Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
""" reensao, , . e or1a e • ren 1za Após estudar este capítulo, você estará apto a: O A1 ldenüficar fatores que influenciam a compreensão do consumidor. O A2 Explicar por que conhecimento, significado e valor são inseparáveis, usando a teoria de memória de armazenamento múlüplo. O A3 Entender por que as associações mentais que os consumidores desenvolvem são um aspecto importante do aprendizado. O A4 Usar o concerto de redes associativas para mapear o conhecimento relevante do consumidor. 0 A5 Aplicar o conceito de esquema cognitivo no entendimento de como os consumidores reagem a produtos, marcas e agentes de marketing. Introdução o capítulo anterior, abordamos as fases preliminares da percepção e da aprendizagem do consumidor. Definimos aprendizagem como uma alteração de comportamento resultante da interação entre uma pessoa e um estímulo. Também descrevemos a abor- dagem behaviorista da aprendizagem, que focaliza o comportamento em vez de focar os processos mentais internos. A aprendizagem cognitiva foca nos proces- sos mentais que ocorrem à medida que os consumi- dores compreendem e trabalham com as informações recebidas. De acordo com a perspectiva cognitiva, o aprendizado é um processo mental e ativo no qual as informações são processadas, as associações são feitas e o conhecimento é obtido. A aprendizagem cognitiva ocorre por meio do processamento de informações. A Figura 4.1 mostra os componentes básicos do processamento de infor- mações. Nós já discutimos vários dos conceitos apre- sentados na figura, incluindo a exposição, a atenção e a compreensão. Neste capítulo, analisaremos mais de perto a compreensão e outras questões relaciona- das à aprendizagem cognitiva, como a memória e o desenvolvimento. Os consumidores são expostos a milhares de estí- mulos todos os dias. Há poucas chances de uma men- sagem ser atendida, compreendida e desenvolvida de forma que permita que o consumidor a codifique pre- cisamente na memória. Como resultado, os consumi- dores raramente adquirem conhecimento significativo de qualquer comunicação de marketing (na forma que possam vir a usar), do mesmo modo, os alunos tam- bém acham que estudar é desafiador, pois só se pode prestar atenção, compreender, desenvolver e codificar de forma significativa tanta informação. CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO, MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 65 ~ compreensao como as pessoas determinam, cogn ltivamente, significado (ou seja, entendimento) para as coisas que encontram f\GURfl. 4.1 d Processamento de Componentes o . dor teoria de sinais explica as formas como a comunicação transmite significado além do Informações do Consurm que está explícito ou da interpretação óbvia ExJ><>SiçãO Mem6ri• sensorial estacão de trabalho/ turtoprazo Atenção Longo prazo OA1 O que Influencia a Compreensão? Compreensão s consumidores não con- seguem perceber valor sem conhecer o significado do que está sendo consumido. A compreensão refere-se à 0esenvoMmento interpretação ou ao enten- dimento que o consumidor desenvolve sobre um estímulo atendido com base na maneira pela qual o significado é determinado. O que acontece quando um consumidor vê um adesivo com os dizeres "montagem necessária" colado em um produto? É claro que isso significa que o consumidor precisará dominar uma série de instruções detalhadas antes de o consumo ocorrer efetivamente. Um conjunto de instruções fácil de ser compreendido certamente contribui para a equa- ção de valor total do produto. No entanto, todos nós sabemos como essas instruções podem gerar frustra- ção! Dessa forma (e de muitas outras), os marqueteiros devem nos ensinar aspectos nos quais podemos perce- ber maior valor em decorrência do consumo. Outros produtos exibem rótulos de advertência que sinalizam riscos específicos associados a eles. Pense em uma embalagem típica de cigarros. O rótulo de adver- tência será eficaz apenas se os consumidores compreen- derem a mensagem. Contudo, nem sempre isso ocorre. O consumidor pode até ver o rótulo de advertência no cigarro como algo autoritário e decidir ignorá-lo ou encará-lo como algo que contribui para o apelo ao fumo em um ato de "rebeldia". Algumas vezes, os consumi- dores podem até superestimar os perigos associados ao fumo quando leem uma advertência de efeitos colate- rais "raros" .1 Na verdade, os rótulos de advertência em cigarros exercem pouco efeito sobre o comportamento do consumidor. 2 Assim, as advertências têm sucesso apenas moderado ao ensinar os consumidores sobre os comportamentos potencialmente perigosos. Fazer que os consumidores compreendam as men- sagens de forma precisa pode ser uma tarefa difícil. 66 PARTE 2: INFLUt NCIAS INTERNAS Apresentamos aqui três questões importantes relaciona- das à compreensão: • Os fatores internos, dentro do consumidor, influen- ciam significativamente o processo de compreensão. Conforme vimos anteriormente, os fatores que in- fluenciam o comportamento do consumidor geral- mente interagem entre si. Inúmeros componentes da estrutura de valores do consumidor alteram a com- -preensao. • A compreensão inclui tanto os elementos cognitivos quanto os elementos afetivos. Isso significa que o processo de compreensão envolve o pensamento e os sentimentos. Dessa forma, a compreensão pode ser aplicada não apenas em relação à aprendizagem do consumidor, mas também em relação a suas atitudes. Vários tópicos deste capítulo podem ser aplicados igualmente na formação de atitude do consumidor e na persuasão (há um capítulo mais adiante voltado para esses tópicos). • Todas as mensagens enviam sinais. A teoria de sinais nos diz que a comunicação fornece informações que vão além do conteúdo óbvio ou explícito. O varejista promete que vai equiparar seus preços com os da con- corrência (política de garantia de preço) como sinal de que os preços estão baixos. 3 Os consumidores nem sempre compreendem as mensagens ou obtêm o sinal desejado; consequentemente, a compreensão do con- sumidor nem sempre está "correta". Afinal de contas, percepção é uma realidade subjetiva, que pode ou não ser equiparada à realidade objetiva! De forma bem simples, às vezes os consumidores não entendem isso. Contudo, agem com base naquilo que obtêm. FATORES QU~AFETAM A COMPREENSAO DO CONSUMIDOR Significado e valor são itens inseparáveis, e os consumi- dores devem compreender as mensagens de marketing para aprender sobre o valor pretendido de cada produto. À medida que os marqueteiros tentam comunicar valor, muitos fatores influenciam o que o consumidor compre- ende em determinada situação. Enquanto aqueles que pesquisam o consumidor ainda têm muito a aprender com relação aos fatores que influenciam a compreensão, a Figura 4.2 traz uma lista do que sabemos sobre eles. Esses fatores podem ser divididos em três categorias: • Características da mensagem • Características do receptor da mensagem • Características do ambiente (situação do processa- mento de informações) CARACTERÍSTICAS DA MENSAGEM Os marqueteiros acreditam que podem afetar a apren- dizagem do consumidor ao planejar cuidadosamente a execução da comunicação de marketing. Se você folhear qualquer revista popular, encontrará anún- cios com muitos estilos diferentes de execução. Aqui, apresentamos algumas ferramentas utilizadas pelos FIGURA 4.2 anos Fatores marqueteiros para influen- ciar potencialmente a com- preensão e o controle do que os consumidores aprendem. Características Fisicas caracteristicas ffsicas elementos tangíveis ou partes da mensagem que podem ser percebidas As característjcas físicas de uma mensagem referem- -se aos elementos que são percebidos diretamente. Essas partessão reunidas para executar algum tipo de comunicação. Enquanto esses elementos afetam a compreensão, algumas dessas características afetam a probabilidade de os consumidores prestarem aten- ção. Apresentamos algumas características físicas que podem contribuir para a comunicação eficaz. Significado e valor são inseparáveis, e os consumidores ,devem compreender as mensagens de marketing para aprender o valor pretendido de um produto. Intensidade. De modo geral, quanto maior o movi- mento, a figura, ou o som, maior a probabilidade de o consumidor participar e entender algo baseado em uma mensagem. A sinalização com numerais grandes comunica aos con- sumidores a ideia de preços baixos. Cor. A cor afeta a probabilidade de atrair a atenção do consumidor, mas também pode causar impacto na compreensão. Ouro sinaliza qualida- de. Algumas cores têm significados diferentes em culturas diferentes. Nas culturas ocidentais, a cor preta é con- siderada sombria, ao passo que, nas culturas orientais, o branco sinaliza ocasiões tristes. A cor pode influenciar diretamente a forma como a pessoa compreende uma mensagem. Cal'l<terísticas do receptor da mensagem ' Inteligência ~ .......... Fonte. Os consumidores buscam signifi- cado tanto no texto de uma mensagem quanto na sua apresentação visual. Os • Conhecimento préVio • Capacidade • En~lvimento • Familiaridade/Hábito • Expecta tivas • Limites ffsicos • Domínio cerebral • Intensidade da lnfonnaçio • &trutura • Tempo estilos de fonte enviam sinais significa- tivos. A mesma marca ou nome de loja apresentado em uma fonte Courier pode ter um significado diferente se apresen- tada em uma fonte Script. Pesquisas suge- rem que as diferentes fontes sinalizam CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 6 7 coerência da mensagem extensão em que a mensagem é internamente consistente e se encaixa nas informações disponíveis A imagem do Super 8 sinaliza preço baixo. Originalmente, os quartos de hotel do Super 8 custavam USS 8,88 por noite. masculinidade, feminilidade, atividade, elegância, delica- deza, tradição etc. Considere os dois exemplos a seguir: AO\E S~CI< C6'1PIJ/V EMPRESA DE TIJOLOS ACME Qual das opções transmite a melhor mensagem para uma empresa de tijolos? É possível observar com facili- dade que o sinal que a fonte transmite deve ser consis- tente com o tipo de serviço oferecido. 