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DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNC. PUBLICO CONTRA A ADM. EM GERAL

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CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
O sujeito ativo dos crimes deste capítulo I somente
será o funcionário público no exercício do seu cargo,
figurando como sujeito passivo o Estado e também o
particular, vitimado pela violência do agente.
Obs: particular, em concurso, se sabe que seu
comparsa é funcionário público.
Sujeito passivo é o Estado, a entidade que sofre o dano
ou o particular, se o objeto material for deste.
O bem jurídico protegido é o patrimônio dos entes da
administração pública ou de particulares se em posse
da adm.pub.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público
PECULATO
Artigo 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
O peculato é crime próprio.
Sujeito ativo é o funcionário público. (O não-funcionário pode ser co-autor ou partícipe do
crime);
O crime é doloso. A tentativa é possível.
Obs: O objeto material do peculato é dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público
ou particular que esteja na posse do agente em razão do cargo. Pode Pertencer ao Estado
ou a qualquer dos entes a ele equiparados. Pode o bem pertencer a qualquer pessoa, mas
que esteja em poder do agente em razão da função que ele exerce. O bem particular pode
ter sido apreendido ou depositado, emprestado, locado, enfim, pode estar sob o poder da
administração pública
Obs: Não haverá crime quando a coisa tem valor insignificante – principio da insignificância
OBS: *PECULATO – APROPRIAÇÃO (1ª PARTE DO CAPUT DO ART.312)- EX: escrivão de
policia tem inquérito policial sob sua responsabilidade, no qual há bens de particulares
apreendidos, e se apropria desses bens. ( equivale a apropriação indébita).
* PECULATO - DESVIO (2ª PARTE DO CAPUT DO ART.312) – Desviar é modificar o
destino do objeto ou Dar-lhe finalidade diversa.EX:o ordenador de uma despesa que
fica com parte do valor de uma licitação
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.( peculato furto)
É O PECULATO FURTO – ex: escrivão de policia A, recebe inquérito policial com R$
50.000,00 apreendidos e o escrivão de policia B, da sala ao lado, toma conhecimento. B,
que não detém a posse do valor, vai à delegacia e, valendo-se das facilidades do cargo,
pega a chave da sala de A, entra e subtrai os valores . Atente: B Não tinha a posse do
dinheiro, mas se utilizou do cargo para tomar a coisa pra si.
Obs: FURTO DO BEM PÚBLICO COMETIDO POR FUNCIONÁRIO PUBLICO: se B
ingressar na sala sem as facilidades do cargo penetrando na sala como um
criminoso comum (sem se valer das facilidades do cargo) responderá por furto
qualificado, e não peculato.
Ex: um policial, atendendo a uma ocorrência, subtrai o Som do carro envolvido
antes da apreensão, há somente crime de furto, isto porque o objeto ainda não
estava sobe guarda da administração
PECULATO-USO:
* Se for bem fungível, há peculato: funcionário que usa dinheiro público para
comprar apartamento: crime consumado, mesmo que depois reponha aos cofres
públicos;
*se for bem infungível não há crime: funcionário que usa um trator público em
sua casa e depois devolve. Caracteriza-se em infração administrativa.
PECULATO CULPOSO:
§2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Ocorre por conta da contribuição culposa do funcionário (imprudência ou negligência)
que, por falta de zelo propicia a prática criminosa.
EX: funcionário, negligenciando, deixa a porta da sua sala aberta ao sair e alguém passa e
subtrai o dinheiro que estava em poder do servidor.
Note: haverá furto por parte daquele que subtraiu o valor e peculato culposo por parte do
funcionário publico
Atenuantes:
§3º - Se a reparação do dano precede à sentença irrecorrível, EXTINGUE A PUNIBILIDADE;
se lhe é posterior, REDUZ DE METADE A PENA IMPOSTA.
RESUMO:
Peculato apropriação: É uma apropriação indébita e o
objeto pode ser dinheiro, valor ou bem móvel. O
funcionário tem a posse da coisa em razão do seu cargo.
Peculato desvio: O servidor desvia a coisa em vez de
apropriar-se.
