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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
Direitos e Garantias Fundamentais 
APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE DIREITO 
PELO PODER JUDICIÁRIO (art.5º, XXXV) 
 O princípio da legalidade é basilar na existência do 
Estado de Direito, determinando a Constituição Federal sua 
garantia, sempre que houver violação do direito, mediante 
lesão ou ameaça (art. 5.°, XXXV). Dessa forma, será chamado a 
intervir o Poder Judiciário, que, no exercício da jurisdição, 
deverá aplicar o direito ao caso concreto. Assim, conforme 
salienta Nelson Nery Júnior, 
 
"podemos verificar que o direito de ação é um direito cívico e 
abstrato, vale dizer, é um direito subjetivo à sentença tout 
court, seja essa de acolhimento ou de rejeição da pretensão, 
desde que preenchidas as condições da ação". 
 
APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE DIREITO 
PELO PODER JUDICIÁRIO (art.5º, XXXV) 
 Importante, igualmente, salientar que o Poder 
Judiciário, desde que haja plausibilidade da ameaça ao direito, 
é obrigado a efetivar o pedido de prestação judicial requerido 
pela parte de forma regular, pois a indeclinabilidade da 
prestação judicial é princípio básico que rege a jurisdição, uma 
vez que a toda violação de um direito responde uma ação 
correlativa, independentemente de lei especial que a 
outorgue. 
 O STF, alterando deu posicionamento anterior, afastou 
verdadeira “barreira ao acesso ao Poder Judiciário”, como 
definido pelo Ministro Eros Grau, ao declarar inconstitucional 
“toda a exigência de depósito prévio ou arrolamento prévios 
de dinheiro ou bens, para admissibilidade de recurso 
administrativo”. 
 
APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE DIREITO 
PELO PODER JUDICIÁRIO (art.5º, XXXV) 
Inexistência da jurisdição condicionada ou instância 
administrativa de curso forçado 
 
 Inexiste a obrigatoriedade de esgotamento da instância 
administrativa para que a parte possa acessar o Judiciário. A 
Constituição Federal de 1988, diferentemente da anterior, 
afastou a necessidade da chamada jurisdição condicionada ou 
instância administrativa de curso forçado, pois já se decidiu 
pela inexigibilidade de exaurimento das vias administrativas 
para obter-se o provimento judicial, uma vez que excluiu a 
permissão, que a Emenda Constitucional n.° 7 à Constituição 
anterior estabelecera, de que a lei condicionasse o ingresso 
em juízo à exaustão das vias administrativas, verdadeiro 
obstáculo ao princípio do livre acesso ao Poder Judiciário. 
 
APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE DIREITO 
PELO PODER JUDICIÁRIO (art.5º, XXXV) 
Inexistência da obrigatoriedade de duplo grau de 
jurisdição 
 
 Como observa Nelson Nery Júnior, 
 
"as constituições que se lhe seguiram (à de 1824), 
limitaram-se a apenas mencionar a existência de 
tribunais, conferindo-lhes competência recursal. 
Implicitamente, portanto, havia previsão para a 
existência do recurso. Mas, frise-se, não garantia 
absoluta ao duplo grau de jurisdição". 
 
 
 
APRECIAÇÃO DE LESÃO OU AMEAÇA DE DIREITO 
PELO PODER JUDICIÁRIO (art.5º, XXXV) 
 Essa é a orientação do Supremo Tribunal Federal afastando 
qualquer inconstitucionalidade das decisões em que não haja recurso 
para nenhum tribunal, afirmando, ao analisar a inexistência de 
recursos de mérito na decisão do Senado Federal no julgamento de 
crimes de responsabilidade (CF, art. 52, I), que "isto nada tem de 
inaudito. Da decisão do STF nas infrações penais comuns em que 
figure como acusado o Presidente da República (bem como o Vice-
presidente, os membros do Congresso, os seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República), art. 102, I, a, da CF, também não há 
recurso algum, nem para outro tribunal, nem para o Senado". 
 