4 Números. Na década de 1980, muitas discotecas ao redor do mundo adotaram o mesmo nome de forma independente. Elas eram chamadas, de um jeito ou de outro, de 20011 No século XX, algo com o ano indi- cava que o século XXI parecia progressista. Agora, precisaríamos experimentar um nome como 3003 para criar o mesmo efeito. Muitas empresas automobilísticas, quando criam nomes para os modelos de carros, utilizam combinações 68 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS de letras e números aparentemente sem sentido. Marcas e modelos incluem Lexus GS, Acura TL 3.2, Mercedes CLS-550, Honda 52000 e Mazda RX-8. Compare esses nomes com algo como Volkswagen Rabbit ou Dodge Raro. O consumidor espera que um carro com nome de coelho possua características semelhantes às de um coelho, que podem ser tanto boas quanto ruins. Em contrapartida, combinações de letras e números pos- suem pouco significado específico. Isso dá aos marque- teiros uma ótima oportunidade de moldar o significado pretendido da marca. Nomes com letras e números associados tendem a sinalizar a ideia de "tecnologica- mente avançado". Espaço. Todos os tipos de com11nicadores, desde os vendedores até os publicitários e professores, repetem as mensagens como forma de aumentar a compreensão. Se um comu.nicador repetir a mensagem várias vezes, é melhor repeti-la em sequência ou quebrar a sequência de repetições? Na verdade, os consumidores se lem- bram mais de uma mensagem quando a informação é apresentada em intervalos em vez de sequencial- mente. 5 Nas propagandas da tevê, três comerciais de 30 segundos exibidos em um intervalo de três horas atingem melhor resultado quanto à recordação das informações do que um único comercial de 90 segundos. Simplicidade-Complexidade De forma geral, quanto mais simples for a mensagem, maior a probabilidade de o consumidor desenvolver compreensão significativa, que, claro, depende da sua capacidade de processar as informações. Uma pesquisa realizada pela FDA nos Estados Unidos ajudou a iden- tificar a forma mais simples de comunicar informações importantes aos consumidores. Termos resumidos, como sem gordura e baixo teor de gordura substituíram termos mais complicados que estavam relacionados a atributos específicos dos produtos. 6 A FDA acredita que a nova terminologia permite que os consumidores com- preendam melhor as mensagens desejadas. Coerência da Mensagem A coerência da mensagem representa a extensão na qual a mensagem é internamente consistente e se encaixa nas informações disponíveis. Para ilustrar, considere a questão: "O consumidor compreende a informação de forma mais eficaz quando exposto a três anúncios diferentes sobre produtos para cabelo em sequência ou quando exposto a um anúncio de produto para cabelo precedido por um anúncio de detergente e seguido por um anúncio de carro?". A sabedoria convencional diz que o conteúdo coe- rente leva a uma compreensão maior. No entanto, esse Fique de olho nas ruas! STUCK? uem presta atenção em outdoors? De forma típica, o rádio, um folheto ou vários outdoorscompetem pela sua atenção na rua. A percepção seletiva permite que o consumidor lide com tudo isso e, assim, os outdoorssaem perdendo. Embora muitas abordagens criativas sejam utilizadas em anúncios em outdoors, as pesquisas sugerem que algumas regras simples podem ser empregadas para atrair a atenção do con- sumidor. Os dois fatores principais são: (1) deixe a mensagem clara e concisa. Não faça bonito - apenas transmita a mensagem com clareza; e (2) coloque o outdoor perto do ponto de troca (localização do varejista). Coloque-o próximo da ação e diga aos consumidores como chegar lá. Regras simples como essas ajudam os marqueteiros de Atlanta, Geórgia, a Tbilisi, Geórgia (o país) a se comunicar por meio de outdoors. fon;:e5; i!}~or. C.. R; G. f ranke; i"'. K Sang. (2006). 'Use and Hfuctiveness of Bil boards'. JournaJo( Adllffiising 35 Orwemo), 2 l-34. Riza. A A. E. Kayna'<.: S. Yalcin. (2007). °F0teig'I Product Purchase Behavior in TransiCIOI' Economies.; An Empirical Analysis of Produa lnfOtl'llation Sources A1"10ng Georg an Consumer;'. Journal of Promooon Managemeni 13 (3), 321-337. de uma atitude mais favorá- vel, os marqueteiros devem • • • • A • rmnllllizar a incoerenc1a. A incoerência da mensa- gem com as do ambiente fun- ciona da mesma maneira.9 Na verdade, os consumido- res compreendem e lembram mais anúncios apresentados com material incoerente ao seu redor. Voltando ao exem- plo dos produtos para cabelo, o consumidor compreende e lembra mais quando é apre- sentado a apenas um anúncio de produto para cabelo na sequência de três anúncios (veja a Figura 4.3). Figura e Fundo Todas as mensagens são apre- sentadas com um plano de fundo, embora, algumas vezes, esse plano de fundo se trans- forme na própria mensagem. O fotógrafo geralmente se concentra em capturar uma nem sempre é o caso. Pense em uma propaganda de TV típica que contém música no fundo. O criador do anún- cio pode escolher uma música que seja consistente ou inconsistente com o conteúdo da mensagem. Consi- dere uma propaganda que incentiva passar as férias na China. A música oriental poderia ser incluída em uma tentativa de ser consistente com o conteúdo da men- imagem focal no quadro da foto. A imagem focal, ou o objeto pretendido para capturara atenção da pessoa, é -e- sagem, ao passo que algum tipo de música ocidental ~ poderia ser usado de forma "inconsistente". Em uma ~ situação como essa, os consumidores podem com- <ll g. preender mais da mensagem com música de fundo ·~ inconsistente. 7 A razão para isso é que a incoerên- º ~ eia motiva um processamento mais profundo que ~ quando tudo na mensagem é extremamente coe- ·c g. rente. O resultado é a melhoria na compreensão. ~ Isso não significa que a informação incoe- g, rente é sempre melhor. 8 Um anúncio com música ~% de fundo inconsistente, como o anúncio de férias <ll (1) ~ ~ na China, com música ocidental, geralmente tem !:! -<li ~.g menor preferência que um com música consis- ~ ~ tente. Assim, a decisão de utilizar conteúdos ~ ! consistentes para as mensagens depende do obje- ~ ! tivo do marketing. Se o objetivo principal for ~ -; transmitir informações significativas de forma ~ ~ explícita, é uma boa ideia ter algum nível de 8 ô: incoerência. Se o objetivo primário for a criação FIGURA 4.3 Coerentes ou Incoerentes? Mensagens coerentes - Mensagens incoerentes O consumidor compreende menos a L:Oreal O consumidor compreende mais a L'Oreal CAPITULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 6 9 figura objeto com o qual se pretende capturar a atenção de alguém; a parte focal de qualquer mensagem fundo plano de fundo de uma mensagem distinção psicológica figura-fundo noção de que todas as mensagens podem ser separadas em ponto focal (figura) e plano de fundo (fundo) especialidade (expertise) quantidade de conhecimento que uma fonte tem sobre determinado assunto confiabilidade honestidade e imparcialidade da fonte credibilidade grau no qual se acredita que uma fonte é considerada tanto especialista quanto confiável contra-argumentos pensamentos que contradizem a mensagem argumentos de • apoio pensamentos que apoiam uma mensagem bem parecido com a figura da mensagem. Em uma men- sagem, tudo, com exceção da figura, deve ser menos importante e simplesmente representar o fundo (ou plano de fundo) relacionado à men- sagem central. O contraste entre os dois representa a distinção psicológica figura- -fundo. Uma razão pela qual os consumidores nem sempre compreendem a mensagem da forma pretendida pelo remetente deve-se ao fato de o produto que deveria ser a figura acabar se tornando o fundo. A Figura 4.4 ilustra como isso ocorre do ponto de vista psicológico. Isso é uma foto do quê? Se um consumi- dor focaliza os anéis externos, parece um funil. No entanto, se focalizar o ponto no cen- tro, os anéis podem começar a desaparecer. O que um consu- midor interpreta como sendo a figura pode ser o plano de fundo para outro. f\GURA4.4 Distinção Figura-Fundo 70 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS Fonte da Mensagem A fonte de uma mensagem também pode influenciar a compreensão. Ela inclui uma celebridade famosa em uma propaganda, um vendedor no contexto de vendas, um membro da fanu1ia dando conselhos, um amigo do Facebook e até um avatar no computador. A fonte influencia a compreensão em vários níveis, dependendo de características como:lO 1. Simpatia 2. Atratividade 3. Especialidade 4. Confiabilidade Uma fonte simpática pode alterar a interpretação de um estímulo. Por muitos anos, os consumidores adora- ram os personagens do M&M (os mais adorados dentre todos os produtos). Contudo, as gerações mais novas expressam preferência pelo pato Aflac e pela criatura Gecko da Geico.11 A maioria das pessoas acha difícil argumentar contra a afirmação de que "15 minutos podem poupar 15 o/o ou mais no seguro do carro", quando dita por Gecko. Em contrapartida, os homens das cavernas da Geico não eram tão admirados e se um deles