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Toxicologia Ciência Multidisciplinar: Liga à Química, imunologia, patologia, botânica, genética, bioquímica, fisiologia, farmacologia e etc. Conceito de Toxicologia É o estudo da interação entre agentes químicos e sistemas biológicos com o objetivo de determinar, quantitativamente, o potencial dos agentes químicos em produzir danos que resultam em efeitos adversos em organismos vivos Ciência que investiga experimentalmente a ocorrência, a natureza, a incidência, os mecanismos e os fatores de riscos dos efeitos de agentes químicos. OBJETO DE ESTUDO: agente tóxico e intoxicação FINALIDADE: definir limites seguros de exposição MÉTODOS DE ABORDAGEM: Análises toxicológicas / Tratamento específico Classificações da TOXICOLOGIA de acordo com o campo de trabalho: A toxicologia pode ser classificada de acordo com o campo de trabalho e a natureza do agente intoxicante. ANALÍTICA: Detecta o agente tóxico em questão para gerenciamento de risco, diagnóstico, prevenção e tratamento. Áreas: Toxicologia forense, monitoramento terapêutico, monitoramento biológico, dopagem esportiva, diagnóstico laboratorial. CLÍNICA OU MÉDICA: Estudo doença causadas ou relacionadas a substâncias tóxicas. Áreas: Análises laboratoriais e clínicas, diagnóstico das intoxicações, condutas terapêuticas. EXPERIMENTAL: Descobrir o mecanismo capaz de gerar os efeitos nocivos da substância em questão, através de pesquisas, estudos de toxidade e etc. TOXICOLOGIA – ASPECTOS PREVENTIVOS: Determinar a dose segura de exposição à uma substância CURATIVA: Prover o tratamento. REGULATÓRIO/NORMATIVA: Penalizar legalmente fabricantes, atletas e etc. que se utilizem de substâncias químicas de forma indevida. CLASSIFICAÇÃO DE ACORODO COM O CAMPO DE TRABALHO TOXICOLOGIA AMBIENTAL: Efeitos nocivos causados pela interação de agentes químicos contaminantes do meio ambiente com organismos humanos. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL: Efeitos nocivos causados pela interação de agentes químicos contaminantes no ambiente de trabalho. TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS: Estuda aas condições em que os alimentos podem ser ingeridos sem causar danos ao organismo. TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS: Estuda os efeitos nocivos produzidos pela interação de medicamentos com o organismo, decorrentes de uso inadequado ou da suscetibilidade individual. TOXICOLOGIA SOCIAL: Estuda os efeitos nocivos de substâncias químicas utilizadas para fins recreativos, sem utilidade terapêutica TOXICOLOGIA FORENSE: Toxicologia com finalidade legal – incide sobre os aspectos médicos-legais dos efeitos nocivos das substâncias químicas. CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA: AGENTE TÓXICO OU INTOXICANTE: Entidade capaz de causar dano a um sistema biológico alterando seriamente uma função ou levando-o a morte sob certas condições de exposição. CLASSIFICAÇÃO Quanto às estruturas químicas gerais: aminas aromáticas, hidrocarbonetos alifáticos, hidrocarbonetos aromáticos, metais, etc. Quanto ao estado físico: sólidos ou líquidos; gases; vapores; partículas ou aerodispersóides Quanto à estabilidade ou reatividade química: explosivo, inflamável, oxidante, radioativo Quanto à ação tóxica: local ou sistêmica Quanto aos efeitos tóxicos: carcinogênicos, neurotóxicos, nefrotóxicos, hepatotóxicos Quanto aos usos: agrotóxicos, solventes, aditivos alimentares Quanto ao mecanismo de toxicidade: anticolinesterásico, metemoglobinizante, entre outros Quanto ao grau de toxicidade: extremamente tóxicos, moderadamente tóxicos, levemente tóxicos, pouco tóxicos. XENOBIÓICO Termo usado para designar substâncias químicas estranhas ao organismo - o termo é também aplicado a substâncias presentes em concentrações muito mais elevadas que o nível normal. TOXINA Refere-se à substância tóxica produzida por um sistema biológico (plantas, animais, fungos e bactérias). VENENO Termo de uso popular utilizado para designar a substância química, ou mistura de substâncias químicas, que provoca a intoxicação ou a morte com baixas doses. Segundo alguns autores, é um termo utilizado especificamente para designar substâncias provenientes de animais e plantas, nos quais teriam importantes funções de autodefesa ou de predação. DOSE A quantidade total de substância à qual um organismo é exposto; usualmente a dose implica numa dose de exposição, ou seja, a quantidade total de material que é dado a um organismo por uma via específica de exposição “Todas as substâncias são venenos, não há uma que não seja. A dose correta é que diferencia um veneno de um remédio. ” PARACELSUS-1493-1541 TOXICIDADE Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. A toxicidade raramente vai poder ser definida como um evento molecular único; preferentemente envolve uma cascata de eventos que se iniciam com a exposição ao toxicante, seguida de distribuição e biotransformação e terminando com interações com macromoléculas e na expressão de um end point para o efeito nocivo. TOXICIDADE: EXPOSIÇÃO->DISTRIBUIÇÃO->BIOTRANSFORMAÇÃO->INTERAÇÃO COM