163 pág.

Pré-visualização | Página 15 de 50
refundir os códigos anteriores – Gregoriano, Hermogeniano e Teodosiano e acrescentar-lhes as constituições recentes. Esse primeiro Codex (529) não chegou até nós, sendo substituído por outro em 534. A obra de Justiniano, ou seja, Corpus Júris Civilis que chegou até nos consta de quatro partes: 1ª - Digesto (compilação dos jura); 2ª - Institutas (manual escolar); 3ª - Código (compilação das leges); 4ª - Novelas (reunião das constituições). Digesto, feita a compilação da leges (Codex Vetus – 529, hoje perdido), faltava agora compilar os juras; projeto que ficou a cargo de Triboniano que formou uma comissão de professores de direito e advogados, entre os quais se inscreviam Constantino, Teófilo e Cratino de Constantinopla, Doroteu, Isidoro e Anatólio, da Universidade de Berito que concluíram o trabalho em trás anos (governo calculou dez anos), era o Digetos ou Pandectas. Na Constituição ―Deo auctore de conceptione Digestorum‖, de 15/12/530, Justiniano expôs seu programa referente à obra, que se diferenciava do Código, por não ter havido anteriormente trabalho do mesmo gênero. A massa da jurisprudência era enorme, foram pesquisados mais de 1500 livros escritos por jurisconsultos da época clássica Ao todo o trabalho forma um texto de 150 000 linhas. O Digesto teve um terço tirado das obras de Ulpiano, um sexto das de Paulo. Já em 426 a Lei das Citações tinha dado força de lei aos escritos de cinco dos juristas da época clássica: Gaio, Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino O Digesto continua a ser a principal fonte para o estudo e aprofundamento do Direito Romano, o compreendem 50 livros, distribuídos em 7 partes. Os livros são divididos em títulos, os títulos em fragmentos estes em principium e parágrafos. Os fragmentos são numerados e indicam o nome do jurisconsulto que os redigiu, bem como o livro da obra originária. 59 As Institutas ou Institutiones Justiniani ou Elementa formam um Manual de Direito Privado Romano, destinado ao ensino do Direito em Constantinopla. As Institutas tiveram 56 O Imperador Codificador sucedeu o seu tio Justino, que o adotara, mudando o seu nome eslavo Upranda para o de Jutiniano. 57 TEODORA, mulher arrancada de um antro de degradação, era prepotente, ambiciosa, e extremamente corajosa, conta-se que por ocasião da revolta de Nike (532), Justiniano, julgando-se perdido, prepara-se para abandonar o Governo, mas toma-se de brios e volta ao ouvir Teodora exclamar: ―Vai, César, se queres fugir. Os navios te esperam. Eu fico. A púrpura é uma bela mortalha‖. 58 Alguns historiadores atribuem ao romanista francês Dionísio Gotofredo a expressão Corpus Júris Civilis, que teria sido usada em 1583 na edição feita por aquele erudito jurista. 59 Cf. J. CRETELLA JÚNIOR. Curso de Direito Romano. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1990, p. 71. 36 por modelo os Comentários de Gaio. Obra muito mais clara e sistemática que o Digesto, foi redigida por dois professores, Doroteu e Teófilo, sob a orientação de Triboniano. Em 533 Justiniano aprovou o texto e deu-lhe força de lei. O Novo Código ou Segundo Código tornou-se necessário, por que entre a publicação do Codex Vetus e o Digesto, várias novas constituições foram publicadas. Esse segundo Código foi publicado em 534, seguindo o mesmo sistema do anterior é dividido em 12 livros, subdivididos em títulos e estes em constituições. O Código começa por uma invocação a Cristo, afirmando a fé de Justiniano. Os outros Títulos do Livro I são consagrados às fontes do Direito, ao direito de asilo a às funções públicas. O Livro II trata do processo. Os Livros III a VIII trata do direito privado, o Livro IX cuida do Direito Penal e os Livros X a XII tratam de Direito Administrativo e Fiscal. As Novelas ou Autênticas são formadas por um conjunto de novas Constituições Imperiais, decretadas por Justiniano, entre 535 e 565. A maioria foi escrita em língua grega e contém reformas importantes, no direito hereditário e matrimonial. Elas foram registradas e conservadas nos arquivos do palácio, sendo divulgadas, mais tarde em coleção sem o cunho oficial. Entre essas coleções se distingue a elaborada por Juliano, professor de Constantinopla. Essa é a mais antiga coleção acompanhada de 125 novelas intitulada Juliani Novellarum Epítome, e a organizada por João de Antioquia. Merece destaque, também, o Corpus Authenticarum, tanto na versão latina como na grega, pois respeita integralmente a letra e o espírito das novelas de Justiniano. As Novelas latinas e gregas, acrescidas de outros elementos, passaram a fazer parte do Corpus Juris com o nome de Authenticae seu Novellae Constitutiones Divi Justiniani. As Interpolações. Ensina o mestre Moreira Alves: 60 ―Também chamadas de Tribonianismos. Foram criadas para que os iuras a as leges constantes no Corpus Iuris Civilis pudessem ter aplicações praticas. Constavam de substituições, supressões ou acréscimos nos fragmentos dos jurisconsultos clássicos ou nas constituições imperiais. Dessas interpolações, destacamos os glosemas denominações, de modo geral, dos erros dos copistas ou alterações introduzidas nas obras dos juristas clássicos, antes de Justiniano, como o que aconteceu no Código Teodosiano. O estudo das interpolações só foi realmente desenvolvido pelos glosadores 61 na Renascença, quando jurisconsultos da Escola Culta procuraram restauram o direito clássico romano, em sua forma mais pura‖. 6 - A Influência do Cristianismo no Direito Romano Em 313, o imperador Constantino convertido ao Cristianismo fez publicar o Édito de Milão, que instituía a tolerância religiosa no império, beneficiando principalmente os cristãos Tornando-se, o cristianismo, religião oficial do Império. 62 Em 391, Teodósio I oficializou o cristianismo nos territórios romanos e perseguiu os dissidentes. ―Saindo da sua semiclandestinidade, a Igreja torna-se assim uma instituição do Estado. A sua organização territorial é estabelecida de acordo-com o modelo de administração do 60 Cf. JOSÉ CARLOS Moreira Alves. Direito Ro mano, Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 61. 61 -OS GLOSADORES tinham conhecimento das interpolações e procuraram usa-las. 62 - 28 de outubro 312 Constantino vence Magêncio na Batalha da Ponte Mílvio, o que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: I hoc signo vinces "Sob este símbolo vencerás" 37 Império Romano. E, aliás, graças à Igreja que alguns vestígios desta administração subsistirão em plena Idade Média. Em cada província romana, havia um arcebispo; em cada civitas (que se tornará diocese ou episcopado), um bispo, que tinha sob a sua dependência o clero das paróquias. A competência do bispo era muito extensa; ele era auxiliado, no domínio religioso, por padres e no domínio laico (nomeadamente para a administração dos bens da Igreja.) por arquidíáconos e diáconos‖. 63 Cristograma de Constantino Autores medievais afirmaram que graças as idéias cristãs o Direito Romano teve um grade desenvolvimento, ―principalmente no direito da família, quanto à escravidão (que não foi extinta, mas melhorou muito a vida do escravo) e aos direitos patrimoniais‖ 64 DIREITO GERMÂNICO 1 - Introdução. Para falar de Direito Germânico é o importante estudo do Direito na Idade Média, pois as instituições e os sistemas jurídicos existentes nas diversas nações bárbaras de origem teutônica que se apossaram da Europa após a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476.