Peculato furto: Aqui o funcionário público não detém a
posse, mas consegue se apossar da coisa em razão da
facilidade de ser servidor público.
Peculato culposo: é o caso da “porta aberta” esquecida pelo
funcionário publico, e terceiro entra e subtrai um bem.
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
Artigo 313 - apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Ex: funcionário público que trabalha como caixa no orgão
de arrecadação, recebe valor maior (por erro espontâneo de
alguém) e se apropria do valor excedente.
Obs: peculato estelionato: fiscal aplica multa ao
contribuinte que paga o valor direto ao fiscal, sendo que
nunca existiu multa.
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
Artigo 313-A - Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Sujeito ativo é apenas o funcionário público que esteja autorizado a acessar o
Sistema. Outro funcionário ou o não-funcionário pode ser co-autor ou partícipe
do crime.
O crime é doloso. O agente deve estar consciente da falsidade dos dados que
insere. Não se prevê a modalidade culposa .
A tentativa é possível;
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES
Artigo 313-B - Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único - As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado.
Não se trata das informações contidas no sistema, mas do próprio sistema
operacional ou de um dos programas nele utilizados, que é modificado ou alterado
pelo agente.
Para incorrer na incriminação, o agente deve agir sem autorização ou solicitação
da autoridade competente.
Deve o agente atuar com dolo.
A tentativa é possível.
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO
Artigo 314 -Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
obS: sonegar é não exibir quando exigido.
extraviar é fazer desaparecer.
inutilizar é tornar imprestável.
O objeto material é livro oficialou documento. Livro oficial é aquele no qual o órgão da
administração registra fatos de interesse público. Assim os livros de atas, de registro de
protocolo, de documentos etc. Já o documento pode ser público ou particular.
A norma não exige que, em razão da conduta, decorra qualquer dano para a
administração ou para qualquer particular,
ATENÇÃO: se houver destruição de documento em benefício do agente ou de terceiro o
crime será o do art. 305 do Código Penal.
ATENÇÃO: Se o funcionário público é advogado e destrói ou sonega documento que
recebeu em razão de sua função, cometerá o delito do art. 356.
A conduta é dolosa. A tentativa é possivel.
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS
Artigo 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Sujeito ativo é somente o funcionário público que tem poder de decidir sobre a aplicação de
verbas ou rendas públicas, o chefe do poder executivo, seus ministros ou secretários, dirigentes
de empresas públicas etc.
Quando o crime é praticado pelo Prefeito Municipal, incide a norma do art. 1º, inciso III, do
Decreto-lei nº 201/67.
Tratando-se do Presidente da República ou dos Ministros de Estado, Governadores e
Secretários de Estado, poderão responder também por crime de responsabilidade definido no
art. 11 da Lei nº 1.079/50 .
Cuida-se de crime doloso. O agente deve saber que está aplicando o dinheiro público em
finalidade diversa da estabelecida e atua com vontade livre, sem qualquer outro fim especial.
A tentativa é possível .
IMPORTANTE: A realização do tipo não exige a obtenção de vantagem para o agente ou outra
pessoa, podendo, inclusive, não haver qualquer lesão ao erário, mesmo que não causem danos à
administração .
CONCUSSÃO
Artigo 316 -Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Exigir é ordenar, intimar, impor a alguém um comportamento. É muito mais do que
pedir ou solicitar. Constitui um verdadeiro constrangimento, uma coação.
A vantagem indevida pode ter natureza econômica, patrimonial, moral ou qualquer
outra. Indevida é a vantagem a que o agente não tem direito
Ex: policial exige dinheiro da vitima, senão lavrará boletim de ocorrência ou
providenciará a instauração de inquérito policial contra ela.
pode ocorrer no exercício da função, fora da função (férias, licença) ou até mesmo
antes de assumi-la (quando aprovado em concurso público sem ainda ter tomado
posse).
se o particular ceder à exigência, não estará cometendo crime algum.
O agente abusa do poder que tem em razão da função pública que exerce
infundindo temor na pessoa de quem exige a vantagem, a fim de que ela atenda
a seu desejo.
Não é necessário que ele prometa a causar mal injusto e grave, bastando que
transmita à pessoa a ideia de que fará incidir seu poder de autoridade.
