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Capitulo III Propriedades Térmicas dos Gases Cap. 12 Alonso & Finn - Volumen III IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Equação de Estado de um Gás Ideal • Coletando tudo o que sabemos até agora sobre um gás ideal monoatômico: – Partículas idênticas, indistinguíveis e não interagentes – Só energia de translação. • Como os processos que ocorrem no gás são reversíveis: ... 3 3 2 2 5 23 3 V 2πmkT V 2πmkT3 U= NkT Z= S= kN+kNln 2 h h N đQ dS T dU TdS PdV 2 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Podemos reescrever: • Se interpretarmos esta última expressão como S=S(U,V), podemos escrever: • Como U só depende de T, para um gás ideal: V U S S dS dU dV U V 1 V U S P S T U T V dU TdS PdV dU P dS + dV T T 1 V T S P S T U T V 3 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Usando a equação para S ... 3 3 2 2 5 5 2 23 3 V 2πmkT 2πmkT S= kN+kNln kN+kNlnV+kNln h N h N 3 2 5 2 3 2πmkT kN+kNlnV+kNln h N T T P S T V V P 1 kN PV=kNT= RT T V Equação Estado para o Gás ideal f(P,V,T)=0 4 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Equação de Estado para Gases „Reais‟ • Num „gás real‟ as átomos interagem através de forças interatômicas. • Esta interação entre os átomos é de curto alcance e portanto só contribuirá efetivamente se os átomos estiverem próximas. • Isto significa dizer que a interação interatômica será tanto mais importante quanto maior for a densidade do gás • Em outras palavras, um „gás real‟ se aproxima de um gás ideal a medida que a densidade do gás /V diminui. • Esta propriedade sugere que a equação de estado de um gás real pode ser expandida em 1ª aproximação em termos da densidade do gás. 2 3 4 P RT A B C V V V V 5 Correções Gás ideal IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Esta é a equação de estado de um gás real. • Os coeficientes A, B, C, ... são característicos de cada gás e são chamados de segundo, terceiro, quarto ... coeficiente virial. • Estes coeficientes são funções da temperatura e dependem da intensidade das forças interatômicas. • Em tese, eles podem ser determinados medindo-se a relação da P com o V a diferentes T‟s . • ... mas vamos deduzir uma expressão com base na mecânica estatística de partículas interagentes. 2 3 4 P RT A B C V V V V 6 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • O desenvolvimento de mecânica estatística do sistema de partícula interagentes requer a definição de uma outra grandeza chamada de „função de partição Gran-Canonica‟ ou „gran função de partição‟: • Como: • Vem: NZ N! Z NZ ln ln NlnZ-lnN! N! Z T P=NkT lnZ =kT ln V V T P Z 7 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Devemos agora incluir explicitamente os termo de interação entre os átomos. • Vamos aproximar as interações considerando apenas interação entre pares de partículas, de forma que a energia do sistema agora deve ser: • O desenvolvimento da função de partição Gran- Canonica dá: ijp todos pares E i i i i P i i U n E U n E E 3 2 p gás ideal interação E kT 1 2 3 N3 todas as moléculas 2πmkT1 e dV dV dV dV h N N! Z Z Z Z 8 Z do gás ideal !!! IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • A integral I tem ½N(N-1) termos, já que este é o número total de pares de átomos. • Por outro lado, • Então: pE kT 1 2 3 N todas as moléculas e dVdV dV dVI pij pares pp ij E kT EE kT kTe e e pares ij ij ij ij 2 3 p p p p ij E E E E1 1 exp 1 1 kT kT 2 kT 6 kT 9 pE kT ij ij ij kl i,j i,j,k,l e 1 1 pares IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • ij representa as iterações entre os pares de átomos e vamos considerá-lo pequeno já que esperamos que Epij seja pequeno comparado com kT. • Em primeira aproximação