 Assim, proclamou o Supremo Tribunal Federal que "o duplo 
grau de jurisdição, no âmbito da recorribilidade ordinária, não 
consubstancia garantia constitucional”. 
 
 
DIREITO ADQUIRIDO, ATO JURÍDICO PERFEITO E 
COISA JULGADA (ART. 5.°, XXXVI) 
 A Constituição Federal afirma que a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada. 
 
 Não se pode desconhecer, porém, que em 
nosso ordenamento positivo, inexiste definição 
constitucional de direito adquirido. Na realidade, o 
conceito de direito adquirido ajusta-se à concepção 
que lhe dá o próprio legislador ordinário, a quem 
assiste a prerrogativa de definir, normativamente, o 
conteúdo evidenciador da ideia de situação jurídica 
definitivamente consolidada. 
DIREITO ADQUIRIDO, ATO JURÍDICO PERFEITO E 
COISA JULGADA (ART. 5.°, XXXVI) 
 Em nível doutrinário, o direito adquirido, segundo Celso 
Bastos, 
 
"constitui-se num dos recursos de que se vale a Constituição para 
limitar a retroatividade da lei. Com efeito, esta está em constante 
mutação; o Estado cumpre o seu papel exatamente na medida em que 
atualiza as suas leis. No entretanto, a utilização da lei em caráter 
retroativo, em muitos casos, repugna porque fere situações jurídicas 
que já tinham por consolidadas no tempo, e esta é uma das fontes 
principais da segurança do homem na terra". 
 
 Ademais, direito adquirido é o direito que o seu titular, ou 
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício 
tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a 
arbítrio de outrem. 
 
DIREITO ADQUIRIDO, ATO JURÍDICO PERFEITO E 
COISA JULGADA (ART. 5.°, XXXVI) 
ATO JURÍDICO PERFEITO 
 
É o ato já consumado segundo a li vigente ao 
tempo em que se efetuou 
 
"É aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os 
elementos necessários a sua formação, debaixo da 
lei velha. Isto não quer dizer, por si só, que ele 
encerre em seu bojo um direito adquirido. Do que 
está o seu beneficiário imunizado é de oscilações 
de forma aportadas pela lei nova." 
 
 
DIREITO ADQUIRIDO, ATO JURÍDICO PERFEITO E 
COISA JULGADA (ART. 5.°, XXXVI) 
O princípio constitucional do respeito ao ato jurídico perfeito se aplica às leis de ordem pública, 
pois, 
 
"em linha de princípio, o conteúdo da convenção que as partes julgaram conveniente, ao contratar, 
é definitivo. Unilateralmente, não é jurídico entender que uma das partes possa modificá-lo. 
Questão melindrosa, todavia, se põe, quando a alteração de cláusulas do ajuste se opera pela 
superveniência de disposição normativa. Não possui o ordenamento jurídico brasileiro preceito 
semelhante ao do art. 1.339, do Código Civil italiano, ao estabelecer: As cláusulas, os preços de 
bens ou de serviços, impostos pela lei, são insertos de pleno direito no contrato, ainda que em 
substituição das cláusulas diversas estipuladas pelas partes. A inserção de cláusulas legais, assim 
autorizadas, independentemente da vontade das partes, reduz, inequivocamente, a autonomia 
privada e a liberdade contratual. Decerto, nos países cuja legislação consagra regra da extensão do 
preceito transcrito do direito italiano, as modificações dos contratos em cujo conteúdo se 
introduzam, por via da lei, cláusulas novas em substituição às estipuladas pelas partes 
contratantes, a aplicação imediata das denominadas leis interventivas aos contratos em curso há 
de ser admitida, como mera conseqüência do caráter estatutário da disciplina a presidir essas 
relações jurídicas, postas sob imediata inspiração do interesse geral, enfraquecido, pois, o 
equilíbrio decorrente do acordo das partes, modo privato, da autonomia da vontade. Essa 
liberdade de o legislador dispor sobre a sorte dos negócios jurídicos, de índole contratual, neles 
intervindo, com modificações decorrentes de disposições legais novas não pode ser visualizada, 
com idêntica desenvoltura, quando o sistema jurídico prevê, em norma de hierarquia 
constitucional, limite à ação do legislador, de referência aos atos jurídicos perfeitos. Ora, no Brasil, 
estipulando o sistema constitucional, no art. 5.°, XXXVI, da Carta Política de 1988, que a lei não 
prejudicaráo direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, não logra assento, assim, 
na ordem jurídica, a assertiva segundo a qual certas leis estão excluídas da incidência do preceito 
maior mencionado”. 
 
