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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – DTCS
COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO - DIREITO PENAL I (T02)
Prof.º JÚLIO CÉSAR SOARES LIRA
1ª AVALIAÇÃO
Discente: Hugo Gabriel de Carvalho Araújo
Matrícula: 011510034
1) Em face do que dispõe o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, conceitue:
infração penal;
		Delito ou ilícito penal: constitui o ato ou a omissão de determinado ato, que infringi determinada norma jurídica. Caracterizando-se, esta ação ou omissão, como sendo típica, antijurídica e culpável.
crime;
		Em lato sensu, crime é a infração penal, de caráter doloso ou culposo, caracterizada como conduta de ação ou omissão. Em stricto sensu, o crime somente fica caracterizado em infrações de normas que não são imperfeitas. Saindo da esfera técnica e partindo para a teórica, deparamo-nos com inúmeras teorias que definem, explicam, e até mesmo justificam o crime. Estas “teorias do crime” são divididas, primeiramente, em dois planos: o formal e o material. Dentre as teorias formais, podemos destacar: as de Giuseppe Maggiore, Heleno Cláudio Fragoso e Manoel Pedro Pimentel, apud Mirabete e Fabbrini (2011, p. 79), que definem o crime sob uma óptica positivista, classificando-o em stricto sensu; e a de Raffaele Garofalo (apud BRUNO, 2005, pp. 173-174), que traz para a teoria formal do crime uma essência naturalista, definindo-o como uma ofensa à sentimentos ou à princípios morais. Em contrapartida, no plano material, o qual é firmado sob bases sociológicas, filosóficas e/ou psicológicas, podemos destacar as ideias: de Rudolf von Ihering e Georg Jellinek, que definem o crime como um ato que põe em perigo a vida da sociedade, constatado pela legislação e só evitável mediante uma pena; e as de E. Magalhães Noronha (apud MIRABETE; FABBRINI, 2001, p. 80) e Aníbal Bruno (2005, p. 175), que caracterizam o crime como uma conduta humana que ofende ou ameaça um bem jurídico tutelado pela lei penal. Em consonância óbvia com o conceito de infração penal, a definição de crime esbarra também em três “requisitos” para que esteja completamente precisa. São estes: a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. Esta conceituação deve-se ao estudo da teoria analítica do crime, que põe em primeiro plano a ação (ação ou omissão) do ser humano, sendo esta analisada/definida primeiramente com os atributos típico e jurídico (tipicidade e antijuridicidade, respectivamente), em seguida, são analisados os elementos subjetivos previstos e o caráter imputável da ação (culpabilidade).
delito; e 
		Como delito podemos chamar o ato ilícito, aquele que o ordenamento jurídico vigente o condena.
contravenção penal.
		A contravenção penal trata-se de um ato ilícito, delito, de menor gravidade, substancialmente, pois, não está prevista a característica do mesmo como crime, na legislação. Contudo, esta conduta é explicitamente reprovável, diante de preceitos legais (V. LCP, art. 1º).
2) Explique a expressão: “As regras antinômicas se excluem, ao passo que os princípios conflitantes coexistem”. Dê exemplos.
