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Infecções Fúngicas, Virais e Bacterianas Fúngicas: candidíase e paracoccidioidomicose Candidíase É a mais comum infecção fúngica em humanos. É causada pelo Candida albicans – fungo dimórfico. Ele pode ser componente normal da microflora bucal (30 a 50% das pessoas) Pode estar presente na forma de levedura ou de hifa. Levedura: inócua – forma normal no organismo Hifa: patogênica Para que haja infecção, depende de três fatores: Estado imunológico do paciente Ambiente da mucosa bucal Cepa da Candida albicans Apresentações clínicas: pode ser desses 3 tipos: Pseudomembranosa: forma mais conhecida - placas brancas presentes na mucosa (removidas à raspagem) Eritematosa – áreas avermelhadas (mais comum) Candidíase crônica hiperplásica (mais raro) Citopatologia: pela coloração PAS permite a pronta visualização das hifas, pseudohifas e leveduras da Candida. O PAS cora carboidratos, existentes abundantemente na parede dos fungos. Características histopatológicas: Hiperparaqueratose (presença de núcleo) e alongamento das cristas epiteliais Presença de hifas de Candida albicans – geralmente na camada de paraqueratina ou na camada superficial do epitélio – raramente acontece! Apenas se o paciente estiver muito imunosuprimido Áreas de microabcesso (presença de neutrófilos degenerados no epitélio) – geralmente próximos às hifas Infiltrado de células inflamatórias crônicas no tecido conjuntivo logo abaixo do epitélio infectado (linfócitos e plasmócitos) Paracoccidioidomicose É uma infecção fúngica profunda, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis. É um fungo dimórfico, mas ao contrário da Candida, na forma de hifa ele é inócuo, mas na forma de levedura é patogênico! É uma doença causada pela inalação dos esporos fúngicos e está presente principalmente no sexo masculino (15:1). Acredita-se que essa grande diferença na proporção seja pelo efeito protetor dos hormônios femininos (uma vez que o B-estradiol inibe a transformação da forma de hifas dos micro-organismos para a forma patogênica de leveduras). Características clínicas Os pacientes com paracoccidioidomicose estão caracteristicamente na meia-idade e muitos são trabalhadores rurais. A maioria dos casos de paracoccidioidomicose apresenta-se inicialmente como uma infecção pulmonar que ocorre após a exposição aos esporos dos micro-organismos. Geralmente são autolimitantes, porém o P. brasiliensis pode se espalhar por via hematogênica ou linfática para uma variedade de tecidos, incluindo linfonodos, pele e glândulas adrenais. As lesões orais se apresentam como úlceras moriformes, geralmente acometendo mucosa alveolar, gengiva e palato. Características Histopatológicas Ulceração do epitélio de superfície Hiperplasia pseudoepiteliomatosa Inflamação granulomatosa - composta por células gigantes multinucleadas (de Langhans – núcleos periféricos em forma de ferradura) e macrófagos epitelióides: é a maneira com que o hospedeiro responde à infecção Presença de levedura no interior das células gigantes **Pode apresentar birrefringência, porque o fungo refrige de duas formas no mesmo local devido à dupla membrana do Paracoccidioides brasiliensis. Coloração: com a coloração Grocott-Gomori é visualizado o brotamento do fungo em aspecto de orelhas de Mickey Mouse. O PAS também identifica o fungo! Infecções Virais Herpes Simples Causada pelo vírus HSV (DNA) da família dos herpes vírus humanos. Os dois tipos de herpes vírus são semelhantes, mas antigenicamente diferentes. O HSV-1 dissemina-se predominantemente através da saliva infectada ou de lesões periorais ativas. O HSV-1 se adapta melhor e atua de forma mais eficiente nas regiões oral, facial e ocular. O HSV-2 se adapta melhor às regiões genitais, sendo transmitido, predominantemente, através do contato sexual, e envolve caracteristicamente a genitália e a pele abaixo da cintura. As infecções clinicamente evidentes pelo HSV-1 exibem dois padrões. Infecção primária: Acontece com a exposição inicial de um indivíduo sem anticorpos para o vírus. Geralmente assintomática em pacientes jovens, e sintomáticas quando em crianças e adultos. Em crianças causa gengivoestomatite herpética primária aguda (herpes primária) e em adultos causa faringotonsilite. A partir daí o vírus segue pelos nervos sensitivos onde permanece em estado latente e pode se deslocar e atingir a pele ou mucosa periférica. Infecção secundária: Ocorre a reativação do vírus, embora alguns pacientes apresentem apenas liberação do vírus na saliva. Características Histopatológicas Degeneração balonizante: acantólise e núcleo claro e aumentado = células de Tzanck Fragmentação nuclear com condensação da cromatina ao redor da periferia do núcleo, causando aspecto de vidro despolido Células adjacentes unidas formando células multinucleadas infectadas pelo vírus Corpúsculo de inclusão Lipschutz: o vírus ainda está replicando a célula Edema intercelular (acantólise), formando vesícula intra-epitelial Membrana fibrinopurulenta: presença de fibrina com neutrófilos degenerados – formado quando a vesícula se rompe Papiloma É uma proliferação benigna do epitélio causada pelo papiloma vírus humano (HPV). Está mais associada ao HPV 6 e 11. O vírus pode tornar-se totalmente integrado ao DNA da célula hospedeira. O modo exato de transmissão é desconhecido. Possuem virulência e taxa de infectividade baixas. Características clínicas Os sítios preferencialmente acometidos incluem a língua, lábios e palato mole É o aumento de volume de tecido mole mais comum que se origina no palato