identificação do objeto que é o questionamento, o modo de questionar. Aquilo que vai caracterizar a filosofia, diferente das outras, é ter um posicionamento, é essa atitude que nós temos criticamente das dúvidas, das crenças, das pré-concepções, das pré-ideias, pré-conceitos. Todas as vezes que estamos tendo uma atitude em relação a esses dados que permeiam o senso comum, nós estamos fazendo filosofia. Então, filosofia é uma atitude, muito mais que algo teórico.
2. relacione: "questionamento filosófico" e "posicionamento crítico". 
Toda vez que nos posicionamos de forma crítica em relação a esses fatos, estamos filosofando, fazendo filosofia. Então, filosofia é uma atitude comum nossa, só que nós não compreendemos essa atitude como filosófica, mesmo porque, "eles" distorcem isso, "eles" eliminam essa consciência de que nós somos capazes de enfrentar, de se posicionar e não apenas ser passivo, omisso diante da realidade Com isso, passamos a atender porque a filosofia é tão renegada, tão categorizada como algo negativo. E isso faz sentido, pois quanto mais ela for distorcida, quanto mais ela for objeto de escárnio, de afirmações perjorativas, menos pessoas se aproximam dela, menos pessoas se aproximaram dela, menos pessoas estarão de posse dessa "ferramenta" do posicionamento. Há todo um desenvolvimento ideológico para que as pessoas não tenham essa ferramenta. Porque essa ferramenta de certa forma vai mostrar as pessoas que elas tem capacidade de mudar, de transformar as coisas, e isso não é dado gratuitamente. Filosofia é uma atividade, um modo de questionamento, é uma atitude que nós temos diante da realidade, uma atividade de posicionamento em relação as crenças, valores, aquilo que nos é transmitido pela sociedade, pela mídia, pelas crenças culturais, pelo discurso acadêmico (discurso dogmático, absoluto, imposto, legalista, como se fosse uma verdade absoluta, unilateral), muitas vezes pela nossa falta de posicionamento, "eles" vão dominando os espaços, vão dogmatizando as ideias, dogmatizando as nossas problematizações, fazendo o espaço mínimo de crítica e liberdade sejam desvalorizados. Cabe a nós nos posicionarmos em relação a mudança, de questionarmos esses valores, de tentar transformar essa visão, mas a partir do modo que nós nos posicionamos. O modo pelo qual nós agimos em relação a combater esses pré-conceitos. A importância do pensamento crítico, é exatamente a gente conseguir depurar ou evitar as ideias que são passadas, pelos valores sociais, os pensamentos das crenças que conduzem a gente a uma "estandartização", que é a homogeinização do pensamento, é o controle de fácil manipulação, a tendência da nossa omissão, da nossa incapacidade de questionar, que leva todos a terem o mesmo pensamento, a ter a mesma ideia. O pensamento homogêneo é um pensamento que é provido de uma ideologia, de um ponto de vista. O importante que a sociedade seja múltipla, que tenhamos a capacidade de discordância, do diálogo, da crítica com argumentação. "Para aceitar e compreender a verdade, eu tenho que duvidar dela" Decartes.
3. explique o processo que envolve a desconstrução/atitude filosófica negativa e construção/atitude filosófica positiva.
Atitude filosófica negativa/desconstrução, é negativa porque desconstrói as nossas pré-concepções, pré-juízos, as nossas ideias formadas. Desconstrução no sentido de desfazer essas ideias, de desintegrar esses pré-conceitos. Uma atitude filosófica negativa, é uma atitude onde a gente muda a nossa maneira de entender a realidade, onde nos posicionamos de forma a destruir, as nossas pré-concepções, os nossos pré-conceitos, ou seja, desconstruir significados, valores. Descontrói-se a sua visão de mundo, de realidade, para dar novos significados, onde você vai desconstruindo para resignificar, colocar elementos novos, onde você desconstruiu: novos valores, desconstrução de dogmas. É se reinventar, eliminando as ilusões ou as falsas percepções e aprendendo a viver em um mundo real que vai além do seu mundo pessoal, subjetivo, que só conseguimos com o passar do tempo. Isso é ter uma atitude filosófica positiva, de construção, com uma mente aberta para o novo, sem o olhar etnocêntrico de antes.