O crime é doloso. O agente deve estar consciente de que a vantagem que exige
é indevida e saber que age abusando da condição de funcionário público;
Se o agente exige vantagem imaginando-a devida haverá erro de tipo,
excludente do dolo e, portanto, da tipicidade, por inexistir forma culposa
crime é do tipo formal, ou seja, não é exigível que o agente consiga a vantagem
pretendida.
A tentativa só será possível quando a exigência for feita por meio escrito, não
chegando ao conhecimento da pessoa a quem é feita.
OBS: se o funcionário publico exigir vantagem indevida usando de violência ou 
grave ameaça, ele incorrerá no crime do art. 158 do CP, que é extorsão.
CONFLITO APARENTE DE NORMA:
Se a exigência é feita para deixar de lançar ou cobrar tributo ou
alguma contribuição, ou parcialmente cobrá-los, o delito passa a
ser tributário, nos termos do art. 3.º, II, da Lei n. 8.137/9
CONCUSSÃO X CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317- cp)
Na concussão, o funcionário público exige uma vantagem
indevida. Exigir significa constranger, obrigar, existe
necessariamente uma ameaça.
Já no crime de corrupção passiva, o funcionário não faz
qualquer ameaça, apenas solicita, isto é, pede uma vantagem
indevida. Não existe qualquer imposição de temor à vítima
EXCESSO DE EXAÇÃO
§ 1º- Exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,
ou, quando devido, Empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a
lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Exação é a cobrança rigorosa de uma dívida ou de um imposto.
A norma pune o funcionário que se exceder na cobrança, porque deve ser exato
no cumprimento de seu dever, não podendo ir além.
A norma alcança a cobrança indevida de tributos ou de contribuição ou a
cobrança de modo vexatório ou gravoso.
é um crime doloso, onde o agente deve saber que o tributo ou contribuição é
indevido ou que a forma de cobrança não é permitida.
Não é necessário que o sujeito efetue o recolhimento. Basta, portanto, a
exigência do tributo ou contribuição indevido ou o emprego do meio proibido de
cobrança.
A tentativa é possível
Forma qualificada.
§ 2º - Desviar, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos,
e multa.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Artigo 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
ATENÇÃO: Note que há diversas condutas. Na primeira conduta – solicitar – a iniciativa
é do funcionário público e nas demais – receber e aceitar vantagem -a iniciativa é do
particular, que responderá, como autor do crime de corrupção ativa (art. 333 CP)
A solicitação e o recebimento podem ser feitos diretamente pelo funcionário ou
através de outra pessoa, funcionário ou não, que participa do crime.
Já a aceitação da promessa deve ser realizada diretamente pelo funcionário.
A vantagem solicitada ou recebida pode ser para o próprio agente ou para outra
pessoa
o crime é do tipo formal, ou seja, não é exigível que o agente consiga a vantagem
pretendida,
É crime doloso.
FORMAS DE CONSUMAÇÃO E TENTATIVA DA CORRUPÇÃO PASSIVA:
 na modalidade Solicitar: consuma-se no instante em que o pedido chega ao
conhecimento da pessoa à quem é feita, possível a tentativa quando por meio escrito.
Na modalidade receber, a consumação acontece no momento em que o funcionário
tem, a seu dispor, a vantagem. Não há possibilidade de tentativa, pois ou o agente
recebe ou não recebe. Se não recebe, não há crime;
Na modalidade Aceitar: consuma-se com a manifestação da vontade do agente de
anuir ou concordar com a promessa feita, não sendo admitida a tentativa.
Atenção: *Se o funcionário solicita vantagem indevida comete o crime de corrupção
passiva, a pessoa a quem foi solicitada a vantagem não comete crime algum.
*Se o funcionário público aceita a promessa de vantagem ou a recebe, é
porque o particular a prometeu ou ofereceu, o particular comete o delito do art. 333
Obs: Tem-se entendido que pequenas gratificações, de pouco valor,
recebidas pelo funcionário, não constituem crime (ex: pequeno presente de
dado pelo natal)
Obs: Da mesma forma, não há crime quando o funcionário recebe, de
qualquer pessoa, algum presente ofertado desinteressadamente, sem
qualquer relação com a prática de qualquer ato funcional ou como gratidão
por ato legítimo e lícito praticado anteriormente.
