Buscar

partido arquitetônico

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Teoria do Partido Arquitetônico
Muitos autores acadêmicos têm se debruçado na tentativa de compreender e explicar o processo de projetação.
A história é rica em exemplos do interesse em resumir o projeto a um processo linear, possuidor de uma técnica de realização passo a passo, como montar uma máquina numa seqüência de procedimentos idêntica a tantas outras técnicas e disciplinas.
Um aspecto da atividade de projeto é justamente a quantidade de teorias e técnicas. Observa-se que, embora partes do processo de produção do projeto possam estar sujeitas a uma seqüência de procedimentos, as metodologias não se sustentam enquanto sistemas universais, embora seja obrigatório conhecer a experiência acumulada que compõe a história da arquitetura.
O termo projetação define a produção do projeto de arquitetura como um processo que tem um momento crítico e imponderável que foge a qualquer metodologia. Envolve as decisões relativas ao que conhecemos por partido arquitetônico, termo que em outros lugares é também conhecido como estratégia ou conceito.
Nam June Paik
Teoria do Partido Arquitetônico
O termo partido arquitetônico ou “partido” é o termo comum à linguagem própria dos arquitetos no âmbito da produção, do julgamento de concursos de arquitetura, do ensino de projeto, das conversas informais. 
“a forma como consequência lógica da técnica – que torna a arte da arquitetura sempre e em toda parte a mesma.
...
Para Choisy a essência da arquitetura foi sempre a construção, a função do arquiteto sempre foi esta: fazer uma avaliação correta do problema com que se deparava, após a qual a forma do edifício seguir-se-ia logicamente dos meios técnicos a seu dispor” .
Escola Coreana
Teoria do Partido Arquitetônico
Autores modernos propõem definições: “conseqüência” e “resultado” - nos quais uma ideia de lógica permanece implícita:
“A mencionada definição é a seguinte: Arquitetura seria, então, toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas, e caracterizada por aquilo que chamamos de partido. 
Partido seria uma consequência formal derivada de uma série de condicionantes e/ou determinantes; seria o resultado físico da intervenção sugerida. Sejam elas:
a. a técnica construtiva, segundo os recursos locais, tanto humanos, como materiais, que inclui aquela intenção plástica, às vezes, subordinada aos estilos arquitetônicos.
b. o clima.
c. as condições físicas e topográficas do sítio onde se intervém.
d. o programa das necessidades, segundo os usos, costumes populares ou conveniências do empreendedor.
e. as condições financeiras do empreendedor dentro do quadro econômico da sociedade.
f. a legislação regulamentadora e/ou as normas sociais e/ou as regras da funcionalidade”.
Teoria do Partido Arquitetônico
E o que se vê a respeito: – “Esa incómoda situación del partido”, afirma Corona-Martinez: sempre surgem novas teorias, mais interessado em desvendar um mistério - abrir uma “caixa preta”:
“Le Corbusier enfatizou ainda mais o uso da lógica matemática de Descartes ao dizer que o início do processo de criação é a definição da planta arquitetônica, que por sua vez é a representação do programa arquitetônico (função da edificação). Assim, a projeção vertical da planta resultaria, segundo ele, nas paredes que por sua vez se tornariam volumes: linhas que se transformam em planos que se transformam em volumes; é a seqüência linear e crescente do raciocínio cartesiano.
Embora se saiba que Descartes ainda é apreciado nas escolas de arquitetura do Brasil para o ensino-aprendizagem do projeto arquitetônico, sabe-se também que o processo de criação é ilógico da lógica cartesiana: é a caixa preta; o momento em que a subjetividade psicológica do arquiteto define, por meio de um rabisco (croqui) o partido do projeto. 
Escola Cáritas
Teoria do Partido Arquitetônico
“Denomina-se “Partido” a ideia preliminar do edifício projetado. Idealizar um projeto requer dois pontos: 1) um em que o projetista toma a resolução de escolha dentre inúmeras alternativas, de uma idéia que deverá servir de base ao projeto do edifício do tema proposto; e 2) outro em que a idéia escolhida é desenvolvida para resultar no projeto. 
É do primeiro procedimento, o da escolha da ideia, que resulta o partido, a concepção inicial do projeto do edifício, a feitura do seu esboço”.
“Projetar um edifício é, na essência, o ato de criação que nasce na mente do projetista. É fruto da imaginação criadora, da sensibilidade do autor, de sua percepção e intuição próprias. É resultado do trabalho do pensamento. Sendo assim, constitui-se em algo de difícil controle, interferência e ordenamento”.
Composição, partido e programa - conceitos em mutação:
“Em suma, no projeto de arquitetura, a concepção do partido arquitetônico pressupõe a proposição de configurações que descobrem, ou inventam, relações espaciais e programáticas a partir de uma dispersão inicial, indeterminada, de possibilidades projetuais. A coerência de tais construções deriva, antes, de um progressivo fechamento interno do que de determinação externa”.
Bienal -SP
Teoria do Partido Arquitetônico
Uma comparação entre os projetos de Le Corbusier e Lúcio Costa para a Cidade Universitária do Rio de Janeiro em 1939:
“Para Lúcio Costa... ao contrário, tomar partido implica dar início a um percurso inventivo que se traça sobre um campo de relações em constante formação e renovação, ainda que aos tateios e sujeito a inúmeros e imprevisíveis retornos e desvios. Tais relações simultaneamente externas e internas ao objeto projetado implicam a construção de correspondências entre formas e conteúdos, organizando-se progressivamente em esquemas que conectam partes antes separadas. Este dinamismo atribui à construção do partido um sentido eminentemente operativo, antecipador das configurações compositivas que conduzirão à finalização do projeto”.