DIREITO ADQUIRIDO, ATO JURÍDICO PERFEITO E 
COISA JULGADA (ART. 5.°, XXXVI) 
COISA JULGADA 
 
"é a decisão judicial transitada em julgado", ou seja, "a decisão judicial de que já não caiba 
recurso" (Lei de Introdução as normas do Direito, art. 6.° § 3.°). 
 
 Na coisa julgada, 
 
“o direito incorpora-se ao patrimônio de seu titular por força da proteção que recebe da 
imutabilidade da decisão judicial. Daí falar-se em coisa julgada formal e material. Coisa julgada 
formal é aquela que se dá no âmbito do próprio processo. Seus efeitos restringem-se, pois, a 
este, não o extrapolando. A coisa julgada material, ou substancial, existe, nas palavras de 
Couture, quando à condição de inimpugnável no mesmo processo, a sentença reúne a 
imutabilidade até mesmo em processo posterior (Fundamentos do direito processual civil). Já 
para Wilson de Souza Campos Batalha, coisa julgada formal significa sentença transitada em 
julgado, isto é, preclusão de todas as impugnações, e coisa julgada material significa o bem da 
vida, reconhecido ou denegado pela sentença irrecorrível. O problema que se põe, do ângulo 
constitucional, é o de saber se a proteção assegurada pela Lei Maior é atribuída tão-somente à 
coisa julgada material ou também à formal. O art. 5.°, XXXIV da Constituição Federal, não faz 
qualquer discriminação; a distinção mencionada é feita pelos processualistas. A nosso ver, a 
Constituição assegura uma proteção integral das situações de coisa julgada”. 
 
 
 Lei de Introdução as normas do 
Direito, art. 6º 
DIREITO ADQUIRIDO: é o direito que o seu titular, ou alguém por ele, 
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo 
prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
 
ATO JURÍDICO PERFEITO: é o ato já consumado segundo a li vigente ao 
tempo em que se efetuou 
 
COISA JULGADA: é a decisão judicial de que já não caiba recurso 
 
OBS: Súmula Vinculante n. 1: “ofende a garantia cnstitucional do ato 
jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso 
concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de 
termo de adesão instituído pela Lei Complementar n. 110/2001” 
 
 
DIREITO DE CERTIDÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 O direito de certidão foi consagrado como 
o direito líquido e certo de qualquer pessoa à 
obtenção de certidão para defesa de um direito, 
desde que demonstrado seu legítimo interesse. 
 A esse direito corresponde a 
obrigatoriedade do Estado, salvo nas hipóteses 
constitucionais de sigilo, em fornecer as 
informações solicitadas, sob pena de 
responsabilização política, civil e criminal. 
 
DIREITO DE CERTIDÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 Ressalte-se que o direito à expedição de certidão 
engloba o esclarecimento de situações já ocorridas, 
jamais sob hipóteses ou conjecturas relacionadas a 
situações ainda a serem esclarecidas. 
 A negativa estatal ao fornecimento das 
informações englobadas pelo direito de certidão 
configura o desrespeito a um direito líquido e certo, por 
ilegalidade ou abuso de poder, passível, portanto, de 
correção por meio de mandado de segurança. 
 
DIREITO DE CERTIDÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 Celso de Mello aponta os pressupostos necessários 
para a utilização do direito de certidão: 
I. legítimo interesse (existência de direito individual ou 
da coletividade a ser defendido); 
II. ausência de sigilo; 
III. res habilis (atos administrativos e atos judiciais são 
objetos certificáveis). 
 
 Como salienta o autor, "é evidente que a 
administração pública não pode certificar sobre 
documentos inexistentes em seus registros" e indicação 
de finalidade. 
 
DIREITO DE CERTIDÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 O art. 5.°, XXXIV da Constituição Federal assegura a 
obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa 
de direitos e esclarecimento de situações de interesse 
pessoal, independentemente do pagamento de taxas. 
 Em regra, não poderá o Poder Público negar-se a 
fornecer as informações solicitadas, sob pena de sua 
responsabilização civil, bem como de responsabilização 
pessoal de seus servidores inertes, pois, como decidiu o 
Superior Tribunal de Justiça, 
 
"a garantia constitucional que assegura a todos a obtenção de 
certidões em repartições públicas é de natureza individual, 
sendo obrigatória a sua expedição quando se destina à defesa 
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal 
do requerente”. 
 
DIREITO DE CERTIDÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 A exceção ocorrerá na hipótese de sigilo imposto pela 
segurança da sociedade e do Estado. 
 A Lei 11.111 05/2005, determina que o acesso aos 
documentos públicos de interesse particular ou de interesse 
coletivo ou geral será ressalvado exclusivamente nas 
hipóteses em que o sigilo seja ou permaneça imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado. 
 Essa lei ainda estabelece que os documentos públicos 
que contenham informações relacionadas à intimidade, vida 
privada, honra e imagem de pessoas, e que sejam ou venham 
a ser de livre acesso, poderão ser franqueadas por meio de 
certidão ou cópia do documento, desde que se proteja o 
preceito constitucional do art. 5º, X, não apresentando esses 
dados. 
 
 
DIREITO DE PETIÇÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
Histórico e conceito 
 
 Historicamente, o direito de petição nasceu na Inglaterra, durante a 
Idade Média, através do right of petition, consolidando-se no Bill of Rights de 
1689, que permitiu aos súditos que dirigissem petições ao rei. Igualmente foi 
previsto nas clássicas Declarações de Direitos, como a da Pensilvânia de 1776 
(art. 16), e também na Constituição francesa de 1791 (art. 3.°). 
 Pode ser definido como o direito que pertence a uma pessoa de 
invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou uma situação. 
 A Constituição Federal consagra no art. 5.°, XXXIV o direito de 
petição aos Poderes Públicos, assegurando-o a todos, independentemente do 
pagamento de taxas, em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de 
poder. A Constituição Federal de 1988 não obsta o exercício do direito de 
petição coletiva ou conjunta, através da interposição de petições, 
representações ou reclamações efetuadas conjuntamente por mais de uma 
pessoa. Observe-se que essa modalidade não se confunde com as petições 
em nome coletivo que são aquelas apresentadas por uma pessoa jurídica em 
representação dos respectivos membros. 
 
DIREITO DE PETIÇÃO 
Natureza 
 
 O direito em análise constitui uma prerrogativa 
democrática, de caráter essencialmente informal, apesar de 
sua forma escrita, e independe de pagamento de taxas. Dessa 
forma, como instrumento de participação político-
fiscalizatório dos negócios do Estado que tem por finalidade a 
defesa da legalidade constitucional e do interesse público 
geral, seu exercício está desvinculado da comprovação da 
existência de qualquer lesão a interesses próprios do 
peticionário. 
 Acentue-se que, pela Constituição brasileira, apesar de 
direito de representação possuir objeto distinto do direito de 
petição, instrumentaliza-se por meio deste. 
 
