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a representação de sindicatos e profissões regulamentadas, citada por Pêgas, referem-se a todas as contribuições sindicais, como, por exemplo, a anuidade paga pelos contadores ao Conselho Regional de Contabilidade. 2.5 Planejamento Tributário O Sistema Tributário Nacional é extremamente complexo, são diversas as leis, regulamentos e normas constantemente alterados. Este fato torna a responsabilidade dos gestores e profissionais que atuam na área tributária cada vez maior e mais importante para o desempenho das empresas. Oliveira, G. (2005) salienta a importância do controle da carga tributária para as organizações nacionais quando afirma que para a administração de empresas brasileiras, além da eficiência exigida para sobreviver às condições adversas do mercado e das taxas de juros, o contexto sistêmico macroeconômico impõe uma condição adicional e necessária: ter uma elevada capacidade de gestão na área tributária. Um planejamento tributário consiste em um estudo preventivo, ou seja, antes da ocorrência do fato gerador, das alternativas legais que resultem no menor desembolso possível, por parte da empresa, com gastos tributários. Segundo Oliveira et al. (2003, p. 36), o Planejamento Tributário consiste no “estudo prévio à concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais e econômicos de determinada decisão gerencial, com o objetivo de encontrar a alternativa legal menos onerosa para o contribuinte.” 35 Pode-se afirmar que a principal finalidade de um planejamento tributário é diminuir a carga tributária da empresa. Contudo, planejar é completamente diferente de sonegar impostos, já que ao sonegar impostos deixa-se de cumprir com uma obrigação. Oliveira et al. (2003, p. 37) diferencia planejamento tributário de sonegação fiscal afirmando que: planejamento tributário não se confunde com sonegação fiscal. Planejar é escolher, entre duas ou mais opções lícitas, a que resulte o menor imposto a pagar. Sonegar, por sua vez, é utilizar meios ilegais, como fraude, simulação, dissimulação, etc., para deixar de recolher o tributo devido. Portanto, a elaboração de um eficiente planejamento tributário exige de seu responsável muito bom senso, pois qualquer desvio pode ser considerado como crime de sonegação fiscal. Além disso, esta prática requer constantes atualizações técnicas, pois a alternativa mais viável para uma grande empresa pode ser desastrosa se aplicada em uma organização de pequeno porte, por exemplo. Sendo assim, a elaboração de um planejamento tributário constitui-se em uma ferramenta de grande valia para a decisão da melhor forma de tributação a ser adotada, bem como para facilitar o entendimento dos gestores quanto as características de cada uma dessas alternativas. 2.5.1 Imposto de Renda Pessoa Jurídica O imposto de Renda é um tributo de competência da União, instituído no CTN, art. 43, e na Constituição Federal, conforme segue transcrito. “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III - renda e proventos de qualquer natureza;[...]” (CF/88, art. 153, inc.III) Quanto a função do Imposto de Renda, Machado (2006) afirma que, apesar de ter enorme importância no orçamento da União, tendo função nitidamente fiscal, é inegável a importância do IR como instrumento de intervenção do Poder Público no domínio econômico. Tal imposto é um instrumento fundamental na redistribuição das riquezas, tanto em razão das pessoas como dos lugares. Justamente por essa função extrafiscal, que abrange pessoas distribuídas em todo o país, é que se justifica a competência da União neste tributo. 36 Além disso, a arrecadação centralizada também impede que múltiplas tributações ocorram. A respeito disso, Cassone (2002, p. 243) ressalta que “se a lei dos Estados, Distrito Federal ou Municípios exigir o IR, que é privativo da União, haverá uma invasão de competência e caracterizar-se-á a chamada bitributação. Sendo tal lei inconstitucional.” Cabe uma observação relevante quanto a observância aos Princípios Constitucionais Tributários feita por Cassone (2002, p. 242), segundo ele, “o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) é considerado o imposto que mais se identifica com os princípios da igualdade e da capacidade contributiva.” Assim disposto, apresenta-se a seguir, alguns aspectos importantes a serem considerados no estudo do Imposto de Renda. 2.5.1.1 Fato Gerador O IR têm seu fato gerador na disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. Art. 43 do CTN, in verbis: Art. 43 – O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Para maior clareza, define-se os conceitos de renda e de proventos, sem muito se aprofundar em discussões. Conforme entendido por Machado (2006) a expressão “renda” no CTN refere-se sempre a um resultado, seja do trabalho, do capital ou da combinação desses dois fatores, e os proventos são os demais acréscimos patrimoniais que não se enquadram no conceito de renda. Que a incidência independe da denominação da renda não há dúvida, contudo Cassone (2002) destaca que, se não houver algum tipo de acréscimo 37 patrimonial, conforme destacado no inciso II, não se verifica a ocorrência do fato gerador. Oliveira, G. (2005) explica que, em relação às pessoas jurídicas, a ocorrência do fato gerador é verificada pela obtenção de lucros em suas operações industriais, mercantis ou de prestação de serviços, além dos acréscimos patrimoniais, que são as receitas não operacionais, sendo que o imposto será devido conforme os rendimentos forem sendo auferidos. 2.5.1.2 Base de Cálculo A base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) consiste no montante, real, presumido ou arbitrado, da renda ou dos proventos tributáveis, conforme definição do CTN, art. 44. As modalidades de tributação serão analisadas em subitem específico, constando aqui, apenas para esclarecimento, que se pode optar pelo Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Lucro Real, conforme critérios e requisitos a serem observados. Machado (2006, p. 332) ressalta que [...] para a determinação da alíquota aplicável devemos considerar que esse imposto tem diversos regimes jurídicos. Um para as pessoas jurídicas – que tem como base de cálculo o lucro real, presumido ou arbitrado, como adiante será explicado. Outro para as pessoas físicas – que tem como base de cálculo a renda líquida. A alíquota do IR das pessoas jurídicas é proporcional. Já o imposto de renda das pessoas físicas tem alíquotas progressivas. Contudo, integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do imposto.