MACROMOLÉCULAS->EFEITO NOCIVO DOSE LETAL 50 (DL50 ) Dose, obtida estatisticamente, em mg/kg, de uma determinada substância, necessária para matar 50% de uma população de animais. RISCO = TOXIDADE X EXPOSIÇÃO Termo que traduz a probabilidade estatística de uma substância química provocar efeitos nocivos em condições definidas de exposição. Ex: Substância com alta toxidade, mas baixa exposição -> Baixa probabilidade de causar intoxicações. TOXIDADE CLASSIFICAÇÃO (DE ACORDO COM A DL 50) CLASSIFICAÇÃO Extremamente tóxica: DL50 < ou = 1 mg/kg Altamente tóxica: DL50 > 1 a 50 mg/kg Moderadamente tóxica: DL50 > 50 a 500 mg/kg Levemente tóxica: DL50 > 0,5 a 5 g/kg Relativamente não tóxica: DL50 acima de 5 g/kg INTOXICAÇÃO: É a manifestação dos efeitos tóxicos – processo patológico causado por substâncias químicas endógenas ou exógenas e caracterizado por desequilíbrio fisiológico, em consequência das alterações bioquímicas no organismo; evidenciado por sinais e sintomas ou mediante exames laboratoriais CLASSIFIAÇÃO QUANTO A DURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: LONGO PRAZO (SUPERIOR A 91 DIAS) MÉDIO PRAZO (31 A 90 DIA) INTOXICAÇÃO MÉDIO PRAZO (31 A 90 DIA) CURTO PRAZO Os efeitos nocivos causados por uma substância tóxica vão depender do tempo de exposição e do agente intoxicante. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A OCORRÊNCIA Intencionais: suicídio, homicídio, farmacodependência a drogas de abuso, dopping Acidentais: doméstico, ocupacional, farmacodependência a medicamentos CLASSIFIAÇÃO QUANTO À INTENSIDADE DOS EFEITOS: Leve: geralmente é reversível com o término da exposição Moderada: as lesões podem ser reversíveis e irreversíveis, sem morte ou lesão grave permanente Grave: há lesão irreversível, podendo levar à morte. CLASSIFIAÇÃO DE TOXICIDADE: POR LOCAL DE AÇÃO: Loca ou Sistêmica. POR TEMPO DE EXPOSIÇÃO: Aguda, Sub-Aguda, Sub-Crônica e Crônica. FATORES QUE INFLUENCIAM A TOXICIDADE: O AGENTE, A EXPOSIÇÃO, O INDIVÍDUO. Exposição: Dose, concentração e volume de administração; Via, velocidade de administração; Duração e frequência da exposição; Tempo de administração; Temperatura. O Agente: Composição química – pKa, pH, grau de ionização; Características físicas – tamanho da partícula, tipo de formulação, etc.; Presença de impurezas ou contaminantes; Estabilidade e armazenamento do agente; Solubilidade do agente nos fluídos biológicos; Presença de excipientes (adjuvantes, corantes); Tipo de veículo.[1: O pKa é uma grandeza que permite saber a força de um ácido de forma mais intuitiva que através do valor de Ka. Quanto menor é o pKa de um ácido, maior é a sua tendência a ionizar-se e, consequentemente, mais forte é o ácido] O indivíduo: Idade, Sexo; Massa corporal; Presença de patologia orgânica específica; Estado genético – deficiência enzimática, proteica, presença ou ausência de receptores; Estado imunológico; Estado nutricional – dieta alimentar; Estado hormonal – gravidez, menopausa Efeito Nocivo: Ao ser produzido numa exposiçãoprolongada resulta em transtornos da capacidade funcional do organismo e/ou na capacidade de do organismo de compensar uma nova sobrecarga. * Diminui a capacidade do organismo de manter sua homeostasia. * Aumenta a susceptibilidade aos efeitos indesejáveis de outros fatores ambientais tais como os químicos, físicos, biológicos ou sociais. INTERAÇÕES de substâncias químicas TOXICOCINÉTICA – ABSORÇÃO->DISTRIBUIÇÃO->BIOTRANSFORMAÇÃO->EXCREÇÃO Quando ocorre há a interação entre agentes tóxicos com outas substâncias, onde um modifica a toxicocinética do outro, interferindo na distribuição, biotransformação ou eliminação da substância. Ocorre quando um agente tóxico modifica a toxicocinética do outro Ex.: interação toxicocinética que resulta em aumento de efeito: interação entre o anticoagulante varfarina e o antiinflamatório fenilbutazona Ex.: interação toxicocinética que resulta em diminuição de efeito: alcalinização da urina com bicarbonato feita em pacientes intoxicados agudamente com barbituratos TOXICODINÂMICA: Ocorre quando um agente tóxico interfere na ação do outro, competindo por receptores por exemplo. Ocorre quando um agente modifica o efeito do outro por ligação aos seus receptores ou estruturas-alvo Ex.: álcool e benzodiazepínicos: aumenta efeito dos dois // Opióides e naloxona: reduz efeito do agente tóxico -Química - ADIÇÃO/SINERGISMO/POTENCIAÇÃO/ANTAGONISMO Efeito aditivo: Ocorre quando o efeito produzido por dois ou mais agentes tóxicos é igual à soma dos efeitos produzidos individualmente. Ex., praguicidas organofosforados Sinergismo: Quando o efeito a dois ou mais agentes tóxicos ocorre de forma combinada; é maior que o efeito aditivo Ex: antidepressivos. Potenciação: O agente tóxico tem seu efeito aumentado por agir simultaneamente com um agente não tóxico ou com outro tipo de toxicidade Exs: isopropanol administrado juntamente com tetracloreto de carbono; Santo Daime Antagonismo/Antidotismo: O efeito produzido por dois agentes tóxicos se neutraliza ou se reduz Ex.: antídotos Ilustração dos diferentes tipos de interações FASES DA INTOXICAÇÃO # I - Fase de Exposição – Contato do toxicante com superfícies externas do organismo: Disponibilidade química do toxicante. Depende de: #Vias de introdução #Frequência e duração da exposição #Propriedades físico-químicas do toxicante #Dose ou concentração do toxicante #Suscetibilidade individual. - Propriedades físico-químicas das substâncias: • Solubilidade; • Pressão de vapor; Constante de ionização; • Tamanho da partícula; • Reatividade química; • Estabilidade; • Coeficiente de partição - Fatores relacionados ao organismo: • Espécie; • Idade; • Sexo; • Peso; • Diferenças genéticas; • Estado de saúde; • Estado nutricional; • Condições metabólicas # II - FASE TOXICOCINÉTICA – Inclui todos os processos relacionados a disponibilidade química e concentração do toxicante nos diferentes tecidos do organismo: Biodisponibilidade do toxicante. Intervêm nesta fase: Absorção; Distribuição; Armazenamento; Biotransformação; Excreção. A Toxicocinética permite, com seus parâmetros, avaliar matematicamente os movimentos de agentes tóxicos no organismo. Como a capacidade das substâncias de atravessarem membranas biológicas. TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA 1. Transporte passivo Difusão simples: As substâncias lipossolúveis (como o O2, CO2, o álcool, ácido graxo, hormônios esteróides, etc) difundem-se através da bicamada como se o fizessem no fluido circundante a favor do seu gradiente de concentração. Dependendo do gradiente de concentração, lipossolubilidade, coeficiente de partição lipídio-água e grau de ionização. Filtração: Partículas hidrossolúveis de tamanho específico entram através de poros na membrana a favor do seu gradiente de concentração. Ex: íons. 2. Transporte especializado Transporte ativo: A partícula é transportada contra o seu potencial de difusão, consumindo energia externa. Difusão facilitada: A partícula a ser transportada se liga a uma proteína da membrana e muda a sua conformação espacial. Essa mudança causa a translocação da partícula de um lado para o outro da membrana. Se o processo for realizado a favor do seu gradiente eletroquímico denominamos essa forma de transporte como difusão facilitada. Sem gasto de energia. Endocitose: O transporte de macromoléculas é realizado através de endocitose (entrada de material para dentro da célula) através da invaginação da membrana e exocitose (o contrário). Se houver absorção de liquido apenas, a endocitose é chamada de pinocitose e de sólidos, fagocitose. Outras moléculas Outras moléculas Moléculas hidrossolúveis pequenas Moléculas lipossolúveis TRANSPORTE ATIVO DIFUSÃO FACILITADA DIFUSÃO SIMPLES FILTRAÇÃO - ABSORÇÃO Fatores relacionados à substância química --SOLUBILIDADE Hidrossolubilidade (MAIS FACILMENTE EXCRETADO): hidroxila (-OH), carboxila (-COOH), amino (-NH2) , sulfidrila (-SH), carbonila (-C=O) Lipossolubilidade: alquílicos, fenílicos, aftílicos, halogênios, acetil (CH3COO-) Interação toxicante-organismo -> EFEITOS,SINAIS ETC. Fase clínica: Efeitos deletério no organismo. -- GRAU DE IONIZAÇÃO DO TOXICANTE • pH do meio (plasma, estômago, intestino, urina etc.) •valores de pKa do toxicante -> determinarão a proporção entre formas Ionizadas (I) e Não Ionizadas (NI) nos compartimentos. -- VIAS DE EXPOSIÇÃO: *ABSORÇÃO DÉRMICA OU CUTÂNEA Pele: Maior órgão do corpo (10% peso corpóreo) Barreira natural (estrato córneo). Estrutura da pele: Epiderme, Derme, Hipoderme, Anexos pilosos, glândulas sudoríparas, etc. Normalmente impermeável a íons e soluções aquosas e permeável a gases, soluções lipofílicas e alguns sólidos. Fatores que influenciam a absorção dérmica: Ligados ao agente: lipossolubilidade, grau de dissociação, peso molecular, volatilidade, viscosidade. Ligados ao indivíduo: região da pele, integridade da pele, pilosidades locais, vascularização Ligados às condições de contato ou da exposição: duração e tipo do contato, temperatura local da pele e do ambiente *ABSORÇÃO RESPIRATÓRIA: Mas comum ocorrer a intoxicação ocupacional, importante via de intoxicação devido ao tamanho da área de absorção e alta vascularização. Extensa área de absorção: área alveolar ~90m2; Absorção de: Gases, Vapores, Partículas sólidas e líquidas. Absorção de substâncias voláteis e gases, depende da hidrossolubilidade. Absorção de partículas sólidas e líquidas suspensas no ar, depende do tamanho da partícula. *ABSORÇÃO ORAL OU DIGESTIVA Maior caso de emergências médicas. Trato digestivo: Aberto, tubular, grande área de superfície. Absorção na boca, estômago e intestino, depende do pKa da substância e da Forma molecular Fatores que interferem na absorção: ▫ estado de plenitude ou vacuidade gastrintestinal; ▫ concentração enzimática e acidez; ▫ motilidade intestinal; ▫ efeito de primeira passagem pelo fígado. Maior motilidade (diarreia) diminui a absorção, motilidade moderada aumenta a absorção. - DISTRIBUIÇÃO Transporte das substâncias químicas pelo sangue e pela linfa até o tecido-alvo. • sítio de ação • um ou vários sítios de armazenamento • diversos órgãos para sua Biotransformação -- FATORES LIGADOS AO AGENTE TÓXICO QUE AFETAM A DISTRIBUIÇÃO • lipossolubilidade - quanto maior a lipossolubilidade mais rápida a chegada aos órgãos-alvo • grau de ionização – quanto menor a ionização maior a distribuição • afinidade com moléculas orgânicas – quanto maior a afinidade mais lenta a distribuição aos órgãos-alvo. EX: Substâncias ligadas a proteínas plasmáticas (albumina ex) se tronam moléculas muito grandes dificultando a absorção. -- FATORES LIGADOS AO ORGANISMO QUE AFETAM A DISTRIBUIÇÃO • Alta irrigação do órgão (fígado, baço, rins) • Conteúdo hídrico (rins) ou lipídico (SNC) do órgão • Capacidade de biotransformação do órgão • Integridade do órgão -- SÍTIOS DE ARMAZENAMENTO- PROTEÍNAS PLASMÁTICAS - Maior parte dos toxicantes distribuem-se ligadosà albumina (ligações reversíveis) Ex: fármacos de caráter ácido: fenobarbital, ácido valpróico - lipoproteínas: têm maior peso molecular e são lipossolúveis Ex: fármacos de caráter básico - imipramina, clorpromazina, propranolol IMPORTÂNCIA: • FORMA LIGADA - farmacologicamente inativa • FORMA LIVRE - farmacologicamente ativa SÍTIOS DE ARMAZENAMENTO (locais de armazenamento são geralmente diferentes dos locais de ação) • tecido adiposo • tecido ósseo • leite materno Barreira hematoencefálica: passagem depende da afinidade por células do SNC e da lipossolubilidade do agente tóxico. Ex: álcoois, drogas de abuso, nicotina, praguicidas organofosforados, solventes orgânicos, CO, metais pesados Mecanismos de exclusão: • as células endoteliais dos capilares do SNC são muito finas e encontram-se intimamente unidas e não deixam poros aquosos entre elas; • os capilares do SNC são circundados pelos astrócitos (CÉLULA DA NEUROGLIA); • a concentração proteica no fluido intersticial do SNC é a mais baixa de todo o organismo - BIOTRANSFORMAÇÃO Conjunto de alterações químicas (ou estruturais) que as substâncias sofrem no organismo, geralmente por processos enzimáticos, para formar derivados mais polares e mais hidrossolúveis, resultando quase sempre na diminuição ou perda da sua toxicidade e facilitando a eliminação renal. Reações de fase I (catalíticas): Gera metabólitos ativos ou inativos ▫ Oxidação ▫ Redução ▫ Hidrólise Reações de fase II (sintéticas): Gera principalmente metabólitos inativos ▫ Conjugação Fatores que alteram a biotransformação • Espécie • Variabilidade genética • Gênero • Idade • Dieta e estado nutricional • Estado patológico -EXCREÇÃO Eliminação da substância do organismo *Vias de excreção: ◦ Secreções (biliar, sudorípara, lacrimal, gástrica, salivar, láctea) ◦ Excreções (urina, fezes e catarro) ◦ Ar expirado Excreção urinária ◦ Depuração sanguínea pelos rins- Filtração glomerular Reabsorção tubular Secreção tubular Excreção ->subst. polares e hidrossolúveis na Urina Excreção biliar ▫ Produtos excretados pela bile ▫ Substâncias absorvidas no trato digestivo Excreção pulmonar ▫ Gases e vapores Excreção por outras vias ▫ Suor, saliva, leite materno # III - FASE DE TOXICODINÂMICA - Compreende os mecanismos de interação entre as moléculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, conseqüentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático #Os dados obtidos são fundamentais para: ◦ Estimar a possibilidade de o agente químico causar efeitos deletérios e qual a população pode ser atingida. ◦ Estabelecer procedimentos preventivos e estratégias de tratamento ◦ Desenvolver produtos específicos, com maior seletividade para a espécie de interesse #Desencadeadores do efeito tóxico • Xenobiótico original: chumbo, tetrodotoxina, cianeto • Metabólito do xenobiótico: fluorocitrato (fluoracetato), ácido oxálico (etilenoglicol) • Espécies reativas de oxigênio: OH (Paraquat)[2: Este herbicida pertence ao grupo químico dos bipiridílio, moléculas com atividade relacionada com a formação de radicais superóxidos (O2 -), cuja detoxificação pela enzima superóxido dismutase, resulta na formação de peróxido de hidrogênio (H2 O2 ), que peroxida lipídios e danifica membranas do cloroplasto e células] • Compostos endógenos: bilirrubina deslocada da albumina pela sulfonamida Classificação dos toxicantes quanto ao seu modo de ação: -Inespecíficos - Efeito depende de suas propriedades físico-químicas. EX: ácidos ou bases que são irritantes e corrosivos nos tecidos de contato Específicos -Efeito mais seletivo pois atuam em uma “estrutura-alvo” (enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, ácidos nucleicos, etc) Fatores que determinam a seletividade de ação Porosidade do endotélio capilar -> favorece acúmulo e ação de xenobióticos nos rins e fígado Transporte de membrana especializado -> paraquat entra no pneumócito através de uma proteína carreadora Ligação a compostos intracelulares AÇÃO SOBRE FUNÇÃO CELULAR Interação com receptores EX: Atropina: bloqueia os receptores muscarínicos da acetilcolina. (Atropina age como antagonista) Inibição da fosforilação oxidativa: Interferências com a produção de energia celular (ATP mitocondrial) - CLASSE A: Substâncias que interferem na liberação de hidrogênio para a cadeia transportadora de elétrons Exemplo: fluoracetato de sódio inibe o Ciclo de Krebs e a produção de co-fatores