	Ao legislador, cabe a missão de elaborar normas que regerão a vida dos indivíduos, aos quais elas forem direcionadas (geral ou especial), se estas obedecerem ao devido processo legislativo, previsto constitucionalmente. Sendo assim, para que uma norma passe da condição de “projeto” para tornar-se “direito positivo”, é preciso que esta esteja, primeiramente, delimitada pelos preceitos (normas e princípios) constitucionais, os quais serão analisados em comissões especiais, e, posteriormente, a lei vigente será submetida à análise do STF e do STJ, que poderão declarar sua inconstitucionalidade por meio de ADIN (V. CF, arts. 97 e 102). Com isso, fica claro que: normas jurídicas antinômicas não ocupam o mesmo espaço jurídico, prevalecendo sempre a de maior hierarquia. Em vista disso, como dito anteriormente, os preceitos constitucionais, assim como, em lato sensu, os preceitos legais, são, indubitavelmente, os alicerces que sustentam a legalidade e a efetividade das normas jurídicas. Em face do levantamento, feito anteriormente, a respeito da parte normativa dos preceitos, surge agora a necessidade de esclarecimento do que pode ser chamado de “parte formal dos preceitos legais”, ou seja, os princípios legais. Estes, como é sabido ordinariamente, estão penetrados em todos os fatos que atentam para o Estado, ou, nas palavras de Simonius apud Miguel Reale (2002, p. 199): “o Direito vigente está impregnado de princípios até as suas últimas ramificações”. Além do senso comum e da doutrina, nota-se também, uma preocupação, por parte do Estado e do legislador atual, em garantir a manutenção destes princípios no âmbito jurídico através de mecanismo legislativos. Um destes, muito conhecido pelo jurista brasileiro, trata-se do art. 4º da LINDB, que possibilita aos magistrados uma maior autonomia, por assim dizer, para a resolução de conflitos, e, principalmente, garante a efetividade do art. 126 do CPC, o qual proíbe o juiz de eximir-se de “sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei”. Contudo, ao analisarmos o conteúdo da própria palavra (princípio), nos termos e condições aos quais ele é empregado no mundo jurídico, nota-se que as definições são um tanto vagas, e demasiadamente abrangentes. Assim sendo, torna-se inevitável que certos princípios, ou, grande parte deles, visto que no direito processual a prática conflitante entre princípios é constante, acabem se chocando, quando o caráter substancial de um, é posto de frente com o de outro.
3) “Renato era um jovem de 23 anos, morador de uma comunidade carente da Zona Sul carioca, que trabalhava como entregador numa farmácia perto de sua casa. O jovem namorava Brenda, 16 anos, sua vizinha, e, como um casal jovem, tinha suas instabilidades emocionais. Numa dessas crises Renato termina o relacionamento com Brenda que, desesperada, chega em casa chorando e revela a sua mãe sua raiva e desapontamento com o jovem, alegando que apenas praticou relações sexuais com Renato, desde os seus 13 anos, em face de suas juras de amor. 
Chocada, Deise, mãe de Brenda, liga para José, pai da mesma relatando o fato e exigindo providências. Com o boato se espalhando, a comunidade se revolta e invade a casa de Renato tentando linchar o rapaz. 
Desesperado, Renato consegue se desvencilhar da turba, mas é impedido de prosseguir sua rota de fuga, pois é capturado pelos integrantes da facção criminosa que domina sua comunidade, outrora alertada pela mãe de Brenda. Os meliantes, destinados à resolução da causa, realizam uma espécie de tribunal. Ouvem a suposta vítima, o suposto autor do crime e as testemunhas do fato: os pais de ambos e os amigos mais próximos que viveram o relacionamento. Ao final dessa apuração chegam os “julgadores” à conclusão de que, apesar de não haver propriamente um culpa por parte de Renato, este deveria Ter se precavido nessa relação. Assim, decidem que o rapaz deve imediatamente deixar a comunidade onde vive. 
Abalado por tudo, e ciente da sua inocência, Renato, sem ter a quem recorrer, acata a decisão e vai em busca de uma nova vida. O que o rapaz não esperava é que, três meses depois do fato, um policial o visitasse em casa com uma intimação para que este prestasse esclarecimentos sobre o episódio com Brenda. Isto ocorreu já que José, pai da menina, foi à Delegacia de Polícia do bairro e registrou a ocorrência competente, o que findou por levar Renato a, posteriormente, responder a uma ação penal como réu pelo crime de estupro (Art. 213, do, CP).” 
Com base no caso hipotético, pergunta-se:
 
Mesmo com a pacificação da comunidade, ainda assim seria necessária a intervenção do Estado através da Lei Penal ? A proposição de um processo penal para que se possa punir alguém é imprescindível na hipótese? Explique.
O Estado está incumbido de apreciar toda e qualquer demanda da sociedade, afim de solucionar possíveis conflitos entre direitose deveres. Isso está previsto, além de em vasto contingente doutrinário, na legislação brasileira, mais especificamente no art. 126 do CPC, sendo o juiz a representação do Estado nos processos litigiosos. O processo penal é imprescindível nesta hipótese, visto que o acusado é cidadão plenamente capaz em direitos e deveres na ordem civil, e a vítima, sendo subjugada como criança pelo ECA, é considera como vulnerável. Portanto, este fato é tipificado como crime de estupro, tendo como “principal”, ou única, norma jurídica divergente à conduta, o art. 217-A do CP, que trata do crime de estupro de vulnerável como sendo o ato de ter “conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”.