Obs: pode ocorrer no exercício da função, fora da função (férias, licença) ou
até mesmo antes de assumi-la (quando aprovado em concurso público sem
ainda ter tomado posse).
Conflito aparente de normas:
Seo agente solicita ou recebe a vantagem ou aceita sua promessa,
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social ou para
cobrá-lo parcialmente, o fato se ajustará ao tipo do art. 3º, II, da Lei nº
8.137, punido com reclusão de três a oito anos e multa.
ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO PASSIVA
CORRUPÇÃO PRÓPRIA – A vantagem que é
oferecida ou solicitada pelo funcionário público é
para praticar um ato ilegal (com violação do dever
funcional).
CORRUPÇÃO IMPRÓPRIA – A vantagem que é
oferecida ou solicitada pelo funcionário público é
para praticar um ato regular (um ato legal).
Forma Qualificada.
§1º- A pena é AUMENTADA DE UM TERÇO se, em conseqüência
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional.
Forma Privilegiada.
§ 2º- Praticar, deixar de praticar ou retardar ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Obs: Na forma privilegiada o proceder criminoso não é motivado
por vantagem, e sim pelo pedido ou influência de outrem.
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Artigo 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334 CP).
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
facilitar é afastar obstáculos, tornar fácil o cometimento do crime
do art. 334 CP.
contrabando é a importação ou exportação fraudulenta, de
mercadoria, cuja entrada ou saída seja proibida (mercadoria ilegal).
descaminho é o ato fraudulento que se destina a evitar o
pagamento de direitos e impostos previstos pela entrada, saída ou
consumo (mercadoria legal).
O agente deve ser o funcionário a quem incumbe fiscalizar a
importação ou a Exportação;
Se é funcionário público, mas não tem a atribuição legal para
fiscalizar ou exigir o recolhimento do tributo, e vier facilitar o
contrabando ou descaminho, irá responder como partícipe de um
desses dois delitos.
O crime é punido apenas a título de dolo.
O erro sobre estar a mercadoria incluída dentre as proibidas ou
sobre o imposto devido exclui a tipicidade do fato
A tentativa somente é possível quando a conduta for positiva.
PREVARICAÇÃO
Artigo 319 -Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal:
pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Retardar é atrasar, protelar. O funcionário não realiza o ato que deve
executar no prazo previsto;
deixar de praticar constitui-se na omissão do agente que não tem a
intenção de praticar o ato que está obrigado a fazer
 Essas duas condutas são, portanto, omissivas e devem ser indevidas, no
sentido de serem ilícitas, não justificadas
Ex:delegado de policia arquiva boletim de ocorrência e não instaura
inquérito policial em razão de amizade com o autor do delito.
A terceira conduta típica é praticar ato de ofício contra disposição
expressa de lei.
Trata-se de crime doloso;
note que, se não houver esse elemento de satisfazer
interesse ou sentimento pessoal, não haverá crime,
ocorrendo uma infração funcional;
A consumação, nas duas formas omissivas – retardar ou
deixar de praticar ato de ofício – ocorre no instante em que
o agente não realiza o ato. Impossível a tentativa. ;
Na forma comissiva, consuma-se quando o ato é
praticado com infração de norma legal, possível a tentativa
Em qualquer caso, não é necessário que o funcionário
consiga satisfazer a interesse ou sentimento pessoal que o
moveu.
Prevaricação imprópria
art. 319-A - “deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três meses) a 1 (um) ano.”
A conduta é omissiva, própria do Diretor da Penitenciária ou de outro agente público
que esteja exercendo as suas funções
O funcionário age sem a necessidade de motivos particulares aos seus deveres,
difere da prevaricação própria do art. 319, pois não há a figura do interesse pessoal;
o tipo abrange aparelhos telefônicos, podendo ser móveis ou fixos, pois não faz
ressalvas;
Veda também o acesso do preso a rádios, que devem ser aparelhos de radiodifusão,
transmissores e/ou receptores, mas, obviamente, exclui rádios receptores de meios de
comunicação (AM, FM, etc.).
