CONCRETIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO

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CONCRETIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO
 princípio democrático: Princípio segundo o qual é exigível a democracia como forma de vida, de racionalização do processo político e de legitimação do poder.
Segundo Burdeau, existem 3 formas de democracia:
A democracia governada corresponde ao princípio democrático liberal burguês: quem governa é o cidadão, enquanto os homens reais, com suas vinculações e seus interesses e ambições, são governados;
 
Principio democrático liberal burguês
A democracia governante, reflete a transição do Estado Liberal de direito para o constitucionalismo social, com respaldo na vontade do povo real;
A democracia governante do tipo marxista, também é fundamentada na vontade do povo real, especialmente da massa trabalhadora, adota como ideal a ditadura do proletariado, que geraria a ruptura com as instituições capitalistas
Com a formalização desses conceitos de democracia, ampliou-se, grandemente, o leque da participação popular, ao se instruírem, no âmbito dos regimes políticos representativos capitalistas, modificando as formas de participação políticas.
O povo ao usufruir de tais modalidades democráticas, não se cinge apenas a exercer os seu direitos políticos de escolher seus representantes, mas também o de decretar. (PRÉLOT, 1961:85)
“o povo só poderia mandar por meio de uma organização de dominação”
Essa organização passaria a necessitar de uma autoridade, bem como todo exercício de poder está sujeito à lei elaborada por uma minoria, enquanto representante do povo (Heller, 1968:293).
Surge a esfera pública como espaço público autônomo, espaço de debate e conflitos entre diversos campos da sociedade fazendo surgir a formação democrática de opinião pública. 
Temos como exemplo da Grécia Antiga a Gerúsia:
Com isso, é traçada as funções do povo como determinante do convívio social mediante prescrições jurídicas (cria se leis, normas, códigos etc.)
nesse contexto histórico que se inicia a representatividade política
O que tudo isso faz revolucionar o modelo Estado?
A democracia no Estado democrático de direito oferece aos cidadãos: aprendizado da democracia; poder participar nos processos decisórios; poder exercer controle nas opiniões e decisões e da produção de inputs (entrada/ absorção) políticos democráticos.
Com o estabelecimento da constituição, procura propor uma ordem normativa para o Estado. Este princípio se configura, no Estado democrático de direito, como um princípio jurídico-constitucional com tais dimensões:
Materiais: a constituição condiciona a legitimidade do domínio público à continuidade de certas finalidades e à realização de determinados valores e princípios;
Organização-procedimentais: o poder se torna legitimo pela constituição com a observação de determinadas regras e processos.
O princípio democrático como resultado do principio da representação.
O povo só pode ser legitimamente representado, quando o princípio da representação, como forma de dominação, vincula-se aos valores desta comunidade política ideal.
Representar significa, fazer presente e operante algo que não está presente e atuante, vez que a representação faz visível e atualiza um ser invisível.
Na democracia representativa, em que se manifesta a representação democrática, a participação popular é indireta, periódica e formal, mediante instituições e procedimentos eleitorais necessários a disciplinar as técnicas de escolhas dos representantes do povo.
A representação democrática é uma autorização dada pelo povo a um órgão soberano, institucionalmente legitimado pela constituição, para agir autonomamente em nome do povo e dos interesses deste - representação formal
O Representante eleito, portanto, desempenha constitucionalmente um mandato político representativo, fundado nos princípios da representação e da autoridade legítima.
O princípio da representação pressupõe os seguintes postulados:
Exercício jurídico de funções de domínio, formuladas em nome do povo, por órgãos de soberania do Estado;
Derivação direta ou indireta da legitimação do domínio do princípio da soberania popular;
Exercício do poder, visando os fins e interesses do Povo.
O mandato representativo apresenta tais características:
A generalidade: no estado liberal de direito, o mandatário representava os interesses da nação, como titular do poder soberano, o exercia por meio dos órgãos representativos. Mas com o surgimento do Estado social o mandatário passa a representar todo o corpo eleitoral;
A liberdade de atuação do mandatário: ele deve ter liberdade para cumprir o seu mandato não podendo ser coagido nem sofrer pressão externa;
A irrevogabilidade do mandato: os eleitores não podem tirar seus representantes, “quem decide, decide por todos”. Mas com a crise do Estado Liberal, foi instituído nos Estados Unidos e Suiça, respectivamente, o recall e o abberufungsrecht, no sentido de corrigir distorções do mandato;
A independência: os atos do mandatário ficam a salvo de retificação, por parte do mandante. Desde o enraizamento do paradigma social, procura-se maior legitimação jurídico-formal concedida a um órgão governante, através do apoio popular ou da vontade do colégio eleitoral.
regra da maioria e seus limites Democráticos
 