então, os termos com produtos de 2, 3, ... ij´s podem ser desprezados. • Nesta aproximação a integral fica: • O primeiro termo é igual a VN. pE kT ij e 1 pares ij 1 2 3 N parestodas as moléculas 1 dV dV dV dVI 10 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Como o potencial de interação entre dois átomos tem a mesma forma para todos os pares, o segundo termo fica: • O termo VN-2 vem da integração em dV3dV4...dVN. • O termo de interação entre dois átomos no entanto depende somente da distância entre eles. Assim: 2 ij 1 2 3 N 12 1 2 todas as moléculas 1 2 1 dV dV dV dV 1 dV dV 2 N pares N N V 2 12 12 2 2 12 1 2 12 1 1 2 1 2 2 12 12 1 2 1 2 1 2 1 r dV r sen drdθdφ dV dV r 4 r dr dV r 4 r dr dV dV dV V 11 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Como N é grande, ½N(N-1) ~ ½N2, e a integral I vale então: • A função de partição Gran-Canonica, em 1ª aproximação, fica então: 2 2 11 1 2 2 N N N N I V N V V V 3 2 p 3 2 E kT 1 2 3 N3 todas as moléculas 2 3 2πmkT1 e dV dV dV dV h 2πmkT1 1 h 2 N N N! V N N! V Z Z 12 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Podemos agora, usando Z, deduzir a equação de estado para um gás real. P=kT lnV T Z 3 2 2 3 4 2 2 ln NlnV+ln 1 +F T 2 2πmkT1 F T ln h Qdo x é pequeno, ln 1+x x N 10 para T ambiente V ln 1 2 2 N N V N! N N V V Z 2 2 2 2 2 A A 2 A 2 N β P=kT NlnV+ +F T V 2V N N β P=kT V 2V kTN kTN β P= V 2V ou, fazendo N= N e lembrando que kN =R, vem: RTN βRT P= V 2V T 13 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Comparando as duas formas da equação de estado do gás real ... • Em primeira aproximação então podemos identificar o coeficiente virial de ordem 2, A(T) • Esta expressão relaciona diretamente o 1º coeficiente virial com a interação entre os pares de átomos. 2 A 2 RTN βRT P= V 2V 2 3 4 RT P= +A T +B T +C T +… V V V V A RTN β A T = 2 14 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Exemplo 12.1: Calcular o coeficiente virial de 2ª ordem para o caso de um gás composto de esferas rígidas que interagem. Se as esferas são rígidas o que significa „interagirem‟??? 2r0 Epij r ij ij ij ij ij 0 p ij 0 ij 0 ij2 ij 0p p p ij 0, r >2r E = , r <2r 0, r >2r f 1, r <2rE E E1 exp 1 1 kT kT 2 kT f 02 32 2 ij 0 0 0 3 0 4 r 4 r dr 4 r dr 2r 3 32 r 3 r 15 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 2 3 0 A 2 16 r RTNRT Substituindo temos: P= V 3V 32 2 0A A 2 2 32 rRTN β RTNRT RT P= P= V 2V V 2V 3 . 2 3 4 RT P= +A T +B T +C T +… V V V V Comparando com a expansão de P, temos: A T RTb 3 2 0 A 2 16 r N RT RTb Chamando b= , obtemos: P= 3 V V 16 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Exemplo 12.2: Repetir o calculo para o caso de um gás composto de esferas rígidas com um pequeno termo atrativo. 2r0 Epij r ij ij ij ij ij 0 p p ij 0 ij 0 ij p p ij 0ij 'pequeno', r >2r E = E , r <2r , r >2r kTf E E 1, r <2rexp 1 1 kT kT f 0 ij 0 ij 0 2 p2 2 2 0 0 2 2 p 2 3 0 E r 4 r dr 4 r dr 4 r dr kT Chamando = E 4 r dr 0 32 r 3 kT r ij r r f 17 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Comparando com a expansão de P, temos: A T RTb a- 23 20 A 1 A2 2 RTb a16 r N RT Chamando b= e a= N , obtemos: P= 3 V V - 2 3 2 0 A A 2 2 16 r RTN RTNRT P= V 3V kTV 32 2 0A A 2 2 32 rRTN β RTNRT RTP= P= V 2V V 2V 3 kT . Constantes de van der Waals 18 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Calor Específico de um Gás ideal Monoatômico • Relembrando as definições de cP e cV: • Para um gás ideal monoatômico só temos a energia cinética de translação: • A entalpia H do gás ideal vale: V V đQ1 1 U c = dT T V P P đQ1 1 H c = dT T P H U PV o V J cal molKV mol C 3 3 1 U 3 U= NkT= RT c R 2 2 T 2 12 4715 2 9807 V c , , o J cal molKP p mol C 3 5 H=U+PV= RT+ RT= RT 2 2 1 H 5 c R c 