Diz a lei, ainda, sobre aparelhos similares, parecendo que se refere a similares de
rádios, assim, poderiam se incluir aparelhos tipo pagers, outros transmissores de ondas
eletromagnéticas, os Ipods, bluetooth , Iphones.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Artigo 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
o agente deve ser superior hierárquico do funcionário infrator. É
indispensável que entre o agente e o funcionário que comete a infração exista
uma relação de subordinação hierárquica.
trata-se de crime omissivo, visto que o funcionário superior não toma
providências a fim de responsabilizar o subordinado pela prática da infração.
A omissão deve ser dolosa, portanto, o agente teve está consciente que o
subalterno praticou infração, penal ou administrativa, no exercício do cargo,
Além disso, deve atuar por indulgência, que é a compaixão, a
condescendência, a complacência, a tolerância.
OBS: se agir por interesse ou sentimento pessoal, o crime
será o de prevaricação.
OBS: Se para obter vantagem indevida, a pedido de alguém,
poderá realizar o tipo de corrupção passiva.
• Consuma-se no instante em que o agente, tomando
conhecimento da infração praticada pelo subordinado,
deixa de praticar os atos visando a sua responsabilização
ou, não sendo competente, deixa de comunicar ao
funcionário competente para agir.
• Não é possível a tentativa.
Obs: crimes omissivos puros.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Artigo 321 -Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
embora pelo nome pareça indicar que o sujeito ativo do crime seja advogado, o patrocínio
a que se refere a lei inclui qualquer funcionário público.
o crime é facilitar, proteger, defender, um interesse particular alheio perante a
administração pública, aproveitando-se das facilidades que tem por sua condição de
funcionário público.
Na forma típica básica o interesse do particular é legítimo, isto é, lícito do ponto de vista
formal e material. Se o interesse for ilegítimo, incidirá a norma do parágrafo único, que
qualifica o crime.
É crime doloso.
Consuma-se o crime com a realização do primeiro ato de defesa do interesse privado
A tentativa é possível
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
Artigo 322 -Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente à
violência.
a conduta criminosa se descreve pela prática, por funcionário público, de violência física
injustificada contra determinada pessoa.
A arbitrariedade da violência é elemento indispensável à verificação típica, posto que,
sendo necessária, nos estritos limites da lei, será lícita, excluída a tipicidade do fato.
Obs: A violência de que trata o tipo penal refere-se tão e só à violência física praticada por
funcionário público no exercício de sua profissão, violência estaentendida como o emprego
de força física, maus-tratos, que resultem ou não lesão corporal, estando assim excluída a
violência psíquica, moral, a exemplo a ameaça.
A consumação do delito se dará no momento da efetiva violência, respondendo ainda a
autoridade por eventuais crimes de lesão corporal ou homicídio ou ainda pelas suas
tentativas.
O agente deve atuar dolosamente.
A tentativa é, portanto, possível.
ATENÇÃO - Divergem, doutrina e jurisprudência, acerca da revogação tácita do art.
322 pela da Lei nº 4.898/65, que diz:
ABUSO DE AUTORIDADE, consiste na pratica de qualquer atentado à liberdade de
locomoção, à inviolabilidade do domicílio, ao sigilo da correspondência, à liberdade de
consciência e de crença, ao livre exercício do culto religioso, à liberdade de associação, aos
direitos e garantias legais asseguradas ao exercício do voto, ao direito de reunião, à
incolumidade física do indivíduo e aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
profissional.
Uma corrente entende que não houve revogação, havendo, inclusive, decisão do
Supremo Tribunal Federal nesse sentido.
Outros estudiosos, dentre eles DAMÁSIO e MIRABETE, defendem que houve
revogação tácita;
A revogação é acolhida por muitas decisões dos Tribunais estaduais.
O Superior Tribunal de Justiça não se manifestou expressamente a respeito.
ABANDONO DE FUNÇÃO
Artigo 323 -Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
§1º- Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§2º- Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
abandonar é ausentar de maneira arbitrária do local onde exerce o cargo publico exigindo
a norma o transcurso de tempo juridicamente relevante.;
se o funcionário pedir demissão, deverá aguardar o deferimento do pedido.
a expressão “fora dos casos permitidos em lei” significa que a lei admite o abandono de
cargo público em hipóteses como força maior (ex: doença) ou estado de necessidade (ex:
epidemia, guerra ,etc.)