Para reflexão
A regra da maioria
A democracia vê-se baseada no princípio da maioria, o qual tem como base a legitimidade da ordem social pelo maior número possível de cidadão, ou seja, vontade geral do povo.
O maior número possível de homens goze de autonomia e de que o menor número possível esteja sujeito a vontade da maioria.
A da regra da maioria, contém um momento autoritário que obriga a consolidar a maioria como órgão de dominação e é nesse momento que surgem restrições à essa regra.
Existe uma maioria 100% ?
A primeira atitude para restringir a generalidade e o autoritarismo da maioria, foi o reconhecimento de que existe uma minoria.
Limites democráticos
Ao respeitar- se o direito de existência da minoria, pode-se definir a regra majoritária, como articulação institucional de um complexo Universo de regras ( CAMPILONGO, 2000:39)
Com o constitucionalismo social, a regra majoritária converteu-se em instrumento da conquista de direitos econômicos culturais e sociais.
Com a crise do Estado social, o princípio da maioria demonstrou-se incapaz de refletir as particularidades e exigências das complexas e diferenciadas sociedades modernas.
Para Kelsen, a regra da maioria consiste no instrumento capaz de obter o máximo de liberdade política dentro da sociedade. O princípio da maioria, ao traduzir a ideia de democracia é uma síntese das ideias de liberdade e igualdade.
Em síntese a regra da maioria como prática social constitui uma família de regras ao englobar
as cinco regras básicas majoritárias: 1ª a maioria simples não qualificada - metade mais um; 2ª a maioria absoluta -metade mais um do universo eleitoral; 3ª a maioria relativa -metade mais um dos votantes; 4ª a maioria qualificada -pode ser de dois terços ou três quartos; e 5ª qualquer maioria -a maior dentre as minorias;
a incorporação de mecanismo de correção das decisões tomadas;
a garantia de ampla Liberdade às minorias.
Limites da decisão majoritária, aplicáveis à maioria parlamentar:
A necessária publicidade das regras de maioria, para ter maior participação popular e transparência na tomada de decisão;
as devidas regras de proteção às minorias opositoras, para que as mesmas possam atuar com destemor;
Direito destas minorias de colaborar no processo de formação da opinião pública e da vontade política coletiva, bem como nos trabalhos parlamentares e suas comissões;
Obediência às regras convencionais da moralidade política e social.
O princípio da maioria por suas feições não discriminatórias igualitários transformam-se então na condição necessária quando amplamente extensiva todo povo para a aproximação entre governantes e governado
A democracia na constituição
brasileira
Que tipo de democracia é esta?
O regime proposto pela Constituição brasileira de 1988, repousa no princípio democrático, ao pressupor uma comunidade política onde todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.
Este regime democrático deve propiciar oportunidade para todos, em uma conquista cotidiana.
Cada cidadão deve atuar tanto na esfera privada, ao tratar de seus interesses particulares, quanto na esfera pública, ao se engajar na sociedade organizada e participar das decisões políticas.
Autonomia política dos cidadãos deve se manifestar na auto-organização da comunidade política, que atribui a si mesmo as suas leis, por meio da vontade soberana do povo. Tendo eles também sua autonomia privada, que são visadas nos direitos fundamentais que garantem o domínio anônimo das leis.
Constituição utópica
Apesar dos valores inseridos na Carta Magna vigente, como se pode falar em democracia em uma sociedade injusta e perversa, com instituições políticas desacreditadas, sem mecanismos eficazes de distribuição de rendas, caracterizada pela falta de diálogo entre os interesses da classe dominante e dos excluídos?
A concretização do princípio da participação popular no governo, consoante o Estado democrático de direito, é um remédio a ser aplicado para corrigir esta ausência de diálogo de nossa sociedade.
Tentativa de mudança existe e se reflete na exigência de direitos e de cidadania ativa; o que se traduz, também, em exigências por uma maior participação política, na qual se inclui a implementação dos mecanismos da democracia semidireta.
Lamentavelmente, o discurso constitucional, que sustenta o Estado democrático de direito brasileiro, é uma utopia, distante da realidade Constitucional, a qual apresenta instituições políticas corroídas pela ineficiência e pela corrupção, desonrando o processo democrático.
O retrato do Brasil, em preto e branco, focaliza a ausência da democracia real: a periferia dos grandes centros urbanos, dominada pelo narcotráfico e pela miséria; os acampamentos dos sem-terra e dos sem-casa; a multidão de crianças abandonadas e os fantasma do desemprego que rouba os lares brasileiros.