4. nos termos de Foucalt, discorra sobre o significado da "crítica".
Foucalt desconstrói a ideia de crítica. A crítica para o senso comum, é dizer que as coisas não estão bem do jeito que estão. Criticar para a filosofia, não é mostrar que as coisas não estão bem ou não. Criticar para a filosofia consiste em ver sobre que evidências, familiaridades, formas de pensar não pensadas repousam a nossa prática, ou seja, a critica para foucalt esta na forma da gente entender como as coisas foram disseminadas como as coisas foram passadas, transmitidas para nós, e essas ideias, essas opiniões, essa pré-concepções ficaram naturalizadas, de forma familiar para o nosso entendimento. Então, a crítica está em você ir descobrir como essas ideias, essas pré-concepções tornaram-se natural. Foucalt trabalha com método arqueológico, ele busca entender como os discursos são construídos. Ele mostra que por de baixo desses discursos prontos tem alguma coisa que não é tão verdadeira assim. A crítica faz você ir além desses pensamentos adquiridos e não pensandos. O pensamento existe além ou mais aquém dos sistemas e das construções discursivas a onde não há pensamentos, não formas de você entender a crítica. O pensar está além dessas construções de ideias, valores são construções , normas, tudo construído. Ele diz que nós sabermos o que é o Direito, temos que ir além desses discursos e ver como esses discursos foram construídos e feitos para que nós acreditássemos e que fossem normais. Então a crítica tem papel de ir além desse discurso e ultrapassar os limites desses discursos prontos e determinados para mostrar que o que achamos natural, não é tão natural assim, tem algo por trás dele. O que a gente acha que é natural, é uma falsa realidade do realidade do real. O real está por trás das aparências das coisas. A crítica para a filosofia e para Foucalt, não é você apontar erros, não é você apontar qualidades. É você sair dos modos de atuação dos discursos prontos, das ideias fabricadas, das crenças criadas, dos valores pré-concebidos, é você ir além e tentar mudar isso, é tentar desfazer isso.
5. explique a problemática da utilidade da filosofia e a relação com a utilidade no mundo contemporâneo.
A ideia de útil está associada a prazer, satisfazer uma necessidade que, as vezes, nem sempre tem uma utilidade real. Utilidade é a tendência de alguma coisa em alcançar o bem estar, a beleza, a felicidade, o bem, as vantagens, etc. Aquilo que é útil, aquilo que me dá algo de utilidade. Aquilo que me serve como algo.Aquilo que me dá um retorno prático nas coisas. Aquilo que me dá um retorno de aplicabilidade. Aquilo que não é útil ou aquilo que é inútil, é aquilo que não vai me dar retorno. A ideia de utilidade varia conforme o contexto colocado. A modernidade faz a gente acreditar que uma coisa inútil seja útil. A filosofia no contexto da "utilidade" em que nós vivemos, ela é inútil, porque ela não dá dinheiro, ela não traz felicidade e segundo Freud, pelo contrário, a filosofia nos frustra com a descoberta da realidade. Mas a filosofia é útil de uma outra forma. Nós estamos imersos em uma ideia de utilidade que é falsa, em uma ideia de utilidade que é construída em cima de uma ideia de consumo, de imediatismo. Agimos de forma precipitada, por impulso, irracional, saciamos nossos desejos sem reflexão. O mundo que nós vivemos, construiu o discurso de utilidade que é falso. Um discurso que leva a gente para consumir até mesmo o que não precisamos. Todas as nossas ações são voltadas para o que é útil se transformado no objeto de prazer material, ou seja, a materialidade das coisas. Além de agregar valores (respeito e reconhecimento). Segundo Bauman, com sua tese da modernidade líquida, ou seja, modernidade volúvel, sem consistência. Nada é consistente, tudo é superficial, passageiro. "era da liquidez", nada mais é para sempre, ou seja, levamos o mesmo princípio do consumismo, do descartável, para as nossas relações humanas, privilegiando inclusive, os bens materiais, o ter antes do ser, somos o que temos, somos o que consumimos, privilegiando sobremaneira o consumo. Sem consistência não há confiabilidade, lealdade, amizade. Para que serve a filosofia em uma sociedade de consumo na qual vivemos? A filosofia vai além do imeditatismo, possibilita ao indivíduo superar a situação dada e repensar essa mesma situação. A filosofia não tem utilidade prática na ótica de uma sociedade consumista. Por outro lado, ela tem