Aeroporto de Florianópolis
Teoria do Partido Arquitetônico
Ginásio Barueri
“Le Corbusier abordava o programa de arquitetura partindo de princípios de ordem geral, adaptando-os em seguida à situação real. O projeto era definido pelo partido que se organizava do geral para o particular. [...] A casa Baeta projetada por Vilanova Artigas em 1956, segundo o conceito de partido de Le Corbusier, define-se pelas empenas das fachadas da frente e dos fundos e pelas aberturas das fachadas laterais, é organizada em meios níveis”.
“Após a Segunda Guerra Mundial, a arquitetura brasileira desenvolveu-se através das obras criativas dos arquitetos pioneiros como Lucio Costa, Afonso Reidy, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Lina Bo Bardi. 
Os princípios do modernismo foram aplicados e adaptados às condições locais do contexto brasileiro. Então veio à luz uma forma única e original de arquitetura, que só existe no Brasil, e que vai além do movimento modernista original.
Teoria do Partido Arquitetônico
Em primeiro lugar, sobre o que é partido arquitetônico:
Quando se usa a expressão “adoção do partido”, observa-se o fato de que esta afirmação pode pressupor uma biblioteca de partidos adotáveis, como se estivessem todas as possibilidades já dadas e catalogadas. 
A afirmação de que o partido é a ideia preliminar do edifício a ser construído, ou uma prefiguração do objeto, que o projetista elege como ponto de partida e fio condutor, não abrange a totalidade dos modos de projetar, portanto não é universal, como também não o é o movimento do todo em direção à parte. 
Considerando, portanto, o cenário contemporâneo de grande diversidade arquitetônica, o partido arquitetônico é compreendido como a ideia que subjaz ao projeto, aquela identificada como ideia principal ou central, quando o projeto já se apresenta concluído, não importando quando esta ideia surgiu. 
Escola Cáritas
Teoria do Partido Arquitetônico
De fato, a ideia central de um projeto pode nascer no início
ou durante o processo ou pode mesmo anteceder ao processo, como é o caso dos arquitetos teóricos, cujas reflexões oportunamente se aplicarão na prática. 
Aldo Rossi propõe: a forma fica, a função muda. Por que então a função deve determinar a forma? A forma deve ser determinada pelo ‘lugar’.
“Sua crítica foi ao que denominou de funcionalismo ingênuo do movimento moderno, que ao priorizar a explicação da cidade apenas pela função, deixava de entendê-la pelo que tinha mais significativo: 
o conhecimento da arquitetura pelo mundo de suas formas. 
A função era de uma circunstância que fazia uso da forma como um ato social. Nunca ia além de seu tempo, enquanto a forma permanecia”.
Igreja Tamboré
Teoria do Partido Arquitetônico
Peter Eisenman sobrepõe à realidade do projeto – função, programa, lugar, topografia – disciplinas ou conceitos sobre os quais explorar ou deconstruir a forma, tal como assim se define:
“Os projetos, transitam, se justapõe, interagem em ato. Malhas, escalas, rastros e dobras são frequentemente concomitantes. Na exposição foram pensados como detonadores de pensamento, como balizas para a percepção e inteligibilidade da obra. Mas a concomitância entre inteligibilidade e percepção, este movimento duplo parece ser recorrente e indissociável na reflexão e produção da arte”.
A ideia central (ou Partido) pode ser identificada mesmo em situações onde a configuração funcional é um dado, uma condicionante ou determinante, fato comum quando em projetos para estádios, ginásios esportivos, teatros e em alguns casos, aeroportos. Configurações funcionais rígidas por tradição ou quando o próprio cliente é a autoridade no que tange às funções, comum no ramo das indústrias. 
Igreja Tamboré
Teoria do Partido Arquitetônico
Em segundo lugar, o que é a “caixa preta”?
O que ainda pode ser dito sobre a adoção/ invenção/ formulação do Partido Arquitetônico, o momento crítico imponderável, a caixa preta?
Vamos admitir que os arquitetos fazem projetos e isto é um fato; portanto, em algum momento um determinado conjunto de informações se torna uma ideia para um edifício. 
O campo das ideias em arquitetura implica em um vasto campo de estudo da teoria e da história. Vamos considerar, de maneira mais simples, que este fato se relaciona com um fenômeno humano de grande interesse das ciências humanas, por um lado, e da filosofia, passando no século XX pelo estruturalismo, semiologia e semiótica: o fenômeno da linguagem, compreendida como manifestação e processo intrínsecos às diversas mediações sígnicas. 
A capacidade humana de inventar linguagens, a possibilidade de inventar distintas linguagens – verbais e não verbais – e transitar e fazer transposições entre estas (transtextualidade) são os mecanismos do intelecto típicos da arte e da arquitetura. 
Igreja Tamboré
Teoria do Partido Arquitetônico
Assim procedem os artistas: um poeta descreve uma paisagem (transposição do ícone para o texto), um escritor descreve um personagem (ícone para texto), um desenhista produzindo um retrato falado (ícone para texto e de novo para ícone), e tantas outras atividades do homem, um artista pintando um retrato (ícone para ícone), um ator em cena (texto para texto mais imagem), sempre pressupondo interpretação de um conteúdo numa linguagem seguido de uma expressão em outra.
Mas o projeto de arquitetura, embora circundado de problemas técnicos e profundamente vinculado ao uso, é por natureza um processo criativo avesso a enquadramentos, formatações, metodologias ou fórmulas. Permanece, portanto, e como desde sempre, aberto à infinita inovação, ao espírito dos tempos, à antecipação de tendências, à revisão de paradigmas, e, no pólo oposto, a novas visitas e itinerários interpretativos pelas tradições do passado.
Teatro de Natal/RN

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes