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HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 1 2. ESTÁTICA DOS FLUIDOS. A estática dos fluidos envolve o estudo de problemas para os quais não há movimento relativo entre os elementos do fluido. Como não há movimento relativo entre os elementos individuais e, portanto, não há gradientes de velocidade, não pode existir tensão de cisalhamento, que seja a viscosidade do fluido. Ou seja, a viscosidade não influi em problemas de estática, podemos, portanto, obter facilmente soluções exatas para tais problemas. 2.1. Pressão num ponto. - Pressão média: é calculada dividindo-se a força normal que age contra uma superfície plana, pela área desta. A F P - Pressão num ponto: é o limite da relação entre a força normal e a área, quando fazemos a área tender a zero no entorno do ponto. A F lim 0A P - LEI DE PASCAL: “A pressão num ponto de um fluido em repouso é a mesma em qualquer direção” Demonstração: Consideremos um pequeno corpo em forma de cunha de comprimento unitário, no ponto (x,y) de um fluido em repouso. Como o fluido está em repouso não há tensões de cisalhamento e as forças que atuam sobre o corpo são: (peso) campo de forças - (pressão) contato de forças - Forças chamando: px, py e ps = pressões médias nas faces = peso específico do fluido. ps.ds px.dy py.dx dy y x 2 dy.dx. ds dx HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 2 As equações de equilíbrio são: 0ay. 2 dy.dx 2 dy.dx. cos.ds.psdx.pyFy 0ax. 2 dy.dx sen.ds.psdy.pxFx Fluido em repouso ds.sen = dy ds.cos=dx Substituindo nas equações de equilíbrio 0 2 dy.dx. psdxdx.py 0dy.psdy.px 2 dy.dx. infinitésimo de segunda ordem podendo ser desprezado, então: ps = px = py Como é um ângulo arbitrário, esta equação prova que a pressão é a mesma em todas as direções num ponto de um fluido em repouso. Se o fluido estiver em movimento, de forma que uma camada se mova em relação à outra adjacente, ocorrerão tensões de cisalhamento e as tensões normais, em geral, não terão o mesmo valor em qualquer direção em torno do ponto. A pressão, neste caso, será definida como sendo a média de três tensões de compressão normais mútuas perpendiculares num ponto: 3 pzpypx p Num fluido fictício de viscosidade nula não ocorrerão tensões de cisalhamento para qualquer movimento de fluido, logo a pressão será a mesma em qualquer direção. 2.2. Equação Fundamental da Estática dos Fluidos. VARIAÇÃO DA PRESSÃO NUM FLUIDO EM REPOUSO Uma partícula de fluido em repouso, sujeito à ação do campo gravitacional terrestre está submetida a duas espécies de forças: - forças de campo ou de massa (peso) - forças de superfície ou de contato (pressão) Considerando um volume elementar de um fluído com mostrado na figura. Supondo que no centro (x,y,z) a pressão seja p. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 3 Somando as forças que agem no elemento na direção y, x e z: dz.dy.dx.dz.dx 2 dy y p pdz.dx 2 dy y p pdFy dz.dy.dx.dz.dy.dx y p dFy dz.dy.dx x p dFx dz.dy.dx z p dFz O vetor da força elementar é dado por: k.dFzj.dFyi.dFxFd dz.dy.dx..jdz.dy.dx z p k y p j x p iFd dividindo por dx.dy.dz = dv e fazendo dv tender a zero ponto num volume de unidade por resultante Força 0dv lim .jp z k y j x i dv Fd A expressão entre parênteses é o gradiente indicado por (nabla) z k y j x i dz dy z x dx y p .dx.dy.dz dx.dz 2 dy . y p p dx.dz 2 dy . y p p HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 4 0.jp. Equação fundamental do equilíbrio estático na forma diferencial Na forma de componentes: 0 x p y p 0 z p As derivadas parciais, que dão a variação nas direções horizontais, são uma forma da lei de Pascal, que afirma ser a mesma a pressão em e pontos no mesmo nível de uma massa contínua de um fluido em repouso. Como p é função apenas de y: dp = - .dy Esta equação relaciona a variação da pressão com o peso específico e a variação da cota. É válida para fluidos