muito mais utilidade do que qualquer outra área do saber, pois ela vai mostrar que essa realidade, esse paradigma não é correto. É aquilo que a sociedade impõe como discurso correto, e que a gente acaba se acostumando, pela nossa falta de posicionamento, falta de confronto, achando normal, que não pode haver mudança, nem perspectiva de mudar, se for ver por essa ótica, a filosofia tem um valor sim, sendo, portanto, totalmente útil. Porém, ela é útil não dentro do que a sociedade impõe a gente como sendo útil: ter bens, consumir, ter algo prático. A filosofia não tem nada de prático, mas ela tem a capacidade de nos mostrar o outro lado da moeda, uma outra face das coisas, uma outra possibilidade de entender a nossa realidade. E o que isso tem haver com o Direito? Tudo haver! O tempo todo o direito faz isso, essa capacidade de dialogar com o contraditório e fazer com que esse contraditório se torne o falso ou o real. Não foi assim que Kelsen fez com o direito natural? Kelsen olhou para o direito natural e questionou como se poderia ter como parâmetro no Direito, um tipo de pensamento que não tem uma eficácia concreta. Como podemos nos atrelar a um direito que é metafísico? Como é que eu posso exigir eficácia da norma se o direito natural tem eficácia no campo das ideias. Kelsen descaracteriza a normatividade jurídica, e ai ele cria o Positivismo Jurídico, e instaura um novo modelo de verdade para o Direito. Depois de um certo tempo, Miguel Reale questiona o Positivismo kelsiano, indagando como poderia atrelar o ordenamento jurídico apenas as letras frias da lei, a legalidade? Com uma outra visão, critica, Miguel Reale propõe levar em consideração outros elementos, para poder se fazer justiça, através da teoria tridimensional do Direito: fato, valor e norma. Com isso, podemos perceber que as verdades vão sendo desconstruídas e construídas em um ciclo e conformismo-inconformismo, dentro do apelo do questionamento. O próprio Direito precisa disso para suplantar as suas insuficiências, a sua falta de credibilidade. Isso é característico de toda ciência. Se não fosse o discurso filosófico, nós estaríamos ainda no direito natural. Porque, se não fosse o discurso filosófico, como Kelsen teria argumentos científicos para questionar o direito natural? Se não fosse o discurso filosófico, nós estaríamos vivendo no mundo medieval, e provavelmente, o Direito não seria como é hoje, seria o direito canônico, estaríamos lendo as leis divinas e não as leis positivadas.
6. relacione: senso comum, ideologia e alienação social.
Alienação é o fenômeno pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a esta criatura como se ela existisse por si mesma e em si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder em si e por si mesma, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a em ser outro, separado dos homens, superior a eles e com poder sobre eles. Na alienação social, os seres humanos não se reconhecem como produtores de instituições sociopolíticas (como, por exemplo, o Estado, a família, o casamento, a propriedade, o mercado, etc.) e oscilam entre duas atitudes: ou aceitam passivamente tudo que existe, por ser tido como natural, divino ou racional, ou se rebelam individualmente, julgando que, por sua própria vontade e inteligência, pode mais do que a realidade que os condiciona. Nos dois casos, a sociedade é o outro (alienus), algo externo a nós, separado de nós e com poder total ou nenhum poder sobre nós. A alienação social se exprime numa "teoria" do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida. Um exemplo desse senso comum aparece no caso da "explicação" da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da sociedade – sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, escritores, escritores, jornalistas, artistas -, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e que é a classe dominante da sua sociedade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as idéias de uma das classes sociais – a dominante e a dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade. A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da ideia de "humanidade", ou da ideia de "nação" e "pátria", ou da ideia de "raça", etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social de classes, mas por diferenças individuais de talentos e de capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor, etc. A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as idéias.
