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resumo 16 clínica reumato artrites

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CLÍNICA – ARTRITES 
SCHEILA MARIA 
 
O impacto das doenças reumáticas na população: 30% apresentam sintomas, 20% 
apresentam problemas, 7% incapacidade e 5% incapacidade severa. 
HISTÓRIA CLÍNICA 
a. Identificação: idade, sexo, ocupação 
b. QP: dor (deformidade, incapacidade)  diagnóstico artrite, artralgia, 
reumatismo não articular. 
c. HDA: localizada ou difusa? Articular ou não articular? Repouso 
(inflamatória)/atividade (mecânica); Irradiação, outros sintomas: rubor, 
calor, edema, impotência funcional; presença de rigidez matinal, quais e 
quantas articulações envolvidas. 
d. IS: pele, olho, cardiovascular, respiratório, digestivo, genito-urinário 
e nervoso. 
e. Antecedentes pessoais e familiares. 
EXAME GERAL 
a. Buscar dor, sensibilidade, alteração de temperatura, edema, limitação de 
movimentos, crepitação, deformidade e instabilidade. 
b. Coluna, MMII, MMSS 
c. Etapas: inspeção (marcha, postura, movimentos), palpação, movimentação e 
manobras 
d. Diagnóstico: 
 Sintomático = Lombalgia 
 Sindrômico = Lombalgia Inflamatória 
 Nosológico = Espondiloartrite 
 Etiológico = Espondilodiscite por Estáfilo 
EXAMES COMPLEMENTARES 
a. Provas de atividade 
inflamatória 
 VHS (velocidade de 
hemossedimentação) 
 Proteína C 
 Mucoproteínas 
 -1 antitripsina 
 Eletroforese de proteínas 
b. Líquido sinovial 
 Células 
 Cultura 
 Cristais 
 GRAM 
 
 
c. Exames específicos para doença 
 ASO  febre reumática 
 Ácido úrico  gota 
 Fator reumatoide  
artrite reumatoide 
 HLA (B27  
espondiloartrites) 
d. Exames imunológicos: 
 FAN, anti DNAn, anti SM, 
anti Ro/La = LES 
 anti Ro/La = Sjogren 
 anti RNP = DOENÇA MISTA 
 anti SCL 70 = ESP 
 ANCAc = Wegener 
 
 
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO 
 
1. MONOARTRITE AGUDA 
 
 CRIANÇAS: trauma; artrite infecciosa 
 ADULTOS: trauma, artrite infecciosa. artrite metabólica 
 IDOSOS: artrite infecciosa, artrite metabólica, sinovite detrítica da 
osteoartrite 
OBS: Artrite = dor, calor, rubor, aumento de volume e impotência 
funcional. 
# ARTRITE INFECCIOSA # 
 É a inflamação articular decorrente da invasão direta das articulações 
pelo agente microbiano (por via hematogênica, inoculação direta, e 
disseminação por contiguidade). 
 1/3 a 50% dos casos não se isola agente. 
 Germe em 85% dos casos: Staphylococcus aureus 
Tipo Infecção 
conhecida 
Presença de 
germe 
Antígeno na 
articulação 
DOR 
ARTICULAR 
INFLAMATÓRIA 
ARTRITE 
MONOARTRITE 
- AGUDA: 
Artr. séptica 
Artr. metaból. 
MONOARTRITE 
- CRÔNICA 
Artr. por Tb 
Osteoartrite 
POLIARTRITE 
- AGUDA 
Febre Reumát. 
Artrite reativa 
POLIARTRITE 
- CRÔNICA 
Artr. Reumatóide 
Espondiloartrites 
NÃO INFLAMAT. 
ARTRALGIA 
 ARTRALGIAS 
-Trauma 
-Osteoartrite 
-Osteonecrose 
POLIARTRALGIA 
-Osteoartrite 
-An. falciforme 
-Osteoart.hipert. 
NÃO 
ARTICULAR 
INFLAMATÓRIA 
LOCALIZADA 
-Tendinite 
-Bursite 
-Epicondilite 
DIFUSA 
-Polimiosite 
-Polimialgia Reum. 
-Vasculites 
NÃO INFLAMAT. 
LOCALIZADA 
-Tenodínea 
-Lombalgia 
-S.Tunel Carpo 
DIFUSA 
-Fibromialgia 
-Ciática 
-Mixedema 
I – infecciosa + + + 
II – pós infecciosa + - + 
III – reativa + - - 
IV – inflamatória - - - 
 Artrite infecciosa bacteriana: 
 Grande maioria dos casos. Acomete mais: o joelho, seguido do 
quadril, ombro e articulação esterno-clavicular. Sacroilíaca (1 a 
2%) 
 Pequenas articulações das mãos  mais raramente. 
 O quadro clínico inclui sintomas sistêmicos (febre alta, 
irritabilidade, mal estar, cefaleia, calafrios, vômitos); sintomas 
articulares (flogose articular e limitação da mobilização) 
 Pode acometer qualquer faixa etária,  frequência no período 
neonatal. 
 Investigar sinais de infecção recente, trauma, manipulação. 
 Geralmente monoarticular. Poliarticular (imunodeficiências, 
imunosupressão) 
Principais bactérias: 
a. Recém Nato: S. Aureus, Streptococcus, Gram - 
b. Crianças < 15 anos: S. Aureus, S. pyogenes, S. pneumonia, H. influenzae, 
Gram negativos 
c. Jovens adultos: Neisséria, S.Aureus, Streptococcus 
d. Adultos: S. aureus, Streptococcus, Bacilos Gram - 
 
Detalhamento dos tipos: 
 Artrite infecciosa bacteriana não-gonocócica: A artrite séptica não-
gonocócica geralmente é, desde o começo, monoarticular. Sua evolução é aguda, 
com sinais flogísticos francos, quase sempre com bacteriologia positiva e 
alto potencial destrutivo. A bactéria mais comum, de longe, é o 
Staphylococcus aureus. 
 
 Artrite infecciosa bacteriana gonocócica: Causada por N. gonorrhoeae. A 
artrite séptica gonocócica pode ser mono ou oligoarticular, de evolução 
subaguda, freqüentemente com bacteriologia negativa e pequeno potencial 
destrutivo. Muito freqüentemente encontramos relato de poliartralgias e 
poliartrite e de lesões cutâneas precedendo o quadro clássico de monoartrite 
 
 Artrite infecciosa viral: A artrite viral é tipicamente poliarticular e 
simétrica, de evolução rápida e efêmera, ocorrendo na fase prodrômica ou 
principal da doença. Os vírus mais importantes são o da rubéola, o parvovírus 
819 e o vírus da hepatite B. 
 
 Artrite infecciosa tuberculosa e fúngica: A artrite tuberculosa e a artrite 
fúngica geralmente são monoarticulares, apresentando um curso indolente e 
arrastado, com o diagnóstico feito nas fases mais tardias. 
 
# ARTRITE METABÓLICA = GOTA # 
 Pode ocorrer em qualquer idade porém é + comum em homens 40-50 anos 
 Forma de artrite que causa episódios súbitos e graves de dor, 
sensibilidade, rubor, calor e tumefações nas articulações. 
 Afeta uma articulação de cada vez. Com frequência MTF do primeiro 
pododáctilo = podagra. 
 Pode afetar joelho, tornozelo, mão, punho, pé e cotovelo. 
 Em geral não “passa” de uma articulação pra outra. 
 Dor e tumefação = decorrem da deposição de cristais de ácido úrico na 
articulação. 
 Excesso de ácido úrico no sangue leva a deposição dos cristais e 
inflamação da sinóvia. 
 FASES: 
o Dor e tumefação súbitas – cessam em 5-10 dias 
o Período assintomático que pode ser seguido por outros agudos graves 
o Após alguns anos, sem TTT pode ocorrer tumefação e rigidez 
persistentes, com dor leve a moderada em uma ou mais articulações. 
 A manifestação clínica varia. Alguns pcts apresentam um quadro único 
durante a vida, outros tem episódios frequentes e dolorosos que podem 
evoluir para rigidez e lesão persistente das articulações. 
 EPISÓDIOS AGUDOS: frequentemente a noite, dor e tumefação articulares 
súbitas e graves, pele lustrosa avermelhada ao redor da articulação, com 
extrema sensibilidade. 
 No início os episódios são poucos e bem espaçados, durando uma semana ou 
menos e desaparecendo completamente. Se não for controlada, episódios 
passam a ser mais frequentes e com duração prolongada. 
 Se as articulações forem lesadas  rigidez e limitação dos movimentos. 
 O que pode desencadear um episódio de gota? Trauma articular, cirurgia, 
ingestão excessiva de álcool, diuréticos, doenças graves e súbitas, 
dietas de impacto, quimioterapia. 
 TOFOS; após anos, os cristais de ác úrico podem acumular em articulações 
e t. circunjacente formando tofos = depósito com aspecto de caroço. Em 
cima dos dedos das mãos e pés e borda externa da orelha. 
 Os cristais podem acumular também nos rins, ureteres e bexiga. 
 Pode associar-se com pressão alta ou doenças renais. 
 Hiperuricemia: rins não conseguem se livrar do ác úrico com rapidez ou 
corpo produz demais. 
 
 
2. POLIARTRITES AGUDAS Crianças: febre reumática, artrite reativa (viral, anemias hemolíticas) 
 Adultos: artrite reativa (Neisseria, clamídia), espondiloartrite, r. 
palindrômico. 
 Idosos: artrite reativa, artrite (associada a neo ou doença metabólica). 
# POLIARTRITE AGURA VIRAL # 
 Dor inflamatória ou artrite, evolui sem seqüelas 
 Todas as doenças virais, atenção para: Rubéola, parvovírus B 19, caxumba, 
varicela / Zoster, hepatite B e C, HI.V 
 
# FEBRE REUMÁTICA # 
 Poliartrite migratória, grandes articulações, não deformante, assimétrica 
 Dolorosa, com edema, ótima resposta a AINE, sem sequelas 
 Duração de dias a 1 semana em cada articulação (aguda), autolimitada 
 FORMAS ATÍPICAS: Pequenas articulações, quadril e coluna cervical; 
oligoartrite; simetria; aditividade; entesite. 
 + ASO alta / cultura com estreptococo 
 5-15 anos, homens e mulheres 
# ARTRITE REATIVA # 
 São as formas de inflamação articular, não supurativas (estéril), que tem 
origem em um processo infeccioso à distancia. Na maioria das vezes a 
infecção está no trato digestivo ou genitourinário. É um distúrbio 
reumático crônico, certamente relacionado à fatores genéticos (HLA-B27) e 
a uma infecção específica. 
 É uma das principais causas de artrite aguda em adultos jovens (18 – 47 
anos). Homens e mulheres acometidos. 
 Sinovites após infecção por Chlamydia, Shigella e Campylobacter. 
 Artrite com articulação estéril e infecção a distância 
 O intervalo entre a infecção e a artrite não pode ser maior que 6 
semanas. 
 Disenteria e/ou uretrite são relevantes para o diagnóstico de artrite 
reativa por Chlamydia ou entérica. 
 Artrite reativa pode existir na forma aguda ou crônica. 
 Oligoartrite periférica de grandes articulações. Frequentemente acomete 
joelho. 
 A síndrome de Reiter é uma artrite reativa associada a outras 
manifestações compondo a tríade: artrite + conjuntivite (de curta 
duração) + uretrite (infecciosa ou não). Os principais agentes 
etiológicos envolvidos são Shigella e Chlamydia. 
 A maioria dos pacientes desenvolve artrite 1 – 4 semanas após o relato da 
infecção (diarréia) ou da relação sexual que transmitiu a doença venérea. 
 Os sintomas constitucionais incluem fadiga, mal-estar, febre e perda 
ponderal. 
 
 A artrite é em geral, oligoarticular, assimétrica, aditiva e afeta 
principalmente os membros inferiores (em especial o joelho). Outras 
manifestações reumáticas incluem a dactilite, tendinite, fasciíte plantar 
e sacroileíte. O acometimento das pequenas articulações é extremamente 
incomum. 
 
 Aproximadamente 20% dos pacientes desenvolvem sacroileíte e acometimento 
ascendente da coluna vertebral, causando confusão diagnostica com EA. 
 
 A artrite reativa e a síndrome de reiter podem ser persistentes e 
recidivantes em 30-60% dos casos. 
 
Manifestações associadas: 
a. Balanite circinada 
b. Ulcera orais superficiais e indolores 
c. Ceratoderma blenorrágico 
d. Uveíte anterior 
 
 O diagnostico é clinico e de exclusão. Há aumento do VHS e anemia. As 
seqüelas são tardias. Faz-se diagnostico diferencial com gonococcemia, 
artrite séptica e outras artrites. 
 
Tratamento: 
a. Sintomas agudos devem ser tratados com AINE em doses máximas 
(Indometacina). 
b. Corticóides sistêmicos raramente são usados. 
c. O uso de sulfassalazina está reservado para os casos refratários. 
d. Os neutralizadores do TNF-alfa estão reservados para os casos 
graves e resistentes. 
e. A antibioticoterapia é feita para os pacientes em vigência do 
quadro infeccioso. (Azitromicina VO 1g DU) 
 
 
3. POLIARTRITE CRÔNICA 
 Criança/jovem: artrite reumatoide juvenil, epondiloartrite. 
 Outros: artrite reumatoide, espondiloartrite, LES, vasculites e outras 
colagenoses, polimialgia reumática, osteoartrite e gota tofácea. 
 
# ARTRITE CRÔNICA DA INFÂNCIA # 
 Mono, oligo ou poliarticular 
 Sstêmica (still) 
# ARTRITE REUMATÓIDE # 
 É uma poliartrite simétrica, crônica, debilitante e destrutiva causada 
por um processo inflamatório sinovial na qual há formação de tecido 
sinovial proliferativo (pannus) afetando as articulações. 
 Acomete 1% da população, predomina em mulheres, mais frequente entre 35-
50 anos porém pode ocorrer em qlqr idade. Há componente genético, relação 
com HLA DR4, 
 Seu curso é intermitente, com períodos de remissão e exacerbação e 
processo contínuo de lesão tecidual. 
 A sinovite acarreta destruição da cartilagem e do osso e estiramento ou 
ruptura da cápsula articular, tendões e ligamentos. Levam a incapacidade 
por destruição da cartilagem e erosão óssea. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
o Inicia-se nas articulações MCF, IFP, MTF, sseguida por punhos, 
joelhos, cotovelos, tornozelos, quadril e ombros. Pode atingir a 
cervical em C1 e C2 mas poupa o restante. 
o Mãos são o principal acomentimento (IFP e MCF). IFD são raramente 
acometidas. Ocorre desvio ulnar, deformidades em pescoço de cisne 
(hiperextensão das IFP), deformidade em abotoadeira (hiperextensão 
das MCF). 
o Nos pés, articulações MTF acometidas precocemente, subluxação dos 
pododáctilos, úlceras de pele e alterações da marcha por dor. 
o Pescoço: acometimento de C1 e C2. Erosões ósseas e dano ligamentar 
pode acarretar instabilidade cervical levando a subluxação  
compressão medular. 
o Cardíacos: incomum porém pode ocorrer pericardite, derrames 
pericárdicos, nódulos nas válvulas. Já no pulmão pode aparecer 
DPOC, fibrose, pneumoconiose, derrame pleural, bronquiectasia, 
pleurite. 
o As manifestações ectra-articulares incluem: febre baixa, perda de 
peso, astenia, nódulos reumatoides firmes e indolores a palpação 
(em pcts com FR +). Vasculite de pequenos vasos, desvio radial, 
síndrome do túnel do carpo e acometimento simétrico de grandes 
articulações. 
o Por fim pode ocorrer síndrome de Felty (1%): AR (com FR+) + 
esplenomegalia + neutropenia. 
 O início geralmente é insidioso, com envolvimento progressivo da 
articulação, pode ser abrupto com inflamação simultânea em múltiplas 
articulações. 
 Aumento da sensibilidade em quase todas as articulações inflamadas = 
achado físico mais sensível. Espessamento sinovial = achado mais 
específico. 
 É comum rigidez com duração >30min pela manhã ou após inatividade 
prolongada. Pode ocorrer também fadiga de final de tarde e mal estar. 
Deformidades, particularmente contraturas devido a flexão podem ter 
desenvolvimento rápido. 
 DIAGNÓSTICO: (4 ou + presentes, sendo os 4 primeiros por >6 semanas) 
o rigidez matinal (pelo menos 1H); 
o artrite simultânea em 3 ou + áreas; 
o artrite das articulações das mãos e punhos 
o artrite simétrica 
o nódulo reumatoide (+tardio) 
o fator reumatoide 
o alteração radiológica – RX das mãos e punhos em PA – osteopenia e 
erosões 
 na avaliação radiológica há osteoporose periarticular, estreitamento do 
espaço articular, (cartilagem articular) e erosões marginais. 
 Sinais de tromboflebite em MMII em pcres com AR – cisto de Baker. 
 