reduzidos. - CLASSE B: Substâncias que inibem o transporte de elétrons pela cadeia de transporte, até serem receptados pelo oxigênio Exemplo: cianeto - CLASSE C: Substâncias que interferem na liberação de oxigênio no transportador final de elétrons Exemplo: Monóxido de carbono -> carboxiemoglobina; Agentes metemoglobinizantes -> metemoglobina - CLASSE D: Substâncias que inibem a fosforilação do ADP: inibidores da ATP-sintase e desacopladores da fosforilação oxidativa Exemplo: oligomicina, DDT, clordecona pentaclorofenol, vários herbicidas e a amiodarona. Complexação com biomoléculas: Componentes enzimáticos: Ex.:Inibição de colinesterases por inseticidas organofosforados/ Efeito do chumbo na síntese do heme Proteínas: Metabólitos ativos e proteínas celulares Lipídios: Formação de espécies reativas de oxigênio. Peroxidação lipídica = dano as membranas. Relacionados a espécies reativas de O2 Ácidos nucléicos: ação citostática, mutagênica, carcinogênica e teratogênica. Perturbação da homeostase do cálcio -Aumento do influxo (entrada) de cálcio -Diminuição do efluxo (saída) -Mobilização de reservatórios intracelulares Exs: clordecona, metilmercúrio, fosfolipases ofídicas, paracetamol, clorofórmio, tetracloreto de carbono, DDT, praguicida lindano Interferência nas funções de membranas -Interação com canais iônicos – tetrodotoxina, antidepressivos tricíclicos, praguicidas piretróides e organoclorados, batracotoxina -Alteração da fluidez das membranas – solventes orgânicos, etanol #FASE CLÍNICA É a fase em que há evidências de sinais e sintomas, ou ainda alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante como organismo. TOXICOLOGIA CLÍNICA Objetivo Conhecer as etapas básicas do tratamento das intoxicações para aplicá-las no atendimento do paciente intoxicado, em ambiente pré-hospitalar e hospitalar. ETAPA I - Abordagem inicial do paciente: “Tratar o paciente e não o toxicante” Avaliação das funções vitais e medidas de suporte e reanimação Estabilização: rápida, Exame geral: avaliação das funções vitais, medidas de suporte e reanimação Objetivo: prevenir o agravamento do estado do paciente Avaliação inicial: ABCDEA=Obstrução das vias aéreas; B= Insuficiencia Respiratória; C= Alterações hemodinâmicas; D= Déficit neurológico; E= Exposição Airway – obstrução das vias aéreas A - Avaliação da permeabilidade das vias aéreas • aspirar secreções ou vômitos • retirar próteses dentárias • remover resíduos de alimentos • evitar a queda da língua • colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo • intubar o paciente, se necessário • se houver edema ou lesão faringo-laríngea grave: realizar traqueostomia Breathing – insuficiência respiratória B- Avaliação da respiração - Avaliar se o paciente respira normalmente - Administrar oxigênio, se necessário • intubação precoce • produtos cáusticos -Traqueostomia • ruídos adventícios Circulation – alterações hemodinâmicas C - Avaliação da circulação 1. verificar a pressão sanguínea e o ritmo de pulso 2. iniciar monitorização eletrocardiográfica contínua 3. acesso venoso seguro 4. colher amostras de sangue 5. iniciar infusão intravenosa de soro fisiológico ou ringer lactato 6. passar cateter vesical nos pacientes em estado grave (hipotensos, em coma ou convulsionando) Disability – déficit neurológico D- Incapacitação: estado neurológico1. Avaliação neurológica rápida - nível de consciência - tamanho das pupilas - reflexo pupilar 2. Escala de coma de GLASGOW – mais detalhada e precisa; pode ser facilmente aplicada Pontuação total: de 3 a 15 3 = Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo) 4 = Coma profundo; 7 = Coma intermediário; 11 = Coma superficial; 15 = Normalidade. Exposure – exposição E- Exposição/controle ambiental *remoção completa das roupas e acessórios/ evitar hipotermia *avaliação de sinais externos: - edema - pele -marcas de picada, eritema, equimoses, escoriações, bolhas, sangramentos, luxações ETAPA II - Diagnóstico da intoxicação A. Anamnese (5W) • Who (quem): identificar o paciente e suas condições, incluindo patologias de base e uso de medicamentos • What (o quê): identificar o agente tóxico • When (quando): horário do evento • Where (onde): via e local da exposição • Why (porque): motivo/circunstância da exposição B. Exame físico 1. Sinais vitais - Pressão arterial - Frequência cardíaca - Tamanho da pupila Síndromes tóxicas - Atividade peristáltica - Temperatura - Exame neurológico 2. Pele e mucosas 3. Odores e secreções • odor • aspecto visual (resíduos do agente tóxico) • coloração • perda auditiva aguda • erosões/perfurações septo nasal C. Exames laboratoriais EXAMES COMPLEMENTARES DE ROTINA • gasometria arterial • ionograma (Cl-, Na+, K+) • glicemia • coagulograma • provas de função renal • urinálise • dosagem de lactato ANÁLISES TOXICOLÓGICAS diagnóstico preciso ou exclusão identificação do toxicante progresso de intoxicações prognóstico AMOSTRA: Sangue, Urina, Conteúdo gástrico TESTES QUALITATIVOS identificação do agente e podem ser úteis na manutenção e tratamento específico TESTES QUANTITATIVOS predizer a evolução da intoxicação