Qual a diferença da pena para as sanções existentes nos outros ramos do Direito?
Sanção, no mundo jurídico, corresponde ao “efeito do cumprimento ou descumprimento da norma contratual legal” (GUIMARÃES, 2015, p. 630). Em outras palavras, é o meio pelo qual o Estado, em cumprimento obrigatório de tentativa de estabilização social garantida pelo depósito de parcela da liberdade de cada indivíduo da sociedade, defende o depósito de “liberdades sacrificadas” das “usurpações privadas de cada homem em particular, que procura sempre retirar do depósito a própria porção e a dos outros” (BECCARIA, 2013, p. 30). Assim como, minunciosamente, podem definir a sanção como sendo “uma medida legal que poderá vir a ser imposta por quem foi lesado pela violação da norma jurídica a fim de fazer cumprir a norma violada, de fazer reparar o dano causado ou de infundir respeito à ordem jurídica” (G. Telles Jr. apud DINIZ: 2012, p. 44). Tendo isso em vista, pode-se inferir que a essência da legislação penal, assim como as outras, tem um caráter “ordenante/mandatório”, ou seja, que pré-determina os passos que a sociedade deve seguir para que esteja conforme a Lei. De fato, o Código Penal indica o que é certo e o que é errado, porém isto é feito implicitamente, pois, ao analisarmos o mesmo, veremos que as leis se apresentam, literalmente, como tipificações. Nas palavras de G. Telles Jr. (2008, p.57): “as leis penais, em seu texto verbal e explícito, não exprimem nenhum mandamento, não impõem nenhuma proibição”. Com isso, de maneira simplificada, pode-se inferir que as leis penais não são violadas, pois nelas já estão contidos os fatos típicos e as respectivas penas: “as leis penais são insusceptíveis de ser violadas. O crime e a contravenção não as violam: “tais atos são a prática dos atos que elas simplesmente nomeiam” (TELLES Jr., 2008, p. 57)
4) Conceitue, contextualizando com o mesmo caso hipotético acima:
a) Direito Penal objetivo e subjetivo
	Como, diferentemente dos outros ramos do direito, no Direito Penal há um setor específico para o estudo do caráter zetético/formal dos crimes e de suas respectivas penas (a criminologia), o objeto do Direito Penal em si, restringe-se apenas ao direito penal positivo, ou seja, “as regras emanadas pelo legislador com a finalidade repressiva do delito e preservativa da sociedade” (REALE, 2002, p. 227). Em relação ao direito penal subjetivo, este pode ser definido em poucas letras como “o direito de punir inerente ao Estado”. Contudo, juristas como Aníbal Bruno (2005, pp. 9-10), desconsideram a existência desse direito subjetivo. Segundo ele, ao haver a sanção imposta pelo Estado sobre o indivíduo, este, ao invés de estar cumprindo uma “obrigação jurídica”, como pregam os defensores do direito subjetivo, estará sim, submetendo-se ao Estado de maneira “absoluta, irresistível”, “nos limites definidos pelo Direito”.
b) Direito Penal comum e especial
	Basicamente, Direito penal comum refere-se a todos os encargos do Código Penal. Ao passo que o Direito penal especial é aquele que faz alusão à legislação especial, que não está contida no Código Penal, e que têm prevalência sobre este último quando especificado em lei especial (V. CP, arts. 12 e 360).
c) Direito Penal substantivo e adjetivo
	O Direito penal substantivo é aquele que tem como objeto os preceitos do ordenamento jurídico criminal (normas e princípios do Código Penal). Já o Direito penal adjetivo é um ramo que trata dos preceitos que regem: o sistema do atual Direito processual penal; a “organização judiciária” (MIRABETE; FABBRINI, 2011, p. 7). Contudo, esta divisão do Direito penal está, na concepção de Mirabete e Fabbrini, defasada, pois como fora reconhecida pelos juristas a existência do Direito Processual Penal, sendo este o encarregado de teorizar a respeito das leis que tratam da aplicação do Direito penal objetivo.