DIREITO DE PETIÇÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
Legitimidade ativa e passiva 
 
 A Constituição Federal assegura a qualquer 
pessoa, física ou jurídica, nacional ou 
estrangeira, o direito de apresentar reclamações 
aos Poderes Públicos, Legislativo, Executivo e 
Judiciário, bem como ao Ministério Público, 
contra ilegalidade ou abuso de poder. 
 
DIREITO DE PETIÇÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
Finalidade 
 
 A finalidade do direito de petição é dar-se notícia do fato ilegal 
ou abusivo ao Poder Público, para queprovidencie as medidas 
adequadas. O exercício do direito de petição não exige seu 
endereçamento ao órgão competente para tomada de providências, 
devendo, pois, quem a receber, encaminhá-la à autoridade 
competente. 
 Na legislação ordinária, exemplo de exercício do direito de 
petição vem expresso na Lei n.° 4.898/65 (Lei de Abuso de 
Autoridade), que prevê em seu art. 1.°: 
 
"O direito de representação e o processo de responsabilidade 
administrativa, civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de 
suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente Lei." 
 
DIREITO DE PETIÇÃO 
(art. 5º, XXXIV) 
 O direito de petição possui eficácia constitucional, obrigando 
as autoridades públicas endereçadas ao recebimento, ao exame e se 
necessário for, à resposta em prazo razoável, sob pena de configurar-se 
violação ao direito líquido e certo do peticionário, sanável por 
intermédio de mandado de segurança. Note-se que, apesar da 
impossibilidade de obrigar-se o Poder Público competente a adoção de 
medidas para sanar eventuais ilegalidades ou abusos de poder, haverá 
possibilidade, posterior, de responsabilizar o servidor público omisso, 
civil, administrativa e penalmente. 
 O Direito de Petição não poderá ser utilizado como sucedâneo 
da ação penal, de forma a oferecer-se, diretamente em juízo criminal, 
acusação formal em substituição ao Ministério Público. A Constituição 
Federal prevê uma única e excepcional norma sobre ação penal 
privada subsidiária da pública (CF, art. 5.°, LIX), que somente poderá 
ser utilizada quando da inércia do Ministério Público, ou seja, quando 
esgotado o prazo legal não tiver o Parquet oferecido denúncia, 
requisitado diligências ou proposto o arquivamento, ou ainda nas 
infrações de menor potencial ofensivo, oferecido a transação penal. 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º, V) 
 A Constituição Federal prevê o direito de 
indenização por dano material, moral e à imagem, 
consagrando, no inciso V, do art. 5.°, ao ofendido a total 
reparabilidade em virtude dos prejuízos sofridos. 
 A norma pretende a reparação da ordem jurídica 
lesada, seja por meio de ressarcimento econômico, seja 
por outros meios, por exemplo, o direito de resposta. 
 O art. 5.°, V não permite qualquer dúvida sobre a 
obrigatoriedade da indenização por dano moral, inclusive 
a cumulatividade dessa com a indenização por danos 
materiais. 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º, V) 
 Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, 
"sobrevindo, em razão de ato ilícito, perturbação nas 
relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos e 
nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral, 
passível de indenização”, inclusive em relação aos danos 
estéticos. 
 Como ensina Rui Stocco, "pacificado, hoje, o 
entendimento de que o dano moral é indenizável e 
afastadas as restrições, o preconceito e a má vontade que 
a doutrina pátria e alienígena impunham à tese, com o 
advento da nova ordem constitucional (CF/88), nenhum 
óbice se pode, a priori, antepor à indenizabilidade 
cumulada". 
 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º, V) 
 Limongi França traz-nos o conceito de dano moral, 
afirmando ser aquele que, direta ou indiretamente, a 
pessoa física ou jurídica, bem assim a coletividade, sofre 
no aspecto não econômico dos seus bens jurídicos. 
 Ressalte-se, portanto, que a indenização por danos 
morais terá cabimento seja em relação à pessoa física, 
seja em relação à pessoa jurídica e até mesmo em relação 
às coletividades (interesses difusos ou coletivos); mesmo 
porque são todos titulares dos direitos e garantias 
fundamentais desde que compatíveis com suas 
características de pessoas artificiais. 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º,V) 
DIREITO DE RESPOSTA OU RÉPLICA 
 