dissesse a mesma frase, o consumidor provavel- mente discordaria. Os consumidores reagem da mesma forma a uma fonte que acreditam ser atraente. Aqui também o homem das cavernas sai perdendo. Especialidade (expertise) refere-se à quantidade de conhecimento que a fonte tem sobre determinado assunto. Confiabilidade refere-se à honestidade e impar- cialidade da fonte. Os consumidores associam especia- lidade e confiabilidade à credibilidade. Assim como a simpatia, as fontes confiáveis tendem a diminuir as chances de os consumidores desenvolverem contra- -argumentos para uma mensagem. Os contra-argumen- tos são pensamentos que contradizem a mensagem. Argumentos de apoio são pensamentos que apoiam a mensagem. Os gerentes de marcas devem confiar prin- cipalmente na simpatia, atratividade e credibilidade da fonte. O executivo principal da BP, Tony Hayward, pode não ter sido o melhor rosto para as mensagens relacio- nadas ao desastre petrolífero de 2010 na costa da Loui- siana. Todo o seu conhecimento (especialidade) mostrou ser insuficiente para evitar os contra-argumentos com relação a quase tudo que dizia. Em suma, podemos dizer que algumas caracterís- ticas desejáveis da fonte podem ajudar a transmitir a mensagem desejada por meio dos processos cognitivos. Entretanto, as fontes podem influenciar os consumido- res de outras formas mais sutis. Em um capítulo mais adiante, focaremos a maneira que as fontes afetam a mudança de atitude. CARACTERÍSTICAS DO RECEPTOR DA MENSAGEM Inteligência/Capacidade Como regra geral, os consumidores inteligentes e ins- truídos têm maior propensão a compreender preci- samente uma mensagem que os consumidores menos instruídos ou com menor grau de escolaridade. Dito isso, fazemos duas ressalvas. Em primeiro lugar, grande parte do conhecimento está relacionada especificamente a determinadas categorias de produtos. Assim, um con- sumidor que não tem QI muito elevado pode compre- ender informações sobre determinado produto mais prontamente que um consumidor com QI maior. Em segundo lugar, mesmo um consumidor extremamente inteligente conseguiria entender uma mensagem mais simples melhor que uma mensagem mais complexa. Os marqueteiros devem comunicar as informações relacio- nadas a advertências do produto, instruções de uso ou de montagem de forma que mesmo os consumidores com pouca instrução consigam compreender. 12 - .. -- GeCO ·-- --- ............ 999 ...... .. --... ..,.. .... __ ,..._, -·- O Gecko provou ser uma fonte eficaz para a Geico. Conhecimento Prévio O cérebro humano relaciona as informações que che- gam com o conhecimento já existente. Esse conheci- mento existente, ou prévio, fornece meios (ou fontes) pelos quais outros estímulos podem ser compreendidos. Mesmo os consumidores com inteligência bem elevada podem não ter conhecimento prévio para compreender determinadas mensagens. É por isso que, muitas vezes, os pais precisam que os filhos os ajudem a manusear um controle remoto. Até as crianças novas possuem mais conhecimento dos dispositivos eletrônicos portá- teis que muitos adultos - principalmente professores universitários. Os consumidores têm preferência pelo que é consistente com o conhecimento prévio que pos- suem. Considere o papel que a superstição pode desem- penhar na compreensão das proposições de valor. Sorte no Amor? Ritz-Carlton e Walmart fizeram promoções incentivando os consumidores a se casar em 7.7.2007. Os consumidores poderiam ganhar uma lua de mel de sete noites no Ritz no valor de US$ 77.777.13 A mesma promoção feita em uma sexta-feira 13, ·em 2013, não teria tanto sucesso. Além dos números de sorte e de azar, os consumidores de algumas culturas associam deter- minadas cores à boa ou à má sorte, e alguns associam certos alimentos à boa sorte. Até os marqueteiros que não são supersticiosos deveriam tomar ciência do signi- ficado que tais crenças, exemplos de conhecimento pré- vio, podem transmitir aos produtos.Envolvimento Os consumidores não estão igualmente envolvidos em todas as mensagens que recebem. Conforme discutido no Capítulo 3, os consumidores altamente envolvidos tendem a prestar mais atenção nas mensagens. Eles também desempenham mais esforços para compre- endê-las.14 Como resultado, esses consumidores lem- bram de mais coisas que os consumidores com menores níveis de envolvimento. 15 Considere o consumidor que vê um site que descreve um produto novo. O indivíduo mais envolvido clica em mais links, explora mais pági- nas e compreende mais informações que alguém menos envolvido. Voltando à questão das instruções e rótulos suge- ridos pela FDA, os marqueteiros encaram o desafio de produzir mensagens que ambos os tipos de consumidor pudessem compreender. Em 1990, o Congresso dos Esta- dos Unidos aprovou a Lei NLEA (Nutrition Labeling and Education Act) para garantir que os consumidores entendessem as advertências e as informações nutri- cionais do produto, independentemente do nível de envolvimento. Em decorrência dessa lei, os marquetei- ros começaram a usar um resumo de informações mais simples nos rótulos. Contudo, evidências sugerem que embora haja preferência por esse tipo de informação, os consumidores mais envolvidos compreendem mais dos rótulos que os menos envolvidos.16 Familiaridade/Habituação Os consumidores tendem a gostar das coisas com as quais estão familiarizados. Contudo, no que se refere à compreensão, a familiaridade pode diminuir a moti- vação do consumidor para processar a mensagem. Enquanto certo grau de familiaridade pode melhorar a atitude do consumidor, altos níveis podem acabar redu- zindo a compreensão.17 CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 71 habituação processo por meio do qual a exposição contínua a um estímulo afeta a com preensão e resposta a alguns estímulos nfvel de adaptação nível de um estímulo ao qual o consumidor se acostumou dostats palavra que pode ser rudemente traduzida com.o "adquirir coisas com enorme dificuldade" A habituação do con- sumidor é 11ro conceito re- sultante da familiaridade. Habituação é o processo por meio do qual a exposi- ção contínua a um estímulo afeta a compreensão de al- guns estímulos e a resposta a eles. Considere o seguinte experimento psicológico. Os indivíduos de um grupo de tratamento mergulharam os braços em água extrema- mente fria (5 ºC) por 60 segundos. Obviamente, essa foi uma tarefa desagradável. Foi pedido a outro grupo de indivíduos que fizesse a A Saúde Pode ser Ruim Para o Seu Cérebro? ompreender as consequências de consumir vários alimentos é dificil. Apenas o fato de querer comer alimentos saudáveis não é suficiente para que os consumidores saibam o que é melhor. Os alimentos ,. que os especialistas consideram saudáveis hoje podem não ser mais amanhã. Os ovos entraram na lista de alimentos saudáveis e saíram dela. Os consumidores com idade universitária cos- ( tumam ingerir uma barra energética como alternativa de almoço completo e rápido. Eles fazem bem? AJgumas contêm gordura trans. Além disso, podem ser altamente calóricas. Ao mesmo tempo, elas têm vitaminas, proteínas e fibras. Os consumidores conscientes e saudáveis tomam as meJhores decisões quanto à dieta? Às vezes, eles cometem erros. Duas razões para isso é que eles não têm a capacidade de processar as informações relacionadas à saúde ou, mesmo quando possuem tal conhecimento, as crenças anteriores influenciam fortemente a compreensão. Quando o consumidor acredita que determinado alimento é saudável, ele pode relevar informações que contra- dizem a crença para manter a consistência do conhecimento. E tomar uma bebida energética antes da aula? Leia o rótulo.~ uma opção saudável? l'ontes: Ec Ho1•1lett S. Bu rton, J. Kozup. (2008). ·r:ow .v.ocfüicatlon of 1he Nutritlon F<Its Panei 1 nfk.eoc:es {onsurl'4!1S at Risk fur t-eart: Oisease: The Case of1ran~a1s:Jo>Jmalof Pi.blicPoi1cyand Mawnng, 27(pnm.avera),83-97. R. W. Na,olor; C. M. Dorrrs; K. L Ham. (;2009), 'Eatmq wíth a PurpoSe.; Col'\SUme' Response ro Funttiooal Foôd Health Cl<1lms m Confllaing Versu!i Camplell'entary ln'armatlon Envlronmencs:,'owool of PuDl/c Po/'icytnd Morl«!ting 28 (oc..rano).221-233. mesma coisa, exceto que, após a primeira imersão, eles deveriam mergulhar os braços em água ligeiramente fria (10 ºC) por mais 30 segundos. No final do procedi- mento, ambos os grupos classificaram a tarefa de forma hedônica. Espantosamente, o grupo que mergulhou os braços por 90 segundos classificou a tarefa de forma mais favorável que o grupo que mergulhou os braços por 60 segundos. ocorre em muitas outras partes do mundo, incluindo os países em desenvolvimento, onde as compras da forma que conhecemos sequer existem. Uma década após a quebra da União Soviética, os pesquisadores que estu- dam consumidores mediram o valor de compra hedô- nico e utilitário que os consumidores russos vivenciavam ao tentar obter os produtos e serviços necessários para o dia a dia.18 A reforma capitalista ocorreu de forma lenta na Rússia, e esses consumidores ainda encontravam pra- teleiras vazias nas lojas, além de longas filas para com- prar botas ou jaquetas. Uma palavra em russo utilizada para descrever essa experiência é dostats, que significa "adquirir coisas com enorme dificuldade". O resultado da pesquisa foi surpreendente: os consumidores russos relataram valores de compra semelhantes aos de norte- -americanos. Qual é a explicação para esse resultado? Embora fazer compras na Rússia fosse pior do que fazer compras nos Estados Unidos, as compras ainda eram moldadas pelas experiências de vida que vão além da realidade