5) É possível conceituar o crime sem levar em consideração o aspecto pertinente aos bens considerados essenciais para a paz e o convívio em sociedade? Explique.
	Repetindo o que foi exposto anteriormente, temos que o crime pode ser definido como “uma conduta humana que ofende ou ameaça um bem jurídico tutelado pela lei penal”. Ora, tendo em vista que cada indivíduo da sociedade deposita uma parcela de sua liberdade no próprio Estado, sendo este também o administrador das liberdades depositadas (jus puniendi), é impossível conceituar o crime sem a menção, ao que para os depositantes de liberdade é um único motivo pelo qual o fazem, aos aspectos pertinentes aos bens considerados essenciais para a paz e o convívio em sociedade, tais como os: sociais, políticos, biológicos, psicológico-coletivos. 
6) Explique os sistemas penais de acordo com as seguintes teorias:
Teria causalista da ação; 
	A teoria causalista trata-se de um pensamento clássico, ultrapassado, que considera para a análise do crime somente sua tipicidade, assim como sua antijuridicidade, usurpando, desse modo, da análise rigorosa do fato típico o único aspecto que garante ao réu o princípio do devido processo legal.
Teoria Funcional da Culpabilidade;
	A teoria funcional da culpabilidade, como explicita o próprio nome, é uma corrente de pensamento que irá vincular ao caráter culpável do fato típico, a importância/função do Direito Penal, ou seja, o que este protege (direito subjetivos, bens jurídicos e as normas, o corpo social) e previne (a “motivação” para que o resto da sociedade não cometa o mesmo crime).
Teoria final da ação;
	Esta corresponde à corrente que analisa o fato típico quanto à vontade do agente, ou seja, define-o, como criminoso ou não, levando-se em conta a culpabilidade do mesmo na ação tipificada pelo Código Penal.
Teoria psicológica da culpabilidade;
	A psicologia criminal, como ramo da criminologia, “tem por fim o estudo das condições psíquicas do homem criminoso e da maneira pela qual nele se origina e se processa a ação criminosa” (BRUNO, 2005, p. 21). Ou seja, esta ciência estuda a possibilidade de influência da própria existência do indivíduo (desde a concepção ao instante do crime) e os fatores externos que estão vinculados ao crime, sobre a psique do criminoso. Com isto, a teoria psicológica da culpabilidade analisa o psicológico do agente que comete o delito, conectando-o a este, para definir se o mesmo possuía consciência da ilicitude do ato no momento em que o cometeu: “reprovabilidade, um juízo de valor sobre o fato” (MIRABETE; FABBRINI, 2011, p. 182).
Teoria naturalista da ação;
	Fundando-se, obviamente, em princípios da corrente naturalista, foi criada a teoria naturalista da ação, que consiste em, nada mais nada menos, do que a definição do fato típico como sendo algo natural, inerente à natureza, como os fatores naturais. Assim sendo, esta teoria, assim como a causalista, analisa o eventual dolo inerente ao agente, depois que a culpa é deflagrada. 
Teoria normativa pura da culpabilidade;
	Teoria na qual “o dolo e a culpa pertencem à conduta [para a análise da culpabilidade]” (MIRABETE; FABBRINI. 2011, p. 182). Ou seja, para que uma conduta seja considerada reprovável pelo Estado, é preciso que, além do caráter típico e ilícito, a mesma seja analisada sob o aspecto da “reprovabilidade” por parte do agente.
 
Teoria da Imputação Objetiva;Esta teoria se caracteriza por colocar em segundo plano o caráter subjetivo da ação, assim como a finalidade do agente, para pôr em destaque o resultado obtido através da conduta, ou seja, é valorizado o fato típico. Porém, esta valorização não é feita de maneira dogmática, pois é considerado de fundamental importância para a tipificação do fato, o caráter imputável do agente e a exigibilidade de conduta diversa por parte do mesmo, assim como a possibilidade de o mesmo ter conhecimento da ilicitude do ato (Claus Roxin apud RODRIGUES).