20 7859 4 9678 T 2P , , 19 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Como conseqüência, todos os gases ideais tem os mesmos cV e cP independente de sua constituição ! • Podemos notar que: cP – cV = R • O fato de cV ser menor do que cP, pode ser entendido levando em conta que o 1º esta associado com a variação da energia interna do gás devido a troca de calor, enquanto que o 2º é relacionado com a variação da entalpia que inclui um termo PV devido ao trabalho realizado qdo a temperatura do gás aumenta. • Considere o trabalho feito a P constante para elevar a T do gás em 1K: T+1 P T W = PdV= RdT = R 20 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Na dedução da eq de estado do gás ideal não usamos o fato de que U=3/2 RT, ou seja não usamos a forma explicita da dependência de U com T mas apenas o fato de U só depender de T! • Isso significa dizer que a equação de estado é válida para qquer gás no qual U U(T). • Isso implica que o trabalho WP = R feito a pressão constante para elevar (ou diminuir !!!) a temperatura de 1K também é valida e, portanto, a relação cP – cV = R vale também para qquer gás no qual U U(T)! • Definiremos a grandeza física: P V c 5 1 6667 c 3 , 21 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Exemplo 12.3: Equação de estado de um gás monoatômico com S, P e V como variáveis. dP dV dT PV RT lnP lnV ln R lnT P V T V V V V 1 U c c c cT U U T V dU dT dT P dT dV dS dV dS R T T T V dU TdS PdV Combinando as duas: V V V V V c c c c c Pc integrando dP dV dV dP dV dS R R dS P V V P V dP dV dS S lnP lnV ln cte. P V V c S PV cte. exp Se uma transformação for adiabática e reversível (isoentrópica) PVγ=cte ! 22 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Calor específico de um gás poliatômico • Energia de uma molécula de um gás poliatômico: • A excitação eletrônica ~1eV que corresponde temperaturas ~104K. – Fração de moléculas que estarão no estado excitado a 300K: • Nas temperaturas usuais as moléculas estarão todas no seu estado fundamental! • A energia total será dada então por: total elet. k elet. trans vib rot E E E E E E E 39 17 5 1eV 10 8 6 10 300 n exp e N , total k trans vib rot E E E E E 23 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Níveis rotacionais tem energias típicas da ordem de 10-4eV,o que corresponde a T~5K – Portanto as moléculas de um gás poliatômico, a temperatura ambiente, tem energia suficiente para popular vários níveis rotacionais. • Níveis vibracionais tem energias típicas entre 10-3–10-1eV, que corresponde a T~10-1000K. – Portanto espera-se encontrar moléculas em estados vibracionais mais baixos em um gás a temperatura ambiente. 24 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Estados Rotacionais • Vamos considerar o caso de uma molécula diatômica somente. • Para cada l, existem 2l+1 estados com ml diferentes mas com mesma energia (-l ml l). • Então cada estado com energia E(l)rot terá probabilidade intrínseca 2l+1. 22 ( ) rot rot +1 E E 2I 2I L l l l I – momento de inércia em relação ao centro de massa 25 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • A função de partição dos estados rotacionais é então: • Como já dissemos, a energia dos níveis rotacionais é muito pequena comparada com as temperaturas usuais e esperamos ter um grande número de estado rotacionais populados. • „Traduzindo‟ esta idéia ... rot 2 +1 Z 2 +1 exp T Temperatura característica de rotação 2Ik r r l l l l 0 T 1 T grande 2 +1 2 e ( +1) r r 2 ll l l l l l 26 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Então: • Lembrando que: • Obtemos: • O termo rotacional contribui com uma energia igual a kT por molécula ou RT por mol ! 