fa.miliar de dostats. Essas experiências de vida forneceram um quadro de referência no qual as com- pras eram menos desagradáveis do que muitas outras atividades de rotina. A teoria da habituação explica esse resultado. Os pri- meiros 60 segundos de exposição à água extremamente fria deixaram os indivíduos habituados e criaram um nível de adaptação. Como resultado, quando o segundo grupo foi exposto à água que ainda era desagradável, mas ligeiramente mais quente que a primeira, obteve-se uma avaliação mais favorável, pois todo o experimento foi espelhado nos últimos 30 segundos, que foram rela- tivamente mais valiosos (menos dolorosos). Para ilustrar a habituação no cenário do consumi- dor, considere que cons11midores dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e da Europa Ocidental já se habituaram a experiências de compras mais agradáveis, nas quais muitos produtos e serviços estão imediata- mente disponíveis. Isso nem pode ser comparado ao que 72 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS Expectativas Expectativas são crenças sobre o que acontecerá em uma situação futura. Elas desempenham um papel importante em muitos cenários de comportamento do consumidor e podem causar impacto na compreensão. Discutiremos as expectativas em detalhes mais adiante, quando focarmos a satisfação. Por enquanto, observe que o que os consumidores esperam vivenciar tem um impacto sobre a compreensão que eles têm do ambiente. Para ilustrar, considere como as embalagens influen- ciam a compreensão que os consumidores têm dos produtos. Os marqueteiros de bebidas perceberam, há décadas, que as embalagens desempenham um papel fundamental em como as bebidas são percebidas. Na verdade, estudos indicam que os consumidores não conseguem sequer identificar a marca "favorita" de cer- veja sem a embalagem/rótulo.19 A remoção dos rótulos afeta as expectativas dos consumidores, que afetam a compreensão ao bloquear os pensamentos específicos daquela marca. Limites Físicos Os limites físicos do consumidor também podem influen- ciar a compreensão. Todos nós temos limites quanto a nossa capacidadede ouvir, ver, sentir cheiro, sentir gosto e pensar. Obviamente, se alguém não consegue ouvir, não consegue compreender mensagens de áudio. Além disso, os consumidores daltônicos têm dificuldade de compreender informações relacionadas às cores. Se um rótulo de advertência for colocado em vermelho como um sinal de risco, o consumidor daltônico não vai com- preender esse aspecto da mensagem. 20 Dominio Cerebral O domínio cerebral refere-se ao fenômeno de /a,teraliza- ção hemisférica. Algumas pessoas tendem a ter o lado direito ou esquerdo do cérebro como lado dominante. Isso, claro, não significa que alguns consumidores usam apenas a parte direita ou esquerda do cérebro! Os con- sumidores com o lado direito dominante tendem a ser processadores visuais (a favor das imagens para a comu- nicação), ao passo que os consumidores com o lado esquerdo dominante tendem a trabalhar melhor com o processamento verbal (palavras). CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS Intensidade da lnfonnação A intensidade da informação refere-se à quantidade de informação disponível para ser processada pelos consu- midores em determinado ambiente. Quando eles estão sobrecarregados, não apenas a atenção, mas também a compreensão e eventual reação ficam prejudicadas. Evidências sugerem que a quantidade de informação apresentada aos consumido- res que participam de leilões on-line afeta o comporta- mento em relação às apostas, e os ambientes com infor- mações mais intensas estão associados à menor sensibili- dade ao preço.21 Enquadramento Enquadramento é um fenô- meno no qual o significado de algo é influenciado (per- cebido de forma diferente) pelo ambiente de informa- ções. Dessa forma, o mesmo evento pode produzir vários significados, dependendo de como a informação é apre- sentada. O que um motorista entende quando o medidor de combustível mostra que expectativas crenças sobre o que acontecerá em uma situação futura intensidade da informação quantidade de lnformação disponível para ser processada pelo consumidor em determinado ambiente enquadramento fenômeno no qual o slgníficado de algo é ínfluenclado (percebido de forma diferente) pelo ambiente de informações teoria do prospecto teoria segundo a qual uma decisão, ou argumento, pode ser enquadrada de formas diferentes, e esse enquadramento afeta as avaliações de risco feitas pelos consumidores priming processo cognitivo no qual o contexto ou ambiente ativa conceitos e enquadra pensamentos e, consequentemente, valor e significado há apenas um quarto de gasolina? Se estiver dirigindo pelos bairros da cidade, ele provavelmente não considera isso significativo. No entanto, se estiver dirigindo por uma região com população escassa, a mesma informa- ção pode resultar em uma compreensão e reação total- mente diferentes. O ambiente enquadrou a informação. A teoria do prospecto trabalha com a hipótese de que a maneira como a informação é enquadrada afeta de forma diferente as avaliações de riscos e as decisões dos consumidores. O consumidor pode ver a mensagem "economize 50o/o" ou "pague metade do preço". Uma embalagem de carne que diz" 9 5% carne magra,, ou" 5 o/o gordura". Qual é melhor? Elas dizem a mesma coisa? Para ilustrar a teoria do prospecto, considere o que já ouviu sobre os riscos associados à exposição prolon- gada ao sol. A seguir, mostramos dois métodos para apresentar informações sobre tais riscos.22 • A falta de uso de protetor solar pode deixar a pessoa vulnerável ao câncer de pele. • O uso de protetor solar ajuda a evitar câncer de pele. A primeira afirmação tem enquadramento nega- tivo. Use esse produto ou fique com câncer de pele! A segunda afirmação tem enquadramento positivo. Use esse produto e continue saudável! Priming refere-se ao processo cognitivo no qual os conceitos ativos enquadram pensamentos e, consequen- temente, valor e significado. As informações enquadra- CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 73 memória processo psicológico por meio do qual o conhecimento é regístrado das negativamente mostram perdas que os consumidores desejam evitar e os incenti- vam a dar uma chance para um produto (nesse caso, gas- tar dinheiro com o protetor solar). Além disso, as infor- mações enquadradas de forma negativa geralmente têm maior impacto sobre os consumidores, de modo que o valor percebido do protetor solar (do exemplo citado) possa ser ampliado pelo enquadramento negativo da informação. O maior impacto causado pela informação negativa é o principal aspecto da teoria do prospecto. A Figura 4.5 mostra esse lado do enquadramento. f\GUAA 4.5 ftJ Uma Ilustraçao do Enquadramen~o-:; O que Você Faria. ..a-d•OfÇ611• ...... lseolhl urna- ' . Voe! perde uss 200. de 2. 'lod tem 20"& de chances perder uss 1.000 e 801!' de chances cteperder O. EscOlhl uma das dulS ~ 1 seguir. i .Você ganha USS 200. ha Você tem 20% de chances de gan r 2. uss , .000 e 801M> de ctiances de ganhar O. A maioria dos consumidores questionados quanto à primeira opção do quadro escolheu a opção 2. Observe que o enquadramento é negativo.23 Na segunda opção, os consumidores tiveram maior tendência de escolher a opção 1. Nessa segunda opção, o enquadramento é positivo (objetivando ganhos - salvar a vida em vez de perder a vida). Isso acontece mesmo quando o valor esperado (E(v)) das opções é o mesmo (US$ 200). A apresentação de um enquadramento negativo instrui pensamentos que levam o consumidor a assumir riscos. Em termos da teoria do prospecto, podemos dizer que as perdas pesam mais do que os ganhos. Perder US$ 200 certamente é uma perda e destrói o valor hedônico mais do que ganhar US$ 200 ajuda a criar valor hedônico. 24 Assim, os consumidores que responderam à primeira opção tinha maior disposição de correr riscos. O priming ocorre de várias formas sutis além dos enquadramentos positivos e negativos. Os nomes e logo- 7 4 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS tipos das marcas, por exemplo, podem servir de ins- trução. Um experimento recente sugeriu que o logo da Apple gerava maior criatividade entre os solucionado- res de problemas expostos a ele quando comparados a outros solucionadores.25 As expectativas de uma barga- nha podem ser instruídas por outros preços no ambiente de compras. Um consumidor pode achar que US$ 200 é um bom preço para um relógio em uma vitrine cheia de relógios a US$ 1.000 ou mais. Da mesma forma, o mesmo relógio de US$ 200 pode não parecer uma boa opção quando for o mais caro da vi trine. 26 Tempo O tempo também afeta a compreensão. Para os nos- sos propósitos, o tempo refere-se tanto à quantidade de tempo que um consumidor tem para processar uma mensagem quanto ao momento em que o consumidor recebe a mensagem. Os consumidores que têm apenas alguns segundos para processar uma mensagem, como ocorre quando um outdoor chama nossa atenção, não conseguem compreendê-la tão profundamente quanto um consumidor que não tem problemas com o tempo. O momento do dia também pode afetar o signifi- cado e valor de um produto. Para muitos consumidores, café é uma bebida matinal. Os consumidores compreen- dem uma propaganda de uma marca de café de formas bem diferentes dependendo do horário. A maioria deles responde a uma propaganda de café de manhã de forma bem mais entusiástica do que se a mesma propaganda fosse exibida à noite, em razão dos efeitos da habitua- ção que associam o café quente com o consumo matinal. Como podemos ver, muitos fatores influenciam a forma como compreendemos as mensagens de marke- ting. Agora, voltemos nosso foco para outro conceito principal da aprendizagem cognitiva - a memória. OA2 Teoria de Armazenamento Múlnplo para Aquisição, Armazenamento eUso do Conhecimento emória é o processo psico- lógico por meio do qual o conhecimento é registrado. Conforme mostrado na Figura 4.1, todos os ele- mentos do modelo infor- mação-processamento estão relacionados à memória. No capítulo sobre percepção, discutimos as questões da memória implícita e explícita. Aqui, discutiremos a memória da perspectiva da aprendizagem cognitiva - a teoria de armazenamento múltiplo da memória. TEPRIA DEARMAZE AMENTO MULTIPLO DA MEM RIA A teoria de armazenamento múltiplo da memória vê o processo da memória como algo que utiliza três áreas de armazenagem diferentes no cérebro humano. Essas três áreas são a memória sensorial, a estação de trabalho (ou memória de curto prazo) e a memória de longo prazo. A Figura 4.6 mostra essa abordagem. Memória Sensorial Memória sensorial é a área da memória em que arma- zenamos aquilo que encontramos por meio de nos- sos cinco sentidos humanos. Quando ouvimos algo, a memória sensorial é responsável por armazenar os sons. O consumidor que anda pelo saguão de um cinema é exposto a muitos sons, cheiros e imagens. A memória sensorial capta essas coisas e as armazena, mesmo que o consumidor ainda não tenha voltado a atenção para qualquer 11ma dessas sensações. Dessa forma, essa parte da memória é considerada pré-atentiva. A memória sensorial é realmente singular. Ela possui capacidade ilimitada. Armazena tudo a que estamos expostos, fazendo um registro exato do que FIGURA 4.6 Aborda emd P o aMemor1a encontramos. Ela usa vários mecanismos distintos. Arma- zenamento icônlco é o arma- zenamento de informações • • visuais, como a representa- ção exata de uma cena. Ar- mazenamento ecoico é o armazenamento de informa- ções auditivas, como a repre- sentação exata de um som. Todas as imagens, os cheiros, as sensações táteis e os sabo- res são registrados como réplicas exatas na mente do consumidor. Sendo assim, por que conseguimos nos lembrar apenas de uma pequena fra- ção do que encontramos? Outro aspecto notável da memória sensorial diz res- peito à duração. A memória sensorial é muito perecível e dura apenas alguns instan- tes. Na maioria dos casos, a teoria de armazenamento múltiplo da memória teoria que explica a memória como algo que utiliza três áreas de armazenamento distintas no cérebro humano: sensorial, de curto prazo e de longo prazo memória sensorial área da memória em que o consumidor armazena coisas expostas a um dos cinco sentidos armazenamento icônico armazenamento de informações visuais na memória sensorial e a ideia de que as coisas sào armazenadas com uma representação individual da realidade armazenamento • eco1co armazenamento de informações auditivas da memória sensorial memória sensorial começa a desaparecer imediatamente após a sensação ser registrada e dura menos de um segundo. Assim, o ponto forte da memória sensorial é a capacidade, mas a fraqueza é a duração. A memória sensorial pode ser facilmente ilustrada. Dê uma olhada rápida em um objeto e, depois, feche os olhos. O que acontece nas frações de segundo imediatamente após fechar os olhos? Na maioria dos casos, o cérebro mantém a imagem imediatamente após o olho ser fechado, ou seja, você conse- gue vê-la mentalmente. No entanto, as coisas começam a sair da imagem men- tal bem rapidamente até que, eventual- , . . mente, apenas as caracter1sacas centrais Mlll6rll •C1111 _,,_ M ítlhçlo • .,....., Mlll!llliiiÓriit de longo prazo • ~ linlftada _ ' Capacidade Uimitada podem ser visualizadas. Se você estiver familiarizado com uma luz estroboscó- pica, já deve ter percebido que, quando a luz acelera, a imagem parece contínua. Isso porque a memória sensorial consegue "segurar" a imagem durante a parte escura do estroboscópio, ou seja, até que a ima- gem seguinte seja fisicamente percebida. I ' • ~ Nrnltada .. • Duração ilimitada w - • Significado semântico • Rede se~ntJc~ assoe1at1va ~~ A codificação com slg lti d \ n ca o ocorre com a transferência da memória de C::urto razo p para a de longo pra20. Embora a memória sensorial seja importante, sua utilidade é limitada, pois as imagens se perdem de forma rápida. Felizmente, ela trabalha em conjunto com outras funções da memória, permitindo que o consumidor adquira informação e conhecimento. CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 75 memória de curto prazo área de armazenamento do sistema de memória na qual as informações são armazenadas enquanto. estão sendo processadas e codificadas para serem resgatadas posteriormente codificação processo por meio do qual as informações são transferídas da memória de curto prazo para a de longo prazo a fim de serem armazenadas penna nentemente recuperação processo pelo qual as informações são transferidas de volta para a memória de curto prazo para serem novamente processadas quando necessário Memória de Curto Prazo Memória de curto prazo é a área de armazenamento do sistema de memória na qual as informações são arma- zenadas e codificadas para serem transferidas para a memória de longo prazo e, eventualmente, serem resga- tadas para uso futuro . Con- forme veremos, a memória de curto prazo trabalha inti- mamente com a de longo prazo. Codificação é o pro- cesso por meio do qual as informações são transferidas da memória de curto prazo para a de longo prazo a fim de serem armazenadas per- manentemente. Recuperação é o processo pelo qual as informações são transferidas de volta para a memória de curto prazo para serem novamente processadas, quando necessário. Para ilustrar a memória de curto prazo, imagine um consumidor que está caminhando pelos corredores de um hipermercado Auchan, na França. Ele coloca vários produtos no carrinho, incluindo queijo Camembert, patê de pato, queijo Morbier e vários itens para o lar, como papel toalha, sacos plásticos, alvejante e papel higiênico. Quanto você acha que tudo isso vai custar? Se ele não escrever o custo de todos os itens, podemos esperar que ele saiba quanto custará essa compra? De alguma forma, a precisão depende da capacidade de manter os preços na memória tempo suficiente para conseguir computar o valor total. Vamos considerar um único item. Ele pega o patê, verifica o preço e o coloca no carrinho. O preço entra rapidamente na memória sensorial e, então, se move para a memória de curto prazo, pois ele está tentando prestar atenção no preço. A relevância da duração, a capacidade e o envolvimento rapidamente entram em jogo. • Duração. O termo memória de curto prazo geralmen- te é utilizado para descrever a estação de trabalho, pois o armazenamento da memória nessa área, assim como na memória sensorial, tem duração limitada. A duração não é tão limitada quanto a memória sen- sorial; os estímulos que entram na memória de curto prazo podem ficar lá por aproximadamente 30 se- gundos, ou mais, sem nenhuma intervenção. Assim, não podemos esperar que nosso consumidor lembre- -se dos preços de todos os itens do carrinho de com- pras até cheg.ar ao caixa. 7 6 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS • Capacidade. Diferentemente da memória sensorial, a memória de curto prazo tem capacidade limitada. Geralmente, o limite de capacidade da memória de curto prazo fica entre três e sete unidades de informa- ção. Pense em uma estação de trabalho física. Se ela estiver quase cheia, não se pode achar que será possí- vel colocar mais itens sobre ela. Primeiro, é necessário a remoção de alguns itens. Assim, não podemos espe- rar que o consumidor se lembre dos preços de todos os itens de um carrinho de compras, principalmente se ele estiver comprando vários produtos. Naverda- de, a memória de curto prazo é ainda mais tributada se os preços tiverem mais sílabas. Um preço de US$ 13,37 é mais difícil de ser lembrado que US$ 12,10, pois contém mais sons.27 • Envolvimento. A capacidade da memória de curto prazo de se expandir e contrair depende do nível de envolvimento do consumidor. Quanto mais envolvi- do o consumidor estiver com a mensagem, maior será a capacidade da sua memória de curto prazo. Quan- do o envolvimento é muito baixo, essa capacidade se . , . contrai para o rrurumo. Para testar sua própria memória de curto prazo, tente o seguinte: sem voltar atrás, cite todos os itens com- prados pelo nosso consumidor francês. Quantos você consegue recordar? Não se sinta mal se não conseguir se lembrar de todos. Na verdade, a maioria das pessoas não consegue se lembrar de todos os itens. Contudo, a maioria dos consumidores consegue se lembrar de pelo menos dois. Muitos se lembram de que papel higiênico estava na lista. A menos que o consumidor tenha conhe- cimento dos queijos franceses, Camembert e Morbier não seriam lembrados. Nós nos lembramos melhor das coisas quando fazemos associações significativas. 