# ESPONDILOARTRITES # 
 Tipos: Espondilite Anquilosante, Reiter (artrite, uretrite e 
conjuntivite), artrite psoriásica, artrite das doenças inflamatórias 
intestinais, espondiloartrite indiferenciada. 
 Diagnóstico: clínica (lombalgia, alterações sistêmicas e entesopatia), 
provas de fase aguda, HLA B-27 (10% da população), exames de imagem. 
 Acometimento das articulações axiais e periféricas, lesão proeminentes 
das enteses, associação a determinadas lesões sistêmicas, superposição 
entre suas formas clínicas, tendência à hereditariedade, ausência do 
fator reumatóide (Soronegativas) e associaçãocom o HLA-B27. 
 Ênteses: É o ponto de junção, de transição, entre o osso e estruturas 
como tendões, ligamentos, aponeuroses e capsulas fibrosas articulares. As 
enteses estão em todos os tipos de articulação. 
 
1. Espondilite Anquilosante 
 
 Crônica, predomina em homens, no final da adolescência (aprox. 25-27 
anos), estando o HLA-B27 presente em 90% dos pacientes. 
 É uma doença inflamatória crônica que acomete basicamente as articulações 
do esqueleto axial, sendo a lesão das articulações sacroilíacas seu marco 
fundamental. É o protótipo das condições que causam entesite. Se 
caracteriza pelo comprometimento das articulações sacroilíacas 
(principalmente) e vertebrais, de forma ascendente e com eventual 
ossificação destas articulações, em um processo denominado anquilose 
óssea. Pode acometer ainda a sínfise pubiana, patela, calcâneo e 
articulações manúbrio-esternais. 
 Quando as vértebras são acometidas, há formação de sindesmófitos 
simétricos (fibras anulares são erodidas e substituídas por osso, que 
cresce e faz ponte com os corpos vertebrais adjascentes). Com o 
desenvolvimento do processo a coluna torna-se rígida e fletida. Nesse 
momento é clássica a postura do paciente com cifose exagerada e perda da 
lordose lombar fisiológica (posição do esquiador). A “coluna em bambu” 
surge da progressão em sentido cranial do processo de acometimento 
vertebral. 
 O envolvimento da coluna se faz de forma progressiva e ascendente. 
 A sinovite (com formação de pannus) acomete basicamente as articulações 
axiais: ombro, coxofemoral e as interapofisárias. 
 A manifestação clínica ocorre em homens jovens (<40 anos), com dor lombar 
persistente, insidiosa, associada à rigidez matinal, caracteristicamente 
aliviada pela atividade física, com duração maior que 3 meses, dor 
noturna com melhora ao levantar e nenhuma melhora com repouso. 
 A hipersensibilidade das articulações sacroilíacas pode ser percebida 
pela palpação local e manobras que as tencionem (Manobra de Volkmann, 
Lewin e Patrick), enquanto a limitação da mobilidade lombar pode ser 
avaliada pelo teste de Schober. 
o TESTE DE SHOBER: paciente em pé, ereto, traça uma linha na junção 
lombosacra e outra 10cm acima, pcte faz inclinação máxima para 
frente, c/ joelhos distendidos. Distância entre as linhas aumenta ≥ 
5 (mobilidade normal) e <4 (mobilidade reduzida). 
 As articulações periféricas são acometidas em menos de 30% dos casos, 
manifestando-se geralmente como oligoartrite assimétrica. Extra 
articulares também podem ser acometidas. 
 As complicações mais temidas da EA são as fraturas vertebrais, que podem 
