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INSTALAÇÕES PARA AVICULTURA DE CORTE Parte I IT 520 – PROJETOS DE CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA I PROFª. VÂNIA ROSAL GUIMARÃES NASCIMENTO AU L A A DA PTA DA DA P R O F ª . DA N I E L A M O U R A 0 3 / 0 9 / 2 0 15 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA Tópicos que serão abordados na aula de hoje... Introdução Objetivo Sistema de criação “cama” Requisitos básicos para a construção Planejamento inicial do aviário Escolha do terreno Localização das instalações Orientação das instalações Situação das instalações Componentes da granja Aspectos construtivos dos galpões Pé direito Pilares Fundação Cobertura Piso Calçadas laterais Paredes Meios para controlar o efeito do clima Cortinas Sistema de iluminação artificial Introdução INSTALAÇÕES => um dos fatores mais importantes no contexto da avicultura brasileira As instalações para aves diferem bastante das destinadas a outros animais: não só sob o ponto de vista higiênico como no manejo da criação Características: O criador irá dispor de área relativamente pequena para maior número de cabeças Deve ser simples, permitindo menor tempo na sua execução Ter boa resistência Utilizar materiais acessíveis Ser econômica Objetivos das Instalações Fornecer condições de conforto às aves Temperatura situando-se entre 21 a 26ºC e umidade relativa entre 50 e 70% (de acordo com a idade das aves); Abrigar as aves das chuvas, ventos, frio e a mudança bruscas de temperatura; Fornecer condições ideais de manejo e alimentação. Sistema de criação Cama O sistema “cama” consta do galpão com piso de concreto com uma camada como: maravalha, palha de arroz, sabugo triturado, etc => 500 a 600 kg/1000 aves Utilizado para cria das aves desde a fase de “pintos de um dia” até a idade de abate. Evolução tempo de produção: década de 60 => frango pronto para abate com 120 dias 1988 => 49 dias para se obter frangos com 2 kg de peso corporal 1998 => mesmo resultado com 39 dias Resultado atribuído à evolução das pesquisas na área de genética e nutrição Atualmente, 32 a 39 dias => frangos com peso corporal entre 1,5 e 2,0 kg Sistema de criação Cama Para planejamento do processo produtivo, considera-se peso vivo de 2,1 a 2,4 kg num período de uso do galpão de 42 a 45 dias O período de uso do galpão ainda abrange o tempo necessário à limpeza e desinfecção, de 14 a 16 dias. Densidade populacional: baixa tecnologia => 8 a 12 aves/m² (climas mais quentes) densidade normal (alta tecnologia) => 10 a 14 aves/m² (climas mais frios) alta densidade (altíssima tecnologia) => 15 a 18 aves/m² em sistemas modernos, automatizados, para servir ração e água (comedouros e bebedouros) + sistemas de acondicionamento térmico => densidade de 18 a 22 aves/m² Produção de carne por unidade de área construída => alta densidade de 30 a 40 kg/m² Atenção: Alta densidade somente se torna viável em regiões quentes, como no nosso caso (Brasil), com a utilização de acondicionamento natural e artificial aplicados aos galpões, permitindo a obtenção do ambiente adequado, minimizando o estresse calórico, comumente observado nas aves. Os aspectos relacionados a nutrição, manejo adequado dos comedouros e bebedouros modernos, programas de luz, previsão de geradores e paisagismo circundante. Sistema de criação Cama Requisitos básicos para as construções Simplicidade Rapidez de execução Segurança Baixo custo Fluxograma de funcionamento adequado Controle ambiental Aproveitamento dos recursos naturais de acondicionamento Planejamento inicial do aviário 1. Escolha do terreno SECOS => para evitar qualquer umidade na “cama” ou no piso dos abrigos; realizar pesquisa do subsolo para verificar a natureza do solo, espessura das diversas camadas, profundidade e extensão da camada firme AREJADOS => amplo, sem obstáculos naturais, onde o vento circula livremente em todas as direções ENSOLARADOS => os raios solares são o melhor desinfetante que se conhece. A ação dos raios ultra violetas destroem os germes causadores de doenças e infecções INCLINAÇÃO SUAVE => elimina grandes movimentos de terra e permite rápido escoamento de águas pluviais; boa drenagem. Facilita ainda os movimentos dos tratores e dos veículos, na distribuição de rações, remanejamento de