compressíveis e incompressíveis. Para fluidos que possam ser considerados homogêneos e incompressíveis (= cte) p = -y + c c = constante de integração A lei hidrostática da variação da pressão, geral é escrita h.p onde: h = -y = medida vertical para baixo a partir da superfície livre do líquido p = aumento de pressão a partir da superfície livre Exercícios: 1. Uma força de 100 lb é exercida sobre uma alavanca AB. O extremo B é ligado a um pistão que se ajusta a um cilindro de diâmetro igual a 2”. Que força P deve ser exercida sobre o pistão mais largo para evitar seu movimento no cilindro. O sistema está numa plano horizontal. 100 lb A 8 in D = 10 in P 4 in B D = 2 in 2. Calcule a pressão, em uma profundidade de 10 m, num líquido com densidade: a) 0,8 b) 1,0 c) 13,6 3. Uma pressão de 20 psi é medida numa profundidade de 20 ft. Calcule a densidade e a massa específica do líquido se a pressão na superfície é p = 0. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 5 2.3. Unidades e Escalas para a Medida de Pressão A pressão pode ser expressa em relação a qualquer referência arbitrária. Usualmente adota-se como tal o zero absoluto e a pressão atmosférica local. - Pressão absoluta: é expressa como sendo a diferença entre seu valor e o vácuo absoluto (zero absoluto). Pressão efetiva: é expressa como sendo a diferença entre o seu valor e o da pressão atmosférica local. - Unidades de pressão: p = F/A p = .h (metros de coluna de fluido) lb/ft2 - lb/in2 - Kgf/cm2 - (N/m2 PASCAL) - m.c.a. - mm.Hg - pol.Hg – atm 1 atmosfera = 14,7 psi(lb/in2) = 2116 lb/ft2 = 29,92 pol.hg = 33,91 ftH2O = 760 mmHg = 101325 Pa = 10,34 m.c.a. Ponto 2: pressão efetiva positiva pressão absoluta = pressão barométrica + pressãoefetiva Ponto 1: pressão efetiva negativa pressão absoluta = pressão atmosférica local + pressão efetiva (-) Exercícios: 1. Determine as pressões absoluta e efetiva no fundo de um tanque aberto se ele contém 20 cm de água e 2 cm de mercúrio (d=13,6). 2. Água a 50°C é transportada através de uma tubulação. Determine a mínima pressão efetiva para que não ocorra a cavitação. A pressão de vapor é dada pela tabela abaixo. Adote patm = 92 kPa e = 9806 N/m3. T (°C) 35 40 45 50 55 60 pv (m.c.a.) 0,58 0,76 0,98 1,26 1,61 2,03 1 Pressão absoluta Leitura local Do barômetro Pressão efetiva 1 atmosfera = Pressão atm. Normal Pressão atm. local Pressão efetiva negativa (depressão, sucção, vácuo) Pressão absoluta Zero absoluto Vácuo absoluto 2 HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 6 2.4. Aparelhos de Medição de Pressão - Barômetros: pressão atmosférica local - Manômetros: pressão efetiva - Bourdon - coluna de líquido MANÔMETRO BOURDON 2.4.1. Barômetro de Mercúrio vapor Hg merc Vapor Hg pV R A Hg HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 7 2.4.2. MANÔMETROS Piezômetros h - Manômetros em U - Manômetros em U com fluido manométrico A HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 8 Seqüência para a Resolução de Manômetros 1. Começar numa extremidade (ou menisco) escrevendo a pressão numa unidade determinada. 2. Somar a pressão a sua variação até o próximo menisco com sinal positivo se o menisco estiver mais baixo e com sinal negativo se estiver mais alto. 3. Continuar desta forma até alcançar a outra extremidade do manômetro e igualar a expressão à pressão neste ponto, seja a mesma conhecida ou não. - Manômetros Diferenciais HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 9 Manômetros diferenciais em série Micromanômetros K1 K2 R y y C D 1 3 0 0 2 HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 10 - Manômetro Inclinado PA h R HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 11 EXERCÍCIOS O recipiente da figura contém água, óleo (d=0,8) e ar, conforme indicado. Quais os valores das pressões absolutas e efetivas em A, B, C e D ? Dados: água = 62,4 lb/ft 3 ar = 0,076 lb/ft 3 patm local = 2200 lb/ft2 Para o manômetro esquematizado determine a diferença de pressão (Pa) entre os dois balões A e B. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 12 No tanque do lado esquerdo na figura a pressão do ar é – 9 in Hg. Determinar o nível do líquido no manômetro no lado direito (ponto A). Dados: 1 lb/in2 = 1 psi = 143,945 lb/ft2 1 in Hg = 70,722 lb/ft2 2,86 psi 120 ft 112 ft 106 ft d = 1,6 A Para uma leitura manométrica em A de –0,175 kgf/cm2, determinar: a) A elevação dos líquidos nas colunas piezométricas abertas CE, CF CG. b) A deflexão do mercúrio no manômetro em U (y). -0,175 kgf/cm2 19,5 m CE CF CG d=13,6 4,2 m y 14,7 m ar ar 11,4 m d = 0,7 ar 7,8 m água ar 6,0 m d=1,6 ar ar ar óleo d=0,8 água HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 13 2.5 Forças em Superfícies Planas A distribuição das forças resultantes da ação do fluido, numa superfície de área finita pode ser substituída por uma força resultante. Este cálculo é efetuado com base nos princípios da hidrostática e encontra aplicações em inúmeros problemas de engenharia, como nos projetos de barragens e comportas. 2.5.1 Superfície Horizontal A intensidade da força resultante, agindo num dos lados da superfície, será: A.pdAppdAF A como cteh.p A.h.F - direção - normal a superfície e contra a mesma se p for positiva. - Linha de ação da resultante momento resultante = ∑ momento de forças distribuídas A dA.p.x'x.A.p xdA.x A 1 'x A distância do centro de gravidade da área Logo, numa superfície A sujeita à pressão estática de fluido, a resultante passará pelo centro de gravidade da mesma. Exercício: Determinar a força atuante na base do cilindro. Dado: patm = 10 m.c.a. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 14 2.5.2 Superfícies Inclinadas Objetivo: determinar a intensidade, direção e linha de ação da força resultante devido ao líquido num dos lados da superfície. Considerando um elemento de área dA, de largura dy, a intensidade da força numa mesma faixa horizontal dAsenyhdApdAdF Como todas as forças elementares são paralelas, a intensidade da força F, que age de um lado da superfície, poderá ser obtida por uma integração sobre toda a área. A ydAsen A pdAF sendo que: Ay A ydA momento estático da área em relação ao eixo x y = distância do centro de gravidade da áreaao eixo x A ydA A 1 y AhAysenF Logo a intensidade da força que age de um lado de uma superfície submersa num líquido é igual ao produto da área da superfície pela pressão que atua em seu centro de gravidade. - independente da existência de superfície livre. F pode ser + ou - - depende da posição do CG. (intersecção plano com superfície livre) x HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 15 2.5.3 Centro de Pressões - linha de ação da força resultante - coordenadas (xp, yp) - direção da força resultante - normal a superfície e contra a mesma se a pressão for positiva O momento da força resultante deverá ser igual ao momento do sistema de forças distribuídas em relação a um eixo qualquer, logo: AA p dA.p.xdF.xF.x AA p dA.p.ydF.yF.y AA p dA.y.x A.y 1 dA.y.sen..x A.y.sen. 1 x y,x A IdA.y.x = produto de inércia Em relação a um eixo paralelo ao eixo x, passando pelo centro de gravidade da área: AyxII AyxIAyxAyxAxyII dAyxydAxxdAyxydAI dA)yxyxyxxy(dA)yy)(xx(I y,xy,x y,xy,xy,x AA AA y,x AA y,x x Ay I Ay AyxI x y,xy,x p Quando um dos eixos for de simetria da área, o produto de inércia é nulo. ( xp = x ) Para determinar yp A 2 A p dA.y A.y 1 dA.sen.y.y. A.y.sen. 1 y xI A dA2y = momento de inércia da área A em relação ao eixo x Ay xI py Em relação a um eixo paralelo ao eixo x, passando pelo centro de gravidade da área. A.yII................AyIAyAy.y2II dAyydAy.2dA.ydA)yy(I 2 xx 2 x 2 xx A 2 AA 2 A 2 x Substituindo em yp y Ay I Ay AyI y x 2 x p HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 16 onde: xI = momento de inércia da área em relação ao seu eixo central horizontal Como Ix >0 - o centro de pressões está sempre abaixo do centro de gravidade. Exercícios: 1. Calcular a força resultante em cada uma das superfícies e seu ponto de aplicação. O fluido é gasolina d = 0,72. 