ocorrer após traumas mínimos. Os pacientes costumam apresentar 
osteoporose ou osteopenia. As fraturas cervicais são as mais comuns, 
podem gerar lesão medular. 
Manifestações extra-articulares: 
o Uveíte anterior – 25-40% (Mais comum) – Principalmente em pctes 
HLA-B27+ 
a. Autolimitada, unilateral, dolorosa, lacrimejamento, fotofobia 
e turvação visual, podendo ser recorrente. 
b. TT°: colírios de corticóides e atropina 
o Fibrose pulmonar dos lobos superiores 
o Insuficiência aórtica – 10% 
o Amiloidose secundária 
o Síndrome da cauda eqüina 
o Inflamação do colón ou íleo 
 
 O diagnostico se baseia nos dados clínicos e laboratoriais e na presença 
de sacroileíte em algum exame de imagem (Raio-x de quadril). Não é 
necessária a presença de HLA-B27 para o diagnostico de EA. O fator 
reumatóide é caracteristicamente negativo, assim como o anti-CCP. O FAN 
tende a ser negativo. VHS e PCR podem estar aumentadas. 
Critérios: 
o Dor lombar que perdura por mais de 3 meses (melhorando com o 
exercício) 
o Limitação funcional da coluna lombar 
o Redução da capacidade de expansão do tórax 
o Presença de sacroileíte (achado radiográfico) 
o Início insidioso, antes dos 40 anos, mais intenso pela manhã. 
Diagnostico diferencial: Outras espodiloartropatias, Artrite reumatóide, 
Artrite enteropática, Artrite reativa e Artrite Psoriásica. 
OBS: Uma diferença importante em relação à AR: a infecção pelo HIV pode 
desencadear uma forma grave de espondilite anquilosante! 
 
2. Artrite Psoriática 
 
 É uma artrite inflamatória crônica que ocorre caracteristicamente em 
indivíduos com psoríase. Apresenta igual predomínio entre os sexos, 
afetando geralmente a faixa etária entre 30 e 55 anos. Incidência 
familiar em 30% dos pcts. 
 Difere da AR por apresentar entesite importante, é soronegativa e acomete 
as art. interfalangianas distais (IFD) dos quirodáctilos, coluna e art. 
sacroilíacas. Em 60-70% dos casos observa-se que a psoríase precede a 
doença articular. 
 Diferentemente da AR mostra a entesite proeminente, bem como maior 
tendência a fibrose. 
 Dactilite, entesite, tenossinovite e encurtamento dos dedos são 
manifestações comuns. 
Formas de apresentação: 
 Oligoartrite periférica assimétrica  Lembra a Sind. de Reiter 
o Corresponde a 30% dos casos de AP 
o Articulação grande com poucas pequenas. 
o Dactilite ou “dedos em salsicha” 
 Poliartrite periférica simétrica  Lembra Artrite Reumatóide 
o O quando clínico é indiferenciável da AR. 
o Corresponde a 40% dos casos de AP 
o Acomete peq. articulações das mãos, punhos, joelhos e 
cotovelos. 
 Envolvimento do esqueleto axial  Lembra Espondilite Anquilosante 
o Corresponde a 5% dos casos 
o Acometimento assimétrico e aleatório, com sindesmófitos 
 Envolvimento das interfalangeanas distais  Quadro Típico 
o O envolvimento das articulações IFD das mãos e dos pés é 
quase sempre acompanhado ao comprometimento da unha 
adjacente (90%). 
o Corresponde a 15% dos casos de AP. 
 Artrite Mutilante  Pouco comum 
o Apresenta anquilose das articulações, dissolução óssea e 
encaixe dos dedos nas mãos. Tal deformidade é conhecida como 
“deformidade em telescópio”. 
o Corresponde a 5% dos casos de AP. Altamente deformante. 
 