aves, retiradas de esterco... BEM SERVIDOS DE ÁGUA POTÁVEL => fresca e abundante, é a condição básica, fundamental para se instalar uma granja avícola Planejamento inicial do aviário 2. Localização das instalações Clima => temperatura e umidade relativa do ar, ventilação, radiação... Condições recomendadas: condições próprias para cada idade Em geral: temperaturas médias e boa ventilação natural Aves adultas: conforto térmico – T = 15 a 25 ºC e UR = 40 a 70% Boas condições de salubridade: Drenagem do solos, ventilação, insolação, espaço físico, topografia (terrenos com inclinação mais suave), vias de acesso para períodos chuvosos e secos, controle de transito Espaço físico suficiente para espaçamento adequado entre os galpões Aves da mesma idade => espaçamento de 10, 20 ou até 30 metros Aves de idade diferentes => 100 a 200 metros Eletricidade e gás - se possível é melhor que a granja possua eletricidade para os programas de iluminação, se não houver eletricidade de rede externa deverá ser instalado um gerador. O gás é necessário para alimentação das campânulas a gás dos pintinhos. Continua Proximidade das fontes de produção de milho => para adquiri-los a preços baratos na safra e estoca-lo em silos ou armazéns => o milho representa 60% a 79% do volume das rações Facilidade na aquisição de rações e concentrados => a oferta de alimento às aves nunca deve faltar Facilidade na aquisição de pintos de um dia, de qualidade => assegurar que um incubador idôneo forneça pintos de qualidade o ano inteiro Mão-de-obra capaz - ou de fácil treinamento é um dos pontos mais importantes a considerar Proximidade do mercado consumidor => para redução de despesas com frete e melhores preços de venda Estradas e vias de transporte de boa qualidade => instalar a granja a menos de 50 km do abatedouro avícola => evitar perdas por mortalidade, ferimentos e quebra de peso dentro dos engradados; Planejamento inicial do aviário 3. Orientação das instalações Galpões com a cumeeira orientada no sentido leste-oeste A superfície exposta a oeste seja a menor possível, evitando sobreaquecimento pela insolação nas longas tardes de verão Esta condição é de preferência, pois sabemos que nem sempre é possível executar esta orientação, devido a uma série de fatores como: topografia, ventos dominantes, outras instalações existentes, etc. Planejamento inicial do aviário 4. Situação das instalações Disposição racional dos galpões Aves de mesma idade Afastados entre si no mínimo 20 m Evitando assim que um atrapalhe a ventilação natural do outro. Aves de idades diferentes Afastamento entre eles de no mínimo 100 m Ao redor de cada galpão devem haver barreiras naturais (árvores) que impeçam a circulação direta do ar de um galpão para o outro, evitando com isso a transmissão de doenças das aves adultas para as mais jovens Suficientemente afastado de rodovias, povoamentos ou setores industriais => no mínimo 100 metros Planejamento inicial do aviário 5. Componentes da granja Setor de produção: galpões para aves Setor de preparo de alimentos: armazéns ou silos, fábricas de ração, caixa d’água Setor administrativo: escritório,almoxarifado, controle (portão de entrada) Setor sanitário: fossas, crematório (animais mortos), pedilúvio para desinfecção dos pés na entrada, rodolúvio para pneus dos veículos, plataforma de desembarque Setor residencial: casa, sede, casas dos empregados Setor de apoio: galpão-oficina Setor externo: abatedouros, cooperativas Planejamento inicial do aviário Aspectos construtivos dos galpões Forma => retangular é mais econômico => recomendado Na construção do galpão deixar na terraplanagem em todo perímetro uma distância mínima de 4 metros para circulação. Os galpões podem ser construídos com estrutura de madeira, metálica, cimento ou associação deles. Dimensões: Variam conforme a quantidade de frangos a serem criados. A largura mínima deve ser de 12 m. Ou 8 a 10 m para clima úmido e 10 a 14 metros para clima quente e seco O comprimento recomendável atualmente deverá ser no mínimo 100 m e no máximo 140 m. Entre 2,5 e 3,0 m para galpões tipo-túnel; Galpões convencionais entre 3,0 m (regiões mais frias) e 4,2 m (regiões mais quentes). Pode também ser estabelecido em função da largura – os dois parâmetros em conjunto favorecem a ventilação