163 pág.

Pré-visualização | Página 31 de 50
como a nossa primeira Constituição republicana ou Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada no dia 24/2/1891. Estabeleceu um sistema de governo presidencialista e adotou a federação como forma de Estado, passando às antigas províncias a condição de Estados autônomos, formadores da União perpétua e indissolúvel do nosso território. A grande figura da Constituinte foi o jurista Rui Barbosa a quem faltou sensibilidade política e sociológica para pressentir que um arcabouço formal baseado no modelo constitucional norte-americano, completado com disposições das Constituições Argentina e Suíça não atenderia a nossa cultura, pois lhe faltava vinculação com a nossa realidade. Rui Barbosa Foi abandonada a divisão quadripartita vigente no Império, de inspiração do francês Benjamin Constant e adotada a doutrina tripartita de 106 Cf. JOSÉ AFONSO da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo, 10ª ed, Rio de Janeiro, Malheiros Editores, 1995, p. 78. 77 Montesquieu, estabelecendo no art 15 como ―órgão da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo, e o Judiciário, harmônicos e independentes entre si‖. Firmara a autonomia dos Estados-Membros o que resultou na ―política dos Governadores‖ e conseqüentemente no coronelismo, que dominou e foi uma das principais causas da queda da Primeira República. A Constituição de 1891 abria a seção II do Título IV, enunciando uma Declaração de Direitos, onde assegurava aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança e à propriedade . Promulgação da Constituição de 1891 Em 1926 a Constituição foi emendada, para adequá-la à realidade o que não impediu a revolução de 1930, chefiada por Getúlio Vargas A Constituição de 1934. Com a revolução de 1930, Getúlio Vargas (1930 – 1946) chega ao poder como líder civil do movimento, investido na função de Presidente Provisório da República. Dissolve o Congresso e passa a governar por Decretos, intervém nos Estados, liquidando a ―política dos governadores” e procura afastar a influência dos coronéis. Vargas inclina-se para a questão social criando os Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde, Industria e Comércio. Designa Francisco Campos para a pasta da Educação, que a muito estava entorpecida e desalentada e Lindolfo Color para a do Trabalho, época em que foi criada a base de nossa Legislação Trabalhista. Reforma o sistema eleitoral e institui a Justiça Eleitoral para julgar a validade das eleições. Pelo decreto de 3/5/32 Getulio marca eleições à Assembléia Constituinte para 3/5/33. Em 9 de julho estoura a Revolução Constitucionalista em São Paulo, cujo lema foi, ―Tudo pela Constituição‖, chefiada pelo General Isidoro Dias Lopes, cujo imediato foi o coronel Euclides de Figueiredo, durou 70 dias e foi vencida pelo Ditador que manteve o Decreto de convocação das eleições. Organizada a Assembléia Constituinte, presidida por Antonio Carlos, ela nos dá em 16 de julho de 1934 a segunda Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, marco inicial de Segunda República. A nova Constituição manteve os princípios formais e fundamentais da anterior, mas trouxe um vasto conteúdo novo, principalmente de influência da Constituição alemã de Weimar: Ampliou os poderes da União; dispôs sobre os poderes concorrentes entre a União e os Estados- Membros; rompeu com o bicameralismo, atribuindo o exercício do Poder Legislativo apenas à Câmara dos Deputados, transformando o Senado em órgão de colaboração desta; criou a Justiça Eleitoral, como órgão do Poder Judiciário; adotou o voto feminino; estabeleceu ao lado de representação política tradicional, a representação corporativa inspirada na ―Carta Del Lavoro‖ da Itália fascista; Ao lado da clássica Declaração de Direitos, abriu um título especial, nele inscrevendo o titulo ―Da Ordem Econômica e Social‖ e outro ―a Família, a Educação e a Cultura‖. Reconhecendo, ainda que, de maneira pouco eficaz, os direitos econômicos e sociais do homem; etc. 78 Constituição de 1937. Com o impacto das ideologias que grassavam no mundo após a 1ª Grande Guerra, surge no Brasil um barulhento e virulento partido fascista – a Ação Integralista Brasileira, cujo chefe, Plínio Salgado, se preparava para empolgar o Poder; reorganiza-se o Partido Comunista, aguerrido e altamente disciplinado, cujo chefe, Luís Carlos Prestes, também aspirava ao Poder. Vargas, em 10 de novembro de 1937 alegando o perigo antidemocrático dessas ideologias, dá um golpe de Estado, dissolve a Câmara e o Senado, revoga a Constituição de 1934 e outorga a Carta Constitucional de 10/11/37, criando o Estado Novo ou Estado Nacional. AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA LUÍS CARLOS PRESTES VARGAS A Constituição de 1937 é ditatorial na forma, no conteúdo e na aplicação: fortalece o Poder Executivo que pode governar por Decretos-Leis; confere ao Estado a função de orientador e coordenador da economia nacional; nacionaliza certas atividades e fontes de riquezas; etc. A Carta de 1937, apesar de conter no art. 122 uma Declaração de Direitos e Garantias Individuais, o Governo primou pelo total desrespeito aos direitos do homem, especialmente os concernentes às relações políticas. A Constituição de 1946. Após a 2ª Grande Guerra começaram os movimentos para a redemocratização do Brasil, culminando com a deposição em 29 de outubro de 1945 de Getulio Vargas e a instauração da Terceira República. O Poder foi entregue pelos militares a José Linhares, Presidente do Supremo Tribunal Federal que governou como Presidente da Republica até 31 de janeiro de 1946, quando transferiu o Poder para o General Eurico Gaspar Dutra (1946 – 1961), eleito democraticamente pelo povo. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de setembro de 1946, não foi elaborada a partir de um projeto preordenado, que oferecesse subsídios à Constituinte. A Assembléia teve como presidente o mineiro Fernando Melo Viana. Os constituintes serviram-se das fontes formais do passado, ou seja, das Constituições de 1891 e 1934, o que constituiu um grande erro, pois daí ―nasceu de costas para o futuro”. a Constituição de 1946. 107 Ela não atendeu as necessidades básicas ao desenvolvimento da sociedade brasileira, gerando sucessivas crises políticas, que culminaram na Revolução de 1964. 107 Cf. José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo, 10ª ed, Rio de Janeiro, Malheiros Editores, 1995, p. 86. 79 Promulgação da Constituição de 1946 Constituição de 1946 Em linhas gerais a Constituição de 1946 estabeleceu o seguiste; o Senado volta ao Legislativo; desaparece a representação classista; o Tribunal de Contas passa a ser regulado pelo Poder Legislativo, como órgão de fiscalização orçamentária deste; reorganizou a discriminação das rendas entre a União, Estados e Municípios; restringiu a autonomia dos Municípios e “partindo do princípio filosófico Kantiano de que o Estado não é um fim em si mesmo, mas meio para o fim. Este fim seria o homem. O Estado deveria fazer convergir seus esforços precipuamente para elevar material, física,