Teoria normativa da culpabilidade;
		A teoria normativa da culpabilidade é aquela que analisa a culpabilidade do sujeito de acordo com, nesta ordem: suas condições psíquicas (imputabilidade); seu juízo de valor a respeito do ato no momento em que o cometeu (reprovabilidade); a possibilidade de o mesmo ter agido de outra maneira quando agiu ilicitamente (exigibilidade de conduta diversa).
7) Analise os acórdãos abaixo, identificando o(s) princípio(s) utilizado(s) para a solução da “quaestio iuris” e fazendo uma análise crítica dos julgamentos, justificando, fundamentadamente, se concordam, concordam em parte ou discordam do entendimento dos Tribunais Superiores (Vamos lá...um dia vocês podem estar lá):
“O paciente foi denunciado porque se constatou, em imóvel de sua propriedade, suposta subtração de água mediante ligação direta com a rede da concessionária do serviço público. Anote-se que, à época dos fatos, ele não residia no imóvel, mas quitou o respectivo débito. Dessarte, é aplicável o princípio da subsidiariedade, pelo qual a intervenção penal só é admissível quando os outros ramos do Direito não conseguem bem solucionar os conflitos sociais. Daí que, na hipótese, em que o ilícito toma contornos meramente contratuais e tem equacionamento no plano civil, não está justificada a persecução penal. Precedente citado: HC 14.337-GO, DJ 5/8/2002. HC 197.601-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/6/2011.”
Primeiramente, observa-se a conduta ilícita do agente, que se trata da ligação clandestina que fez o mesmo na rede que fornece água para seu imóvel. Conduta esta, tipificada no art. 155, § 3º do CP, onde caracteriza tal delito como furto de coisa móvel: “Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. Contudo, há de se considerar que o agente não residia neste imóvel quando fora constatada a contravenção penal, e mais, não havia um débito sequer em seu nome por parte da companhia de abastecimento de água. Contudo, mesmo não havendo indícios de que houve o aproveitamento do mecanismo ilicitamente instalado, há sim, fundamento para que se dê continuidade à investigação penal do fato típico, pois, mesmo dois requisitos do princípio da insignificância sendo preenchidos (a mínima ofensividade da conduta do agente e a inexistência da periculosidade social), outros dois são inquestionavelmente desguarnecidos, que são os: do reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e da inexpressividade da lesão jurídica provocada.
É típica, formal e materialmente, a conduta de expor à venda em estabelecimento comercial CDs e DVDs falsificados, prevista no art. 184, § 2º, do Código Penal. Não é possível aplicar o princípio da adequação social à conduta de vender CDs e DVDs falsificados, considerando que tal conduta não afasta a incidência da norma penal incriminadora de violação de direito autoral, além de caracterizar ofensa a direito constitucionalmente assegurado (art. 5º, XXVII, da CF). O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade, razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal, mesmo porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira e aos comerciantes legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos. Precedentes citados do STF: HC 98.898-SP, DJe 26/5/2012, e HC 104.467-RS, DJe 4/3/2011; do STJ: HC 159.474-TO; HC 113.938-SP, DJe 6/12//2010; HC 45.153-SC, DJ 26/11/2007; HC 30.480-RS, DJ 2/8/2004. REsp 1.193.196-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/9/2012. 
De fato, não se pode negar a conduta juridicamente reprovável do agente que comete tal delito. Porém, não condiz com os preceitos inerentes ao art. 59 do CP, no qual está explícito que o juiz deve atentar às circunstâncias subjetivas do delinquente, a omissão de apreciação de tais circunstâncias por parte do magistrado. Esta apreciação, por sua vez, irá analisar o que boa parte dos juristas, dentre eles, Bockelmann, Henkel, Maurach, Keller, Bergenroth, Klauss, Contieri, P. Mirto, Altavilla, Brasiello e Cândido Mota Filho (apud BRUNO, 2005, p. 243), vai chamar de “estado de necessidade”, sendo este, nas palavras de Aníbal Bruno (2005, p. 243), uma: “situação em que se encontra o homem que, para salvar de perigo atual ou iminente um bem jurídico próprio ou alheio, é obrigatório a sacrificar um bem jurídico de outrem”. Tendo isto em vista, fica nítida a extrema relevância de se analisar os motivos que incumbiram o agente de praticar tal delito, pois este, em ato de desespero e aflição, pode ter agido de tal forma somente para amenizar sua mísera condição de carência financeira.