2. A comporta triangular da figura pesa 3000kgf e veda a passagem de água entre dois reservatórios. a. Calcule a força F necessária para mantê-la fechada quando a água no compartimento a esquerda estiver a uma altura H = 10m. b. Se a força F não foi aplicada, para qual profundidade da água no reservatório da esquerda a comporta abre, sabendo-se que no reservatório da direita o nível d’água permanece constante. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 17 3. A água sobe ao nível E no tubo localizado no tanque ABCD da figura. Desprezando-se o peso do tanque e do tubo. a. Determinar e localizar a força resultante atuante sobre a área AB que tem 2,4m de largura. b. Determinar a força resultante na base BC do tanque. c. Comparar o peso total da água com o resultado em (b). 2.5.4 Prisma de Pressões A força que age sobre uma superfície submersa em um líquido em repouso (módulo e linha de ação) pode ser determinada usando-se o conceito do prisma de pressões. O prisma de pressões é um volume prismático cuja base é a superfície dada e cuja altura, em qualquer ponto da base é dada por h.p , sendo h a distância vertical à superfície livre (real ou imaginária). O volume do prisma de pressões coincide numericamente com a intensidade da força, sendo que esta passará pelo centro de gravidade do prisma. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 18 A força que age na área elementar dA será: dvoldA.h.dF dvol = elemento de volume do prisma de pressões. VolF Ponto de aplicação: xdF F 1 xp ydF F 1 yp Logo xdvol vol 1 xp ydvol vol 1 yp xp e yp = distâncias ao centróide do prisma de pressões. Logo, a linha de ação da Resultante passará pelo centróide do prisma de pressões. Exercício: 1. A comporta AB da figura tem 1,2m de largura é fixa em A. O manômetro G indica (-0,15kgf/cm²) e um óleo de densidade 0,750 é utilizado no tanque à direita. Que força horizontal deve ser aplicada em B para equilibrar a comporta AB? HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 19 APLICAÇÃO: PROJETO DE BARRAGEM DE GRAVIDADE Forças atuantes: - peso próprio - devido à água - empuxo de subpressão (será adotado = a carga hidrostática decrescendo até zero) - força devida aos sedimentos acumulados no fundo - componente VT da força hidrostática W = material. Área da barragem. 1m – aplicado no CG da área m1. 2 h Fa 2 - aplicada a h 3 2 1d 2 b.h E - aplicada a 3 b 2d (máximo valor normalmente 0,5 a 0,75h) Condições de dimensionamento - evitar o tombamento 0MB - não escorregar – deslizamento EW Fa tg tg ângulo de atrito - ser nula a tração transferida pelas fundações ao terreno V M6 b M somatório dos momentos em relação ao CG da base. V somatório dos esforços verticais em relação ao CG da base. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 20 HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 21 2.6 Forças sobre superfícies curvas Quando as forças elementares pdA variam em direção, como no caso de uma superfície curva, deverão ser somadas como grandezas vetoriais, isto é, suas componentes segundo 3 direções perpendiculares são somadas como escalares e posteriormente as 3 componentes são somadas vetorialmente. A resultante poderá ser determinada por meio de duas componentes horizontais perpendiculares e uma componente vertical, facilmente calculáveis para uma superfície reversa. As linhas de ação das componentes são determinadas pelos métodos anteriores e desta forma a resultante e sua linha de ação podem ser obtidas. Superfície elementar de largura B BdLdA ângulo que sua normal faz com a direção vertical. Componentes cosdFdFv sendFdFh dL.B.h.dL.B.pdA.pdF COMPONENTE HORIZONTAL dh.h.B.sen.dL.B.h.dFh 2h 1h 22h 1h 2 h Bdh.hBdh.h.BFh 22 1h2h 2 B Fh A.pB)1h2h)( 2 2h1h (Fh CG Pode-se, portanto, concluir