Buscar

02 Sociedade, economia e HPE Aula 2

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
Sociedade, economia e HPE Aula 2 
História do Pensamento Econômico
Prof. Bruno Aidar
*
*
Onde estudar?
ARIDA, Pérsio. A história do pensamento econômico como teoria e retórica. In: GALA, Paulo; REGO, José Márcio (Orgs.). A história do pensamento econômico como teoria e retórica: ensaios sobre metodologia em economia. São Paulo: Editora 34, 2003. p. 13-44.
Ler seções: I, II, II.1, II.2, II.3, II.5 e II.6 (p. 13-22, p. 27-33)
Não precisa ler as seções: II.4, III, III.1, III.2, III.3 e IV (p. 23-26, p. 34-44).
*
*
Questões principais
A economia é uma ciência?
Quais as consequências dessa visão para o estudo da HPE?
Qual é a relação entre teoria econômica (economia) e HPE?
Por que ler os clássicos do pensamento econômico? Por que eles não se deveriam ser lidos?
*
*
Evolução científica
Perspectiva da evolução dos paradigmas científicos (Thomas Kuhn).
Evolução da fronteira do conhecimento depende do sistema de resolução das controvérsias científicas.
Valorização do estudo da HPE depende da visão sobre a evolução da teoria econômica.
*
*
Teoria A
Teoria B
Teoria C
Realidade empírica
*
*
Economia como ciência
Separação entre análise objetiva e análise subjetiva, só a primeira interessa ao economista.
Busca de universalidade e neutralidade ideológica.
Analogia da economia com as ciências exatas e físicas. 
Utilização do método hipotético dedutivo da ciência e do positivismo lógico.
A ciência econômica é construída com base na construção de modelos e no teste empírico desses modelos.
Valorização da quantificação e desprezo pela análise subjetiva.
Economistas nada têm a dizer sobre valores morais ou éticos.
*
*
A visão hard science
HPE como história da análise econômica.
Lógica evolutiva: teoria atual é o ápice do progresso científico, ideia de fronteira do conhecimento.
Teorias do passado contribuíram no estado avançado da teoria atual.
Teorias do passado foram incorporadas e superadas na teoria atual.
HPE conta a história das teorias que são vencedoras no presente.
*
*
As outras teorias, que não foram incorporadas na teoria atual, são obsoletas e descartáveis, compondo o “estoque de erros” de toda evolução científica.
Estudantes devem aprender apenas teoria atual.
Elevada obsolescência intelectual: só valem os textos dos últimos 5 anos, por que ler um texto que foi escrito há 200 anos?
HPE como disciplina de “curiosidades”, sem importância para desenvolvimento da teoria atual.
Portanto, há separação completa entre teoria econômica e HPE.
*
*
A visão soft science
HPE como diferentes matrizes básicas da teoria econômica (= visões abrangentes do mundo econômico).
Cada visão produz uma matriz, logo é difícil conciliá-las, pois implicaria ter uma visão comum do mundo econômico.
Impossibilidade de incorporar e de traduzir uma matriz em outra, mais abrangente.
Leitura dos clássicos serve para assimilar as diferentes matrizes da teoria econômica. 
Teoria econômica surge pela reflexão realizada diretamente sobre HPE.
*
*
HPE e teoria econômica se confundem, sendo o estudo da HPE essencial para a familiarização com a primeira.
Clássicos são sempre atuais, pois permitem lançar as bases para refletir e problematizar a realidade atual. 
Exemplo: a atualidade do pensamento de Marx ou de Keynes para entender as crises financeiras de 2008.
Teoria econômica está estruturada em torno de questões centrais que não são transformadas pela fronteira do conhecimento atual.
Logo, conhecimento é estrutural e não-cumulativo.
*
*
Problemas da perspectiva hard science
Há apenas um método válido de pesquisa.
Economistas não seguem as regras metodológicas que se propõem.
Convicções científicas dos economistas superam, muitas vezes, as bases empíricas.
Economistas não reconhecem os fundamentos retóricos dos seus trabalhos.
Ruptura entre teoria econômica e HPE.
