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em comunicação, especialmente em publicidade e relações públicas, o que resulta em um dos principais lugares de atuação desse profissional, e acaba por fortalecer a atividade80. Durante os anos 70, por exemplo, o campo de Relações Públicas alcança algumas conquistas importantes. Em 1972 ocorreu o I Congresso Brasileiro de Relações Públicas realizado em Petrópolis (RJ), promovido pela ABRP81. Em 1978 cria-se a Associação Profissional de Profissionais de Relações Públicas (APPRP) do Rio de Janeiro e formula-se a definição operacional da atividade de relações públicas pelo “Acordo do México”: O exercício da profissão de relações públicas requer ação planejada, com apoio da pesquisa, comunicação sistemática e participação programada, para elevar o nível de entendimento, solidariedade e colaboração entre uma entidade, pública ou privada, e os grupos sociais a ela ligados, em um processo de integração de interesses legítimos, para promover seu desenvolvimento recíproco e da comunidade a que pertencem (KUNSCH, 1997, p. 50). 79 BALDISSERA, Rudimar. Op. Cit. 80 BALDISSERA, Rudimar. Op. Cit. 81 Associação Brasileira de Relações Públicas. História das Relações Públicas 147 Este momento característico pode ser exemplificado através da análise de anúncios publicitários da época, que enfatizam o processo de industrialização massiva vivida naquele momento. Em 1968, ano de início da publicação da Revista Veja, este processo se explicita com mais intensidade. Encontramos, por exemplo, anúncios de empresas estrangeiras instaladas no Brasil a maioria deles se referindo ao setor automobilístico e de informações. O texto abaixo, sinalizado através da figura 1 é um anúncio da empresa de lonas para freios Wagner Lockheed, americana, que a partir daquele momento teve licença para se instalar no Brasil, citando esta particularidade: Anúncio Wagner Lockheed Figura 1 Fonte: Veja, 11 de setembro de 1968, p. 119. Caso semelhante encontramos no anúncio da empresa de produtos químicos Union Carbide, enfatizando a seus clientes que estaria importando e armazenando produtos, com entrega imediata, para todo o Brasil. A figura 2 demonstra o fato publicado pela Revista Veja em setembro de 1968. Cláudia Peixoto de Moura (Organizadora) 148 Anúncio Union Carbide Figura 2 Fonte: Veja, 18 de setembro de 1968, p. 33. Já o anúncio da IBM do Brasil, mostrado pela figura 3, além de reforçar a industrialização por empresas estrangeiras e os investimentos em tecnologia no Brasil, também faz alusão à necessária implantação de um sistema de informação mais eficiente no país e o papel dos computadores pessoais neste sentido. Anúncio IBM Figura 3 Fonte: Veja, 18 de setembro de 1968, p. 44. História das Relações Públicas 149 O anúncio da CTB, mostrado pela figura 4, por sua vez, enfatiza o processo de desenvolvimento das telecomunicações, parte importante do projeto do governo militar. O texto se refere à rapidez da instalação das redes de telefonia fixa no Brasil, dizendo, ao final, que “é tempo de construir”, alusivo ao momento que o Brasil vivia até então, em que se fazia importante o campo de Relações Públicas. Anúncio CTB Figura 4 Fonte: Veja, 31 de março de 1971. Esta entrada das empresas multinacionais atraiu os interesses não apenas dos empresários e dos governantes, como da imprensa e da população em geral. Nos anos 70 é publicado um livro, cujo anúncio é veiculado na Revista Veja, propondo uma análise da questão do funcionamento destas grandes empresas e problematizando seu papel no país. A figura 5 demonstra o fato conforme podemos observar pela seqüência do anúncio. Cláudia Peixoto de Moura (Organizadora) 150 Anúncio Livro Radiografia das Multinacionais Figura 5 Fonte: Veja, 8 de julho de 1975. A mesma preocupação mereceu a capa da Veja no mesmo ano pouco tempo antes, em maio de 75, com reportagem de página central. A chamada da capa demonstrada pela figura 6, As Multinacionais e o Brasil, é reforçada pela imagem de três homens engravatados que poderiam estar representando o ramo político e empresarial do país, com seus pensamentos voltados para este novo campo que se abriu desde os anos 50. História das Relações Públicas 151 Capa da Revista Veja – As Multinacionais e o Brasil Figura 6 Fonte: Veja, 21 de maio de 1975. O anúncio abaixo mostrado pela figura 7 nos remete à consolidação do campo profissional de Relações Públicas neste contexto, a partir do momento em que a atividade é mencionada no texto da Cannes Publicidade. Cláudia Peixoto de Moura (Organizadora) 152 Anúncio Cannes Publicidade Figura 7 Fonte: Veja, 28 de maio de 1975. Assim, a partir da aplicação da metodologia da pesquisa histórica, que busca a problematização da realidade em que vivemos com base não apenas em consulta a bibliografias, mas com outras fontes produzidas pelo ser humano ao longo da história, e considerando também que não apenas as fontes de documentação oficial constroem os olhares para o mundo contemporâneo, foi possível constatar que a atividade de Relações Públicas, ainda que percebida no início do século XX, fez-se mais presente com a evolução da trajetória política e econômica do Brasil a partir dos anos 50. Neste momento em específico, conforme vimos, a profissão de RRPP não foi uma mera coadjuvante deste processo, mas sim teve atuação significativa e, porque não dizer, central, passando de uma atividade meramente informativa para aquela que seria associada à gestão das relações de poder e daria o suporte necessário para a consolidação dos projetos políticos da segunda metade do século XX: a transformação do Brasil em um país industrializado, História das Relações Públicas 153 competitivo e estável aos investidores estrangeiros passa pela atuação da instituição das Relações Públicas que o momento histórico elegeu. REFERÊNCIAS ANDRADE, Cândido Teobaldo de. Para entender Relações Públicas. 4.ed. São Paulo: Loyola, 1993. BALDISSERA, Rudimar & SÓLIO, Marlene. Relações Públicas: processo histórico e complexidade. 3º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, Feevale, Novo Hamburgo/RS, abril de 2005. CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução à História. São Paulo: Brasiliense, 1982 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1992. HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1995. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas na comunicação organizacional. São Paulo: Summus, 1997. PENTEADO, J.R. Whitaker. Relações Públicas na empresa moderna. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1984. PINHO, José B. Propaganda Institucional: uso e funções da propaganda em relações públicas. São Paulo: Summus, 1990. STEFFEN, Ana Maria Walker Roig. Modos de percepção em relações públicas – o significado do conceito de público. Porto Alegre, FAMECOS / PUCRS, 2003. VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo. A Pesquisa em História. São Paulo: Ática, 1991. WEY, Hebe. O processo de Relações Públicas. São Paulo: Summus, 1983. Cláudia Peixoto de Moura (Organizadora) 154 O campo profissional de Relações Públicas e o momento de reabertura política no Brasil: Uma análise através da perspectiva da Pesquisa Histórica (1979-1985) Gisele Becker82 (FEEVALE) e Carla Lemos da Silva83 (PPGCOM-PUCRS) Resumo A partir da aplicação da metodologia da pesquisa histórica, que busca a problematização da realidade em que vivemos com base não apenas