0A3 Fazer Associações com Significado como um~ Forma Importante de Aprendizagem ntão, que tipo de trabalho ocorre na sua memória de curto prazo? A tarefa de um consumidor pode ser se lembra.r de coisas, tanto em um período curto quanto em um período longo. O con- sumidor deve se lembrar dos preços não só enquanto estiver na loja como também durante os dias e até as semanas seguintes.28 Quando usamos o termo "lembrar-se de algo,,, geralmente estamos nos referindo ao fato de que conseguimos relembrar algu- mas informações ou torná-las ativas em nossa mente de forma intencional. Há quatro processos mentais que ajudam os consumidores a se lembrar das coisas: memória de curto prazo área de armazenamento do sistema de memória na qual as informações são armazenadas enquanto. estão sendo processadas e codificadas para serem resgatadas posteriormente codificação processo por meio do qual as informações são transferídas da memória de curto prazo para a de longo prazo a fim de serem armazenadas penna nentemente recuperação processo pelo qual as informações são transferidas de volta para a memória de curto prazo para serem novamente processadas quando necessário Memória de Curto Prazo Memória de curto prazo é a área de armazenamento do sistema de memória na qual as informações são arma- zenadas e codificadas para serem transferidas para a memória de longo prazo e, eventualmente, serem resga- tadas para uso futuro . Con- forme veremos, a memória de curto prazo trabalha inti- mamente com a de longo prazo. Codificação é o pro- cesso por meio do qual as informações são transferidas da memória de curto prazo para a de longo prazo a fim de serem armazenadas per- manentemente. Recuperação é o processo pelo qual as informações são transferidas de volta para a memória de curto prazo para serem novamente processadas, quando necessário. Para ilustrar a memória de curto prazo, imagine um consumidor que está caminhando pelos corredores de um hipermercado Auchan, na França. Ele coloca vários produtos no carrinho, incluindo queijo Camembert, patê de pato, queijo Morbier e vários itens para o lar, como papel toalha, sacos plásticos, alvejante e papel higiênico. Quanto você acha que tudo isso vai custar? Se ele não escrever o custo de todos os itens, podemos esperar que ele saiba quanto custará essa compra? De alguma forma, a precisão depende da capacidade de manter os preços na memória tempo suficiente para conseguir computar o valor total. Vamos considerar um único item. Ele pega o patê, verifica o preço e o coloca no carrinho. O preço entra rapidamente na memória sensorial e, então, se move para a memória de curto prazo, pois ele está tentando prestar atenção no preço. A relevância da duração, a capacidade e o envolvimento rapidamente entram em jogo. • Duração. O termo memória de curto prazo geralmen- te é utilizado para descrever a estação de trabalho, pois o armazenamento da memória nessa área, assim como na memória sensorial, tem duração limitada. A duração não é tão limitada quanto a memória sen- sorial; os estímulos que entram na memória de curto prazo podem ficar lá por aproximadamente 30 se- gundos, ou mais, sem nenhuma intervenção. Assim, não podemos esperar que nosso consumidor lembre- -se dos preços de todos os itens do carrinho de com- pras até cheg.ar ao caixa. 7 6 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS • Capacidade. Diferentemente da memória sensorial, a memória de curto prazo tem capacidade limitada. Geralmente, o limite de capacidade da memória de curto prazo fica entre três e sete unidades de informa- ção. Pense em uma estação de trabalho física. Se ela estiver quase cheia, não se pode achar que será possí- vel colocar mais itens sobre ela. Primeiro, é necessário a remoção de alguns itens. Assim, não podemos espe- rar que o consumidor se lembre dos preços de todos os itens de um carrinho de compras, principalmente se ele estiver comprando vários produtos. Na verda- de, a memória de curto prazo é ainda mais tributada se os preços tiverem mais sílabas. Um preço de US$ 13,37 é mais difícil de ser lembrado que US$ 12,10, pois contém mais sons.27 • Envolvimento. A capacidade da memória de curto prazo de se expandir e contrair depende do nível de envolvimento do consumidor. Quanto mais envolvi- do o consumidor estiver com a mensagem, maior será a capacidade da sua memória de curto prazo. Quan- do o envolvimento é muito baixo, essa capacidade se . , . contrai para o rrurumo. Para testar sua própria memória de curto prazo, tente o seguinte: sem voltar atrás, cite todos os itens com- prados pelo nosso consumidor francês. Quantos você consegue recordar? Não se sinta mal se não conseguir se lembrar de todos. Na verdade, a maioria das pessoas não consegue se lembrar de todos os itens. Contudo, a maioria dos consumidores consegue se lembrar de pelo menos dois. Muitos se lembram de que papel higiênico estava na lista. A menos que o consumidor tenha conhe- cimento dos queijos franceses, Camembert e Morbier não seriam lembrados. Nós nos lembramos melhor das coisas quando fazemos associações significativas. 0A3 Fazer Associações com Significado como um~ Forma Importante de Aprendizagem ntão, que tipo de trabalho ocorre na sua memória de curto prazo? A tarefa de um consumidor pode ser se lembra.r de coisas, tanto em um período curto quanto em um período longo. O con- sumidor deve se lembrar dos preços não só enquanto estiver na loja como também durante os dias e até as semanas seguintes.28 Quando usamos o termo "lembrar-se de algo,,, geralmente estamos nos referindo ao fato de que conseguimos relembrar algu- mas informações ou torná-las ativas em nossa mente de forma intencional. Há quatro processos mentais que ajudam os consumidores a se lembrar das coisas: 1. Repetição é o processo no qual o pensamento é man- tido na memória de curto prazo por meio da repeti- ção mental. 2. Codificação dupla é o processo pelo qual dois "ras- tros" sensoriais diferentes estão disponíveis para lem- brar algo. Conforme veremos, rastro é um caminho mental pelo qual o pensamento fica ativo. 3. Codificação significativa é o processo que ocorre quando o conhecimento preexistente é utilizado para auxiliar no armazenamento de informações novas. 4. Agrupamento é o processo de agrupar estúnulos de acordo com o significado, de modo que vários estí- mulos podem se tornar uma única unidade de me- mória. A codificação significativa e o agrupamento dependem muito das associações feitas entre as in- formações novas e os significados armazenadosna memória de longo prazo. A codificação significativa e o agrupamento depen- dem muito das associações feitas entre as informações novas e os significados arm.azenados na memória de longo prazo. Repetição. Repetição é uma forma comumente empre- gada para tentar se lembrar de algo. Imagine alguém tentando se lembrar do número da placa do carro: Tf867-53-09 Uma das formas de lembrar esse número é pensando nele repetidamente. Esse processo é conhecido como ensaio. No entanto, l1m dos principais problemas dessa abordagem é a interferência cognitiva. Interferência cognitiva significa simplesmente que outras coisas estão competindo pela capacidade de processamento quando o consumidor ensaia a informação. Para ilustrar, tente contar de 3 em 3 de trás para a frente partindo de 1.000. Essa parece uma tarefa fácil. Mas se tentar fazer isso enquanto alguém está falando números aleatórios, a tarefa se torna muito mais difícil. Considerando as mesmas circunstâncias, a repetição é a forma mais fraca de aprendizado. Codificação dupla. A codificação dupla pode ser mais eficaz que a repetição. Para ilustrar os efeitos da codificação dupla, considere a Figura 4.7. Essa figura ilustra como uma essência pode melhorar a recordação.29 Pesquisadores testaram a exten- são em que a característica de um produto pode ser melhorada pela codificação dupla com o uso de essências. No experimento, os consumidores apresentaram mais recordações das característi- cas do produto, mesmo quando se tratava de um produto inócuo como um lápis, quando o pro- duto foi infundido com uma essência. De forma semelhante, associar produtos com música ajuda os consumidores a gravar informações. Por quê? O consumidor consegue recuperar informações de duas formas - por meio do conteúdo da men- sagem e por meio do som da música. Recente- mente, os jingles perderam a preferência para as músi- cas pop recicladas. 30 Entre- tanto, a maioria dos leitores provavelmente consegue se lembrar do nome do produto que completa este jingle: "Give me a break, give me a break, break me off a piece of that ... ''. As imagens também ajudam a codificação dupla.31 Chick- -fil-A usa um logo que trans- forma o e em um frango. Dessa forma, os consumi- dores conseguem se lembrar facilmente do Chick-fil-A e dos tipos de produtos que comercializa. Codificação significativa. A codificação significativa en- volve a associação de infor- - . ,, . maçoes ativas na memoria de curto prazo com outras informações relembradas da memória de longo prazo. Por meio desse processo, as novas informações podem ser codi- ficadas com significado. repetição mecanismo simples no qual o pensamento é mantido na memória de curto prazo por meio da repetição mental interferência • • cogn1t1va noção de que tudo a que o consumidor está exposto enquanto tenta se lembrar de algo compete pela capacidade de processamento e, assim, interfere na memória e compreensão codificação dupla codificação que ocorre quando dois "rastros" sensoriais diferentes se encontram disponíveis para lembrar algo codificação significativa codificação que ocorre quando as informações da memória de longo prazo são colocadas na de curto prazo e fixadas às informações ali contidas de modo que possam ser relembradas e utilizadas posteriormente Para ilustrar a codificação significativa, voltemos ao exemplo do número da placa do carro. Os consumi- dores geralmente acham difícil associar qualquer coisa significativa a um número. Contudo, um fã de música pop dos anos 1980 reconhece a sequência de dígitos como sendo o título de uma música famosa do artista de rock Tommy Tutone (as