HPE na hard science não é independente da teoria atual, não articula texto e contexto da época.
*
*
Nem sempre ocorre a superação das controvérsias entre modelos distintos de teoria (resolução parcial, cansaço dos participantes e/ou ausência de consenso). 
Sem superação positiva, não se pode falar em evolução.
Crítica minha: anacronismo da HPE da hard science projeta no passado as categorias do presente e torna incapaz a apreciação contextual das obras antigas.
Crítica minha: os critérios de falsificação dos modelos teóricos não são universais e atemporais, mas históricos e contingentes. 
*
*
Problemas da perspectiva soft science
Fusão “funesta” entre HPE e teoria econômica.
Inexistência de novas teorias, pois tudo está contido nas matrizes fundadoras do passado. Teoria é dissolvida na HPE.
Estudo da HPE não é guia para tomarmos decisões de política econômica no presente, pois não temos acesso ao contexto no qual essas obras foram produzidas.
HPE fica deficiente, pois tiramos o texto do seu contexto quando orientamos a leitura pelas questões atuais.
*
*
Se o contexto do passado muda, então texto não pode servir de orientação para teoria econômica. Ex.: texto clássico sobre capitalismo no século XIX não serviria para estudar o capitalismo do século XXI.
Além disso, as categorias atuais de divisão do conhecimento econômica não se aplicam às categorias do passado.
Textos de HPE como textos cifrados: os textos do passado só podem ser efetivamente lidos pelo confronto com a “multitextualidade de seu contexto histórico” (ler os textos do autor, comentadores, críticos etc.). 
Evitar a tentação de projetar retrospectivamente o presente na compreensão dos textos do passado.
*
*
Críticas minhas: 
Arida supõe uma impermeabilidade dos textos e dos contextos do passado ao presente.
Implicitamente, Arida deixa como única alternativa a utilização da teoria econômica atual uma vez que o contexto completo do passado é impossível de ser alcançado (tanto pelas diferenças entre passado e presente quanto pelo trabalho incansável de reconstituição do contexto intelectual do surgimento das ideias econômicas). Portanto, Arida acaba concordando com a hard science.
Capitalismo de Marx, Schumpeter e Keynes são tão diferentes do existente no mundo atual?
Textos do passado não estão destinados apenas à reconstrução meticulosa da HPE, mas também servem como referência e como pontos de partida para análise do presente.
Arida nega o valor da soft science enquanto delimitadora das questões e teorias principais que estruturam o pensamento econômico em diferentes matrizes. Não são ideias conjunturais e vão à essência da realidade capitalista.
*
*
Uma reflexão de Keynes
“(...) as ideias dos economistas e dos filósofos políticos, estejam elas certas ou erradas, têm mais importância do que geralmente se percebe. De fato, o mundo é governado por pouco mais do que isso. Os homens objetivos que se julgam livres de qualquer influência intelectual são, em geral, escravos de algum economista defunto. Os insensatos, que ocupam posições de autoridade, que ouvem vozes no ar, destilam seus arrebatamentos inspirados em algum escriba acadêmico de certos anos atrás”.
KEYNES, John Maynard. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (1936). São Paulo: Abril Cultural, 1996. p. 349.
*
*
Proposta de periodização em HPE
Paradigma pré-clássico (séc. IV a. C. -c.1750)
Fundamentação: pensamento econômico antigo e medieval, mercantilistas
Crítica e crise: Smith
Paradigma clássico (c.1750-c.1860)
Fundamentação: fisiocratas, Smith e Ricardo
Crítica e crise: Marx, escola histórica, institucionalismo
Paradigma neoclássico (c.1870-c.1940)
Fundamentação: Jevons, Walras, Menger, Marshall
Crítica e crise: escola histórica, institucionalismo, Schumpeter e Keynes
Paradigma “neo-neoclássico” (c.1940-dias atuais)
Fundamentação: neokeynesianos, monetaristas
Crítica (sem crise): pós-keynesianos, neoschumpeterianos

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais