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disposição da agência bancária em se tornar mais ilíquida, através do fornecimento do crédito, sendo calculada através da razão entre o 113 item do passivo mais liquido (depósitos a vista) e o mais ilíqüido item do ativo (crédito concedido). Quanto maior este indicador, maior a preferência pela liqüidez da agência bancária (ou menor a disposição em emprestar e se tornar mais ilíqüido) (Crocco et al 2005-6).47 • Lucro sobre ativo: é a razão entre o total de lucro auferido pela agência bancária em relação ao total do ativo desta agência. Ele indica a capacidade do sistema bancário em transformar seus ativos em lucro; Seis outros indicadores procuram medir o peso dos diferentes tipos de créditos concedidos em relação ao total do ativo. É esperado que distintas características econômicas das regiões determinem a predominância de distintos tipos de crédito. Estes indicadores são: • Distribuição regional do crédito: Considera a participação relativa de cada região no crédito total do Brasil; • Quociente Regional de Crédito: É a razão entre a participação relativa da região no total de volume de crédito concedido no país e a participação relativa da mesma região no total do PIB do pais. 48 Se esta razão for maior do que 1, a concessão de crédito na região é maior do que se poderia esperar em função do seu PIB; • Racionamento de Crédito: Estima o volume de crédito que uma região necessitaria de ter a mais para que a sua participação relativa no total de crédito do país seja igual à participação sua participação relativa no PIB. 47 O fato da abordagem aqui adotada em relação à oferta de moeda afirmar que a concessão de crédito não é limitada pelo volume das reservas (visão estruturalista da oferta de moeda), não significa dizer que não existem custos para o banco se tornar ilíqüido. Assume-se que existe um custo, quer seja em recorrer ao Banco Central para a obtenção de empréstimos de liquidez (no caso de um banco como um todo), quer seja em recorrer à matriz para um socorro de tesouraria (no caso de uma agência bancária). O indicador de preferência pela liquidez proposto capta justamente em que medida a agência bancária está disposta a incorrer neste custo. 48 Este indicador é uma versão modificada do quociente locacional, amplamente utilizado na literature de economia regional. 114 • Crédito Total / Ativo total: mede a proporção do crédito concedido em relação ao total do ativo. É de se esperar que quanto maior a preferência pela liquidez das agências menor o valor deste indicador; • Títulos e Valores Imobiliários / Ativo Total: este indicador capta o total de operações das agências bancárias com títulos e valores imobiliários sobre o total do ativo. Como este tipo de ativo é de elevada liquidez, quando comparado com a concessão de crédito, é esperado que uma maior preferência pela liquidez dos bancos em uma região implique em um maior peso de títulos e valores mobiliários em relação ao total de ativos. • Provisão para Créditos em Liquidação / Crédito Total e Créditos em Liquidação / Crédito Total: É a medida da qualidade do crédito em uma região específica. É a razão entre o total de dinheiro que as agências devem reservar em função da expectativa de inadimplência e o total do crédito concedido. Quanto menor este indicador melhor a qualidade do crédito concedido.49 O valor comparativo destas variáveis pode indicar se o sistema bancário possui ou não uma administração de ativo funcional. Vale lembrar que o termo “funcional”aqui significa que o sistema bancário atende a demanda de crédito das atividades produtivas sem por em risco o sistema como um todo. Este seria o caso para todos os tipos de crédito, com exceção de Títulos e Valores Mobiliários. Da mesma forma, valores elevados do indicador Quociente Regional de Crédito, em conjunto com baixos valores de Preferência pela Liquidez e Provisão para Créditos em Liquidação, também indicam a existência de um gerenciamento do ativo funcional. 49 Até o ano de 2000 a medida contábil de qualidade do crédito concedido exigida pelo Banco Central do Brasil era denominada Provisão para Devedores Duvidosos. Após o ano de 2000, o BACEN muda a regulamentação e esta medida passa a ser denominada Créditos em Liquidação. 115 II.2.2.1 PREFERÊNCIA PELA LIQÜIDEZ DAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS A Preferência Pela Liquidez das Agências Bancárias (PLB) mede a disposição de uma agência em conceder crédito e se colocar em uma posição mais ilíqüida. A Tabela 5 abaixo mostra a evolução deste indicador para o período em análise. TABELA 5 Preferência pela Liquidez dos Bancos, 1994-2008 Anos Centro-Oeste Centro-Oeste sem DF Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil 1994 0,06 0,07 0,08 0,23 0,05 0,06 0,06 1995 0,07 0,06 0,07 0,21 0,06 0,05 0,06 1996 0,07 0,06 0,11 0,03 0,05 0,06 0,06 1997 0,06 0,06 0,12 0,12 0,08 0,11 0,09 1998 0,07 0,13 0,18 0,15 0,09 0,11 0,10 1999 0,06 0,16 0,16 0,27 0,09 0,12 0,10 2000 0,09 0,18 0,16 0,31 0,10 0,13 0,11 2001 0,12 0,20 0,19 0,35 0,10 0,16 0,12 2002 0,19 0,25 0,27 0,47 0,11 0,19 0,14 2003 0,17 0,21 0,27 0,42 0,12 0,18 0,14 2004 0,18 0,20 0,27 0,41 0,13 0,18 0,15 2005 0,15 0,18 0,29 0,38 0,13 0,17 0,15 2006 0,15 0,17 0,27 0,36 0,13 0,16 0,15 2007 0,15 0,18 0,27 0,35 0,12 0,17 0,14 2008 0,14 0,17 0,25 0,33 0,10 0,14 0,12 Fonte: LEMTe/CEDEPLAR A Tabela permite duas conclusões. Em primeiro lugar, ela confirma a hipótese Pós-Keynesiana, formulada por Dow (1993), segundo a qual, a preferência pela liqüidez tende a ser maior em regiões menos desenvolvidas. Por outro lado, nas regiões mais desenvolvidas as agências bancárias demonstram uma maior disposição em conceder crédito. Tanto a maior diversificação da estrutura produtiva (e, dessa forma, as oportunidades de negócios), quanto o nível de renda mais elevado (associado com uma menor preferência pela liqüidez do público) ajudam a explicar o comportamento observado das agências bancárias. A tabela mostra que a região Norte – a menos desenvolvida – apresenta a mais alta preferência pela liqüidez e a região Sudeste a menor. Em segundo lugar, como mostra o Gráfico 1, o indicador apresenta uma trajetória similar em todas as regiões. A partir de 1994, quando o plano de estabilização foi lançado, até 1999, quando a âncora monetária deixa de existir devido à crise do balanço de pagamentos daquele ano, o gráfico mostra dois padrões distintos: uma queda inicial da PLB de curto período, associado os efeitos 116 renda / riqueza do processo de estabilização monetária; e, de 1996 em diante, uma reversão desta tendência, refletindo não somente as dificuldades experimentada pelos bancos durante a crise Mexicana, mas também as medidas de regulamentação e reestruturação imposta pelo governo. Como discutido anteriormente, as estratégias bancárias se alteram neste período, tornando-se mais avessas ao risco, focada na eficiência de curto-prazo e na lucratividade. Além disso, o PROES e o PROER determinaram um alinhamento das estratégias bancárias de uma forma geral. Em primeiro lugar, a maioria dos bancos regionais e de desenvolvimento públicos foram privatizados ou fechados, enquanto que aqueles que sobreviveram tiveram que aderir às normas e padrões de desempenho dos bancos privados. Em segundo lugar, a combinação de taxas de juros elevadas com sobrevalorização cambial (até 1999) e a considerável instabilidade econômica, atestada pelas crises cambiais dentro e fora do Brasil até 2003, determinaram um comportamento de aversão ao risco por