que: ‘’A componente horizontal da força de pressão, que age numa superfície curva é igual a força de pressão exercida contra uma projeção da superfície, num plano vertical de projeção normal a direção da componte.” HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 22 - LINHA DE AÇÃO DARESULTANTE A resultante é exatamente a que age na área projetada, já que dos dois sistemas de forças apresentam uma distribuição idêntica de componentes horizontais elementares. O centro de pressões é determinado na área projetada como para superfícies planas apresentadas anteriormente. COMPONENTE VERTICAL dx.h.B.cos.dL.B.h.cosdFdFv dvolhdxBdx.h.BFv hdxB volume do prisma de altura h e base Bdx ou volume do líquido contido verticalmente acima do elemento de área. Integrando: volFv A componente vertical da força de pressão que age numa superfície curva é igual ao peso do líquido contido entre a superfície curva e a superfície livre do líquido (real ou imaginária). - LINHA DE AÇÃO DA RESULTANTE Mo forças componentes = Mo resultante em relação a um eixo conveniente. . vol xdvolxp.Fv como volFv vol xdvol Vol 1 xp distância do centro de gravidade do volume. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 23 “A linha de ação da força vertical passará pelo centro de gravidade do volume, real ou imaginário, que se estende acima da superfície curva até a superfície real ou imaginária”. Exercícios: 1. O cilindro da figura tem 4 ft de diâmetro e 4 ft de comprimento e é solicitado por água à esquerda e por óleo de densidade 0,8 à direita. Determinar: a) A força normal em B se o cilindro pesa 4000 lb. b) A força horizontal no cilindro devida ao óleo e a água se o nível do óleo cai de 1 ft. c) A força horizontal no conjunto placa-cilindro devida ao óleo e a água se o nível do óleo cai de 1 ft. 2 ft 4 ft água óleo 2. A comporta foi construída por meio de um cilindro e uma chapa plana articulada na barragem. A posição da comporta é controlada bombeando-se água para dentro e para fora do cilindro. O centro de gravidade da comporta vazia localiza-se na linha de simetria a 4 ft da articulação. O conjunto vazio está em equilíbrio na posição mostrada. Quando a superfície da água subir 3 ft, quantos ft3 de água deverão ser introduzidos, por pé de comprimento do cilindro, para que a comporta seja mantida naquela posição ? 3 ft 2 ft água HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 24 APLICAÇÃO: TENSÕES DE TRAÇÃO NUM TUBO Um tubo circular sob a ação de pressões internas estará submetido a tensões em sua periferia. Considerando um trecho de um tubo de comprimento unitário e tomando a metade do anel como sistema, as forças por unidade de comprimento, na parte superior e inferior serão T1 e T2. A componente horizontal da força que age no centro de pressões da área projetada vale: FH = 2pr sendo: p = pressão no centro do tubo r = raio interno do tubo Se a pressão for grande, o centro de pressões pode ser adotado no centro do tubo, tendo- se T1=T2=T T = p.r T = força de tração por unidade de comprimento do tubo Se a espessura da parede for “e” a tensão de tração na parede do tubo será: = T/e = p.r/e T1 FH T1 L=1 r e p+r p p- r HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 25 2.7 Empuxo EMPUXO é a força resultante exercida por um fluido em repouso num corpo nele submerso ou flutuando. Age sempre verticalmente dirigido de baixo para cima (a componente horizontal da resultante será sempre nula). Empuxo (corpo submerso) = componente vertical da pressão na sua parte inferior – componente vertical da pressão na sua parte superior. E= peso ADCFEA – peso ABCFEA = peso do volume de líquido deslocado VolE = peso específico do fluido Vol = volume do fluido deslocado Para determinar a linha de ação do empuxo calculam-se os momentos em relação a um eixo conveniente, igualando-os ao momento da resultante: Vol p Vol p Vol p xxdvol Vol 1 x xdvolVolx xdvolEx O empuxo age no centro de gravidade do volume de fluido deslocado, seja o corpo submerso ou flutuante. O centro de gravidade do volume de fluido deslocado é chamado de centro de carena. Na resolução de problemas de estática que envolvam corpos submersos ou flutuantes a ação do fluido é substituída pelo empuxo. Quando o corpo flutuar na interface de dois fluidos. 