 A consagração constitucional do direito de 
resposta proporcional ao agravo é instrumento 
democrático moderno previsto em vários 
ordenamentos jurídico-constitucionais, e visa 
proteger a pessoa de imputações ofensivas e 
prejudiciais a sua dignidade humana e sua 
honra. 
 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º, V) 
 A abrangência desse direito fundamental é ampla, 
aplicando-se em relação a todas as ofensas, configurem 
ou não infrações penais. 
 Nesse sentido, lembremo-nos da lição de Rafael 
Bielsa, para quem existem fatos que, mesmo sem 
configurar crimes, acabam por afetar a reputação alheia, 
a honra ou o bom nome da pessoa, além de também 
vulnerarem a verdade, cuja divulgação é de interesse 
geral. O cometimento desses fatos pela imprensa deve 
possibilitar ao prejudicado instrumentos que permitam o 
restabelecimento da verdade, de sua reputação e de sua 
honra, por meio do exercício do chamado direito de 
réplica ou de resposta. 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º,V) 
 O exercício do direito de resposta, se 
negado pelo autor das ofensas, deverá ser 
tutelado pelo Poder Judiciário, garantindo-se o 
mesmo destaque à notícia que o originou. 
Anote-se que o ofendido poderá desde logo 
socorrer-se ao Judiciário para a obtenção de seu 
direito de resposta constitucionalmente 
garantido, não necessitando, se não lhe 
aprouver, tentar entrar em acordo com o 
ofensor. 
 
 INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, 
MORAL OU A IMAGEM (art. 5º,V) 
 A Constituição Federal estabelece como requisito para 
o exercício do direito de resposta ou réplica a 
proporcionalidade, ou seja, o desagravo deverá ter o mesmo 
destaque, a mesma duração (no caso de rádio e televisão), o 
mesmo tamanho (no caso de imprensa escrita), que a notícia 
que gerou a relação conflituosa. A responsabilidade pela 
divulgação do direito de resposta é da direção do órgão de 
comunicação, e não daquele que proferiu as ofensas. 
 Ressalte-se que o conteúdo do exercício do direito de 
resposta não poderá acobertar atividades ilícitas, ou seja, ser 
utilizado para que o ofendido passe a ser o ofensor, 
proferindo, em vez de seu desagravo, manifestação caluniosa, 
difamante, injuriosa. 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
(art. 5º, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XXVI) 
 Assegura-se o direito de propriedade, que 
deverá atender à sua função social, nos termos 
do art. 182,§2º e 186 da CF. 
 O direito de propriedade não é absoluto, 
visto que a propriedade poderá ser 
desapropriada por necessidade ou utilidade 
pública e, desde que esteja cumprindo a sua 
função social, será paga justa e prévia 
indenização em dinheiro (art. 5º, XXIV). 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
(art. 5º, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XXVI) 
 Quando a propriedade não está atendendo à 
sua função social, poderá haver a chamada 
desapropriação-sanção pelo Município com 
pagamentos em títulos da dívida pública (art. 182, 
§4º, III) ou com títulos da dívida agrária, pela União 
Federal, para fins de reforma agrária (art. 184), não 
abrangendo, neste caso, a desapropriação para fins 
de reforma agrária da pequena e média 
propriedade rural, assim definida em lei, e não 
tendo seu proprietário outra propriedade e ainda 
sendo produtiva (art 185, I e II). 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
(art. 5º, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XXVI) 
 Quanto à propriedade urbana, a 
desapropriação-sanção é a última medida, já que, 
primeiro, procede-se ao parcelamento ou 
edificação compulsória e, em seguida, à imposição 
de IPTU progressivo no tempo, para, só então, 
passar-se à desapropriação-sanção. 
 OBS: é assegurada à pequena propriedade 
rural, desde que trabalhada pela família a 
impenhorabilidade para pagamento de débitos 
decorrentes de sua atividade produtiva. 
PROPRIEDADE INTELECTUAL 
(art.5º, XXVII, XXVIII, XXIX) 
 A CF os define da seguinte maneira: 
• Aos autores pertence o direito exclusivo deutilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo 
que a lei fixar; 
• São assegurados nos termos da lei: a) a proteção às participações 
individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz 
humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de 
fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem 
ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às 
respectivas representações sindicais e associativas; 
• A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio 
temporário para a sua utilização, bem como proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a 
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
DIREITO DE HERANÇA E ESTATUTO 
SUCESSÓRIO (art. 5º, XXX, XXXI) 
 Num conceito simplório e essencialmente 
materialista, o direito à herança é o direito ao 
patrimônio – composto de bens móveis, imóveis, 
créditos e obrigações – de uma pessoa que deixa de 
existir. 
 Nesse sentido, o direito de herança existe em 
praticamente toda sociedade juridicamente 
organizada, em virtude da necessidade de 
transmissão dos bens adquiridos em vida pelo 
falecido e, até mesmo, diante dos próprios 
sentimentos daquele que se vai. 
DIREITO DE HERANÇA E ESTATUTO 
SUCESSÓRIO (art. 5º, XXX, XXXI) 
 Coerente com a organização política deste país, o legislador 
constitucional brasileiro protege o direito de herança, caracterizando-
o como fundamental mediante o dispositivo do artigo 5º, inciso XXX, 
que dispõe: “É garantido o direito de herança.” 
 
