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Instituto São Boaventura - ISB Curso: Filosofia Disciplina: História da filosofia Professor: Alberto Brum Aluno: Bruno Carvalho Garcia de Oliveira Stromata (Clemente de Alexandria) CLEMENTE, de Alejandría. Stromata I. Cultura y Religión. v. 1. Cap. 1. Trad. Marcelo Merino Rodríguez. Edicón bilíngue. Madrid: Editorial Ciudad Nueva, 1996. Capítulo I – Sobre a sabedoria e a filosofia. “Ademais, acaso se há de dar por bons os mitos, e blasfêmias que aparecem em Teopompo, Timeo, Epicuro – o iniciador da impiedade –, ou igualmente os escritos que atribuem a Hiponacte e a Arquéloco, e, em troca, vamos proibir deixar algo proveitoso à posteridade a quem proclama a verdade? Penso eu que é preferível deixar bons filhos a posteridade. Em efeito, as palavras são descendentes da alma, iguais às crianças são do corpo”.1 “Isso indica que a palavra é semeada e enterrada, como semente na terra, na alma do discípulo, e esta na plantação espiritual.” “E ainda a Gnosis não é [patrimônio] de todos” “Não obstante, a ciência da proclamação [da Palavra] é em certa medida [tarefa angélica] e de qualquer forma que se realize, com a mão ou mediante a voz, é proveitosa.” “Mas, para alcançar o conhecimento da verdade e [poder] cumprir os mandamentos, o melhor é ir atrás [homens] dos que já foram provados e fizeram com retitude.” “E, na verdade, são bem aventurados os pacíficos, os que ensinam aos [homens] que se hão direcionado inimigos de um determinado género de vida e extravio por ignorância, e os conduzem a paz e ao Logos e na vida divina, e alimentar a quem tem fome de justiça distribuindo comida.” “É necessário, pois, imitar no possível ao Senhor.” “Também Platão, o filósofo instruído pelos hebreus, convida em „As Leis‟ aos agricultores a que não irriguem nem se apoderem da água dos habitantes. A não ser que antes há escavado poços em seu próprio terreno, chamado virgem e tenham encontrados a argila.” “Esta obra escrita não foi composta artisticamente para a publicidade, sim que trata sobre notas que eu guardo para minha velhice; e são um remédio frente ao ouvido, sinceramente um reflexo e esbouço daqueles brilhantes discursos e plenos de vida, 1 Esta citação, bem como todas as outras, é de tradução nossa. dignos de ser escutados, e pronunciados também por uns homens felizes e realmente merecedores de estima. Dentre eles, um era Jónico, que vivia na Grécia; outros habitavam a Grande Grécia (um era oriundo da Bahia Síria, outro do Egito); e outros [eram] do Oriente: um da Asíria e outro [conhecido] na Palestina, hebreu de nascimento.” – vale ressaltar a intenção que tenho de demonstrar, ao citá-lo quando diz respeito as pessoas que conheceu na Síria, Palestina e outros, o contato que teve com Ammonio Saccas, Bardesanes, Panteno e Theodotus. “Os poços dos que tiram água com frequência o tem mais limpo; em troca os que não tiram nada, apodrecem.” “Se alguém digere o que está escrito nada há oculto que não chegue a descobrir-se, nem secreto que não venha a conhecer-se, nós o diremos que o Logos há profetizado com essa sentença que o secreto será revelado a quem o escuta secretamente (...)” “Portanto, estes Stromata recorreram à verdade mesclada entre as opiniões da filosofia, ou melhor, envolta e oculta nelas.” “Inclusive há quem pensa que a filosofia é má, porque foi introduzido na vida dos homens para sua perdição por um malvado inventor, mas eu mostrarei ao longo destes Stromata que o vício é de natureza má, ao que nenhum lavrador pode jamais fazer crescer nada de bom, e insinuarei de alguma maneira que a filosofia também é obra da divina Providência.” Conclusão A obra “Stromata” de Clemente de Alexandria enfatiza a ampla relação entre fé e conhecimento estabelecendo uma relação estreita entre filosofia grega e o cristianismo. Concede ao Evangelho ser pensado entre as grandes filosofias do mundo. De um modo peculiar, descreve a verdadeira fé e a verdadeira gnose – que é o grau mais elevado para chegar à Sabedoria através da introspecção. No primeiro capítulo, escolhido, Clemente afirma ser a gnose um patrimônio de poucos, pois muitos não chegam a alcançar o verdadeiro saber, que só é compreendido pela reta vivência dos mandamentos. Cita Platão como um reto exemplo, demostrando assim, não só a admiração pela filosofia grega, como pelo filósofo, além de citar o termo “Logos” como aquele que revela o secreto e está presente no homem como Luz Divina. Por fim, compara a Sabedoria a um poço no qual deve sempre estar tirando esta água pura, afim de que se mantenha limpo, do contrário o acumulo desnecessário o deixará apodrecer. Nos rumos finais do capítulo, enuncia que tentará desmitificar a filosofia como uma coisa má ou, até mesmo, como criação do demônio dando a ela um feito da divina Providência sobre os homens. De modo especial, Clemente realça a importância da filosofia grega no mundo cristão, também devido ao contexto do século em que vive (séc. III), no qual o cristianismo começa a atingir ambientes cultos exigindo, portanto, uma formação filosófica. Vale ressaltar a relação, já no primeiro capítulo, como dito, que estabelece entre as palavras gregas Christos e Logos (talvez nesta obra de maneira indireta, no entanto diretamente em outras obras como “Protréptico” e “Pedagogo”). De certo que, é possível perceber a tentativa de Clemente em dar a filosofia um maior espaço no Cristianismo.
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