2r T- rot rot r0 +1 T Z 2 +1 exp Z 2 e d T r l l l l l l l 2 rot rot d U =kNT lnZ dT rot r 2 2 rot r rot lnZ lnT ln d 1 U =kNT lnT ln kNT . dT T U =kNT= RT - - 27 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Estados Vibracionais • Consideremos novamente uma molécula diatômica: – Os estados vibracionais corresponderão aos estados possíveis de um oscilador harmônico unidimensional. – Então: – Neste caso os gν=1 e usando a estatística de Maxwell- Boltzman teremos: vib 1 E 2 1 2 T 2T T vib Z Temperatura característica de vibração k v v v v e e e 28 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 0 1 se x 1 1 n n x x 2T vib T Z 1 v v e e 2 vib vib 2T 2T T2 2 vib vib T T2 2 vib vib d U =kNT lnZ dT d d U =kNT ln U =kNT ln ln 1 dT dT 1 d d U = kNT kNT ln 1 2TdT dT U v v v v v v e e e e e T T 2 2 2 2 T T vib T = kNT kNT 2T T 1 kN1 U = kN + 2 1 v v v v v v v v v e e . . e e e 2T T vib Z v v e e 29 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Calor específico do gás diatômico • Juntando então todos os termos de energia teremos: • No limite de altas temperaturas Θv<<T, então: trans rot vib T U=U +U +U R3 1 U= RT + RT + R + 2 2 1 v v v e 2 T 1 1 1 1 T 2 T T v v v ve 30 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Para altas T: • Como 3 1 U= RT + RT + R + RT 2 2 3 U= RT + RT + RT 1 2 2T 3 1 U RT + RT + RT 2T 2 7 U RT 2 v v v V V đQ1 1 U c = dT T V V 7 c R 2 31 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 V 3 U RT + RT + RT 2 3 c R + R + R 2 Translação Rotação Vibração cV T 3 2 R 5 2 R 7 2 R 32 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 Princípio da equipartição da energia • A energia interna de um gás diatômico é um caso particular do princípio da equipartição da energia. • Enunciado 1: “Em temperaturas suficientemente altas, a energia molecular média por grau de liberdade de um sistema é ½kT” • Enunciado 2: “Cada termo quadrático independente na Hamiltoniana do sistema contribui com ½kT na energia média por molécula”. 33 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • O significado de grau de liberdade: – Cada variável independente no espaço de fase do sistema – Cada uma das coordenadas generalizadas independentes do Hamiltoniano • Exemplos: – Ponto material (~partícula de pequenas dimensões) livre: 3 graus de liberdade • Gás ideal monoatômico: U=3⁄2NkT – Rotação de uma molécula diatômica: 2 graus de liberdade. – Vibração de uma molécula diatômica: 2 graus de liberdade • H=½mv2+½mω2r2 34 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • “Em temperaturas suficientemente altas...”??? • Se a temperatura é insuficiente para excitar determinado grau de liberdade, determinados estados de um tipo de movimento do sistema, então estes graus de liberdade não contribuem para a energia média por molécula!!!! • Voltando ao nosso gásideal diatômico ... cV T 3 2 R 5 2 R 7 2 R v 3 U T = RT + RT + RT 2 trans rot vib U=U +U +U 35 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Se indicarmos por f o número de graus de liberdade de um determinado sistema teremos: • Usando a definição de cV, vem: 1 E kT 2 1 1 U=NE= NkT= RT 2 2 f f f V V V đQ1 1 U c = dT T R 2 V c f cv é uma medida do número de graus de liberdade ativos do sistema 36 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Gás ideal monoatômico: • Gás ideal diatômico: – T ambiente: • Água, molecula planar: – Três graus de liberdade rotacionais: P V P P V 2 c c R c R 2 c 2 = c f f f 5 3 = 1 67 3 ,f = r v 7 =5 = 1 40 para T>> e T<< 5 ,f r v 8 =6 = 1 33 para T>> e T<< 6 ,f 37 IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2010/2 • Amônia, molecula 3D: – Três graus de liberdade rotacionais: r v 8 =6 = 1 33 para T>> e T<< 6 ,f 38
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