 Ao incluir a herança entre os direitos fundamentais, a 
Constituição da República garantiu proteção ao instituto, remetendo 
ao legislador ordinário a tarefa de traçar as regras de direito material, 
conforme consta do último livro do Código Civil, que se inicia pelo 
artigo 1.784. 
 
 Induvidosamente, pois, à semelhança do que acontece com o 
direito de propriedade, o direito hereditário é considerado de primeira 
geração e, como tal, deve ser respeitado, mediante o correto manejo 
das regras da legislação ordinária. 
DIREITO DE HERANÇA E ESTATUTO 
SUCESSÓRIO (art. 5º, XXX, XXXI) 
 A CF, no art.5º, XXXI, traz regra específica 
sobre a sucessão de bens estrangeiros situados 
no País, que será regulada pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, 
sempre que não lhes seja mais favorável a lei 
pessoal do de cujus. 
DIREITO DE HERANÇA E ESTATUTO 
SUCESSÓRIO (art. 5º, XXX, XXXI) 
 De acordo com Celso de Mello, 
 
“a sucessão de estrangeiro domiciliado no Brasil reger-se-á, como é 
óbvio, pela lei brasileira (critério do jus domicilii). Contudo, se a lei 
nacional do de cujos estrangeiro, aqui domiciliado, for mais favorável 
ao cônjuge supérstite ou aos filhos brasileiros, aplicar-se-á aquele 
ordenamento jurídico (critério do jus patrie). De outro lado, não sendo, 
o de cujos, estrangeiro domiciliado no Brasil, nem o seu estatuto 
pessoal mais favorável ao cônjuge ou aos filhos brasileiros reger-se-a a 
sucessão dos bens aqui localizados pelo direito brasileiro (critério do 
forum rei sitae)... Isso significa que, em nosso direito, prevalece, como 
regra geral, o princípio da unidade da sucessão ou do estatuto 
sucessório. Os diversos elementos ou circunstâncias de conexão, já 
referidos, de natureza pessoal e real, tornam possível solucionar o 
problema dos conflitos de leis no espaço, ensejando, dessa forma, a 
aplicação do estatuto jurídico pertinente.”

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