Obs: há entendimento que abandonar cargo público significa afastar-se do cargo, deixando
de exercê-lo de forma definitiva.
Deve atuar com dolo, com consciência de que
abandona o cargo,
A consumação ocorre quando o funcionário
tenha se afastado do exercício do cargo por um
tempo juridicamente relevante;
A tentativa é, portanto, impossível.
Obs: só o titular de cargo público pode
abandoná-lo. Não se aplica, a esse crime, a
norma de equiparação do art. 327.
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO
Artigo 324 -Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Note que são duas as condutas típicas;
Indispensável, nas duas modalidades típicas, que o sujeito realize pelo menos
um ato de ofício.
O crime é doloso. Se não sabe das exigências legais ou de que foi afastado do
cargo, não cometerá o crime.
Consuma-se o crime com a prática de um único ato de ofício antes de satisfeitas
as Exercício Funcional ou depois de saber que fora exonerado, removido,
substituído ou suspenso.
A tentativa é possível.
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL
Artigo 325 -Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais
grave.
§1º-- Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados
da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§2º- Se da ação ou omissão RESULTA DANO à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
A primeira conduta incriminada é revelar fato. Revelar significa narrar a alguém, comunicar a
outrem;
A segunda conduta típica consiste na facilitação da revelação. Facilitar é tornar fácil.
Obs: o fato deve ser daqueles que devem permanecer em segredo, ou seja, Fato sigiloso.
Sigiloso e que deve permanecer em segredo é o fato de interesse público cuja revelação possa
causar dano a um interesse da Administração Pública.
Crime doloso
O momento consumativo ocorre quando o segredo chega ao
conhecimento de qualquer pessoa.
A tentativa é possível.
Obs: o enquadramento do agente será no artigo 325 se o fato não
constituir crime mais grave, como por exemplo espionagem ou revelação
de segredo com o ofensa a segurança nacional (lei 7170/83);
Obs: violação de sigilo militar - CPM art 326;
Obs: a revelação pode ser é direta, quando o funcionário comunica o fato
pessoalmente a terceiro, ou será indireta, que é quando o funcionário
torna fácil o conhecimento do fato pelo terceiro.
VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA
Artigo 326 -Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
OBS: Esse artigo está revogado pelo art. 94 da Lei n. 8.666, de 21/06/93,
que regulamenta o art. 37, inc. XXI, da Constituição Federal e institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública, com a
seguinte redação:
Art. 94 - Lei n. 8.666/93 — Devassar o sigilo de proposta apresentada em
procedimento licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena — detenção de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa.
Note-se que a redação do atual dispositivo, em sua essência, é muito
semelhante àquela constante do Código Penal, porém com uma maior
abrangência.
Obs: o art. 326 do CP ficou vazio. Hoje o delito de violação de sigilo de
licitação pública está descrito na lei especial.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de
órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Leia
o Verbete de Súmula n. 147 do Superior Tribunal de Justiça.
o Verbete de Súmula n. 18 do Supremo Tribunal Federal.
as seguintes decisões:
STF - Informativos n.580, 568, 553, 549, 536, 533, 530, 529 e 521 (disponíveis em:
http://www.stf.jus.br).
STJ - Informativos n. 442, 396, 370, 361 e 360 (disponíveis em:
http://www.stj.jus.br).
STJ. AgRg no AREsp 139973 / RS; Rel. Ministra Laurita Vaz; Quinta Turma. Julgado
em: 26/06/2012 (disponível em: http://www.stj.jus.br).
TJMG, Apelação Criminal n. 1.0390.09.025586-5/001. Sétima Câmara Criminal.
Des. Duarte de Paula, julgado em 05/07/2012 (disponível em:
http://www.tjmg.jus.br).
TJRJ, Apelação Criminal n.2008.050.02801. Segunda Camara Criminal. Des.
Adilson Vieira Macabu (disponível em: http://www.tjrj.jus.br).

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