8) Fixação de penas para os crimes somente mediante lei; julgamento dos delinquentes, exclusivamente, por magistrados; proporção entre a pena aplicada e o delito praticado; finalidade prevencionista das penas através do impedimento da reincidência; acusações realizadas de forma secreta; proibição da prática de tortura do acusado durante o processo, sob pena de ser considerada afronta infamante; utilização do princípio da inocência; consideração da prisão preventiva como medida cautelar, e não como sanção; igualdade das penas entre todas as pessoas; moderação das penas; vedação à aplicação da pena de morte; e prevenção delitiva em substituição à repressão penal. Considerando as escolas penais, quem considerou esses postulados e a qual escola pertencia? Explique.
	 Cesare Bonesana, marquês de Beccaria, foi se não o, um dos maiores juristas penais do século XVIII. Sua obra, “Dos delitos e das penas”, encontra-se hoje, mais de dois séculos após sua concepção, hodierna nos mais diversos ordenamentos jurídicos. Ao analisarmos a mesma, é possível notar uma interessante preocupação tomada pelo autor em conceber uma teoria pura para os caráteres do delito e da pena.
	 Neste sentido, é possível destacar que, em relação à pena, Beccaria destaca seu caráter preventivo. Ou seja, ele a considera como um mecanismo, criado inicialmente para fins punitivos e de extrema necessidade (Beccaria afirma no § II que é no “coração humano” onde se encontram os “princípios fundamentais do verdadeiro direito de o soberano punir os delitos”), do qual o Estado se utiliza para tentar inspirar a sociedade a temer/respeitar as normas jurídicas: “É preferível prevenir os crimes a puni-los. Este é o fim principal de toda a boa legislação” (2013, p. 181). Ressalva também, Beccaria, que as penas devem conter em si a essência do direito garantido através do contrato estabelecido entre sociedade e Estado, onde os cidadãos abdicam de parcela mínima de suas liberdades, em troca da garantia, assegurada pelo Estado, da salvaguarda de todo o restante da liberdade: “A primeira consequência desses princípios [os que sustentam a segurança jurídica e o da liberdade] é que somente as leis podem fixar as penas para os delitos” (2013, p. 31); “[...] se provasse que a atrocidade das penas [...] fosse unicamente inútil; neste caso, ela seria não somente oposta àquelas virtudes [...], mas também contrária à justiça e à natureza do próprio contrato social” (2013, p. 34). 
	 Do mesmo modo, com a presunção de se evitar os excessos, Beccariadestaca a necessidade de o legislador ser de um todo perspicaz, pois este deve ponderar a proporção das penas aos seus respectivos atos delitivos: “As penas que excedem a necessidade de conservar o depósito da saúde pública são injustas por natureza” (2013, p. 31). Outrossim, Beccaria destaca também o, até então obscuro, direito de não produzir provas contra si mesmo, provadamente controvertido durante toda a Idade Média por parte da Igreja Católica em seus interrogatórios da Inquisição. Destaca: “[...] o crime ou é certo, ou não; se é certo, não lhe corresponde outra pena que não a estabelecida nas leis, e as torturas são inúteis em tal caso, como é inútil a confissão do réu; se é incerto, não se deve atormentar um inocente porque, segundo as leis, é um homem inocente cujos crimes não estão provados [princípio da inocência presumida - in dubio pro reo – em caso de dúvida, decida-se a favor do réu, previsto no art. 386 do CPP]” (2013, p. 63-64).
 Com isso, podemos inferir que, mesmo as ideias de Cesare Beccaria sendo atribuídas ao movimento da Escola Clássica, não pode de se destacar que o mesmo precede tal movimento, até mesmo em sua existência. Assim sendo, é interessante analisar a obra do marquês de Beccaria sob um olha iluminista, visto que as ideias do mesmo foram, primeiramente, inseridas em tal movimento.