O senso comum produz ideologias. Quando se fala em ideologia nós alinhamos exclusivamente ao senso comum. Sempre a ideologia está ligada ao senso comum. "A eficácia da ideologia se encontra no momento que você não a percebe". Ideologia é um sistema de ideias peculiar a um determinado grupo social condicionado quase sempre pela experiência e interesse de um grupo. A função da ideologia consiste na conquista ou conservação de um determinado status social de um grupo, com atitudes ou doutrinas políticas e econômicas, jurídicas, que desempenham geralmente, funçõesideológicas de controle social. Uma ideologia pode estar em harmonia com valores que prevalecem na própria sociedade ou opor-se as esses mesmos valores. A ideologia é um sistema de ideias, um sistema de interpretação do mundo, que nasce de um grupo social, que tem privilégios sociais, econômicos e culturais. A classe inferior também possui ideologia, mas essa ideologia que está na base social não é capaz de influenciar quem está acima dela, porém, a ideologia da classe dominante, corrompe todos que estão abaixo dela. Exemplos de instituições que pregam suas ideologias: escola, meios de comunicação, família, a globalização, etc. A ideologia serve para pacificar, entorpecer a sociedade. A ideologia é uma forma de produção de um imaginário social que corresponde aos anseios da classe dominante, quer dizer, essas ideias não é objetivo para o povo em geral, mas para quem está no poder: burguesia, detentores dos meios de produção. A ideologia é o produto do imaginário social que corresponde aos anseios da classe dominante, como meio mais eficaz de controle social e ameniza os conflitos de classe, seja intervindo na noção de causa e efeito, seja silenciando questões que por isso mesmo impede a tomada de consciência do trabalhador de sua condição histórica, formando ideias falsas sobre si mesmo, sobre o que é, sobre o que deveria ser. A ideologia funciona como um "cimento" para que a base da sociedade não perceba que está sendo explorada pela mídia, instituições, controle estatal. O povo não tem consciência de onde vem esse controle e consequentemente, esse poder, essa influência, que as vezes vem através de uma linguagem subliminar. Portanto, em geral, se pode denominar Ideologia a toda crença adotada como controle dos comportamentos coletivos, entendendo o termo crença em seu significado mais amplo, como noção que compromete a conduta e que pode ter ou não validade objetiva. Assim entendido, o conceito de ideologia resulta puramente formal, já que pode ser adotada como Ideologia tanto uma crença fundada sobre elementos objetivos, como uma crença totalmente infundada, tanto uma crença realizável como uma crença não realizável. O que faz da ideologia uma crença não é, com efeito, sua validade ou falta de validade senão sua capacidade de controle dos comportamentos em uma situação determinada.
7. do ponto de vista do cientificismo, o senso comum é insuficiente. Explique tal afirmação.
É o conhecimento científico que caracteriza o senso comum em vulgar. Na nossa vida quotidiana necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos, relacionados com a forma como a realidade em que vivemos funciona: temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que saber como nos devemos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia-a-dia. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito diversos, com os quais temos que saber lidar. Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum.
O conhecimento cientifico transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura. Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão. Por isso surge à importância do conhecimento cientifico.
8. no âmbito da filosofia existe uma nítida diferenciação entre real/verdade e irreal/aparência.
A filosofia tem uma característica própria, diferente de uma visão comum da realidade. A filosofia não é mais importante que o senso comum e nem mais importante que a ciência. O senso comum e a filosofia são formas da gente entender a realidade. A realidade é composta de várias interpretações. A filosofia e o senso comum é uma forma da gente dar sentido a esta realidade. Interpretar a realidade é fornecer um sentido à ela. Então a filosofia me fornece o sentido dessa realidade diferente do senso comum, como a ciência também dá uma perspectiva diferente. A interpretação da realidade, é o modo como nós significamos essa realidade. E essa interpretação, e essa significação da realidade, ela muda de acordo com a nossa relação que temos com esse modo de interpretar. É como se fosse uma lente, onde colocamos a lente da filosofia por exemplo, e vemos o mundo de acordo com a lente crítica da filosofia. Nós interpretamos, significamos as coisas de acordo com o modo de interpretação da filosofia e se eu trocar essa lente, pela lente do senso comum, vamos ver essa mesma realidade sob a perspectiva ingênua e automática, simplória do senso comum. Trocando novamente a lente e colocando a lente da ciência, eu vou ver a mesma realidade mas com significado científico das coisas. Essa forma de lidarmos com a realidade, que dá sentido à ela, depende dessa "lente" que colocamos diante da nossa interpretação. É ela que fornece sentidos diferentes. E isso significa o quê? Que nós nos relacionamos com a realidade de acordo com esse modo de interpretação. Quando dizemos que a filosofia entende a realidade de uma maneira crítica, é porque temos uma concepção filosófica que muda a forma de entender o mundo. Não existe superioridade, mas sim, formas de interpretar a realidade. A filosofia tem essa capacidade de ser um tipo de conhecimento crítico que muda a nossa forma de entender a realidade. O senso comum prioriza os sentidos, porém, os sentidos enganam, os sentidos não podem fornecer a verdade, a razão. O senso comum está ligado a sensibilidade. Quanto mais longe estivermos do sentido, quanto mais longe estivermos das aparências, mais perto estaremos da verdade da razão. O senso comum produz crenças sem tratamento reflexivo, aquilo que ele vê através dos sentidos, nunca pela ótica da razão. 