mole É um nódulo macio, indolor, geralmente pediculado com numerosas projeções superficiais digitiformes. Características histopatológicas Proliferação de epitélio escamoso estratificado queratinizado em projeções digitiformes Centro de tecido conjuntivo fibrovascular Os centros de tecido conjuntivo podem apresentar inflamação dependendo da quantidade de trauma provocado pela lesão Camada de queratina espessada nas lesões – com aparência clínica mais branca Coilócitos: células epiteliais claras alteradas pelo vírus, com núcleo picnótico (pequeno e escuro) – localizados nas áreas mais superficiais do epitélio Infecções Bacterianas Sífilis e Tuberculose. Sífilis É uma infecção crônica causada pelo Treponema pallidum – uma espiroqueta anaeróbia. As principais vias de transmissão: contato sexual e da mãe para o feto. Também pode ocorrer por contato com o sangue, saliva e lesões ativas. São duas formas de transmissão: horizontal – de pessoa para pessoa (beijo, relação sexual, sangue), e vertical – de mãe para filho (transplacentária ou na hora do parto se a mãe apresentar lesões ativas nas áreas genitais) Fora das genitálias, a boca é o principal local de manifestação. Características clínicas e histopatológicas A sífilis possui a fase primária, a secundária e a terciária. Características clínicas Sífilis primária: cancro – 3 a 90 dias pós infecção A fase de cancro é o momento onde se forma a primeira lesão, e acontece no local de contato em que a pessoa foi infectada – surge uma pápula, que desenvolve ulceração central. Na maioria das vezes lesão solitária e indolor Na boca, são mais vistas nos lábios. Geralmente estão na genitália > ânus > cavidade oral Linfadenopatia regional Cicatriza dentro de 3 a 8 semanas A partir daí o microrganismo se espalha sistemicamente através dos vasos linfáticos. Características histopatológicas – sífilis primária e secundária Infiltrado inflamatório crônico (células linfócitos e plasmócitos) Ausência de epitélio Padrão perivascular do infiltrado inflamatório – as células inflamatórias se agrupam ao redor dos vasos – áreas mais abaixo do tecido conjuntivo Pode ter membrana fibrinopurulenta: exsudato fibrinoso Na coloração histoquímica de Warthin-Starry mostra organismos de Treponema dispersos – mais encontrados no epitélio de superfície Com técnicas de imunohistoquímica, histoquímica e imunofluorescência o microrganismo é identificado. Sífilis secundária: 4 a 10 semanas pós infecçãoOs sintomas sistêmicos em geral surgem. Roséolas sifilíticas no corpo. Placas mucosas na cavidade oral. Condilomata lata: lesões papilares que podem lembrar papilomas virais Depois da fase secundária o paciente entra em fase de latência onde pode durar décadas e evoluir ou não para a sífilis terciária. Sífilis terciária Características clínicas Comprometimento de órgãos Pode ocorrer aneurisma da aorta ascendente, entre outros O envolvimento do sistema nervoso central pode levar a demência Quando acontece no palato ocorre a destruição do septo do palato, tendo comunicação oro-nasal Focos de inflamação granulomatosa – chamados GOMA Características histopatológicas Superfície ulcerada com hiperplasia pseudoepiteliomatosa periférica GOMA - Padrão característico de inflamação crônica, caracterizado por agregados de macrófagos ativados que formam granulomas A longo prazo os granulomas sofrem fibrose – é a principal causada de disfunção do órgão Mesmo com colorações especiais é difícil evidenciar o microrganismo Sífilis congênita Tríade de Hutchinson: Dentes de Hutchinson: (incisivos em forma de chave de fenda) Molares em amora Surdez, ceratite ocular, retardo mental As crianças infectadas com sífilis podem manifestar sinais dentro de 2 a 3 semanas do nascimento. Tuberculose A tuberculose é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium tuberculosis. As infecções costumam ser o resultado da disseminação direta de pessoa para pessoa por meio de gotículas respiratórias de um paciente com a doença ativa. Tuberculose primária: ocorre em indivíduos não expostos previamente ao microrganismo, envolvendo quase sempre o pulmão. Inicialmente, o microrganismo evoca uma resposta inflamatória crônica inespecífica. Na maioria dos indivíduos, a infecção primária resulta apenas na formação de um nódulo localizado fibrocalcificado no sítio inicial do envolvimento. Podem permanecer latentes pela vida inteira. Tuberculose secundária: É a fase ativa da doença. Ela é ativada por alteração no sistema imune (estado de imunossupressão) ou por uma reativação quando a pessoa é contaminada novamente pelo microrganismo. Pode ocorrer a disseminação difusa através do sistema sanguíneo, produzindo pequenos focos de infecção que lembram macroscópica e radiograficamente, sementes de milho, resultando no apelido tuberculose miliar. AIDS: A AIDS representa um dos fatores de risco mais fortemente associados à progressão da infecção para a doença. A tuberculose secundária é um importante indicador da doença, pois indica que o sistema imune está alterado. Características clínicas São geralmente localizadas no ápice pulmonar, mas podem se propagar por sítios diferentes. Na região de cabeça e pescoço: linfonodos inchados. Na boca se apresentam áreas de úlceras sem características específicas. Características histopatológicas Células gigantes tipo Langhans Macrófagos epitelióides Presença de granuloma Necrose no interior dos granulomas Colorações especiais, como a de Ziehl-Neelsen são necessárias para identificar microrganismos na lesão.
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