no interior do galpão Aspectos construtivos dos galpões Pé direito Tabela 1. Relação entre largura e pé direito do galpão Madeira tratada (serrada ou roliça) Concreto (pré moldado ou não) => concreto armado: traço 1:2,5:4 Estrutura metálica Tendência atual: Estruturas pré-moldadas de concreto, estruturas metálicas ou combinação de ambas, compondo praticamente todo o arcabouço da construção (pilares e estrutura do telhado) Vãos de 3m a 5m entre pilares (depende do cálculo construtivo e do tipo da carga à suportar), sustentando tesouras e pórticos com apenas dois apoios, de tal forma a manter o vão do galpão totalmente livre. Atenção: As colunas e os pilares que sustentarão o telhado devem estar localizadas para o lado de fora da parede, evitando a formação de cantos no interior do galpão, que roubariam espaço e dificultariam a higiene. Aspectos construtivos dos galpões Pilares Galpões menores: Direta descontínua em concreto ciclópico no traço 1:4:8 Profundidade => 0,5 a 1,0m sobre leito bem compactado Galpões grandes: Fundação descontínua em sapatas armadas Para apoiar as paredes das faces leste e oeste do galpão Alicerces contínuos Para apoiar as muretas das faces norte e sul Alicerces contínuos rasos (pequena profundidade) Aspectos construtivos dos galpões Fundação Cobertura em duas águas Telha de fibrocimento => custo mais baixo e facilidade na instalação e manutenção Telha de barro => melhor conforto térmico aos animais Inclinação => de 20 a 30%. Estrutura de sustentação => madeira (tesoura), metálica (treliça) ou concreto pré-moldado A dimensão de beirais também é fator preponderante no sombreamento do interior de abrigos. Em instalações com pé direito de 3 m, os beirais devem possuir no mínimo, mesmo em instalações leste – oeste, 1,40m de comprimento. A melhor dimensão obtida em pesquisas foi a de 2,0m. Aspectos construtivos dos galpões Cobertura O piso poderá ser de concreto, tijolos rejuntados com argamassa de cimento, ficando de 0,15 a 0,20 m ou mais, acima do nível do terreno, Atenção: Não é aconselhado o piso de chão batido por não isolar a umidade além de contaminar o solo. Concreto simples 1:4:8, revestido com argamassa 1:4 – espessura de 0,05 a 0,06 m Inclinação => com 0,5 a 1% de declive no sentido das laterais do galpão, partindo do centro. Aspectos construtivos dos galpões Piso É recomendável a presença de uma calçada externa contornando todo o abrigo Com largura de 0,70 a 1,50m Finalidade: proteger os alicerces, o piso e as paredes contra a umidade, além de facilitar o trabalho dos tratadores. Material de construção: pedra, laje ou cimento. Aspectos construtivos dos galpões Calçadas laterais Fechamento longitudinal do galpão - muretas de alvenaria + concreto simples 8 a 10 cm de largura, com altura de 25 a 30 centímetros, completando o restante com tela de 1,5 polegadas e fio 18, ficando a tela alinhada com os esteios pela parte interna; As muretas podem ser construídas de tijolos cimentados, não havendo necessidade de reboco; Ter tela também nas portas e janelões de ventilação (oitões). Fechamento lateral do galpão: são geralmente feitas de tábuas, contendo em um dos lados um portão de duas bandeiras com largura e altura suficientes para entrar o caminhão de carga e descarga. Podem ser feitas de alvenaria de ½ tijolo também. Aspectos construtivos dos galpões Paredes Meios para controlar o efeito do clima No verão todas as precauções devem ser tomadas para manter a instalação com temperatura mais amena possível, tanto durante o dia como à noite. Ventilação forçada: galpões com largura superior a 8 metros recomenda-se colocar ventiladores. O uso dos ventiladores deve ser bem controlado, uma vez que pode ressecar as vias respiratórias das aves. Lanternim: funciona como um exaustor, o ar quente de menor densidade sobe e sai pelo lanternim, dando lugar ao ar mais frio, criando uma zona de convecção. O telhado deve ser o mais inclinado possível para evitar acúmulo de ar quente. As aberturas de saída do ar do lanternim são em função da largura L do galpão Vantagem: O lanternim ameniza o clima e limpa o ambiente de gases ali produzidos. Lanternim Figura indicando as principais dimensões Beiral largo: evita que o sol incida dentro do galpão, provocando aumento da temperatura, e evita a