 Contudo, é importante destacar que apesar de Beccaria ser nitidamente um positivista/normativista (segundo ele, as leis devem ser claras e precisas), suas ideias que tratam do seria hoje a criminologia, como ciência que investiga o crime, são excepcionalmente sociológicas, e até mesmo filosóficas. Pois, o mesmo destaca que a principal solução para a mácula criminal, não é outra se não a educação: “Quereis prevenir os crimes? Fazei que as luzes acompanhem a liberdade” (2013, p. 183, grifo nosso); “[...] o homem culto é o dom mais precioso que pode o soberano fazer à nação e a si próprio” (2013, p. 187); “[...] o meio mais seguro, porém mais difícil, de prevenir os crimes é o aperfeiçoamento da educação” (2013, pp. 188-189).
9) O comportamento desviado é multifatorial, sofrendo interferência de fatores criminógenos de naturezas diversas, os quais condicionam a prática do crime de forma a se sobrepor, muitas vezes, ao próprio livre-arbítrio. Exemplo: indivíduo probo e honesto que jamais se curvou à vida marginal (livre-arbítrio), contudo, desempregado e presenciando os filhos famintos (fatores criminógenos), furta alimentos em supermercado para subsistência de da família (furto famélico). Ainda sobre as escolas penais, quem fez essas considerações e a qual escola pertencia? Explique.
 Von Liszt, foi o precursor da Escola Moderna Alemã, a qual pregava a Teoria psicológica da culpabilidade: “defendendo a pena de fim, em nome da defesa social” e ainda, estudando cientificamente o “crime em seu aspecto e em suas causas interiores” (BRUNO, 2005, p. 71, grifo nosso). Além disso, esta corrente define o crime como sendo sim um fato jurídico, porém, não está aí sua verdadeira realidade fenomênica (existencial), estando esta, nos fatores humanos e sociais do delinquente. Ou seja, para Liszt é necessário analisar o estado de necessidade do indivíduo em concomitância com o a imputabilidade inerente ao mesmo. Declara também que o cerne da imputabilidade não está na liberdade do querer, mas sim no estado de sanidade. E é a partir daí que surge o caráter da noção de perigo como pressuposto para a medida de segurança (BRUNO, 2005, p. 72).
 Do mesmo modo, é interessante destacar a concepção de Enrico Ferri, jurista italiano do século XIX que proporcionou para a antropologia criminal de Cesare Lombroso, um olhar crítico para a questão social do delinquente.
 Neste contexto, o próprio Cesare Beccaria vai trazer uma análise mais minuciosa para a condição do delinquente, ao afirmar que o critério para medir a responsabilidade fiscal do agente será apenas o dano que o seu ato supostamente aferiu à sociedade (BRUNO, 2005, p. 50).
10) O chamado Édipo de Valério se caracterizava como um juízo de valor criado pelo imperador romano Valério, o qual reinou no século IV, foi utilizado pelos fisionomistas durante o período clássico, propondo que “quando houvesse dúvida entre dois indivíduos presumidamente culpados, haveria de ser condenado o mais feio”. A forma processual imposta no século XVIII pelo juiz Napolitano – Marquês de Moscardi – trazia em suas sentenças o jargão “ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa e visto o rosto e a cabeça do acusado, condeno-o…”. A vinculação da condenação a tais concepções fisionômicas acabaram [leia-se “acabou”] por influenciar qual escola penal? Explique. 
 Estes preceitos foram os que influenciaram os pensamentos que culminaram na formação da Escola Positiva. O principal precursor e idealizador deste movimento foi Cesare Lombroso, médico italiano do século XIX, que trouxe para o problema do crime, um fundamento naturalista/antropológico. Segundo ele, certo indivíduos eram predeterminados para o mundo do crime. A classificação destes indivíduos era feita através de análises biotípicas, onde os que se enquadrassem em determinados padrões, definidos pelo próprio Lombroso através de análises, mais empíricas do que racionais de fato, eram definidos como criminosos de tipicidades específicas. Ainda mais, o criminoso nato era considerado por Lombroso como “um espécime retardatário de formas que a humanidade já superara” (BRUNO, 2005, p. 63).
BIBLIOGRAFIA
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