necessidade ou não do uso de antídotos específicos necessidade ou não de medidas dialíticas D. Outras informações úteis no diagnóstico ETAPA III - Tratamento da intoxicação a) Interrupção ou redução da exposição Descontaminação de Superfície - Exposição Cutânea: • pacientes sem condições: descontaminação no leito • retirar vestes contaminadas • lavagem corporal ou da área afetada (exaustivamente) • identificar agente tóxico • proteção do socorrista (avental, luvas e máscara) - Exposição Ocular: •lavagem ocular exaustiva • posicionar o paciente com a cabeça elevada • eversão da pálpebra • lavar por 30 min com água ou solução fisiológica correntes • não usar neutralizantes (Reação libera calor) • avaliação por oftalmologista - Exposição Respiratória: • remoção da vítima do local de exposição • fornecer 02 a 100% e suporte ventilatório adequado •lavagem corporal devido contaminação cutânea associada • edema de vias aéreas • socorrista deve estar protegido - Exposição Gastrointestinal: DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINALCONTROVÉRSIAS - utilização excessiva - remoção insuficiente do agente tóxico - estimula a passagem do agente tóxico pelo piloro - retarda o uso do carvão ativado - não altera o tempo de evolução da intoxicação - riscos dos rocedimentos ÊMESE(VÔMITO) LAVAGEM GÁSTRICA INDICAÇÕES: ◦ quantidade maciça ou substância muito tóxica ◦ carvão ativado – sonda nasogástrica ◦ substâncias cáusticas de efeito sistêmico CONTRA-INDICAÇÕES: ◦ derivados de petróleo e cáusticos ◦ pacientes comatosos/convulsionando – diminuição do reflexo de proteção de vias aéreas COMPLICAÇÕES: ◦ perfuração de esôfago ◦ intubação traqueal inadvertida ◦ aumento do risco de aspiração ◦ laringoespasmo ◦ aumento da frequência de intubação traquela e admissão na UTI ◦ sangramento digestivo – erosão gástrica USO DE ADSORVENTES NÃO SÃO ADSORVIDOS PELO CARVÃO ATIVADO: ácidos, álcalis, álcoois, metais, lítio e cianeto EFICÁCIA: - Inversamente proporcional ao tempo de ingestão - Diretamente proporcional à quantidade e frequência das doses administradas CONTRA-INDICAÇÕES: - RN ou pacientes muito debilitados - Ingestão de ácidos ou álcalis - Administração de antídoto via oral (ex: NAC – intoxicação por paracetamol) EFEITOS ADVERSOS: distenção gástrica, pneumonia aspirativa, vômitos e constipação USO DE CATÁRTICOS Atuam nos efeitos constipantes das doses múltiplas de carvão ativado Mais usados: sulfato de sódio; sulfato de magnésio; sorbitol B- Administração de antídotos/antagonistas Grupo I - Antídotos e antagonistas indicados precocemente (Utilização com poucos riscos ou efeitos colaterais) • Atropina • Flumazenil • Naloxona • Oxigênio • Nitrito de amila, nitrito de sódio 3% e tiossulfato de sódio 25% Grupo II - Antídotos e antagonistas indicados após avaliação (Substâncias que causam risco e devem ter seu uso avaliado) • N-Acetilcisteína (NAC) • Azul de metileno • Deferoxamina • Pralidoxima (Contrathion®) C- Aumentar a excreção do agente tóxico Diurese Forçada - Aumentar a eliminação de substâncias de excreção renal; baixo volume de distribuição e baixa taxa de ligação com proteínas. Medidas empregadas: • infusão de soro fisiológico (5-8 ml/kg/hora) • diurese medicamentosa – manitol e furosemida Manipulação do Ph Urinário Alcalinização: uso de bicarbonato de sódio pH urinário 7,5 - 8,0 -> ionização de ácidos fracos Indicações e eficácia: -São predominantemente excretada de forma inalterada pelos rins; -São distribuídas primariamente nos líquidos extracelulares; -Têm taxa de ligação proteica baixa; -São ácidos fracos com pKa entre 3,0 e 7,0 Remoção Extra-corpórea Hemoperfusão Hemodiálise Indicações: – intoxicação grave – piora progressiva do quadro clínico – vias de eliminação deficientes: insuficiência renal aguda d) Tratamento sintomático e de suporte Suporte • Aporte calórico e nutrientes • Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos • Correção dos distúrbios ácido-básicos • Assistência respiratória, cardiocirculatória e neurológica • Controle das funções renal e hepática Sintomáticas • Dor • Hipertermia/hipotermia • Reações alérgicas • Vômitos • Hiper/hipotensão • Coma • Choque ETAPA IV - Considerações especiais PLANTAS TÓXICAS As plantas contêm, frequentemente, uma associação de produtos nocivos # A proximidade entre os efeitos medicinais e tóxicos é uma constante entre as plantas. PROBLEMAS # O profissional de saúde não conhece botânica. # Nomes populares sofrem variações regionais. Variação de concentração do princípio ativo ◦ Diferentes partes da planta (raiz, caule, folhas e sementes) frequentemente contêm diferentes concentrações de uma determinada substância. ◦ A idade da planta: plantas jovens podem conter mais ou menos dos mesmos elementos que a planta madura ◦ O clima e o solo influenciam na síntese de algumas substâncias ◦ Diferenças genéticas de uma mesma espécie podem alterar a capacidade de determinadas plantas de sintetizar uma substância. Aspectos da Toxicologia # Intoxicação aguda - ingestão quase sempre acidental • faixa pediátrica #Intoxicação crônica - ingestão continuada, acidental ou intencional • Contato sistemático em atividades industriais e agrícolas • Efeitos alucinógenos ou entorpecentes • Hábitos, crendices populares ou “epidemias”: câncer, emagrecimento, problemas de pele e unhas, distúrbios urinários, ... Classificação das plantas por Síndromes (sinais e sintomas) Plantas causadoras de distúrbios cutâneos ou mucosos Plantas que causam distúrbios cutâneos: Traumas ou lesões mecânicas Irritação química primária Causam sensibilização alérgica Fitofotodermatoses Plantas que causam distúrbios mucosos: Cristais de oxalato de cálcio Plantas que causam traumas ou lesões mecânicas Traumas ou lesões mecânica Fator de risco: espinhos, espículas, farpas, pêlos e bordas cortantes ou serrilhadas das folhas Risco adicional: contato com látexClínica: presença do agente Complicação: infecção bacteriana/micotoxicoses Tratamento: limpeza, retirar fragmentos, compressas frias, soluções antissépticas ou anti-inflamatórias Coroa-de-cristo Nome científico: Euphorbia milli L. Nome Popular: coroa-de-cristo Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: látex irritante Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema das pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia. Avelós Nome científico: Euphorbia tirucalli L. Nome Popular: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-do-diabo, pau-pelado, árvore de São Sebastião. Partes tóxicas: todas as partes da planta Princípio ativo: látex irritante Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema (inchaço) das pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia. Urtiga Nome científico: Fleurya aestuans L. Nome Popular: urtiga-brava, urtigão, cansanção Partes tóxicas: pêlos do caule e folhas Princípio ativo: histamina, acetilcolina, serotonina Sintomas: o contato causa dor imediata devido ao efeito irritativo, com inflamação, vermelhidão cutânea, bolhas e coceira. Provocam irritação química (Látex Irritante) Risco: contato com componentes químicos diversos da planta, geralmente no látex (não bem identificados). Local: superfície ou corte/quebra/esmagamento planta Clínica: irritação de aparecimento rápido, proporcional à concentração do agente irritante. Sintomas logo após contato: eritema, prurido, queimação, vesículas e bolhas. Tratamento: descontaminação/sintomáticos Bico-de-papagaio Nome científico: Euphorbia pulcherrima Willd. Nome Popular: rabo-de-arara, papagaio Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: látex irritante Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema das pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia. Provocam sensibilização alérgica Aroeira Nome científico: Litharae brasiliens March Nome Popular: pau-de-bugre, coração-de-bugre, aroeirinha preta, aroeira-do-mato, aroeirabrava. Partes tóxicas: todas as partes da planta Princípio ativo: os conhecidos são os óleos voláteis, felandreno, carvacrol e pineno. Sintomas: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca reação dérmica local (bolhas, vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a ingestão pode provocar manifestações gastrointestinais. Causam fitofotodermatoses Princípio ativo: furocumarinas Modo de ação: mecanismo fototóxico ► pele hipersensível aos raios solares Ex: figo, caju, limão, camará Clínica: erupção, hiperpigmentação tardia e de longa evolução Casos graves: vesículas e bolhas Tratamento: ― Descontinuação da exposição, limpeza cuidadosa ― Sintomáticos, corticóides tópicos (pomada anti-inflamatória) Plantas que causam distúrbios mucosos Oxalato de cálcio e ácido oxálico Tratamento ◦ Sintomático, de suporte e manutenção das funções vitais ◦ Não fazer esvaziamento gástrico ◦ Oferecer líquidos frios ou gelados, em abundância ◦ Cutâneo e ocular: lavagem copiosa com água ◦ Analgésicos ◦ Corticóides e endoscopia, nos casos graves Comigo-ninguém-pode Nome científico: Dieffenbachia picta Schott. Nome Popular: aninga-do-Pará Parte tóxica: todas as partes da planta. Princípio ativo: oxalato de cálcio, saponinas Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea. Tinhorão Nome científico: Caladium bicolor Vent. Nome Popular: tajá, taiá, caládio Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: oxalato de cálcio Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea. Taioba-Brava Nome científico: Colocasia antiquorum Schott. Nome Popular: cocó, taió, tajá Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: oxalato de cálcio Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea. Copo-de-leite Nome científico: Zantedeschia aethiopica Spreng. Nome Popular: copo-de-leite Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: oxalato de cálcio Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea. Plantas que causam Irritação gastrintestinal – toxalbuminas (sem antídoto) TRATAMENTO: Por não existir antídoto, o tratamento é principalmente de suporte e sintomático, correção dos distúrbios hidreletrolítico e metabólico. Apesar dos vômitos freqüentes, avaliar lavagem gástrica, com sonda nasogástrica de grosso calibre. Mamona Nome científico: Ricinus communis L. Nome Popular: carrapateira, mamoneira, palma-de-cristo, carrapato Partes tóxicas: sementes Princípio ativo: toxalbumina (ricina) Sintomas: a ingestão das sementes mastigadas causa náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia mucosa e até sanguinolenta; nos casos mais graves podem ocorre convulsões, coma e óbito. Pinhão-roxo Nome científico: Jatropha curcas L. Nome popular: pinhão-de-purga, pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, pinhão, pião, pião-roxo, mamoninho, purgante-de-cavalo Parte tóxica: folhas e frutos Princípio ativo: toxalbumina (curcina) Sintomas: a ingestão do fruto causa náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia mucosa e até sanguinolenta, dispnéia, arritmia e parada cardíaca. Plantas que causam alterações neurológicas (síndrome colinérgica) – alcalóides beladonados Tratamento Lavagem gástrica – nos primeiros 30 min até 6 horas (pois diminuem a motilidade do aparelho digestivo reduzindo a absorção) Carvão ativado Catárticos Sintomáticos Hipertermia - medidas físicas Arritmias: propranolol Agitação psicomotora: benzodiazepínicos de ação curta Saia-branca Nome científico: Datura suaveolens L. Nome Popular: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira, cartucheira, Zabumba. Partes tóxicas: todas as partes da planta Princípio ativo: alcalóides beladonados (atropina, escopolamina e hioscina) Sintomas: a ingestão pode provocar boca seca, pele seca, taquicardia, dilatação das pupilas, rubor da face, estado de agitação, alucinação, hipertemia; nos casos mais graves pode levar à morte. Plantas que causam alterações respiratórias - glicosídeos cianogênicos Propriedades dos glicosídeos cianogênicos Princípio ativo: Linamarina: que por hidrólise enzimática ou ácida, libera o ácido cianídrico que é o responsável pela intoxicação através do íon cianeto. Termolábil e volátil (tem sua toxidade eliminada através da fervura) Inibição de vários sistemas enzimáticos Hipóxia citotóxica Absorção: rápida, via inalatória, oral (ingestão de alimentos crus ou mal cozidos) Distribuição: rápida para todos os tecidos Ligação: proteínas plasmáticas Meia vida: 20-60 min Absorção de pequenas quantidades: influência da enzima rodanase na transformação em tiocianatos não tóxicos. Absorção de grandes quantidades: HCN combina-se com Fe3+ (citocromooxidase)► citocromo-oxidase-CN ► hipóxia citotóxica. Ação ◦ Radical cianeto inibe a transferência de elétron da citocromo-oxidase, na cadeia respiratória ◦ Cianeto + Fe3+ hipóxia ◦ Ácido cianídrico é transformado pela rodanase em tiocianato não tóxico Tratamento Tratamento precoce Casos leves: somente oxigênio Casos graves: acesso EV + antídoto Paciente sintomático: NÃO PROVOCAR ÊMESE Lavagem gástrica: feita logo após ingestão ou em caso de risco de convulsão Todos: carvão ativado + catárticos, e oxigênio a 100% Antídoto: O tratamento deve ser rápido e agressivo. Inicialmente se administra por inalação o nitrito de amila, durante 30 segundos em cada dois minutos. Durante a aplicação do nitrito, prepara-se o nitrito de sódio a 3%. Este é administrado intravenosa na dose de 10 ml para adultos, e doses proporcionais para crianças. O hipossulfito de sódio em solução a 25% é a seguir administrado, na dose de 25 a 50ml para adultos e cerca de 1ml/kg para crianças. No caso de haver metemoglobinemia, deve-se administrar o azul-de-metileno. Mandioca-brava Nome científico: Manihot utilissima Pohl. (Manihot esculenta Cranz). Nome Popular: mandioca, maniva Partes tóxicas: raiz e folhas Princípio ativo: glicosídeos cianogênicos Sintomas: a ingestão pode causar cansaço, falta de ar, fraqueza, taquicardia, taquipnéia, acidose metabólica, agitação, confusão mental, convulsão, coma e óbito. Plantas que causam alterações cardíacas - glicosídeos cardiogênicos Mecanismo de Ação ◦ oleandrina (espirradeira) e tevetina A e B (chapéu-de-napoleão) ◦ Aumento da força e velocidade de contração do músculo cardíaco ◦ Inibição da Na/K-ATPase ◦ Aumento do Na+ e do Ca2+ intracelulares Tratamento Geral: manutenção das funções vitais, com atenção especial para os distúrbios hidroeletrolíticos Carvão ativado e catártico Monitorar K sérico, ECG Atropina em caso de bradicardia Fenitoína em caso de arritmias Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e avaliação oftalmológica Espirradeira Nome científico: Nerium oleander L. Nome Popular: oleandro, louro rosa Parte tóxica: todas as partes da planta Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos Sintomas: a ingestão ou o contato com o látex podem causar dor e queimação na boca, salivação, náuseas, vômitos intensos, cólicas abdominais, diarréia, tonturas e distúrbios cardíacos que podem levar a morte. Chapéu-de-Napoleão Nome científico: Thevetia peruviana Schum. Nome Popular: jorro-jorro, bolsa-de-pastor Partes tóxicas: todas as partes da planta Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos Sintomas: a ingestão ou contato com o látex pode causar dor em queimação na boca, salivação, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia, tonturas e distúrbios cardíacos que podem levar a morte.
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