 O diagnostico é sugerido em pacientes com artrite e presença de lesões 
cutâneas e ungueais típicas da psoríase. O diagnostico deve ser feito por 
exclusão. 
 Os achados radiológicos incluem envolvimento de IFD, reabsorção de 
falanges terminais, artrite mutilante, destruição extensiva e 
deslocamento de articulações pequenas e grandes. 
 O fator reumatóide negativo e a ausência de nódulos subcutâneos ajudam a 
diferenciá-la da AR. 
 Os casos leves são tratados apenas com AINES. 
 Os DARMD devem ser utilizados nos pacientes que não responderam aos AINE. 
 
3. Artrite Enteropática 
 
 Sua origem está relacionada a condições intestinais 
 Observada em 20% dos pctes com doença de Crohn e 2 a 7% de colite 
ulcerativa. 
AXIAL 
 Sarcoileítes e espondilites 
 Início insidioso de dor lombar, especialmente em pessoas mais jovens. 
 Rigidez matinal, exarceba com postura sentada prolongada ou em pé, 
melhora com atividade moderada. 
 Antígeno HLA B27 pode ser encontrado em 70% dos pctes. 
 Semelhante a espondilite anquilosante 
 Evolui independente da doença intestinal (diferentemente da forma 
periférica) 
PERIFÉRICA 
 Não deformante, não erosiva. 
 Não é associada ao HLA B27 
 Forma oligoarticular (<5 articulações): poliartrite migratória com ínicio 
abrupto. É aguda, autolimitada, assimétrica e atinge grandes articulações 
como joelho, quadris e ombros. 
 Forma poliarticular (>5 articulações): É crônica, dura meses a anos, mais 
frequentemente simétrica afetando pequenas articulações das mãos. 
Independe da atividade intestinal. 
 
4. ARTRALGIAS 
 Criança/Jovem: “dores do crescimento”, trauma, dnça sistêmica, 
hipermobilidade benigna. 
 Adulto/Idoso: osteoartrite, trauma,doença sistêmica. 
 
TTT DAS DOENÇAS REUMÁTICAS 
NÃO FARMACOLÓGICO 
 Orientação do paciente e 
família 
 Medidas Físicas: Repouso x 
Exercício 
a. Frio X Calor 
b. Manipulação 
c. Uso de Órteses 
 Orientação Postural / 
Ergonômica 
 Mudanças Comportamentais 
FARMACOLÓGICO: 
 Drogas analgésicas: 
paracetamol, dipirona, 
flupirtina, codeína, 
tramadol, meperidina, 
oxicodona. 
 Ação analgésica + 
antiinflamatória = AINES 
 Ação antiinflamatória = 
corticoesteróides 
 Antibióticos
 
 
PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS/TERAPÊUTICOS 
 
 Punção: articulação, bursa. 
 Infiltração de corticóide de 
depósito 
 Bloqueio anestésico 
 Agulhamento 
 Biópsia de sinovial, pele, 
mucosa. 
 Ultrassonografia 
 Artroscopia diagnóstica 
 Capilaroscopia 
 Pulsoterapia

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