entrada de água das chuvas de vento => comprimento 1,5 a 2,0 metros. Telhas: o ideal seria as telhas de barro, mas devido ao custo, as telhas mais utilizadas são as de cimento-amianto => proporcionam aumento considerável da temperatura no interior do galpão, o que torna a utilização de outros meios de atenuar a temperatura algo de extrema importância. Pintura: as paredes e telhados devem de preferência possuir coloração clara com a finalidade de maior reflexão dos raios solares. Cortinas: sua utilização permite controlar a temperatura dentro do galpão não permitindo entrada de raios solares, ventos fortes, frio, etc. Meios para controlar o efeito do clima ABERTURA NOS OITÕES E PORTAS Janelões para auxiliar na ventilação da parte superior do aviário, tela malha 1,5; Cortinas de proteção Função => Manejo da ventilação => visando controle da movimentação do ar dentro do galpão Material => Pode ser de plástico especial trançado, lona ou sacos de algodão usados. Instalação => Instaladas pelo lado de fora de cada parede lateral; Presas ou fixas no bordo superior da parede lateral, para correrem de baixo para cima ao fechar e de cima para baixo ao abrir, evitando a incidência direta de correntes de ar sobre as aves. Operação => Operada por meio de uma roldana com manivela e um cabo de aço que corre junto ao teto com guias de cordas de nylon presas ao bordo da cortina. Com este sistema se fecha toda a cortina de um lado de uma vez só. Requisitos para a instalação de cortinas A parte superior da cortina deve se sobrepor a uma superfície sólida para evitar entradas de ar indesejáveis; a superposição mínima deve ser de 15 cm. Uma mini-cortina instalada a 25 cm (10 pol.) do lado externo do galpão a uma altura uniforme ajudará a evitar entradas de ar indesejáveis na parte superior da cortina. As cortinas deverão caber em um envelope formado pela mini-cortina de 25 cm (10 pol.) vedando a cortina verticalmente em ambas as extremidades. As cortinas deverão ter barra tripla. É necessária a vedação na base para evitar entradas dear indesejáveis no nível do piso. Todos os buracos e rasgos nas cortinas laterais e/ou das entradas de ar devem ser consertados. As cortinas são mais eficientes se operadas automaticamente, sendo que os critérios para abertura e fechamento devem ser a temperatura e a velocidade do vento. BANDÔ SUPERIOR Do telhado até aproximadamente 15cm sobreposto ao envelope. SISTEMA DE ENVELOPE Pano de 60cm dobrado ao meio com barra nas duas pontas; Instalado do caimento do forro para baixo, com sistema de chapas internas que garantam a abertura e o alinhamento; A parte superior do envelope deve ficar alinhada e presa ao forro. SISTEMA DE ENVELOPE SISTEMA DE CANTONEIRAS Para ajudar no sistema de vedação das laterais. Auxilia na vedação da cortina+bandô+envelope. CORTINA AUTOMÁTICA Ser independente; Ligado em um controlador com sensores de temperatura e umidade; Em caso de problemas de energia elétrica, ela deverá ser aberta automaticamente. 38 Cortinas Existem sistemas automáticos que regulam o funcionamento das cortinas conforme dados climáticos registrados no interior do galpão. INSTALAÇÃO DO FORRO 3 panos nos aviários com dois pilares centrais; 2 panos em aviários com um pilar central e vão livre; Em aviários de vão livre pode ser instalado com pano único; O forro é fixado com arames transpassados nos pilares centrais e nas laterais é fixado com arame e grampos na ripa onde prende a tela; Deve ser instalado o mais esticado possível; Ter o máximo de vedação quando é feito o encaixe nos postes; INSTALAÇÃO DO FORRO Ser instalado por baixo das madeiras. INSTALAÇÃO DO FORRO Sistema de iluminação artificial Utilizada para aumentar o período diário de luz natural (fotoperíodo) e, dessa forma, induzir a ingestão de alimentos, resultando em maior ganho de peso das aves Tipos de iluminação Incandescente Fluorescente => maior número de lumens (intensidade de iluminação), consome menos energia, é mais durável Utilizar de 10 a 12 lumens/m² de galpão Bibliografia consultada SOUZA, Jorge Luiz Moretti de. Manual de Construções Rurais. Curitiba: DETR/SCA/UFPR, 1997. 165 p. SOUZA, Cecília de F. Instalações para frangos de corte e poedeiras. Apostila. Viçosa: CRA/DEA/UFV.
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