2211 222111 2211 VV xVxV x VVE p HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 26 Pesando um objeto de formato qualquer em dois fluidos diferentes obtém-se dados suficientes para se determinar seu peso, volume, peso específico e densidade. F1 e F2 = pesos aparentes nos fluidos 1 e 2 . Equilíbrio: WVolF 11 12 21 FF Vol 12 1221 FF W WVolF 22 Aplicação: Densímetros – utilizam a noção de empuxo para determinar a densidade de líquidos. Se 1 água d=1 Vol.1 =W Vol = volume submerso = peso específico (água) W = peso do densímetro a = área da haste prismática Quando o densímetro flutuar em outro líquido: (Vol - Vol) 2 = W como Vol = a h Se d1=1 d2=? água(Vol – Vol.d2 + a.h.d2) = 0 haVol Vol d 2 ( a haste pode ser graduada para medida direta da densidade) (Vol - Vol) 2 = Vol.1 VolVol Vol d2 1 2 HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 27 2.8 Estabilidade de Corpos Submersos e Flutuantes ESTABILIDADE LINEAR – um corpo tem estabilidade linear sempre que um pequeno deslocamento, em qualquer direção dê origem a forças não equilibradas que tendem a levar o corpo para a posição original. (Ex. corpo flutuando – tem estabilidade – pequeno deslocamento para cima – dim. do volume deslocado – forças para baixo equilibrada – posição original) ESTABILIDADE ANGULAR – um corpo terá estabilidade angular quando um conjugado restaurador da posição original for gerado por qualquer deslocamento angular pequeno. Um corpo pode flutuar em: EQUILÍBRIO ESTÁVEL – provocado deslocamento – tende a voltar a posição primitiva. EQUILÍBRIO INSTÁVEL – qualquer deslocamento angular pequeno dará origem a um conjugado que tende a aumentar tal deslocamento. EQUILÍBRIO NEUTRO (INDIFERENTE) – nenhum conjugado é gerado por deslocamentos angulares pequenos. ESTABILIDADE ANGULAR DE OBJETOS FLUTUANTES Qualquer objeto flutuante cujo Centro de Gravidade (G) estiver abaixo do Centro deCarena (C) flutua em equilíbrio estável. E P Giro anti-horário : empuxo + peso–conjugado horário Giro Conjugado ExP HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 28 Certos objetos flutuantes estarão em equilíbrio mesmo quando seu CG estiver acima do CC. ESTABILIDADE DE CORPOS PRISMÁTICOS Considerando um corpo no qual todas as seções transversais são idênticas. O centro de carena localiza-se no centróide do volume deslocado (CG da área submersa). Girando o corpo o centro de carena ocupará o centro de gravidade C’ do trapezóide ABDE. Se a vertical que passa por C’ interceptar a linha central original acima de G (M) será gerado um conjugado contrário ao movimento, estando o corpo em equilíbrio estável. Ponto M – interseção do empuxo com a linha centro METACENTRO. Equilíbrio Estável – M acima de G Equilíbrio Neutro – M coincide com G Equilíbrio Instável – M abaixo de G MG = altura metacêntrica – mede a estabilidade do corpo Conjugado Restaurador = W.MG.sen Onde: = deslocamento angular W= peso do corpo HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 29 SEÇÕES TRANSVERSAIS NÃO PRISMÁTICAS Para um objeto de seção transversal variável (ex. navio). A altura metacêntrica para ângulos de rotação muito pequenos. GCMCMG GC Vol I MG y Iy = momento de inércia da seção de flutuação em relação ao eixo yy O sinal negativo será usado se G estiver acima de C e o positivo se G estiver abaixo de C. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 30 2.9 EQUILÍBRIO RELATIVO Um fluido está em EQUILÍBRIO RELATIVO se for acelerado de forma a não haver movimento relativo entre camadas adjacentes (se move como um sólido) e as tensões de cisalhamento serão nulas. Existem dois casos de interesse prático a considerar: 1) Fluido com aceleração linear constante 2) Fluido com rotação e com velocidade angular constante em torno de um eixo vertical. - ACELERAÇÃO LINEAR CONSTANTE Num elemento de fluido tem-se: amF . dydz dx x p p 2 dxdz dy y p p 2 dydz dx x p p 2 dxdz dy y p p 2 p(x,y,z) dxdydz HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 31 g ax x p axdzdydx g dzdy dx x p pdzdy dx x p p axmFx .... 2 . 2 . 0 . z p azmFz como az=0 g ay y p aydzdydx g dzdydxdzdx dy y p pdzdx dy y p p aymFy 1 ...... 2 . 2 . Sabe-se que: dy g ay dx g ax dp dy g ay dz g az dx g ax dp dz z p dy y p dx x p dp 1 1 como az=0 tem-se: Integrando, considerando fluido incompressível: cy g ay x g ax p 1 Para origem: 000,0 pcppyx y g ay x g ax pp 10 A superfície livre será obtida fazendo-se p = 0. y g ay x g ax p 10 0 Isolando o valor de y: x ayg ax ayg gp y 0 Equação da superfície livre. HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 32 Se x g axp yay 00 Se ayg gp yax 00 Linha horizontal Movimento uniforme: 00 p yayax Linha horizontal E as linhas com pressão constante (p): x ayg ax ayg gpp y 0 Estas linhas são paralelas a superfície livre. As linhas de pressão constante têm inclinação aygax e são paralelas à superfície livre. A superfície livre intercepta o eixo y em: ayg gp 0 Aplicação: acelerômetro hidrostático L hg ax hγ g axL γ0 y g ay 1γx g ax γpp 0ayhy0pp 0 0 - ROTAÇÃO COM VELOCIDADE ANGULAR CONSTANTE EM TORNO DE UM EIXO VERTICAL A rotação de um fluido, movendo-se como um sólido, em torno de um eixo vertical é chamado movimento em VÓRTICE FORÇADO. Não existirão tensões de cisalhamento no líquido e a única aceleração existente é a radial, dirigida para o eixo de rotação r2 . Na vertical, a pressão em qualquer ponto do líquido é dada por: y p = velocidade angular (deslocamento angular na unidade de tempo). v= velocidade linear. rv HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 33 y h r r0 Na direção radial, para uma partícula de comprimento dr e seção transversal dA, se a pressão em r for p, na face oposta será dr r p p e a aceleração será r2 , dirigida para o centro amdAdr r p ppdA . pdA dAdr r p p 2ppdA p dr dA m.a dA.dr( r) r g 2p r r g Como p é função somente de y e dr a diferencial total dp será: rdr g dydp dr r p dy y p dp 2 Para fluido incompressível (líquido cte ) c r g yp 22 2 no eixo: 000,0 pcppyr HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – ProfªMaria do Carmo Cauduro Gastaldini 34 y r g pp 2 22 0 A equação da superfície livre será (p=0) 2 2 0p ry 2g Quando a origem escolhida tiver pressão nula p0= 0 e isolando o valor de y. 2 2r y 2g A equação das superfícies de pressão constante será. 2 2 0p p ry 2g No caso de um cilindro circular girando em torno do seu eixo. y E F h2 h = 2 2 0r 2g A D h1 B C G r0 r Volume do líquido = constante Volume do cilindro ABCD = volume do cilindro EBCF – volume parabolóide EFG g r rVol 2 . 2 1 2 0 2 2 0 g r hhr g r rVol 42 . 2 1 2 0 2 11 2 0 2 0 2 2 0 2 2 0 1 2 rh 1 h h 2 2 2g . HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 35 - APLICAÇÕES DA ROTAÇÃO COM VELOCIDADE ANGULAR CONSTANTE EM TORNO DE UM EIXO VERTICAL - CENTRIFUGAÇAO Considerando um líquido com massa específica , contendo partículas com massa específica 1, sendo 1>. Na sedimentação simples, a força por volume será: EP VolgP ..1 VolgF VolgE . .. 1 g Vol F 1 Na decantação com rotação: 2421 222 1 xgxg Vol F BOMBAS CENTRÍFUGAS g x 2 22 g r 2 22 Se o líquido estiver contido em um recipiente fechado a diferença de pressão entre o centro e a periferia, num mesmo nível será: y r g pp y g pp 2 2 0 22 02 22 01 g rpp 2 22 12 HDS 1000 – Mecânica do Fluidos – Profª Maria do Carmo Cauduro Gastaldini 36 - SOBREELEVAÇÃO NAS CURVAS DE CURSOS D’ÁGUA Na superfície livre não haverá diferença de pressão. 0 g rdr dy- dp 2 12 2 xxln g V y
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