9. discorra sobre a relação entre alteridade (natureza ou condição do que é outro, do que é diferente), compreensão e acesso à verdade, segundo a filosofia.
Alteridade é ver o outro como ele é, com suas diferenças, onde podemos ver não com um olhar etnocêntrico, mas pelo contrário, com um olhar relativista, ou seja, podemos até não aceitar como o outro é, mas temos que respeitar e entender que o "outro" é fruto do seu meio social: família, cultura, religião, etc. Com o olhar crítico da filosofia, desprovido de qualquer pré-conceito ou pré-julgamento, conseguimos perceber que nas mesmas circunstâncias, poderíamos ser do mesmo modo que vemos, conseguimos compreender que somente com um olhar puro, na busca da realidade como ela é, conseguimos ver a verdade sob a ótica do "outro", entendendo assim, seu modo de ser, agir e pensar. Somente a filosofia, que descortina o véu da ignorância, podemos ver o quanto somos seres universais e que o normal é sermos diferentes.
10. relacione: dogmatismo jurídico, reflexão filosófica e senso comum.
A reflexão filosófica nos dá a capacidade de nos mostrar o outro lado da moeda, a outra face das coisas, uma outra possibilidade de entender a nossa realidade, além do conhecimento vulgar do senso comum. O tempo todo o direito faz essa reflexão filosófica, através da capacidade de dialogar, através da dialética, com o contraditório e fazer com que esse contraditório se torne o falso ou o real. Kelsen com seu pensamento crítico sobre o direito natural, questionou como se poderia ter como parâmetro no Direito, um tipo de pensamento que não tem uma eficácia concreta. Como poderíamos nos atrelar a um direito que é metafísico? Como é que eu poderíamos exigir eficácia da norma se o direito natural tem eficácia no campo das ideias. Kelsen descaracteriza a normatividade jurídica, e ai ele cria o Positivismo Jurídico, e instaura um novo modelode verdade para o Direito. Depois de um certo tempo, Miguel Reale questiona o Positivismo kelsiano, indagando como poderia atrelar o ordenamento jurídico apenas as letras frias da lei, a legalidade? Com uma outra visão, critica, Miguel Reale propõe levar em consideração outros elementos, para poder se fazer justiça, através da teoria tridimensional do Direito: fato, valor e norma. Com isso, podemos perceber que as verdades vão sendo desconstruídas e construídas em um ciclo e conformismo-inconformismo, dentro do apelo do questionamento. O próprio Direito precisa disso para suplantar as suas insuficiências, a sua falta de credibilidade. Isso é característico de toda ciência. Se não fosse o discurso filosófico, nós estaríamos ainda no direito natural. Porque, se não fosse o discurso filosófico, como Kelsen teria argumentos científicos para questionar o direito natural? Se não fosse o discurso filosófico, nós estaríamos vivendo no mundo medieval, e provavelmente, o Direito não seria como é hoje, seria o direito canônico, estaríamos lendo as leis divinas e não as leis positivadas.
PONTOS IMPORTANTES
- as ciências e seus objetos de conhecimento
- crítica, posicionamento crítico e reflexão filosófica
- utilidade da filosofia
- senso comum, conhecimento científico e ideologia
- verdade, falsidade (opinião) e conhecimento.
- reflexão filosófica e atitude crítica
- alienação e dogmatismo jurídico
Formas de interpretação da realidade.
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