letras TI' da placa sustentam isso). Se um cons11midor consegue recuperar a memória FIGURA 4.7 • CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 77 agrupamento processo de agrupar estímulos pelo significado de modo que os estímulos múltiplos se tornem uma única unidade de memória geração de resposta reconstrução dos traços de memória em uma recordação formada de informações dessa música e ligá-la à placa do carro, o n1ímero toma-se muito mais fácil de ser lembrado. De certa forma, esse exemplo envolve tanto a codificação dupla quanto a significativa, pois a música {também armazenada na memória) atua como um auxílio da memória. Para o consumidor que conhece as músicas dos anos 1980, os números 867-5309 só podem significar Tommy Tutone (se você conhece a música, agora provavelmente ela ficará na sua cabeça). Agrupamento. Agrupamento é o processo de agrupar estímulos de acordo com o significado, de modo que vários estímulos se tomem uma única unidade de memó- ria. Lembre-se de que a capacidade da memória de curto prazo raramente excede sete blocos de informação. Um bloco é uma unidade de memória. A seguir, apresenta- mos um experimento simples que ajuda a demonstrar o que um bloco de memória significa. Mostre a alguém esta lista de números por alguns segundos: 149217761945 Depois de retirar a lista, converse com a pessoa por alguns minutos. Peça-lhe para se lembrar da lista. Por que essa tarefa é tão difícil? Quando alguém trata cada um dos números como um grupo distinto de informa- ção, a capacidade de memória é excedida. Afinal de con- tas, há 12 números (ou grupos) na lista. Agora, olhe para a lista da seguinte forma: 1492 1776 1945 Se a pessoa se deu bem nas aulas de História, a tarefa fica bem mais fácil. Um aluno deve ser capaz de reco- nhecer que todos esses números são datas importan- tes da história dos Estados Unidos. O conjunto de 12 números pode ser armazenado e recuperado como sendo apenas três blocos de informação, em vez de 12! Os marqueteiros também podem usar o humor para incentivar o agrupamento. Considere uma propaganda de café que usa as seguintes falas, ditas por dois persona- gens de desenho:32 o primeiro personagem diz, "O outro café tem gosto de terra!", e o outro responde, "Porque ele O agrupamento é 11ma atividade mental importante, pois um melhor agrupamento leva a uma melhora na recordação. 78 PAHTE 2: INFLU~NCIAS INTERNAS • g - Vaca ou frango? Chick-fil-A é f6cil de ser lembrado. é torrado todas as manhãs!". A chamada da propaganda poderia ser: "O sabor do café bem balanceado" ou "O sabor do café torrado com requinte". A segunda chamada transmite a ideia de café torrado, relacionado ao humor da propaganda. Assim, ela produziria melhor codifica- ção e recordação. O humor ajuda a facilitar o processo de codificação da mensagem em um grupo significativo. Os marqueteiros que desenvolvem anúncios e sites, por exemplo, devem ser cautelosos para agrupar informações de acordo com o significado visando a auxiliar os consu- midores na codificação de grupos de informação. Memória de curto prazo e recuperaçáo. Conforme já discutimos, a tarefa da memória de curto prazo é a recuperação de informações da memória de longo prazo. Quando um consumidor recupera tais informa- ções, elas são novamente processadas na memória de curto prazo. Como parte desse processo, a memória de longo prazo passa por uma triagem em busca de infor- mações relevantes. Por meio de um processo de geração de resposta, os consumidores reconstroem os traços de memória em uma recordação formada pelas informa- ções que estão tentando recuperar. Os marqueteiros podem ajudar nesse processo ao garantir que as informações das mensagens de marke- ting sejam colocadas em promoções dentro das lojas e, talvez, na embalagem do produto. Uma das formas de fazer isso é usando a comunicação integrada de marke- ting para garantir que uma mensagem promocional unificada seja transmitida para todos os contatos dos consumidores. Obviamente, significadoe conhecimento são os ele- mentos principais de uma codificação e aprendizagem cognitiva eficazes. Para ilustrar, considere a seguinte lista de palavras: • Weep Sheep Deep Keep Peep Suponha que peçamos a um indivíduo para dar t1ma olhada nessa lista e, no dia seguinte, perguntemos se a palavra sleep estava nela. Haveria muitas recordações falsas (indicando que a palavra estava na lista quando, na verdade, não estava)? Agora, considere a seguinte lista: • Night Rest Awake Tired Dream Essa lista produziria menos memórias falsas? A resposta é sim. A questão é que a segunda lista permite uma codi- ficação mais significativa e, consequentemente, melhor memorização. 33 Memória de Longo Prazo , E muito importante o papel que a memória de longo prazo do consumidor desempenha na aprendizagem. A memória de longo prazo é um repositório de todas as informações que a pes- soa já encontrou. Essa parte da memória possui capacidade e duração ilimitadas. Salvo alguma incapacidade física, a memória de longo prazo representa o armazenamento permanente de inf or- mações. As informações armazenadas na memória de longo prazo são codificadas por meio de uma codificação semântica, isso significa que os estímulos são convertidos em significado que podem ser expressados verbalmente. Por que nem sempre os consumido- res conseguem se lembrar das informações quando precisam delas, se elas são armaze- nadas de forma permanente? O problema aqui não é uma questão de armazenamento, mas de recuperação. Para ilustrar, consi- º dere que até as coisas que os consumidores ~ ~ Processam em níveis muito baixos deixam ~ ~ rastros na memória. Rastro de memória é à: o caminho mental pelo qual o pensamento se toma ativo. As memórias dos Natais da infância de consumidores franceses geral- mente incluem um buche de Noel. Os rastros dessa memória se espalham pelos produtos comerciais associados a ele, como o chocolate Hershey e o açúcar Domino. Psicologicamente, o ras- tro de memória mostra como a ativação cognitiva parte de um conceito para outro. Esse processo é conhecido como ativação dispersiva. Os mar- • quetell'OS querem que suas . -marcas causem a attvaçao cognitiva para disseminar pensamentos favoráveis (e não desfavoráveis). Consi- dere as seguintes marcas: • Tabasco • KFC Ta basco normalmente é associado com "apimen- tado". Em geral, as coisas apimentadas são boas. Músi- cas apimentadas são boas e comida apimentada é boa. Assim, os consumidores estão dispostos a com- prar diversos produtos memória de longo prazo repositório de todas as informações que a pessoa já encontrou codificação semântica tipo de codificação na qual os estímulos são convertidos em significados que podem ser expressados verbalmente rastro de memória caminho da memória pelo qual os pensamentos tornam-se ativos ativação dispersiva como a ativação cognitiva parte de um conceito (ou nó) para outro tag pequeno grupo de informações codificadas que ajuda a recuperar o conhecimento . -rum1naçao memória não intencional, mas recorrente, de eventos passados desencadeada espontaneamente (não suscitada pelo ambiente) da marca Tabasco (gravatas, camisas etc.). Agrupamento mental. Vamos olhar novamente a Figura 4.1. No que diz respeito aos aspectos psico- lógicos, tag é um pequeno grupo de informações codificadas que ajuda na recuperação de determi- nada parte do conhecimento. As tags funcionam corno as informações codificadas nos códigos de barra em bagagens despachadas. Quando tudo dá certo, as informações das etiquetas permitem que a bagagem seja localizada. Entretanto, nem sem- pre tudo dá certo e, às vezes, as bagagens aca- bam no lugar errado. De forma semelhante, se os consumidores não agrupam as infor- mações de forma significativa, o processo de codificação resulta em erro. Como adultos, a maioria das pessoas tem recordações de memórias inócuas da infância sem nenhuma razão aparente. Esse tipo de recordação ilustra como a memó- ria de longo prazo é permanente e corno os eventos que não foram bem agrupados durante a codificação podem emergir a qualquer momento. Os estímulos aos quais os consumidores prestam atenção, mas não compreendem ou desenvolvem, tendem a não ser bem agrupados. Ruminação. Ruminação refere-se à memó- ria não intencional, mas recorrente, de CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO. MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 79 nostalgia anseio mental para reviver o passado associado com sentimentos de saudades rede assodativa rede de vias mentais que ligam todo o conhecimento contido na memória; às vezes, é chamada de rede semântica conhecimento declarativo componentes cognitivos que representam os fatos nós conceitos encontrados nas redes associativas caminhos representações das associações entre nós de uma rede associativa eventos passados que não foi desencadeada por fatores ambientais. 34 Esses pensa- mentos geralmente incluem atividades relacionadas ao consumo. O significado da marca pode ser obscurecido • • por sennmentos rmns que acompanham a ruminação. Contudo, nem toda rumi- .... , . . naçao e ruun; a rumma- ção nostálgica pode incluir ' - . . assoc1açoes pos1t1vas com as marcas. Nostalgia, o anseio mental para reviver o passado, produz saudades. Muitas vezes, as memórias nostálgicas são agrupadas por associações entre pro- dutos e marcas. As lojas Cracker Barrei estão cheias de produtos como Mallo Cups, Moon Pies e Pixy Stix, que parecem ser bem assi- milados com as memórias e férias de infância. 0A4 Redes Associanvas e Conhecimento do Consumidor REDES ASSOClATNAS conhecimento da memória de longo prazo fica armazenado em uma rede associativa. Rede também mostra para onde a ativação cognitiva flui após o conceito da Mercedes tornar-se ativo. CONHECIMENTO DECLARATIVO Conhecimento declarativo é um termo usado em psico- logia para fazer referência aos componentes cognitivos que representam os fatos. O conhecimento declarativo é representado em uma rede associativa quando dois nós são ligados por uma via. Os nós representam os con- ceitos da rede, ao passo que as caminhos mostram a associação entre os nós de uma rede. O conhecimento declarativo de um consumidor nem sempre está correto, mas ele atua com base nas crenças que esse conheci- mento representa. A seguir, temos alguns exemplos de conhecimento declarativo com base na rede associativa da Figura 4.8: Mercedes é um automóvel. Mercedes é caro. Mercedes é luxuoso. Mercedes é prata. Mercedes é um sedã. Seda é um automóvel. Mercedes é alemão. Alemães bebem cerveja. Nas experiências diárias, o consumidor compara esse conhecimento com a realidade. Todas as vezes que um consumidor encontra um exemplo de suporte do conhecimento declarativo, o conhecimento fica mais forte. Considere: "Mercedes é prata". Nem todos os Mercedes são prata. Mas quando se pede aos cons11mi- dores para dizer a primeira cor que lhes vem à cabeça quando pensam em um Mercedes, na maioria das vezes, associativa, às ve- zes chamada de f\GURA 4.8 • . , · de um rede semântica, é uma rede de vias mentais que liga todo o conhecimento contido na memória. Essas redes são semelhantes às árvo- res genealógicas, já que representam as ligações conhecidas entre os objetos. GRÁFICOS DA REDE ASSOCIATIVA A Figura 4.8 ilustra o conceito ao mos- trar a parte da rede associativa do consu- midor com ativação dispersiva da marca Mercedes-Benz. Isso mostra o conheci- mento que pode ajudar a identificar uma Mercedes-Benz na memória de longo prazo do consumidor. A ilustração da rede 80 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS Consunúdor Associa a com transporte chrys\er coupéPrata Mercedes Alemão Caro eerve)a Grande otnhelro eles respondem prata (e preto em segundo lugar). Todas as vezes que wn consumidor vê wn Mercedes prateado, essa crença é fortalecida, bem como a associação entre Mercedes e prata. Quando um consumidor vê um Mer- cedes branco ou azul, a regra pode diminuir um pouco quanto à intensidade. As redes associativas têm regras com maior probabilidade de serem usadas quando ficam mais fortes. Agora, considere: "Alemães bebem cerveja" . Se os consumidores têm posse desse conhe- cimento declarativo, eles esperam encontrar mais ale- mães bebendo cerveja que alemães degustando wn bom Cabernet Sauvignon. De forma surpreendente, todos os conceitos dentro da rede associativa do consumidor estão ligados a outro conceito. Considere o seguinte: Em 60 segundos ou menos, faça uma lista com no mínimo 1 O alimentos para lanche. Um conswnidor típico colocaria batata frita, barra energética, chocolate e outro doce. Poucos discordam de que esses realmente sejam itens para lanche. Tudo está ligado ao conceito de lanche e distinto de outras cate- gorias de alimento - como os alimentos para jantat. Um copo de leite também pode ser um lanche, mas a asso- ciação entre leite e lanche precisa passar por vários nós. A essa altura, a associação já é fraca. Assim, vender leite como um lanche seria difícil. Contudo, se wn fabricante colocar o leite em um recipiente menor, que lembre as embalagens de produtos para lanche, a probabilidade de os consumidores verem o leite como um lanche aumenta, e a regra de que o leite pode ser um lanche ganha mais intensidade. FIGURA 4.9 Conhecimento Sobre Lanches Pequeno 0As Esquemas de Produtos e Marcas conhecimento do consumidor sobre um produto ou marca está contido em um esquema. Esquema é um tipo de rede associativa que funciona como repre- sentação cognitiva do fenômeno que fornece significado para a entidade. A Figura 4.9 ilustra o esquema de produto (lanche) e a 4.8 mostra o esquema da marca (Mercedes-Benz). O esquema da marca é a menor parte dentro da rede associativa total e é responsável pela definição de deter- minada entidade de marketing. Todas as vezes que um consumidor encontra algo que poderia ser um Mercedes, a mente rapidamente faz a comparação entre todas as , associações do esquema para ver se o pensamento esta correto. Existem vários tipos de esquema. EXEMPLARES , , . Exemplar é um conceito em um esquema que e o uruco melhor representante de determinada categoria. Os exemplares podem ser diferentes de pessoa para pessoa. Em um esquema de alimentos para lanche, as batatas fri- tas podem ser o exemplar. Katy Perry pode ser o exem- plar da categoria de cantora pop. Disney World pode ser um exemplar de destino de férias. Outros exemplares de uma categoria são comparados ao exemplat. Quando um consumidor encontra uma cenoura, a associação com batatas fritas como exemplar de alimentos para lanche pode não se fechar. Mas se o varejista oferecer cenouras em tamanhos menores em um pequeno saco plástico, elas podem ser associadas ao pacote de batata frita e se encaixar na categoria de alimentos para lanche. A Figura 4.10 mostra outros possíveis exemplares de categorias. Lanche Embalagem de pl.1stico PROTÓTIPOS Algumas categorias não são bem representadas por um exemplar. Uma categoria de "vendedor de carro" provavel- Saboroso Doce Twlnkie í•""'ellwlre •o Ana Mariilj Bolacha salgada Batata frita Barato Bolacha doce Dinheiro Gorduroso Leite ~ . mente nao suscita uma pessoa espe- cífica que melhor a represente. Contudo, na mente das pessoas, . , uma lillagem e asso- ciada com a categoria. Essa imagem contém , . . as caractensticas mais esquema representação cognitiva de um fenômeno que fornece significado para a entidade exemplar conceito de um esquema que é o único melhor representante de determinada categoria; esquema de algo que realmente existe CAPÍTULO 4: COMPREENSÃO, MEMÓRIA E APRENDIZAGEM COGNITIVA 81 protótipo esquema que melhor representa uma categoria, mas que não é representado por uma entidade existente; conglomerado das características mais associadas de uma categoria roteiro esquema que representa um evento memória episódlca memória de eventos passados (ou episódios) da vida de alguém relacionadas com o vendedor de carros. Várias características podem vir à mente. Esse tipo de esquema é conhecido como protótipo. Quer sejam representados por tiro , . . prototipo, quer se1am representados por um exemplar, os consumi- dores comparam exem- plos novos e desconheci- dos ao padrão pela com- paração das características com as já encontradas no esquema. REA ÃO A NOVOS PRO UTOS/MARCAS Quando os consumidores encontram novos produ- tos ou marcas, eles reagem pela comparação com o esquema existente. Os europeus estão acostumados com carros pequenos. Assim, quando a Mercedes intro- duziu o "Smart," em 1998, os europeus tinham maior pro- babilidade de aceitação do que os norte-americanos. Nos Estados Unidos, o Smart é mais parecido com um carro de golfe! Os consumidores norte-americanos não colo- cam esse carro na categoria de automóveis. Na medida em que um novo produto ou marca pode compartilhar os mesmos "nós", ou características, de uma marca exis- tente, os consumidores conseguem compreendê-lo com maior facilidade. Não são muitos os consumidores que sabem que Smart é um nome que combina as marcas 82 PARTE 2: INFLUtNCIAS INTERNAS flGURfl.4.10 ,.:i Categorias Exemplares ue Fast-FoOd Motoetdeta 0ouar Store H\pennercado PoUtko Sorvete Apresentador de programa de rád\o Md)onak:l's Har\ey-l)aVkisOn oot\ar Store Wa\mart John E<Swards 8\ueBeU Rush umbaugh Swatch e Mercedes. A Mercedes, talvez sabiamente, não apresentou o carro com a marca Mercedes. ROTEIRO Roteiro é um esquema que representa um evento. Os con- sumidores tiram satisfação dos serviços desses roteiros. Quando um consumidor janta em um bom restaurante italiano, o roteiro provavelmente inclui itens como manobrista, maítre em um belo temo, mesa com toalha etc. Desde que o roteiro seja positivo (jantar italiano fino é uma boa experiência), os gerentes de restaurante ten- tam não variar muito além das expectativas para não arriscar confundir (ou até frustrar ) os consumidores. Os alunos provavelmente conseguem relacionar o conceito de um roteiro todas as vezes que o professor entrega a prova corrigida. Os estudantes desenvolveram regras sobre como os professores devolvem as provas. Muitos acreditam que se o professor chama seu nome logo no início, o resultado do teste geralmente é bom. Se esse roteiro existe, quanto mais o aluno espera para receber a prova, maior a sua ansiedade com relação a • uma nota ruim. MEMÓRIA EPISÓDICA Intimamente relacionada ao conceito de roteiro, temos a memória episódica. Memória episódica refere-se à memória de eventos passados (ou episódios) da vida de alguém. Um consumidor pode ter memórias saudosas das celebrações da infância. Outro consumidor pode protótipo esquema que melhor representa uma categoria, mas que não é representado por uma entidade existente; conglomerado das características mais associadas de uma categoria roteiro esquema que representa um evento memória episódlca memória de eventos passados (ou episódios) da vida de alguém relacionadas com o vendedor de carros. Várias características podem vir à mente. Esse tipo de esquema é conhecido como protótipo. Quer sejam representados por tiro , . . prototipo, quer se1am representados por um exemplar, os consumi- dores comparam exem- plos novos
Compartilhar